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SOCIOLOGIASOCIOLOGIASOCIOLOGIASOCIOLOGIA PROFESSOR: SÉRGIO LIMAPROFESSOR: SÉRGIO LIMAPROFESSOR: SÉRGIO LIMAPROFESSOR: SÉRGIO LIMA TRABALHO E SOCIEDADETRABALHO E SOCIEDADETRABALHO E SOCIEDADETRABALHO E SOCIEDADE A SOCIOLOGIA DO TRABALHO A Sociologia do Trabalho e da Produção é um ramo da Sociologia Geral que procura estudar os fenômenos sociais relacionados ao mundo do trabalho, isto é, os sujeitos (os trabalhadores) nos ambientes de trabalho (fábricas, sindicatos estruturados, etc.) e as relações macroestruturais (sistemas produtivos, relações sociais de trabalho, desemprego estrutural, políticas de governo, etc.) que estejam relacionados direta ou indiretamente ao mundo do trabalho e da produção. (Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p. 15) O QUE É TRABALHO?O QUE É TRABALHO?O QUE É TRABALHO?O QUE É TRABALHO? Fonte da imagem: http://www.gostodeler.com.br/materia/17419/o_mercado_de_trabalho_e_a_sociedade_atual.html O TRABALHO COMO FATOR NEGATIVO A origem latina da palavra trabalho está relacionada ao tripalium, instrumento de suplício composto por três estacas. Isso porque, ao longo da História, o trabalho tem sido relacionado a esforço físico e cansaço e, em muitas sociedades, ele constituiu uma obrigação à qual os seres humanos deveriam se submeter. (Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p. 15) SAIBA MAIS! Inicialmente, o tripalium era um instrumento utilizado na agricultura, sendo apenas posteriormente empregado com fins de tortura Suplício: tortura, punição corporal. TRIPALIUM REPRESENTAÇÃO DO TRIPALIUM (Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p. 21) SAIBA MAIS! Na realidade, durante boa parte da história ocidental o trabalho foi considerado como uma atividade depreciável, pois por muito tempo foi associado à atividade de escravo. Os gregos, no período clássico, por exemplo, pensavam que só o ócio criativo era digno do homem livre, o trabalho manual era desprezado. Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p.22 ANTIPOLIS. COLUNA SEPULCRAL DO TRAFICANTE DE ESCRAVOS AULUS CAPRILIUS TIMOLHEOS. O TRABALHO COMO FATOR NEGATIVO “De algum modo esta concepção sobre o trabalho infelizmente continua no imaginário da sociedade brasileira contemporânea. É comum ouvirmos as frases: “Segunda-feira é o pior dia da semana, pois começo a trabalhar”, ou “Dia de preto” (o que mostra a associação à escravidão, já que escravos no Brasil eram predominantemente negros). Os fatores que levam a essa visão negativa sobre o trabalho na sociedade contemporânea estão mais relacionados à própria estrutura do sistema capitalista que desapropria o trabalhador do fruto do seu trabalho”. (SANTOS, Luciano, 2012, p.23). Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p. 22. O TRABALHO COMO ELEMENTO ESSENCIAL DA HUMANIDADE Ao contrário de uma visão negativa do trabalho – ocasionada pelo processo de exploração do Capitalismo -, devemos entender que o trabalho é, na verdade, uma necessidade natural e essencial do ser humano, sem a qual ele não existiria. Diferentemente dos outros animais que se adaptam passivamente ao meio ambiente, o ser humano atua sobre ele de forma ativa, obtendo os bens materiais necessários para sua sobrevivência e existência. É pelo trabalho que o ser humano se humaniza e também humaniza a natureza. O trabalho criou condições para o ser humano ir além de seu caráter de natureza, isto é, possibilitou que ele se emancipasse da natureza. Trabalhar é uma atividade eminentemente humana, porque é consciente, deliberada e com um propósito. Ela pode ter como fim a criação de bens materiais que supram as necessidades humanas de sobrevivência (moradia, alimentação, proteção, etc), ou necessidades culturais e psíquicas (arte, educação, etc). Resumidamente o trabalho é a atividade ou ação que necessita de capacidades físicas e mentais, destinada a satisfazer as necessidades humanas. Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p. 24 O TRABALHO COMO ELEMENTO ESSENCIAL PARA A CONSTRUÇÃOE TRANSFORMAÇÃODA HUMANIDADE Sem o trabalho, independente do modelo social, não existiria humanidade Fonte da imagem 01: https://portuguesembadajoz.wordpress.com/2008/05/12/as-profissoes/ Fonte da imagem 02: http://ipressglobal.com/mara-pereira-em-sociedades-em-comunidade/ Sem o trabalho não existe humanidade/sociedade A DIFERENÇA ENTRE TRABALHO E EMPREGO No dia a dia, a maioria das pessoas fala de trabalho e emprego como se fossem a mesma coisa, no entanto, trabalho e emprego possuem significados distintos: O trabalho é algo bem mais antigo que o emprego, existe desde o momento em que os seres humanos começaram a transformar a natureza e o ambiente ao seu redor. Já a ideia de emprego é algo mais recente na história da humanidade. O emprego é um conceito que surgiu apenas na sociedade capitalista, por volta da segunda metade do século XVIII, no contexto da Revolução Industrial. No século XVIII ocorreram diversos acontecimentos (advento da Revolução Industrial, êxodo rural, concentração dos meios de produção) que levaram a maior parte da população, que não possuía nenhuma ferramenta para trabalhar como artesãos, a vender seu trabalho como única forma de sobreviver. Sendo assim, restava às pessoas oferecerem seu trabalho como moeda de troca (inclusive mulheres e crianças). Neste momento, a noção de emprego tomou forma. (Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, Pp. 25-26) A DIFERENÇA ENTRE TRABALHO E EMPREGO � Podemos então definir emprego como uma relação social de trabalho em que um ser humano vende sua força de trabalho para outrem em troca de um salário. Logo, não há emprego sem salário. Assim, a ideia de emprego pressupõe que a força de trabalho seja transformada em mercadoria e que ocupe um lugar como as outras no mercado capitalista. � Na verdade, os próprios trabalhadores assumem caráter de mercadoria; sua força de trabalho é comercializada no mercado de trabalho no qual se encontra à mercê do arbítrio dos compradores. � Conforme Marx (1977, p.63), “a força de trabalho é, pois, uma mercadoria, assim como o açúcar; nem mais, nem menos. Mede-se a primeira com o relógio; a segunda com a balança (...) o operário vende a si mesmo, pedaço a pedaço. Vende, ao correr do martelo, 8, 10, 12, 15 horas de sua vida, dia a dia (...)” (Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, Pp. 25-26) TRABALHO, SOCIEDADE E MODOS TRABALHO, SOCIEDADE E MODOS TRABALHO, SOCIEDADE E MODOS TRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃODE PRODUÇÃODE PRODUÇÃODE PRODUÇÃO Fonte da imagem: http://clubedahistoria.com.br/post.php?codigo=60 A produção humana de bens materiais, por mais aparente que possa ser, não é obra de uma pessoa isoladamente. Na verdade ela tem sempre um caráter social. No processo de produção de bens materiais, os seres humanos acabam se relacionando de uma forma ou de outra, e o trabalho de cada produtor converte-se numa partícula do trabalho social, seja nas comunidades primitivas, seja nas sociedades mais avançadas tecnologicamente. Logo, trabalho e produção se relacionam estreitamente. Para compreender então a história do trabalho é necessário compreender também a história dos sistemas produtivos, as formas como os seres humanos se relacionaram para transformar a natureza. Nesta aula estudaremos a história do trabalho na sua relação com os sistemas produtivos que a humanidade conheceu, no caso: os quatro sistemas diferentes de relações de produção: primitivo, escravista, feudalista e capitalista. TRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃOTRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃOTRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃOTRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃO Em nossa sociedade, a produção de um objeto envolve uma complexa rede de trabalhadores e de trabalho. Veja, por exemplo, o fluxogramado Ciclo de Vida de um Produto: TRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃOTRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃOTRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃOTRABALHO, SOCIEDADE E MODOS DE PRODUÇÃO Avaliação do Ciclo de Vida de um Produto Fonte: http://hottopos.com/regeq12/art4.htm Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) A ACV é uma ferramenta metodológica utilizada pela Ecologia Industrial para analisar o impacto do sistema industrial nos ecossistemas naturais, ou seja, para avaliar os impactos ambientais em decorrência do processo de produção industrial capitalista; O ciclo nada mais é que a história do produto, desde a fase de extração das matérias primas, passando pela fase de produção, distribuição, consumo, uso e até sua transformação em lixo ou resíduo: Produção de matéria prima – industrialização – distribuição – comercialização – consumo e descarte. Outros tipos de sociedade apresentam características bem diversas, como veremos a seguir: AS SOCIEDADES AS SOCIEDADES AS SOCIEDADES AS SOCIEDADES TRIBAIS E O SISTEMA TRIBAIS E O SISTEMA TRIBAIS E O SISTEMA TRIBAIS E O SISTEMA PRIMITIVO DE PRIMITIVO DE PRIMITIVO DE PRIMITIVO DE PRODUÇÃOPRODUÇÃOPRODUÇÃOPRODUÇÃO AS SOCIEDADES TRIBAIS E O SISTEMA PRIMITIVO DE PRODUÇÃO As sociedades tribais diferenciam-se umas das outras em muitos aspectos, mas em geral não são estruturadas pela atividade que em nossa sociedade denominamos trabalho; Nelas todos fazem quase tudo, e as atividades relacionadas à obtenção do que as pessoas necessitam para se manter – caça, coleta, agricultura e criação – estão associadas aos ritos e mitos, ao sistema de parentesco, às festas e às artes, integrando-se, portanto, a todas as esferas da vida social. Fonte da imagem: http://sociologia-ifma.blogspot.com.br/2012/04/o-trabalho-na-sociedade-tribal.html “Quando o ser humano começou a se humanizar, o trabalho era luta constante para sobreviver. A necessidade de se alimentar, de se abrigar, de se proteger de outros animais era o fator que determinava a necessidade de trabalhar. Somente o trabalho em comum possibilitava a obtenção de recursos necessários à vida (SANTOS, Luciano, 2012, pp. 27-28)”. CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO TRIBAL �Divisão do trabalho por sexo e por idade; �Os equipamentos e instrumentos utilizados no processo de produção são simples e rudimentares; �Não existe algo como pagamento de salários, busca pelo lucro e todos contribuem com o sustento da comunidade; �Todos compartilham os conhecimentos necessários à subsistência; �Não existe uma separação entre o local do trabalho e o local de moradia ou lazer; �O trabalho não é tão valorizado como na maioria das sociedades ocidentais. AS SOCIEDADES TRIBAIS E O SISTEMA PRIMITIVO DE PRODUÇÃO Vários analistas, durante muito tempo, classificaram as sociedades tribais como de economia de subsistência e de técnica rudimentar, passando a ideia de que elas viveriam em estado de pobreza, o que é um preconceito. Se hoje muitas delas dispõem de áreas restritas, enfrentando difíceis condições de vida, em geral, antes do contato com o chamado “mundo civilizado”, a maioria vivia em áreas abundantes em caça, pesca e alimentos variáveis. O antropólogo estadunidense Marshall Sahlins as denomina “sociedades da abundância” ou “sociedades do lazer”, pois seus membros têm todas as necessidades materiais e sociais satisfeitas dedicando um mínimo de horas ao que chamamos trabalho. Yanomami, da Amazônia, dedicavam pouco mais de três horas diárias às tarefas relacionadas à produção. LOCALIZAÇÃO PRODUÇÃO COLETIVA Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami/569 Fonte: http://pib.socioambiental.org/en/povo/yanomami/580 Duas explicações, entre outras, podem ser apontadas para o fato de os integrantes das sociedades tribais dedicarem menos tempo do que nós às atividades que denominamos trabalho: 1. O MODO COMO SE RELACIONAM COM A NATUREZA, QUE É DIFERENTE DO NOSSO: Para os integrantes de sociedades tribais, a terra, além de ser o espaço em que vivem, tem valor cultural, pois dá aos humanos seus frutos: a floresta fornece aos caçadores os animais de que necessitam para a sobrevivência e os rios oferecem os peixes que ajudam na alimentação. Em síntese, existe uma relação de intimidade com o meio em que vivem. 2. A ESTRUTURA DAS SOCIEDADES TRIBAIS E O MODO COMO OS SEUS MEMBROS PRODUZEM E REPRODUZEM SUA SUBSISTÊNCIA NÃO SE BASEIAM NA NECESSIDADE DE ACUMULAR BENS E/OU ALIMENTOS, QUE ESTÃO SEMPRE À DISPOSIÇÃO. Integradas ao meio ambiente e a todas as demais atividades, as tarefas relacionadas à produção não compõem, assim, uma esfera específica da vida, ou seja, não há um “mundo do trabalho” nas sociedades tribais. AS SOCIEDADES TRIBAIS E O SISTEMA PRIMITIVO DE PRODUÇÃO AS SOCIEDADES TRIBAIS E O SISTEMA PRIMITIVO DE PRODUÇÃO �O trabalho em comum leva também à propriedade comunitária dos meios de produção, base fundamental das relações de produção nesse modelo de sociedade; �Todos os membros da comunidade devem ter condições iguais no que se refere aos meios de produção; ninguém pode assumir a propriedade privada deles; �Cada elemento da comunidade recebia a sua quota de produção conforme suas necessidades e normalmente não ficava excedente em benefício de alguém em particular; �Com o passar do tempo, esse sistema produtivo começa a ruir devido ao desenvolvimento das forças produtivas; �Com o avanço da agricultura, da domesticação dos animais, da melhoria da fabricação de instrumentos, ferramentas e, sobretudo, armas de metal, começou a ocorrer uma verdadeira revolução no mundo do trabalho, que igualmente provocou uma revolução na produção de bens materiais; �Nasce o intercâmbio de produtos derivados do trabalho, primeiro entre as tribos, depois, no centro das próprias comunidades. As tribos decompõem-se em famílias que se convertem em unidades econômicas separadas; �O trabalho comunitário começa a se desestruturar, e a ideia de propriedade particular toma corpo e forma. O TRABALHO NA O TRABALHO NA O TRABALHO NA O TRABALHO NA EUROPA ANTIGA E EUROPA ANTIGA E EUROPA ANTIGA E EUROPA ANTIGA E MEDIEVAL E O MEDIEVAL E O MEDIEVAL E O MEDIEVAL E O SISTEMA ESCRAVISTA SISTEMA ESCRAVISTA SISTEMA ESCRAVISTA SISTEMA ESCRAVISTA DE PRODUÇÃODE PRODUÇÃODE PRODUÇÃODE PRODUÇÃO O TRABALHO NA EUROPA ANTIGA E MEDIEVAL E O SISTEMA ESCRAVISTA DE PRODUÇÃO Ao mudar o sistema primitivo, o ser humano começou a desenvolver outro sistema de produção: o escravista. O escravismo é um fenômeno presente em vários povos da humanidade. Surgiu por volta de 3000a.C. na Mesopotâmia e no Egito, no entanto foram os gregos e romanos os povos que tiveram no escravismo o principal sistema de trabalho e produção. Nas sociedades que se desenvolveram na Europa Ocidental da Antiguidade até o fim da Idade Média, as concepções do que denominamos trabalho apresentaram variações, mas poucas alterações. Sempre muito desvalorizado, o trabalho não era o núcleo mais importante para orientar as relações sociais. Estas se definiam principalmente pela hereditariedade, pela religião, pela honra, pela lealdade e pela posição em relação às questões públicas. Eram esses os elementos que permitiam que alguns vivessem do trabalho dos outros. O TRABALHO NA EUROPA ANTIGA E MEDIEVAL E O SISTEMA ESCRAVISTA DE PRODUÇÃO Nas sociedades grega e romana, a mão de obra escrava garantia a produção necessária para suprir as necessidades da população. Os escravos nessas sociedades eram basicamente prisioneiros das conquistas e das guerras. Existiam, entretanto, trabalhadores livres, como os meeiros (agricultor que planta em terra alheia e divide os resultados com o dono), os artesãos e os camponeses, que também eram explorados e oprimidos pelos senhores e proprietários; Na cidade-Estado grega de Atenas,por exemplo, os senhores e proprietários integravam a camada dos cidadãos, à qual cabia discutir os assuntos da cidade. Para que isso fosse possível, o trabalho escravo era fundamental. Fonte da imagem: http://historiaonlineceem.blogspot.com.br/2015/07/grecia-antiga.html SAIBA MAIS! No sistema escravista, os trabalhadores foram expostos a vários castigos. Daí a ideia de tripalium e do trabalho físico ser visto com desprezo, indigno para homens livres. O Coliseu de Roma, por exemplo, foi fruto do trabalho escravo. Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p. 29 Coliseu de Roma LABOR, TRABALHO (OBRA) E AÇÃO Os gregos distinguiam a atividade braçal de quem cultiva a terra, a atividade manual do artesão e a atividade do cidadão que discute e procura soluções para os problemas da cidade: LABOR: é o esforço físico voltado para a sobrevivência do corpo, sendo uma atividade passiva e submissa ao ritmo da natureza. Exemplo: cultivo da terra, pois depende de forças que o trabalhador não pode controlar, como o clima e as estações; TRABALHO: o trabalho corresponde ao fazer, ao ato de fabricar, de criar algum produto mediante o uso de um instrumento ou mesmo das próprias mãos. Exemplo: o trabalho do artesão ou do escultor AÇÃO: é a atividade que tem a palavra como principal instrumento; seu espaço é o da política, da vida pública LABOR, TRABALHO(OBRA) E AÇÃO O labor é a atividade que existe para produzir tudo que é vital ao homem, onde ele aqui tratado como animal laborans. O homem retira da natureza tudo que é necessário para a manutenção da vida, está vinculado à conservação da espécie e da vida enquanto tal, sendo que esta atividade é a que mais nos aproxima dos animais; O trabalho é a atividade de transformação da natureza, onde o homem é tratado como homo faber (fabricador), e tem como virtude intelectual a "techné" (capacidade raciocinada de produzir, inteligência produtora, técnica). O trabalho produz um mundo artificial entre o homem e a natureza: os objetos de uso, a poiésis (obra) que continua na terra, estabelecendo uma morada para o homem. A ação é a casa da política e atividade mais nobre que um homem pode exercer. O animal socialis, através da "phronésis" (que é a capacidade de julgar numa dada situação, além de ser uma virtude centrada no conceito de bem), age tendo como fim a própria ação. O animal socialis (o zoon politikon de Aristóteles) visa o bem da comunidade, busca o exercício das virtudes, seu próprio aperfeiçoamento e, consequentemente, a felicidade. Disponível em: http://projetofilosofia.blogspot.com.br/2008/04/labor-trabalho-e-ao.html Fonte: http://pt.slideshare.net/JeanBartoli/comportorganizacional AS SOCIEDADES FEUDAIS E O SISTEMA DE PRODUÇÃO FEUDAL E/OU DE SERVIDÃO As possibilidades de progresso do sistema escravista ficaram esgotadas e, ao final do Império Romano, (476d.C.) o sistema escravista desmoronou e deu lugar a outro sistema, o feudalismo. Esse novo sistema de produção baseou-se na servidão. Nesse sistema, os senhores feudais são os possuidores dos meios de produção e o principal deles, na época, era a terra. Na verdade, a própria palavra feudo vem do latim feodum que significa as terras que o rei distribuía entre os seus senhores em pagamento ao apoio militar. Fonte da imagem: http://www.coladaweb.com/historia/feudalismo AS SOCIEDADES FEUDAIS E O SISTEMA DE PRODUÇÃO FEUDAL E/OU DE SERVIDÃO No regime de servidão característico das sociedades feudais, os servos não gozavam de plena liberdade, mas também não eram escravos. Prevalecia um sistema de deveres do servo para com o senhor e deste para com aquele. Os servos eram semi-livres, pois não pertenciam ao senhor feudal, mas estavam obrigados a viver na sua propriedade. Inclusive, nas transações comerciais de compra ou venda das terras, os servos eram normalmente incluídos. Os servos trabalhavam na terra do senhor, bem como na construção e manutenção de estradas e pontes, e em retribuição recebiam um pequeno terreno que era trabalhado pela sua conta, mas pagando ao senhor várias taxas, as chamadas “obrigações servis”. AS OBRIGAÇÕES SERVIS O trabalho do servo envolvia uma série de obrigações para com o seu Senhor, transmitidas por hereditariedade e em caráter compulsório (obrigatório), como por exemplo: �Corveia: Trabalho exercido pelos camponeses no manso senhorial por alguns dias da semana, normalmente 3 dias. Toda a produção do manso senhorial era destinada ao senhor feudal, o que lhe garantia parte da riqueza produzida pelos camponeses; �Talha: uma taxa que se pagava sobre tudo o que se produzia na terra e atingia todas as categorias de trabalhadores do campo; �Banalidades: Tributo associado à utilização de equipamentos pertencentes ao senhor feudal, como os moinhos, estradas, fornos, tonéis de cerveja e, por simplesmente, residir no domínio senhorial. O pagamento usual era feito com o beneficiamento da produção do feudo, com a moenda dos grãos e a fabricação do pão para o senhor, entre outros afazeres; �Capacitação: Tributo vinculado às populações que habitavam vilas e cidades entravadas em um domínio feudal, ou seja, imposto por cabeça pago pelos servos ao Senhor; �Censo: imposto sobre a renda pago pelos vilões ao Senhor, pelo produto de seu trabalho na aldeia �Prestações: obrigação do servo ou do vilão de dar hospedagem ao Senhor, quando em viagens pelo Feudo; �Mão morta: Pagamento pelo reconhecimento de um novo chefe de família após a morte do pai. Esse pagamento normalmente era realizado com a entrega de animais de criação pelo filho mais velho de uma família camponesa que havia perdido o pai ESQUEMA ILUSTRATIVO DE UM FEUDO DA IDADE MÉDIA Disponível em: SANTOS, Luciano, 2012, p. 30 ESQUEMA DO USO DO SOLO EM UM FEUDO Fonte: http://fazendohistorianova.blogspot.com.br/2015/10/idade-media-feudalismo.html AS SOCIEDADES FEUDAIS E O SISTEMA DE PRODUÇÃO FEUDAL E/OU DE SERVIDÃO Nas sociedades feudais, os servos, os camponeses livres e os aldeãos eram os que trabalhavam. Os senhores feudais e os membros do clero viviam do trabalho dos outros; Nessas sociedades, haviam outras formas de trabalho, como as atividades artesanais, desenvolvidas nas cidades e nos feudos, e as atividades comerciais. “Com o passar dos séculos os camponeses foram lutando com força cada vez maior contra a opressão feudal para obter o direito de dispor livremente do produto de seu trabalho. Até que, ao final da idade média, o comércio e as cidades vão ressurgindo e minando esse sistema de produção. Surgem pequenas unidades artesanais, logo começam a desenvolver grandes empresas empregando trabalhadores não submetidos à servidão; o comércio cresce além dos mares com descobertas de novas rotas comerciais e com a colonização da América. Nos séculos XVI e XVII realizam-se grandes descobrimentos científicos e técnicos. Aos poucos vai se desenvolvendo no seio da sociedade feudal um novo sistema, o sistema capitalista de produção. Contudo, para que ele se consolidasse haveria a necessidade de uma nova classe assumir o poder, a burguesia. Começam as revoluções burguesas, sendo a mais importante delas, a Revolução Francesa de 1789” (SANTOS, Luciano, pp. 30-31, 2012). Da Antiguidade até o fim da Idade Média, o trabalho não orientava as relações sociais. Estas se definiam pela hereditariedade, pela religião, pela honra, pela lealdade e pela posição em relação às questões públicas: elementos que permitiam a alguns viver do trabalho dos outros. A SOCIEDADE A SOCIEDADE A SOCIEDADE A SOCIEDADE MODERNA E O MODERNA E O MODERNA E O MODERNA E O SISTEMA CAPITALISTA SISTEMA CAPITALISTA SISTEMA CAPITALISTA SISTEMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃODE PRODUÇÃODE PRODUÇÃODE PRODUÇÃO A SOCIEDADE MODERNA E O SISTEMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO Com aemergência do mercantilismo e do capitalismo, a estrutura de trabalho passou por um longo processo de mudanças. Nos séculos XVIII e XIX, o capitalismo se consolida, desenvolve-se e cria a sua própria revolução: a Revolução Industrial, que significou um fabuloso aumento da produção material e o rendimento do trabalho. Após a erradicação do serviço compulsório, era preciso convencer as pessoas de que trabalhar para os outros era bom. Foi preciso, então, mudar a concepção de trabalho: de atividade vil, passou a ser visto como atividade que dignifica o ser humano. Como a estrutura anterior se degradou? Como os artesãos e pequenos produtores se transformaram em assalariados? Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-5711/fotos/detalhe/?cmediafile=18880989# A SOCIEDADE MODERNA E O SISTEMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO DE ARTESÃOS... Os artesãos e pequenos produtores trabalhavam na própria casa; Tinham suas próprias ferramentas e seus instrumentos; Produziam ou obtinham, por meio de troca, as matérias-primas para produzir o que necessitavam; Em síntese, eram senhores das condições necessárias para sobreviver e também de seu tempo, pois decidiam quando trabalhar ou descansar PARA ASSALARIADOS... Pouco a pouco, houve a separação entre a moradia e o local de trabalho; Depois o trabalhador foi separado dos seus instrumentos; Por fim, perdeu a possibilidade de obter a própria matéria-prima. Os comerciantes e industriais que haviam acumulados riquezas passaram a financiar, organizar e coordenar a produção de mercadorias, definindo o que produzir, em que quantidade e em quanto tempo. A SOCIEDADE MODERNA E O SISTEMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO Essa transformação ocorreu por meio de dois processos de organização do trabalho: o de COOPERAÇÃO SIMPLES e o de COOPERAÇÃO AVANÇADA (OU MANUFATURAL): Cooperação simples: o artesão desenvolvia todo o processo produtivo, mas trabalhava para quem financiava a matéria- prima e os instrumentos de trabalho, e definia o local e a jornada de trabalho. Manufatura: o trabalho continuava a ser artesanal, mas uma pessoa não fazia tudo, do começo ao fim. Cada indivíduo passou a fazer apenas uma parte do trabalho. A SOCIEDADE MODERNA E O SISTEMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO DO ARTESANATO À MANUFATURA Na manufatura, o produto tornou-se resultado das atividades de muitos trabalhadores; Para a realização das atividades, o trabalhador passou a receber um salário, e desse modo o trabalho transformou-se em mercadoria (força de trabalho) que podia ser vendida e comprada, como qualquer outra; O tempo de trabalho passou a ser determinado por quem lhe pagava o salário; Surgiu, então, a maquinofatura, na qual o espaço de trabalho passou a ser a fábrica, pois era lá que estavam as máquinas que “comandavam” o processo de produção. Todo o conhecimento que o trabalhador usava para produzir suas peças foi dispensado, ou seja, sua destreza manual foi transposta para as máquinas e assim substituída por elas. A SOCIEDADE MODERNA E O SISTEMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO Não foi fácil submeter os trabalhadores às longas jornadas e aos horários rígidos, pois a maioria deles não estava acostumada a isso. A maior parte da população que foi para as cidades trabalhava anteriormente no campo, onde o único “patrão” era o ritmo da natureza. EVOLUÇÃO DAS HORAS DE TRABALHO SEMANAL PERÍODO INGLATERRA FRANÇA 1650 - 1750 45 a 55 horas 50 a 60 horas 1750 - 1850 72 a 80 horas 72 a 80 horas 1850 - 1937 58 a 60 horas 60 a 68 horas Fonte: CUNHA, Newton. A felicidade imaginada: a negação do trabalho e do lazer. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 37 MUDANÇAS DE CONCEPÇÃO As transformações ocorridas no processo produtivo envolveram a mudança da concepção de trabalho - de atividade penosa para atividade que dignifica o homem. Isso aconteceu porque, não sendo mais possível contar com o serviço compulsório, foi preciso convencer as pessoas de que trabalhar para os outros era bom; Enfatizava-se que as novas formas de organização do trabalho beneficiavam a todos e que a situação presente do trabalhador era melhor do que a anterior. Diversos setores da sociedade colaboraram para essa mudança: MUDANÇAS DE CONCEPÇÃO As igrejas procuraram transmitir a ideia de que o trabalho era um bem divino e quem não trabalhasse não seria abençoado. Não trabalhar (ter preguiça) passou a ser pecado; Os governantes passaram a criar uma série de leis e decretos que penalizavam quem não trabalhasse. Os desempregados eram considerados vagabundos e podiam ir para a prisão. A polícia era encarregada de prender esses “vagabundos”; Os empresários desenvolveram uma disciplina rígida no local de trabalho, além de determinar e controlar os horários de entrada e saída dos estabelecimentos. Além disso, havia multas para os que não obedecessem às normas fixadas; As escolas passaram às crianças a ideia de que o trabalho era fundamental para a sociedade. Esse conceito era ensinado, por exemplo, nas tarefas e lições e também por meio de contos infantis; O trabalhador estava livre apenas legalmente porque, na realidade, via-se forçado pela necessidade a fazer o que lhe impunham. E trabalhava mais horas do que antes. QUADRO SÍNTESE EVOLUÇÃO ECONÔMICA DA HUMANIDADE Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/382007/ REFERÊNCIAS BOMENY, Helena; FREIRE-MEDEIROS, Bianca; EMERIQUE, Raquel Balmant; O’DONNEL, Julia. Tempos modernos, tempos de sociologia. 2ª edição. São Paulo: Editora do Brasil, 2013 – LIVRO DIDÁTIVO. SANTOS, Luciano dos. Sociologia do Trabalho. Inhumas: IFG; Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2012 TOMAZI, Nelson Dacio Tomazi. Sociologia para o ensino médio. 3ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.
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