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1 - Conceitos em Fitopatologia

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CONCEITOS E HISTÓRIA DA FITOPATOLOGIA 
CONCEITOS DE FITOPATOLOGIA
Segundo WHETZEL (1918), Fitopatologia é a ciência da fisiologia anormal do suscetível.
Para LINDQUIST (1975), Fitopatologia é a ciência ou arte que ocupa-se do estudo e controle das enfermidades e danos das plantas.
Fitopatologia é uma palavra de origem grega (Phyton = planta, Pathos = doença e Logos = estudo) e indica a ciência que estuda as doenças das plantas em todos os seus aspectos, desde a diagnose e sintomatologia, passando pela etiologia e epidemiologia, até chegar ao controle (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995).
DIVISÃO DA FITOPATOLOGIA
A Fitopatologia compreende duas grandes divisões: a) Parte Geral que trata da sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle das doenças e, b) Parte Especial que ocupa-se do estudo das diversas doenças, isoladamente ou agrupadas segundo sua natureza – doenças causadas por fungos, straminipilas, bactérias, nematóides, vírus, fitoplasmas, riquétsias, deficiências minerais e meio ambiente – ou de conformidade com a planta envolvida – doenças do algodoeiro, doenças do trigo, doenças das hortaliças, etc. (PONTE, 1975).
 OBJETIVOS DA FITOPATOLOGIA
De acordo com ZAMBOLIM e CHAVES (1983), a Fitopatologia é uma ciência cujo campo de estudo abrange 4 objetivos:
Estudar as causas das doenças de plantas, de natureza biótica (organismos vivos) e abióticas (condições adversas do meio ambiente);
Estudar os mecanismos pelo qual os fitopatógenos desenvolvem o processo doença;
Estudar as interações entre agentes causais e as plantas doentes;
Desenvolver métodos de controle de doenças das plantas.
4. HISTÓRIA DA FITOPATOLOGIA
Embora a Fitopatologia, como ciência, seja relativamente nova, as doenças das plantas são conhecidas desde há muito, pois, desde que o homem passou a viver em sociedade, assentando a base de sua alimentação nos produtos agrícolas, o problema da escassez dos alimentos intimamente relacionado com a ocorrência de doenças, teve sempre grande importância e mereceu a atenção de historiadores de várias épocas. Na Bíblia, encontramos, talvez, as referências mais antigas a doenças de plantas, sempre atribuídas a causas místicas. Geralmente apresentadas como castigo divino (GALLI e CARVALHO, 1978).
Para fins didáticos, pode-se dividir o estudo das doenças das plantas em vários períodos distintos.
Período Místico – período compreendido entre a mais remota antiguidade e o início do século XIX. Neste período devido à ausência de uma explicação racional para as doenças das plantas, o homem em sua ignorância, tendia a atribuí-las à causas místicas, embora sejam encontradas muitas referências a condições climáticas como causa primária das doenças (GALLI e CARVALHO, 1978).
Já no final do período místico, alguns botânicos apresentavam descrições minuciosas das doenças, com base na sua sintomatologia. Ao mesmo tempo, alguns micologistas chamavam atenção para a associação entre planta doente e fungo. Durante todo esse perído, houve um predomínio acentuado das teorias da geração espontânea (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995).
Período da Predisposição – teve início no começo do século XIX, quando já era evidente a associação entre fungos e plantas doentes. Em 1807 Prevóst, na França publicou um trabalho em que mostrava ser o fungo, Tilletia tritici, o responsável pela cárie do trigo. Embora o trabalho de Prevóst tivesse sido bem aceito, suas teorias não eram estendidas para outras doenças, sendo a cárie do trigo considerada uma exceção, pois, nos demais casos, os fungos, acreditava-se que apareciam por geração espontânea. Neste período micologistas, passaram a catalogar fungos em associação com plantas doentes. E outros descreveram muitos parasitas importantes, como os Uredinales, Ustilaginales, Erysiphales e outros fungos. Em 1853 Anton De Bary conseguiu provas científicas de que a requeima da batata era causada pelo fungo Phytophthora infestans (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995).
Período Etiológico – Os trabalhos de Julius Kuhn e DeBary deram início a este período. Em 1860 Pasteur destroi a teoria da geração espontânea. Robert Koch, em 1881, estabelece seus postulados.
Ante tantos eventos importantes, a Fitopatologia marca notáveis progressos, iniciando-se como ciência. A maior parte das doenças importantes são descritas nesse período, como os oídios, os míldios, as ferrugens, os carvões que foram estudados com detalhes. Em 1876 Burril relata a primeira bacteriose sobre pereira; Mayer, em 1886, trabalhando na Holanda verifica o caráter infeccioso das viroses. Igualmente, data desse período o aparecimento do primeiro fungicida, a calda bordalesa, descoberta por Millardet em 1882 (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995).
Período Ecológico – Depois de um período em que os fitopatologistas catalogaram as principais doenças e seus agentes, teve início o chamado período ecológico, no qual se reconhece a importância do meio ambiente na manifestação da doença. Nesta época, foram conduzidos estudos minuciosos sobre os mais variados fatores do meio, como climáticos, edáficos, nutricionais, estacionais e outros. As doenças das plantas passaram a ser vistas, então nesse período, como resultantes da interação entre planta, o meio e o patógeno. Ao mesmo tempo, iniciaram-se pesquisas sobre resistência e predisposição das espécies vegetais aos diferentes patógenos, bem como os estudos correlatos sobre genética e melhoramento. Dentro dessa fase, apareceram os primeiros conceitos sobre variabilidade dos patógenos. Também nessa época, apareceram os fungicidas mercuriais orgânicos para o tratamento de sementes e, mais tarde, em 1934 os fungicidas orgânicos do grupo dos tiocarbamatos (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995).
Período Atual – Durante as décadas de 40 e 50, muitas pesquisas básicas foram conduzidas sobre a fisiologia de fungos, sobre a fisiologia de plantas, sobre o progresso da doença em condições de campo e, com o progresso da fisiologia, da microbiologia, da bioquímica e da bioestatística, fatos foram relacionados e novas teorias foram estabelecidas sobre a interação entre planta e patógeno e a sua resultante, a doença, tanto em condições controladas como naturais. 
Os trabalhos pioneiros de Gaumann, Walker, Ludwig e outros sobre toxinas, enzimas e demais metabólitos tóxicos, abriram novas perspectivas para a ciência da Fitopatologia. Ao mesmo tempo, as contribuições advindas do estudo das condições ecológicas eram cada vez menores, indicando claramente a necessidade da formulação de novos princípios e idéias, que permitissem uma revitalização dos conceitos (GALLI e CARVALHO, 1978).
Tal se deu com a publicação, em 1946, do livro Pflanzliche Infektionslehre (traduzido para o inglês, em 1950, com o título Principles of plant infection), de autoria de Ernest Gaumann. Neste livro, novas idéias e princípios são apresentados, iniciando-se duas novas abordagens dentro da Fitopatologia, abordagens que perduram até hoje e coexistem em harmonia: a abordagem fisiológica, na qual as doenças de plantas passam a ser encaradas com base nas relações fisiológicas, dinâmicas, entre a planta e o patógeno e a abordagem epidemiológica, baseada numa visão holística de como a doença cresce no campo (BERGAMIN FILHO e KIMATI).
5. FITOPATOLOGIA NO BRASIL
A história inicial da Fitopatologia no Brasil está ligada em sua maior parte a cientistas estrangeiros que vieram ao país e estudaram problemas especiais de patologia relacionados com as plantas que, no século XIX e início do século XX, eram de importância para a nossa agricultura como cana-de-açúcar, cafeeiro, videira, coqueiro e outras (PUTTEMANS, 1936; FIDALGO, 1968; COSTA, 1975).
PUTTEMANS (1936), um dos nossos primeiros fitopatologistas, menciona como trabalho pioneiro, feito com doenças de plantas no Brasil, o realizado pelo alemão F. M. Draenert, que estudou uma bacteriose da cana-de-açúcar na Bahia.
Só no final do século XIX, com a criação das primeiras Escolas de Agronomia no Brasil, aqui se iniciou a formaçãode profissionais com conhecimento em doenças de plantas (CUPERTINO, 1993).
As primeiras Escolas de Agronomia foram, pela ordem, a Escola Superior de Agricultura da Universidade da Bahia, em Cruz das Almas (1877), a Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, em Pelotas, RS (1883) e a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, em Piracicaba, SP. (1091) (CUPERTINO, 1993).
Na Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel“ atuaram Erneto Ronna e Manoel Alves de Oliveira (doenças de fruteiras), sendo sucedidos por Breno Simões de Oliveira e Gilberto Ceciliano Luzzardi (CUPERTINO, 1993). 
Entre os pontos de interesse no histórico da Fitopatologia no Brasil podemos citar:
Fundação do “Instituto Biológico de Defesa Agrícola” do Ministério da Agricultura (1920). Onde atuaram no serviço de Fitopatologia Eugênio Rangel, H.V.S. Grillo e Bitancourt (COSTA, 1975).
Criação da Diretoria de Defesa Sanitaria Vegetal (1922), hoje com o nome de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério de Agricultura, onde trabalharam muitos fitopatologistas como José Deslandes, Jefferson Rangel e Cincinato Gonçalves, no Rio de Janeiro (COSTA, 1975).
Primeira reunião dos Fitopatologistas do Brasil, em 1936, por iniciativa de H.V.S. Grillo (COSTA, 1975). 
Em 1944 começou a publicação do Boletim Fitossanitário, órgão oficial da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal (COSTA, 1975).
Até o final da década de 50, a formação de pesquisadores na área de Fitopatologia só era possível através de: a) cursos ou estágios no exterior; b) treinamento individual com pesquisadores experientes no país; c) acúmulo de experiência na prática da docência, da experimentação ou da pesquisa científica (COSTA , 1987).
Dessa forma, constitui um marco no desenvolvimento da Fitopatologia a criação, na ESALQ, do primeiro curso de Mestrado em Fitopatologia no Brasil, em 1964 (CUPERTINO, 1993).
Atualmente muitas cidades como Brasília, Piracicaba, Viçosa, Pelotas, Lavras, Botucatú, Jaboticabal, Porto Alegre e Recife possuem cursos de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) ligados a área de doenças de plantas (DOUGLAS, 1998).
Fundação da Sociedade Brasileira de Fitopatologia (SBF), em 1966, por iniciativa de um grupo de fitopatologistas, em sua maioria ligados a intituições do Estado de São Paulo (COSTA, 1975; CUPERTINO, 1993).
Fundação do Grupo Paulista de Fitopatologia em 1967 (GALLI e CARVALHO, 1978).
Aparecimento, em 1975 da revista “Summa Phytopathologica” órgão do Grupo Paulista de Fitopatologia, seguido no ano seguinte do lançamento da sua congênere, “Fitopatologia Brasileira”, da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, como primeiros órgãos de divulgação técnico-científico especializados em Fitopatologia, em nosso país (GALLI e CARVALHO, 1978).
Em 1993 lançamento do primeiro fascículo da Revisão Anual de Patologia de Plantas (RAPP) (CUPERTINO, 1993).
Quanto à edição de livros técnicos ou de texto para o ensino de Fitopatologia, trouxe apreciável contribuição ao desenvolvimento da Fitopatologia no país o lançamento de livros-texto, destinados a estudantes e professores, bem como a pesquisadores e agentes de assitência técnica, como de autoria de: Galli et al. (1968, 1978); Ponte (1975); Mehta (1978); Dhingra et al. (1980); Silveira (1981); Grupo Paulista de Fitopatologia (1986); Soave e Wetzel (1987); Bergamin Filho e Kimati (1995); Kimati et al (2005) e Romeiro (1995, 2001, 2005). 
O impulso e a evolução da Fitopatologia, nos últimos anos decorre do treinamento obtido no país ou no exterior, por elevado número de fitopatologistas e do aumento significativo de instituições, voltadas para o ensino e a pesquisa agrícola, bem como das facilidades criadas para a divulgação dos resultados experimentais.

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