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Direito Penal - PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL - Apostila 2016

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Sílvia Garcia – Direito Penal – Parte Geral
6
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
1. INTRODUÇÃO
		São valores fundamentais que inspiram a criação e a aplicação do direito penal.
TEORIA GERAL DO DIREITO SISTEMA JURÍDICO formado por NORMAS REGRAS (rígidas) e PRINCÍPIOS (flexíveis).
FUNÇÃO: Orientar a atividade do legislador e do aplicador do direito penal na atividade prática. Limitam o poder punitivo do Estado.
2. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU DA ESTRITA LEGALIDADE
2.1. ORIGEM: Inglaterra (1215) – Carta Magna do Rei João Sem Terra
“Nulum crimem nulla poena sine lege” (Não há crime, não há pena sem lei).
		Foi desenvolvido por Feverbach, que cria a Teoria da Coação Psicológica.
- Teoria da Coação Psicológica a criação de um crime e a ameaça de uma pena dependem de uma lei.
2.2. PREVISÃO NORMATIVA E CONCEITO ATUAL
- Art. 1º, do CP
- Art. 5º, inciso XXXIX, da CF/88. – Direito Fundamental do Ser Humano cláusula pétrea (não pode ser revogada).
		Traz a ideia de que a lei penal tenha o monopólio, a exclusividade para a criação de crimes e cominação das penas.
		A lei é a fonte formal imediata do direito penal. 
2.3. FUNDAMENTOS:
- Jurídico: 
* Taxatividade do direito penal, certeza ou determinação. A lei deve descrever com precisão o CONTEÚDO MÍNIMO (crimes culposos, tipos penais abertos, normas penais em branco) da conduta criminosa. 
* Efeito automático: proibição da analogia in malam partem (para prejudicar o réu).
* Direito fundamental de 1ª geração ou dimensão. Direitos fundamentais de 1ª geração são aqueles que buscam afastar da vida do ser humano a ingerência indevida do Estado.
- Político: É a proteção do ser humano contra o arbítrio do Estado. 
Franz Von Liszt “O código penal é a magna carta do delinquente”.
- Popular Democrático: STF – "Dimensão democrática do Princípio da Reserva Legal”.
2.4. AS MEDIDAS PROVISÓRIAS NO DIREITO PENAL
		Nunca podem ser utilizadas para prejudicar o réu. 
- Posição do STF Pode ser editada para favorecer o réu (RHC 117.566)
- Posição constitucionalista Não pode ser usada para favorecer o réu (art. 62, da CF).
2.5. RESERVA LEGAL E LEGALIDADE
		Parte da doutrina vê diferença entre os dois conceitos:
 
2.5. MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO
		São ordens emitidas pela CF ao legislador ordinário no sentido da criminalização de determinadas condutas.
		A CF está mandando, ou seja, o legislador está vinculado a estas ordens.
		A CF está repleta de mandados de criminalização.
2.5.1. Tácitos: São aqueles em que a ordem está implícita no texto constitucional. São extraídos do conjunto da constituição. Ex.: combate à corrupção no Poder Público.
2.5.2. Expressos: São aqueles em que a ordem está explícita no texto constitucional. Ex.: Art. 225, §3º, da CF -- > crimes ambientais.
3. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
		Complementa o princípio da reserva legal. A lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende. A lei penal só se aplica para fatos futuros (IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL). 
- EXCEÇÃO À IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL: Para beneficiar o réu (art. 5º, XL, da CF - cláusula pétrea).
- Vacatio legis: O crime só vai existir se o fato for praticado após a lei entrar em vigor. Para se respeitar o princípio da anterioridade não basta que a lei exista, é preciso que ela esteja em vigor.
3.1. PREVISÃO:
- Art. 1º, do CP.
- Art. 5º, XXXIX, da CF.
4. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
- Criador: Claus Roxin
		Não há crime na conduta que prejudica somente quem a praticou. Ninguém pode praticar crime contra si próprio. A autolesão não é considerado crime pelo princípio da alteridade.
- Art. 28, da Lei nº 11.343/06 – Lei de drogas:
	* Posse de droga para consumo próprio.
	* O uso pretérito da droga não é crime.
	* Os crimes da lei de drogas são crimes contra a saúde pública, só ocorre quando existe a droga, atestada por perícia técnica.
5. PRINCÍPIO DA LESIVIDADE OU OFENSIVIDADE
		O direito penal moderno é o direito penal da proteção do bem jurídico.
		Não há crime na conduta que não lesa ou que ao menos não coloque em perigo de lesão o bem jurídico protegido pela lei.
6. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO
- Bens jurídicos: São valores ou interesses relevantes para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Nem todo bem jurídico é um bem jurídico penal: quem escolhe é a CF.
- O papel do direito penal moderno consiste exclusivamente na proteção de bens jurídicos.
6.1. Teoria Constitucional do Direito Penal: O DP só é legítimo quando tutela valores consagrados na CF. Ex.: Homicídio – Art. 5º, caput, CF – direito à vida.
6.2. A espiritualização de bens jurídicos no DP (liquefação ou desnaturalização) – Claus Roxin – O direito Penal cria.
7. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
7.1. DENOMINAÇÃO: 
- Alemanha proporcionalidade
- Itália razoabilidade
- EUA convivência das liberdades públicas
7.2. A DUPLA FACE DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: 
		Deve ser enfrentado por dois ângulos distintos:
Proibição de excessos: garantismo negativo. Não se pode punir mais do que o necessário para a proteção do bem jurídico. Ex.: Art. 273, do CP falsificação de medicamentos – pena: reclusão de 10 a 15 anos e multa (viola a proporcionalidade).
Proibição da Proteção Insuficiente ou Deficiente de Bens Jurídicos: Não se pode punir menos do que o necessário para a proteção do bem jurídico. Ex.: Art. 349 – A – CP ingressar com aparelho celular em estabelecimento prisional – pena: detenção, de 3 meses a 1 ano.
7.3. ESPÉCIES DE PROPORCIONALIDADE
a) Abstrata ou legislativa: é aquela efetuada pelo legislador no momento da cominação da pena. Ex.: Furto simples/ roubo simples.
b) Judicial, jurisdicional ou concreta: É aquela efetuada pelo magistrado no momento da dosimetria da pena (aplicação da pena).
c) Executória ou administrativa: é aquela que ocorre na fase de execução penal (cumprimento da pena) – condições pessoais e mérito do condenado.
8. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA:
- Espanha: crimes de trânsito.
		Hoje, se aplica em todo o direito penal. Quem respeita as regras da vida sem sociedade pode confiar que as demais pessoas também as respeitarão.
9. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL PELO FATO:
- DIREITO PENAL DO FATO: É aquele que vai se preocupar com o fato praticado pelo agente, pouco importa quem é o agente.
- DIREITO PENAL DO AGENTE: É aquele que vai rotular, estereotipar determinadas pessoas como criminosas. Ex.: Alemanha nazista, direito penal do inimigo.
10. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
10.1. ORIGEM: França (1789) – Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
		A lei só deve prever as penas estritamente necessárias. 
- Conceito atual: O DP só é legítimo quando funciona como um meio indispensável pra a proteção do bem jurídico.
10.2. DESTINATÁRIOS E FINALIDADE:
- DESTINATÁRIOS: 
1º Legislador – no momento da criação do crime.
2º Operador – Aplicação prática da lei penal.
RESERVA LEGAL x INTERVENÇÃO MÍNIMA (O princípio da intervenção mínima é um complemento ao princípio da reserva legal).
		Não é porque o legislador tenha a lei à sua disposição que ele pode dela abusar.
10.3. DIVISÕES:
		O princípio da intervenção mínima subdivide-se em outros dois.
a) Fragmentalidade: se manifesta no plano abstrato, se dirige ao legislador.
b) Subsidiariedade: se manifesta no plano concreto, destina-se ao aplicador.
10.3.1. PRINCÍPIO DA FRAGMENTALIDADE OU CARÁTER FRAGMENTAR DO DIREITO PENAL
		O DP é a última etapa da proteção do bem jurídico.
		Nem tudo que é ilícito é um ilícito penal, mas todo ilícito penal também é ilícito perante os demais ramos do direito.
- FRAGMENTALIDADE ÀS AVESSAS: O crime existia, mas constata-se a sua desnecessidade e ele é revogado. Ex.: Adultério.
11. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE:
		Se manifesta no plano concreto. Tem como destinatário o operador do direito penal (atuação prática). O DP funciona como um “executor de reservas” (ultima ratio). O operador do direito só deve aplicar o DP quando outro ramo do direito não for suficiente para solucionar o problema.Ex.: estelionato (é crime) no caso concreto, quase todos os inquéritos são arquivados, pois trata-se de um ilícito civil que o direito civil resolve.
12. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCI OU DA CRIMINALIDADE DA BAGATELA:
- INTRODUÇÃO E FINALIDADE: Surgiu no direito romano (de minimus nom wrat praetor), ficando limitado ao direito privado. 
		O DP surge na década de 70 pelos estudos de Caus Roxin.
- Funcionalismo penal: O DP não deve se ocupar de condutas insignificantes, ou seja, condutas incapazes de lesar ou pelo menos de colocar em perigo o bem jurídico protegido pela lei penal. 
- Finalidade: É uma medida de política criminal, busca adaptar a letra da lei à realidade social. Serve para efetuar uma interpretação restritiva (quando a lei fala mais do que deveria) da lei penal.
- STF HC 104.787
- Natureza jurídica: O princípio da insignificância é uma causa supra legal de exclusão da tipicidade. O fato é atípico, não há crime. 
TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE MATERIAL
- Tipicidade formal: é o juízo de adequação entre o fato praticado no caso concreto e o modelo de crime previsto na lei penal.
- Tipicidade material: é a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico.
		No princípio da insignificância, existe a tipicidade formal, mas falta a tipicidade material. 
- REQUISITOS:
	* Objetivos: São ligados ao fato praticado.
		# STF Mínima ofensividade da conduta; ausência de periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica.
	* Subjetivos: Diz respeito ao agente e à vítima.
		# Agente:
			a) Militares: Não se aplica aos crimes cometidos por militares;
			b) Criminoso habitual: é aquele que faz da prática de crime o seu meio de vida. Não pode ser beneficiado pelo princípio da insignificância.
			c) Reincidente: O STF entende que o reincidente não pode ser beneficiado com o princípio da insignificância. O STJ admite a aplicação (HC 299.185).
		# Vítima: 
			a) Condições pessoais da vítima; 
			b) Valor do bem para ela (econômico e sentimental). Ex.: disco de ouro (HC 107.615) – STF – O “disco de ouro” possuía um valor sentimental.
		O pequeno valor por si só não autoriza o princípio da insignificância.
- Aplicabilidade e Inaplicabilidade:
- O princípio da insignificância é aplicável a todo e qualquer crime que seja a ele compatível e não somente aos crimes patrimoniais. 
- Descaminho: STF aplica-se se o valor do imposto for de até R$ 20.000,00. Já o STJ entende que é aplicável quando o valor do imposto for até R$ 10.00000.
- Lei 10.522/02 (arts. 20 e ss.) A Procuradoria da Fazenda Nacional não vai executar os créditos de até R$ 20.000,00, ela arquiva sem dar baixa na distribuição. 
- É inaplicável:
	*crimes contra a vida;
	* crimes contra a dignidade sexual;
	* roubo e demais crimes cometidos com violência à pessoa ou grave ameaça;
	* crimes de máximo potencial ofensivo (hediondos e equiparados – tortura, terrorismo –; racismo; ação de grupo armado – contra a ordem nacional. Para esses crimes, CF determinou um tratamento mais severo.
- Valoração pela Autoridade Policial:
- STJ entende que só pode ser aplicado pelo juiz (HC 154.949).
- OBS.: Para concurso de delegado a resposta deve ser sim, o delegado pode aplicar o princípio da insignificância.
- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA IMPRÓPRIA OU BAGATELA IMPRÓPRIA:
- Insignificância própria: 
	#exclui a tipicidade (não há crime);
	# não há ação penal.
- Insignificância imprópria: 
	# Fato típico e ilícito;
	# O agente é culpável;
	# Existe crime;
	# Existe ação penal.
		Desnecessidade da pena e funciona como uma causa supralegal de extinção da punibilidade.
		Extingue a punibilidade.

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