Buscar

O fim da gestáo da barbárie

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

O fim da gestão da barbárie 
Marildo Menegat 
 
1. 
A curiosa sensação de estar assistindo a um sinistro fim de festa se apodera de todos aqueles que 
procuram entender o significado dos protestos da classe média predominantemente branca iniciados 
ainda durante os jogos da copa de 2014 e continuados nas manifestações de março e abril de 2015. 
Diferente dos protestos de 2013, estes têm um perfil conservador dominante e são essencialmente 
premonitórios: não sabem o que dizem, mas sabem o que fazem. Esta sensação precisa ser 
explicada, pois trata-se de uma intuição coletiva de que terminado o tempo das vacas gordas, tudo 
que antes foi sagrado deve ser agora profanado. Para isso, se procurarmos uma definição sintética 
do significado histórico dos governos do PT, não estaremos longe de um acerto se os definirmos 
como os anos improváveis de uma bem sucedida gestão da barbárie. Pois é o arsenal destas políticas 
e suas técnicas de 'governabilidade social' que serão profanadas, mas não por razões meramente 
ideológicas, destas que poderiam dividir esquerda x direita numa luta cheia de glórias, e sim pela 
disputa pequena de como se deve organizar a próxima etapa do desmoronamento da sociedade 
brasileira dentro da crise mundial – e neste cenário nem o PT nem a direita apresentam ou 
significam saídas. 
 
Esta situação histórica esdrúxula se apresenta minada por formas ideológicas fantasmagóricas que, 
num espetáculo de gosto duvidoso, parecem encenar os verdes anos da velha luta de classes; de 
repente, 1964 passa a rondar a imaginação de todos como se pudesse ser novamente revivido – com 
direito a cicatrizes antecipadas. Uma farsa des-graciosa. A sociedade brasileira que desmorona 
desde os anos 1980 é o resultado de mais de um século bem sucedido da internalização do capital e, 
a partir de então, de seus limites lógicos internos. Em 1964, talvez, ainda fosse possível se realizar 
uma expansão deste processo social a partir de 'reformas de base' com distribuição de riqueza, mas 
depois da crise da divida, em 1981, o capitalismo entrou numa fase em que, no mundo inteiro, 
assegurar direitos conquistados, quando possível, tiveram o sabor de amarga vitória. É esta situação 
que fica encoberta no teatro conservador das ruas e nas respostas débeis que a elas dá a esquerda 
tradicional – governista ou na oposição 
 
2. 
A globalização ou mundialização imediata do mercado, em que as mediações e barreiras dos 
Estados Nacionais foram detonadas pela concorrência - esta insuprimível enquanto o processo da 
acumulação ampliada de capital ainda se sustentar, mesmo que com forças produtivas que não 
cabem mais nas estreitas margens da produção de mercadorias -, cria relações de interdependência 
incontornáveis, principalmente em sociedades periféricas. Neste sentido, o capitalismo é a crise e 
não há, por enquanto, qualquer perspectiva de um se livrar do outro. (Este é um dos lados cômicos 
da farsa que se espetaculariza nas manifestações, pois o PT e a corrupção são tão causas da crise 
quanto os mesmos e a Petrobras estariam preparando as condições históricas de um novo futuro 
para a nação). Acontece que com a imposição de novos patamares de concorrência pelo mercado 
global, boa parte do esforço de industrialização do Brasil ficou rapidamente obsoleto. Em duas 
décadas a desindustrialização tornou-se uma realidade que desafia o pensamento de todos aqueles 
que concebem esta questão como um problema redutível à vontade política. A verdade é que as 
bases técnicas do desenvolvimento do capitalismo no Brasil sempre foram defasadas em relação aos 
países centrais, porém, durante muito tempo foi possível compensar esta diferença com salários 
baixos e restrições de direitos (como o de greve na ditadura militar). Estas condições nunca foram 
superadas, entre outros motivos, devido as bases restritas de acumulação interna de capital, de tal 
modo que, quando a competição passou a ser direta e a privilegiar as bases tecnocientíficas da 
produção, as vantagens relativas do salário baixo desapareceram como pó. 
 
O caráter dramático desta situação fica mais nítido quando se acrescenta que desde 1940 houve um 
êxodo rural gigantesco, que transferiu em 40 anos, para um conjunto não muito grande de regiões 
metropolitanas, mais de 70% da população i. A reprodução desta massa humana urbana nos padrões 
elementares de uma moderna sociedade produtora de mercadorias é impossível sem um forte setor 
industrial. Com o seu desmoronamento, tanto o desemprego passou a níveis insuportáveis, como as 
importações começaram a forçar cada vez mais os deficits da balança comercial. Para ficarmos 
apenas nos anos 1990, estima-se em mais de 10 milhões de empregos fechadosii. A corrente que 
anima o sistema de produção e reprodução social passou a circular em baixa intensidade e, por isso, 
a cada novo ciclo econômico, novas quebras ou modernizações de empresas representaram 
quantidades maiores de indivíduos excluídos das condições elementares de existência por meio de 
um salário (mesmo que se assemelhe pelo pauperismo, este fenômeno é bastante diferente em 
termos estruturais daquele do baixo salário da superexploração que funcionou como vantagem 
relativa no período anterior). 
 
Por certo já é perceptível que estamos descrevendo uma sociedade colapsada. O sistema de 
produção não permite as condições de realização das necessidades de contingentes crescentes da 
população. Se não nos prendermos aos dados oficiais, o número de indivíduos da população 
economicamente ativa (PEA) desempregados que sequer procuram emprego é alarmante, mesmo 
depois do crescimento da economia no último lustroiii. As populações de algumas regiões do país, 
como o Nordeste, apenas são rentáveis no atual quadro da concorrência mundial a partir de um 
comércio de bens de consumo popular financiados por transferência de rendas estatais como o 
Bolsa Família e trabalhos temporários em alguns ramos fortemente ancorados em atividades 
precárias, como o corte de cana em São Paulo - aliás já em vias de supressão –, confecções por 
peças e etc. Há muito tem viralizado em redes sociais da internet declarações de ódio a setores 
específicos da população, como os nordestinos, os negros ou, mais abstratamente, os pobres. O ex-
presidente Fernando Henrique, modelo acabado da estupidez sem freios em que a dialética do 
iluminista se realiza, durante a eleição de 2014 foi o arauto de uma destas boutades. A conexão 
entre o porta-voz e, para voltarmos às manifestações obscurantistas acima comentadas, as classes 
médias predominantemente brancas, é o início da verbalização de algo que em breve se sedimentará 
em movimentos com violência crescente: livrar-se fisicamente dos perdedores da competição 
global. 
 
3. 
Qual foi o corte conjuntural que avivou tanta bestialidade? O segredo pode estar na forma como 
vivemos nos últimos anos. Poucos se perguntaram neste período como podia um país que já passava 
a habitar o brejo das almas das nações quebradas pela corrida da globalização, manter uma balança 
comercial superavitária exportando predominantemente commodities? O 'bilhete da sorte' do 
governo Lula foi tirado em 2002, quando se iniciou uma bolha especulativa com o preço das 
commoditiesiv. Entre este ano e 2008 os preços não pararam de subir, quando, em razão do estouro 
da bolha imobiliária nos EUA e do agravamento da crise mundial, os preços caíram, para voltar a 
subir rapidamente em 2010 e voltar a cair desde 2012. Estes movimentos dão uma base mais 
consistente para se entender diversos fenômenos, como a popularidade dos governos do PT neste 
período e a razão sem volta do dissenso atual. 
 
Bolhas financeiras são sintomas agudos de crise. Elas consistem no emprego de capital
excedente 
que circula no mercado mundial, resultante de uma superacumulação que já não encontra 
oportunidades rentáveis de aplicação na produção em nenhum lugar do mundo. Dinheiro quente 
desesperado ante a possibilidade iminente de desvalorização. Elas são uma exacerbação e 
ampliação do chamado capital fictício observado por Marx ainda no século XIX. Segundo este 
conceito, o dinheiro excedente destinado ao crédito tende a se reproduzir a partir dele mesmo, ou 
seja, a se transformar na fórmula simplificada de D-D'. Para quem toma este dinheiro emprestado, 
seria fundamental que fizesse seu emprego produtivo, para que o ciclo de reprodução do capital 
continuasse a se realizar sem rupturas bruscas. Se assim for, no seu retorno para o emprestador, 
pouco importa imediatamente para este o uso que foi feito do dinheiro. Esta questão somente 
aparecerá na reprodução total do capital. Caso o seu emprego tenha sido apenas em consumo não-
produtivo (como é o caso de um processo especulativo), na perspectiva do capital total, o seu valor 
inicial declinante e o mais-valor – que de fato não se produziu - se perdem. Ou seja, dele não resulta 
a fórmula ampliada D-M-D', e, por conseguinte, a desvalorização que parecia ter sido evitada se 
realiza com força maior, pois arrastará uma cadeia fictícia de valores que alimentou falsamente a 
reprodução social. Ela passou a criar uma realidade que, não obstante ser uma objetivação das 
formas abstratas que a sustentam, é constituída de uma objetividade impossível de manter sua 
existência sob o ponto de vista da valorização do valor (Marx). O absurdo deste real ao mesmo 
tempo i-real é que ele viabiliza a existência momentânea de milhões de indivíduos já descartados 
pelo processo de reprodução, reincluíndo-os como fantasmas portadores de crédito, ou 
trabalhadores precarizados do setor de serviços – que pouco acrescenta à difícil rentabilidade do 
capital -, etc. As duas formas, por excelência, de que se investe a assombrosa ação do capital 
fictício são as dívidas públicas e o mercado de ações. Tal quadro tem seu fundamento na base 
técnica sobre a qual se realiza a concorrência no capitalismo globalizado. Como ela elimina 
quantidades imensas de trabalho vivo, aumentando o peso do trabalho morto na composição 
orgânica do capital, a produção de valor vai ficando fraca, insuficiente para valorizar o capital 
acumulado sedento por investir-se. Por esta razão a especulação não é uma 'livre escolha' dos 
agentes econômicos, mas uma 'fuga para frente' do sistema, ou seja, é mais um sintoma do 
agravamento da crise do que uma saída. Este fenômeno já está posto, sob o ponto de vista lógico 
desta análise, como a causa da desindustrialização comentada acima; o que ocorre agora é que o 
circuito de baixa intensidade que dali resultava foi artificialmente intensificado, sem dele resultar 
um novo processo expansão e desenvolvimento sobre o qual se pudesse erguer um projeto de nação 
– como ilusoriamente o petismo sustentou. 
 
Contudo, enquanto o artificio durou – 2002-2008; 2010-12 – os governos lulo-petistas colocaram 
em andamento toda energia destrutiva, tanto ecológica quanto social, do desenvolvimentismo. A 
exportação de ferro, soja, milho, açúcar etc. financiou uma inversão na tendencia de deficit da 
balança comercial causados pela perda de competitividade da indústria nacional. Estes recursos 
resultavam de uma valorização do preço destas commodities devido não a ganhos de produtividade 
– se bem que estes houveram em pequena escala -, ou a um aumento excepcional da demanda - se 
bem que isto também houve, sem que justifique preços tão altos -, mas a uma ascensão aos céus 
destes preços devido a uma bolha especulativa. Enquanto seu ar quente enchia balões, o governo 
tratou de desengavetar o planejamento estratégico, legítimo esqueleto de armário do falecido Estado 
Nacional, e encenou a realização de um projeto nacional em plena fagocitose desta forma em 
decorrência da globalização. Dessa maneira, foi induzido um aquecimento do consumo no mercado 
interno – note o leitor que este aquecimento esteve presente desde o início, e não como resultado de 
um ciclo de maturação de investimentos produtivos que, por sua vez, teriam induzido o consumo 
através de novos empregos e o aumento dos salários por conta do aquecimento do mercado de 
trabalho etc – através de ganhos reais do salário mínimo e farta oferta de crédito (o consignado por 
exemplo). Este aquecimento levou o setor de serviços a uma verdadeira apoteose, criando 
rapidamente milhões de empregos de baixa remuneração e qualificaçãov. Num primeiro momento, 
como o Estado voltou a ter recursos para investir, devido ao superavit da balança comercial, criou-
se o Programa de Aceleração do Crescimento, PAC-Ivi, que tinha principalmente o modesto 
objetivo de reconstruir a infraestrutura de estradas, portos etc., reduzindo os custos de exportação. 
Em 2007, porém, a Petrobras anunciou a descoberta do pré-sal. Com ele o feitiço se tornou 
inebriante. Com o crash da bolsa de valores americana em 2008, foi posto em andamento nos anos 
seguintes no Brasil políticas anticíclicas para evitar já naquele momento um desastre maior. O 
planejamento ganhou contornos astronômicos e se fez um mega esforço de capitalização desta 
empresa estatal para tornar o Brasil um grande produtor de petróleo. Esta talvez foi a aposta mais 
alta do projeto lulo-petista, porque a extração de petróleo, mais do que a produção de commodities 
agrícolas e a extração mineral, tem a potencialidade de alimentar uma cadeia produtiva complexa e 
com capacidade de criar um punhado de empregos industriais maior que os demais. A revitalização 
da industria naval devia compensar o fechamento de tantas outras neste mesmo período. 
 
A capitalização da Petrobras via BNDES foi paralela ao financiamento de grandes empresas 
brasileiras com vistas a ocupar posições mais vantajosas na economia mundial. Dinheiro 
emprestado para aquisições, essencialmente, com pouco investimento em novos meios de produção. 
A presença deste banco em empresas brasileiras faz dele proprietário ou financiador de parcela 
significativa do PIB!vii A esta altura o feitiço já começava a se voltar contra o feiticeiro. A primeira 
onda da bolha estoura em 2008. No entanto, por conta da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas 
de 2016, se iniciou uma bolha imobiliária internaviii, com repercussão em boa parte das grandes 
cidades. Novamente o Estado entrou como facilitador da indução artificial, e passou, com o PAC-II 
a financiar uma série de obras cosméticas em mobilidade urbana, construção e reforma de estádios e 
o Programa Minha Casa Minha Vida, fortalecendo a ilusão de que o aumento repentino e 
astronômico do preço dos imóveis tinha uma base real. Porém, nada foi como a primeira onda da 
bolha, de 2002-2008. Dado a gravidade da crise mundial, de 2010 em diante as premonições 
começaram a se formar. 
 
4. 
Antes de analisarmos novamente as precipitações recentes deste quadro de tensões, se faz 
necessário alguns comentários sobre o que se quer dizer com "gestão da barbárie"ix. Desde 1981 as 
dividas pesam sobre o Estado de tal forma que inviabilizam a manutenção de diversas de suas 
funções vitais, entre elas, além dos investimentos (comentado acima), o financiamento de políticas 
públicas. Na década de 1990 o 'desmonte da nação', a partir dos primeiros choques da abertura da 
economia, foi verdadeiramente catastrófico. Um estado de emergência social se espalhava em todas 
as regiões do território nacional. A violência passou a ser endêmica e o número de mortes por 
causas externas e encarcerados chegou a índices de uma guerra civil. Diante deste estado de 
calamidade, ao vencer as eleições em 2002, o PT
se credenciava para a gestão desta crise social 
com uma longa ficha corrida de experiências (principalmente em prefeituras). Nestas experiências o 
partido foi criando para si outro lugar na história, distinto das antigas polêmicas sobre ser um 
partido revolucionário ou de reformas. Seu sentido histórico último será mesmo o de ter construído 
um sistema original de gestão de uma sociedade que desmorona. Que este sistema seja concebido 
como parte de um esforço de transição (para onde?) é parte das formas ideológicas fantasmagóricas 
deste período histórico. Em toda sua arquitetura as políticas sociais passaram a ser concebidas 
como uma linha auxiliar da tentativa de reanimação econômica do gigante combalido. Os circuitos 
que a transferência de renda deveria percorrer sempre estiveram integrados a uma expectativa de 
que em algum momento o mecanismo autômato e declinante da economia voltasse aos tempos de 
outrora e crescesse por suas próprias forças. (Este é outro momento tragicômico das manifestações 
obscurantistas de 2015. Seus participantes enxergam nas técnicas de gestão da barbárie apenas um 
aspecto oportunista - e o creditam a uma manipulação com vistas a perpetuação no poder. Porém, 
ambos lados em algum momento pensam que estas massas deveriam ou se tornarão de novo 
economicamente viáveis). Observe o leitor que as politicas de assistência estavam diretamente 
ligadas e subordinadas ao contexto mais geral de gestão econômica. Isso se deve ao fato de que, 
como a economia é uma esfera autônoma da sociedade burguesa, que predomina em sua dinâmica 
sobre as demais esferas de produção da vida social, se ocorrer o desmoronamento desta, ela leva 
consigo, portanto, toda a vida comum. Assim, governabilidade social é em grande medida fazer 
com que refugos econômicos sejam reaproveitáveis. Em outros termos, o horizonte social nestes 
casos não vai nunca além da intenção de manter os indivíduos ligados a um sistema produtor de 
mercadorias, justamente quando este nada mais pode fazer para a reprodução deles. 
 
Como a bolha estourou, também este aspecto do projeto lulo-petista ficou a ver navios. A sinergia 
que a gestão econômica da crise social deveria produzir não se efetivará mais. De tudo isto sobrará 
apenas o braço punitivo atrofiado com prisões abarrotadas e as polícias super armadas. As técnicas 
de gestão da barbárie, além da concepção de integração econômica, pressupunham também o 
financiamento, que passará a ser cada vez mais difícil no próximo período. O fim da festa pregou 
um peça na prepotência ideológica do progresso sem fim da esquerda tradicional (eis outra 
convergência trágica entre os manifestantes de classe meia e o PT - se bem que a esquerda 
oposicionista, sobre este tema, em nada se diferencie). Sobram canteiros de obras inacabadas por 
todos os lados, índios removidos para sempre de suas terras ancestrais e hidrelétricas sem fios para 
conectar a eletricidade com os centros urbanos e as fábricas que nunca existirão. O desemprego 
voltou a crescer e, por um bom tempo, não encontrará obstáculos que o limite. A violência também 
seguirá novos rumosx. Esta população de brancos enraivecidos que se despe na av. Paulista como se 
estivessem 'na maior' intimidade já avisou que "fará justiça com as próprias mãos". 
 
A dívida pública deve crescer aos saltos. O financiamento do PAC-II, principalmente com as 
capitalizações do BNDES, junto às políticas anticíclicas (com isenções de impostos e subvenções), 
deixaram um rombo nos cofres públicos. O desmonte do Brasil entrará num outro ciclo de 
estagnação endividada. O futuro já acabou. Mas contra o que mesmo se voltam os protestos? Sem 
simplificar diferenças, fundamentalmente não tivemos dois mundos separados pelo antes e depois 
dos governos lulo-petistas. Os elementos de continuidade com o período anterior ficam agora mais 
nítidos do que suas descontinuidades. As descontinuidades dependeram de um instrumento de 
politica econômica produzido pela própria crise que teve como consequência aprofundar mais ainda 
a crise. Não foi o PT quem o inventou, mas o PT não foi capaz de discernir que dele não resultaria 
nenhuma saída. 
 
i
 No senso de 2010: 85%. 
ii Cf POCHAMANN, M. Nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: 
Boitempo, 2012. 
iii Cf. PATU, G. "61 milhões estão fora da força de trabalho", in: 
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/01/1399413-61-milhoes-estao-fora-da-forca-de-trabalho.shtml 
iv Cf. MAGALHÃES PRATES, D. "A alta recente do preço das commodities", in: Revista de economia política; vol 
27, nº 3, São Paulo, july/sept 2007 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-
31572007000300001&script=sci_arttext 
v Cf POCHAMANN, op cit. 
vi Além de política de assistência como o Bolsa Família e o Fome Zero. Voltaremos a este assunto mais à frente. 
vii "[O BNDES] encerrou 2012 com 715 bilhões em ativos". Cf. NOGUEIRA, L. A. e, JUSTUS, P. "O maestro 
desafinado do BNDES" Revista Isto é Dinheiro; 24/07/2013, pp. 36-41 
viii Cf "A bolha estourou" in: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1060/noticias/a-bolha-estourou 
ix Sobre este conceito e o contexto conjuntural anterior ver MENEGAT, M. "Sem lenço nem aceno de adeus", in: 
Estudos sobre ruínas. Rio de Janeiro: Revan, 2012; pp. 25-61. 
x Casos como o 'justiçamento' - por uma horda de jovens brancos de classe média - de um garoto negro, deixado 
preso pelo pescoço a um poste no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro, em fevereiro de 2014, serão mais e mais 
comuns.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais