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PROCESSO DO TRABALHO

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
OBJETIVO
TEORIA E QUESTÕES
Fagner Sandes
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
OBJETIVO
TEORIA E QUESTÕES
© 2013, Alumnus , uma editora do grupo LeYa.
ISBN 978-85-65295-79-6
Diretoria Editorial: 
Engels Rego e Antonio Geraldo Pinto Maia Junior
Gerência Editorial: 
Fabricia Gouveia
Revisão: 
Superquadra
Produção Editorial: 
Equipe UnYLeYa
Capa (projeto gráfico, criação e ilustração): 
Ralfe Design
Versão digital: 
Tatiana Medeiros
Contato
 
A Alumnus é uma editora do Grupo LeYa, especializada em livros técnicos, acadêmicos e científicos, e uma das principais editoras de
livros direcionados para a preparação de concursos públicos no Brasil
Traz ao mercado brasileiro as coleções “Direto ao Ponto”, “À Teoria pela Prática”, “Legislação Interpretada”, além de obras de
referência sobre os mais diversos assuntos, como Direito Eleitoral, Direito Constitucional e Direito Administrativo.
http://alumnus.leya.com.br
leyaalumnus
@LeyaAlumnus
Às supremas forças da natureza, pois sem elas não teria destemor para encarar os
desafios da vida.
À minha família, em especial aos meus pais (pelo dom da vida) e minha esposa
(pelo companheirismo e cumplicidade).
Ao amigo e brilhante professor Marcello Leal, por ter aberto as portas da editora
Alumnus.
Aos amigos de profissão, por desempenharem com extrema proficuidade o mister da
docência.
Aos meus alunos, que perseveram a cada dia na busca dos seus objetivos,
alimentando suas respectivas almas de conhecimento.
À editora Alumnus do grupo Leya, por agasalhar o projeto e acreditar que a
proposta é um diferencial no mercado editorial.
Sumário
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 – TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1.Conceito de Processo do Trabalho
2.Autonomia do Processo do Trabalho
3.Métodos de Solução dos Conflitos na Seara Trabalhista
3.1.Autocomposição
3.1.1.Comissões de Conciliação Prévia
3.2.Heterocomposição
3.2.1.Jurisdição
3.2.2.Arbitragem
4.Princípios Processuais
4.1.Princípios processuais gerais (constitucionais e infraconstitucionais)
4.1.1.Princípio do contraditório e da ampla defesa
4.1.2.Princípio da igualdade ou isonomia
4.1.3.Princípio da motivação ou fundamentação das decisões judiciais
4.1.4.Princípio do devido processo legal
4.1.5.Princípio do juiz natural e do promotor natural
4.1.6.Princípio do duplo grau de jurisdição
4.1.7.Princípio da razoável duração do processo
4.1.8.Princípio da inafastabilidade da jurisdição
4.1.9.Princípio da publicidade
4.1.10.Princípio da vedação da prova ilícita
4.1.11.Princípio dispositivo da demanda ou inércia
4.1.12.Princípio inquisitivo ou do impulso oficial
4.1.13.Princípio da identidade física do juiz
4.1.14.Princípio da finalidade ou instrumentalidade
4.1.15.Princípio da perpetuatio jurisdictionis
4.1.16.Princípio da ultrapetição
4.1.17.Princípio da non reformatio in pejus (proibição da reforma para pior)
4.2.Princípios peculiares do processo do trabalho
4.2.1.Princípio do jus postulandi
4.2.2.Princípio da conciliação
4.2.3.Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias
4.2.4.Princípio da normatização coletiva
4.2.5.Princípio da indisponibilidade
4.2.6.Princípio da proteção e da finalidade social
4.2.7.Princípio da oralidade
4.2.8.Princípio da celeridade
4.2.9.Princípio da concentração
5.Aplicação Subsidiária do Código de Processo Civil
CAPÍTULO 2 – ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
1.Órgãos da Justiça do Trabalho
2.Tribunal Superior do Trabalho
3.Tribunais Regionais do Trabalho
4.Juízes do Trabalho e Varas do Trabalho
5.Juiz de Direito e a Jurisdição Trabalhista
6.Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho
6.1.Dos distribuidores
6.2.Das secretarias das varas do trabalho
6.3.Das secretarias dos tribunais regionais
6.4.Dos oficiais de justiça avaliadores
6.5.Dos cartórios dos juízos de direito
CAPÍTULO 3 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
1.Conceito
2.Critérios de Fixação
3.Competência em Razão da Matéria
4.Competência em Razão da Função ou Funcional
5.Competência em Razão do Lugar (Foro, Território ou Local)
6.Conflito de Competência
CAPÍTULO 4 – MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
1.Previsão Constitucional e Princípios Institucionais
2.Órgãos do Ministério Público do Trabalho
3.Atribuições do MPT no Processo do Trabalho
CAPÍTULO 5 – AÇÃO, PROCESSO E PROCEDIMENTOS TRABALHISTAS
1.Da Ação (Reclamação) Trabalhista
1.1.Distribuição
1.2.Elementos da ação
1.3.Condições da ação
1.4.Requisitos da inicial trabalhista previstos na CLT
1.4.1.Da forma da notificação da reclamação trabalhista
1.5.Emenda e aditamento da petição inicial no processo do trabalho
1.6.Tutela antecipada e mandado de segurança
2.Classificação Básica das Ações Trabalhistas
2.1.Ação de conhecimento ou cognitiva
2.2.Ação de execução
2.3.Ação cautelar
3.Processo e Procedimento
3.1.Procedimento comum
3.1.1.Procedimento comum ordinário
3.1.2.Procedimento comum sumário
3.1.3.Procedimento comum sumaríssimo
3.2.Procedimentos especiais
3.2.1.Inquérito para apuração de falta grave
3.2.2.Dissídio coletivo
3.2.3.Ação de cumprimento
4.Das Partes e Procuradores no Processo do Trabalho
5.Da Prova de Inexistência de Débitos Trabalhistas
CAPÍTULO 6 – PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO: ATOS, TERMOS, PRAZOS,
DESPESAS E NULIDADES PROCESSUAIS
1.Atos e Termos Processuais
2.Prazos Processuais
2.1.Preclusão
3.Despesas Processuais
3.1.Custas e emolumentos
3.2.Gratuidade de justiça e isenção de custas
3.3.Honorários periciais
3.4.Honorários advocatícios
4.Nulidades no Processo do Trabalho
4.1.Princípios das nulidades
4.1.1.Instrumentalidade das formas ou finalidade
4.1.2.Prejuízo ou transcendência
4.1.3.Convalidação ou preclusão
4.1.4.Interesse
4.1.5.Utilidade ou aproveitamento dos atos processuais praticados
4.1.6.Renovação dos atos processuais viciados ou saneamento das nulidades
CAPÍTULO 7 – AUDIÊNCIAS TRABALHISTAS
1.Considerações Iniciais
2.Fases e Desenvolvimento
2.1.Presença das partes e substituição
2.2.Ausência das partes
2.3.Tentativa de conciliação
2.4.Instrução processual
2.5.Trâmites finais
3.Defesa ou Respostas da Reclamada
3.1.Das exceções
3.1.1.Noções iniciais
3.1.2.Exceção de incompetência relativa
3.1.3.Exceções de suspeição e impedimento
3.2.Da contestação
3.2.1.Defesa processual
3.2.2.Defesa de mérito
3.2.3.Prescrição e decadência
3.2.4.Compensação, retenção e dedução
3.3.Reconvenção
CAPÍTULO 8 – DAS PROVAS NO PROCESSO DO TRABALHO
1.Conceito e Finalidade
2.Ônus da Prova
3.Princípios Probatórios
3.1.Princípio do contraditório e da ampla defesa
3.2.Princípio da necessidade da prova
3.3.Princípio da unidade da prova
3.4.Princípio do livre convencimento ou persuasão racional
3.5.Princípio da imediação
3.6.Princípio da aquisição processual
3.7.Princípio in dúbio pro misero
4.Provas em Espécie
4.1.Depoimento pessoal e interrogatório
4.2.Testemunhal
4.3.Pericial
4.4.Documental
4.5.Prova emprestada
CAPÍTULO 9 – DAS DECISÕES NO PROCESSO DO TRABALHO
1.Breves Considerações
2.Requisitos Essenciais e Complementares
2.1.Relatório
2.2.Fundamentação (motivação)
2.3.Conclusão (dispositivo)
3.Intimação da União e Acordo após o Trânsito em Julgado
4.Correção de Erros Materiais
5.Intimação da Decisão
6.Ação Rescisória
CAPÍTULO 10 – SISTEMA RECURSAL TRABALHISTA
1.Conceito, Natureza, Efeitos, Princípios e Pressupostos Recursais
1.1.Conceito
1.2.Natureza
1.3.Princípios recursais
1.3.1.Taxatividade
1.3.2.Voluntariedade
1.3.2.1.Duplo grau de jurisdição obrigatório
1.3.3.Unirrecorribilidade ou singularidade
1.3.4.Proibição da reformatio in pejus
1.3.5.Fungibilidade ou conversibilidade
1.3.6.Variabilidade
1.4.Efeitos dos recursos
1.4.1.Efeito devolutivo
1.4.2.Efeitosuspensivo
1.4.3.Efeito extensivo
1.4.4.Efeito substitutivo
1.4.4.Efeito translativo
1.4.5.Efeito regressivo
1.4.6.Efeito expansivo
1.5.Pressupostos recursais
1.5.1.Pressupostos intrínsecos (subjetivos)
1.5.2.Pressupostos extrínsecos (objetivos)
2.Recursos em Espécie
2.1.Recurso ordinário
2.2.Agravo de instrumento
2.3.Agravo de petição
2.4.Embargos de declaração
2.5.Recurso de revista
2.5.1.Requisitos específicos de admissibilidade
2.6.Embargos no TST (divergência e infringentes)
2.6.1.Embargos infringentes
2.6.2.Embargos de divergência
2.7.Recurso adesivo
2.8.Recurso extraordinário
CAPÍTULO 11 – EXECUÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1.Liquidação de Sentença
1.1.Liquidação por cálculo
1.2.Liquidação por arbitramento
1.3.Liquidação por artigos
1.4.Tramitação e particularidades
2.Conceito de Execução Trabalhista
2.1.Execução provisória e definitiva.
2.2.Princípios da execução
2.2.1.Igualdade de tratamento
2.2.2.Natureza real da execução
2.2.3.Limitação expropriatória (impenhorabilidade)
2.2.4.Utilidade ao credor
2.2.5.Não prejudicialidade do devedor
3.Títulos Executivos no Processo do Trabalho
4.Competência
5.Legitimidade
6.Procedimento
6.1.Do mandado de execução
6.2.Embargos à execução
6.3.Execução por carta precatória
6.4.Penhora em dinheiro (execução provisória e definitiva)
6.5.Execução de prestações sucessivas
6.6.Do julgamento e dos trâmites finais da execução
6.7.Remição da execução
7.Execução contra as Pessoas Jurídicas de Direito Público
8.Embargos de Terceiro
CAPÍTULO 12 – INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL TRABALHISTA
1.Considerações Iniciais
1.1.Definições básicas
1.2.Acesso e funcionamento do sistema
1.3.Da força probatória dos documentos
1.4.Dos atos processuais e contagem dos prazos
1.5.Apresentação de defesa e carta precatória
CAPÍTULO 13 – EXERCÍCIOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Prefácio
O professor e advogado Fagner Sandes, em seu Direito Processual do Trabalho Objetivo: Teoria
e Questões, pretende preencher uma lacuna na bibliografia especializada da área trabalhista. Em
linguagem simples e objetiva, passeia por todo o programa de processo do trabalho com o claro
propósito de preparar os candidatos a concursos públicos e ao Exame de Ordem.
O livro e seu autor abordam desde os temas introdutórios da Teoria Geral do Direito Processual
do Trabalho até os mais específicos, cuidando de ações especiais, como Inquérito para Apuração de
Falta Grave e Dissídio Coletivo.
Após abordagem objetiva de cada um dos temas de processo, o autor apresenta questões de
concurso e da OAB, das mais conhecidas bancas (Cespe, FGV e FCC), facilitando a verificação do
conhecimento apreendido na obra.
Não obstante seja obra destinada a concursos públicos, particularmente na avaliação das provas
objetivas, o advogado encontrará nela um rápido material de consulta para suas questões do dia a
dia, tornando o livro uma utilíssima ferramenta para sua prática profissional.
Tenho certeza de que o autor alcançará seu público leitor e encontrará seu espaço junto ao exigente
público da área trabalhista.
Parabenizo ambos, o autor e a editora, pela empreitada.
Marcelo Moura
Juiz do Trabalho
Professor da Escola de Direito da FGV/RJ, da
Escola Judicial do TRT da 1ª Região e da Escola
Superior de Administração Fazendária (Esaf).
Professor-coordenador dos cursos trabalhistas do
Tempo de Concurso.
Apresentação
No dia a dia profissional, tanto no exercício da advocacia trabalhista, quanto na atividade docente,
percebo que muitos profissionais e alunos demandam um livro objetivo de processo do trabalho. Não
um simples resumo, mas uma obra que contemple questões afetas àqueles pontos mais comuns, seja
em razão das normas legais ou da jurisprudência, seja em razão de conteúdo próprio das
necessidades que a prática e as bancas de concursos apresentam.
Dessa forma, estamos apresentando ao mercado uma verdadeira fonte de consulta diária para o
profissional e para o candidato que visa prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil e
Concursos Públicos de nível médio ou superior, o que atende também aos interesses daqueles que
estão cursando faculdade de direito ou cursos de pós-graduação.
Obviamente, a obra Direito Processual do Trabalho Objetivo: Teoria e Questões tem por azo
oferecer conteúdo menos extenso que os oferecidos nos cursos de processo do trabalho em geral,
porém mais amplo do que os resumos jurídicos Assim, evita-se ser prolixo ou sintético, embora com
conteúdo objetivo e meticuloso que vai, indubitavelmente, enriquecer os estudos daqueles que estão
com o intuito de conhecer – por meio de um bom panorama – o direito processual do trabalho. A
denominação escolhida para a obra está relacionada ao perfil profissional do autor, que em todos os
momentos, como advogado ou professor, visa simplificar aquilo que, em um primeiro momento,
parece ser impossível de ser compreendido sem que se percam noites de sono. Simplificar é a
melhor forma de obter o conhecimento desejado!
O Autor
Introdução
Ainda que o objetivo da obra em tela seja um panorama objetivo do processo de trabalho,
tornando-se, dessa forma, material de consulta indispensável, é evidente que alguns pontos da
matéria merecem análise mais detalhada. No entanto, não pretendemos repousar em controvérsias, no
que pese apontá-las quando necessário para ciência do leitor, a fim de não destoar do foco principal,
que é exatamente oferecer as lições essenciais desse ramo do direito.
A obra traz em seu bojo assuntos de extrema relevância, dentre os quais destacam-se:
• princípios processuais;
• organização e competência da Justiça do Trabalho;
• forma da reclamação trabalhista;
• respostas da reclamada;
• audiência;
• ônus da prova;
• recursos no processo do trabalho;
• execução; e
• questões de provas anteriores da FGV (OAB), FCC e Cespe.
Por fim, desejo uma excelente leitura, e que a obra seja, de fato, um mantra para o seu sucesso!
CAPÍTULO 1
Teoria Geral do Direito Processual do Trabalho
1. CONCEITO DE PROCESSO DO TRABALHO
O processo, em breves linhas, é o instrumento pelo qual será aplicada, desenvolvida e exercida a
atividade jurisdicional monopolizada pelo Estado, cujo exercício é atribuído tipicamente ao Poder
Judiciário, resolvendo – dessa forma – o conflito de interesses posto pelas partes em juízo.
No caso da seara trabalhista, esses conflitos são oriundos das mais variadas relações de trabalho,
desde que no âmbito da competência da Justiça do Trabalho, por meio de um conjunto de normas,
princípios e instituições.
Logo, podemos conceituar processo do trabalho como o ramo do direito que tem por fito resolver
as lides trabalhistas afetas à Justiça do Trabalho por meio de regras procedimentais próprias.
2. AUTONOMIA DO PROCESSO DO TRABALHO
Existem duas teorias para explicar a autonomia do direito processual do trabalho em face do
direito processual civil.
A teoria monista aduz que o direito processual é uma disciplina comum, daí então abraçando
todos os ramos do direito processual, ou seja, o processo civil, o processo do trabalho etc.,
averbando, em suma, que não há diferenças em substância entre o processo do trabalho e o processo
civil que possam, efetivamente, concluir pela autonomia do processo laboral.
 ATENÇÃO!
Entende-se, majoritariamente, todavia, que o direito processual do trabalho, pela teoria dualista,
é autônomo em relação ao direito processual civil, em razão dos seguintes fundamentos:
autonomia legislativa, jurisdicional, didática, científica, doutrinária e funcional.
3. MÉTODOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS NA SEARA TRABALHISTA
3.1 Autocomposição
Na autocomposição, as próprias partes chegam a um denominador comum via concessões
recíprocas, sem emprego de coerção, ou seja, ajustam suas vontades para que o litígio seja finalizado
de forma satisfatória para ambas, podendo serextrajudicial ou no próprio processo.
Assim, o termo de conciliação homologado, previsto no art. 831, parágrafo único da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) dará um fim à demanda por avença das partes.
 ATENÇÃO!
O termo de conciliação transita em julgado no momento da homologação, razão pela qual as
partes (reclamante e reclamado) não podem recorrer, mas, caso queiram impugnar a decisão,
caberá ação rescisória (Súmula 100, V do TST e Súmula 259 do TST)!
Extrajudicialmente, temos as negociações coletivas (acordos ou convenções coletivas) e a
conciliação firmadas junto às Comissões de Conciliação Prévia.
3.1.1 Comissões de Conciliação Prévia
As Comissões de Conciliação Prévia (CCP) foram instituídas pela Lei 9.958, de 12 de janeiro de
2000, com o objetivo de desafogar o judiciário trabalhista, incluindo na CLT os arts. 625-A ao 625-
H.
A criação das referidas comissões é uma faculdade, pois como prevê o art. 625-A, “as empresas
e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, como
representantes dos empregados e dos empregadores, com atribuição de tentar conciliar os conflitos
individuais de trabalho”, podendo – inclusive – ser constituídas por grupos de empresas ou ter
caráter intersindical.
A composição da comissão constituída no âmbito da empresa deve obedecer ao que vaticina o art.
625-B da CLT, ou seja, terá, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, sendo a metade de seus
membros indicada pelo empregador, e a outra metade eleita pelos empregados, via escrutínio
secreto, o que será fiscalizado pelo sindicato da categoria, havendo tantos suplentes quantos forem os
representantes titulares.
O mandato dos seus membros será de um ano, sejam os titulares ou suplentes, sendo permitida
uma recondução, vedada a dispensa dos representantes dos empregados, titulares ou suplentes, até
um ano após o final do mandato, exceto se praticarem falta grave, nos termos da lei.
Note que o representante dos empregados continuará a desenvolver suas atividades normais na
empresa, uma vez que seu afastamento só irá ocorrer quando convocado para atuar como conciliador,
o que, na verdade, é uma hipótese de interrupção do contrato de trabalho, já que será computado
como tempo de trabalho efetivo o despendido na atividade de conciliar.
Quando a CCP for instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e norma de
funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo de trabalho.
Tema demasiadamente importante é o previsto no art. 625-D da CLT, na medida em que assim
dispõe: “Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação
Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da
empresa ou do sindicato da categoria”.
 ATENÇÃO!
O texto taxativamente obriga o trabalhador a tentar a solução primeiramente na CCP, para só após
ingressar com sua demanda na Justiça do Trabalho, caso não haja acordo. A partir da provocação,
as comissões terão prazo de 10 (dez) dias para a realização da sessão de tentativa de
conciliação, uma vez esgotado o prazo sem realização da sessão, deverá ser fornecida ao
empregado e ao empregador declaração de tentativa de conciliação frustrada, para que seja
juntada em eventual reclamação trabalhista, ficando o prazo prescricional para ajuizamento da
ação trabalhista (dois anos após a extinção do contrato de trabalho) suspenso a partir da
provocação da CCP, voltando a fluir – pelo que lhe resta, após o fim deste – prazo ou da efetiva
tentativa frustrada de conciliação.
No entanto, o STF concedeu liminar nas ADIs 2.139 e 2.160 para permitir ao empregado escolher
entre a conciliação ou ingressar com a reclamação trabalhista no Judiciário, ou seja, a provocação da
CCP não pode ser entendida como uma obrigatoriedade, o que significa dizer que a parte pode litigar,
em juízo, sem ter de demonstrar que antes demandou junto à CCP, não acarretando, desta forma, a
extinção do feito sem resolução de mérito.
Caso queira o empregado provocar a CCP, terá de fazer sua demanda por escrito ou reduzida a
termo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro
aos interessados.
Por fim, cabe dizer que o termo de conciliação lavrado perante a CCP, assinado pelo empregado,
pelo empregador ou preposto e pelos membros da comissão é título executivo extrajudicial e tem
eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas, nos termos do art.
625-A e seu parágrafo único, sendo certo dizer que aquilo que não foi ressalvado não poderá ser
discutido em juízo. Afirme-se, assim, que o termo citado não faz coisa julgada material, não
impedindo, dessa forma, o aceso ao judiciário trabalhista.
Há um setor na doutrina, entretanto, que defende ser possível o ingresso na Justiça do Trabalho
para pleitear verbas não abraçadas pelo termo de conciliação, mesmo que não haja ressalva, pois
deve ser interpretada restritivamente, ou seja, só estará quitado o que consta no termo.
Questão de Prova
(FCC/TRT-9ª Região/Técnico/2013) Com fundamento nas regras instituídas pela CLT sobre as
Comissões de Conciliação Prévia, é INCORRETO afirmar:
a)O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia,
recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do
esgotamento do prazo para a realização da sessão de tentativa de conciliação.
b)É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação
Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta
grave, nos termos da lei.
c)O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto
quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
d)As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de 10 dias para a rea​lização da sessão de
tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado.
e)A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de no mínimo cinco e no máximo
quinze membros.
Gabarito: alternativa e.
3.2 Heterocomposição
É forma de solução de conflito em que há intervenção de um terceiro que soluciona a demanda
entre os envolvidos no litígio, sendo tal decisão imposta às litigantes que a ela fica submetida, tendo
como exemplos a jurisdição e a arbitragem, apesar de alguns juristas entenderem que a mediação e
a conciliação também estão insertas nesse contexto, na medida em que um terceiro estranho ao
conflito participa no auxiliar da solução do conflito.
3.2.1 Jurisdição
A jurisdição, que tipicamente é exercida pelo Poder Judiciário, pode ser entendida como a função
do Estado de solucionar os conflitos de interesses que são levados à sua apreciação, pelos juízes e
tribunais competentes para aplicar o direito ao caso concreto em razão de uma demanda ou,
simplesmente, o poder, dever e função do Estado de dirimir os conflitos aplicando o direito.
Algumas características ou princípios regem a atividade jurisdicional do Estado, como inércia,
inafastabilidade, atividade substitutiva, imutabilidade, territorialidade, indeclinabilidade e a
publicista.
A doutrina, com espeque no art. 1º do Código de Processo Civil (CPC) admite duas espécies de
jurisdição: contenciosa e voluntária. A contenciosa exige a existência de uma lide, quando então a
jurisdição atua solucionando o conflito entre as partes e impondo sua decisão de forma imperativa.
Já a voluntária, apenas, administra interesses privados, uma vez que não tem partes, e sim
interessados, inexistindo, portanto, lide.
3.2.2 Arbitragem
Trata-se de meio alternativo de solução de conflitos, regulado pela Lei 9.307/1996, sendo um
procedimento facultativo instaurado pela convenção arbitral que agasalha a cláusula
compromissória e o compromisso arbitral. A primeira é o meio pelo qual as partes se comprometem
em submeter futuroslitígios relativos a um contrato (art. 4º), enquanto o segundo é o negócio de
natureza contratual no qual as partes submetem litígios já existentes (art. 9º).
 ATENÇÃO!
Para os conflitos individuais trabalhistas a doutrina e a jurisprudência têm rejeitado a arbitragem,
em resumo, com os seguintes argumentos:
1) hipossuficiência do trabalhador;
2) amplo acesso a Justiça do Trabalho;
3) irrenunciabilidade dos direitos creditícios do trabalhador.
Nos conflitos coletivos, sua aceitação – no que pese raramente ser utilizada –, é vista com bons
olhos em razão do disposto no art. 114, §1º e 2º da CF/1988.
Nos domínios do processo do trabalho, a sentença arbitral cria normas gerais e abstratas no que
tange às categorias profissionais e econômicas envolvidas no conflito, não produzindo a força
executiva do processo civil (título executivo judicial – art. 475-N do CPC). Significa dizer que não
caberá ação de execução, pelo contrário, estará sujeita ao mesmo tratamento dado às sentenças
normativas, acordos coletivos ou convenções coletivas, ou seja, não poderá ser executada, já que
estará sujeita à ação de cumprimento.
4. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
Os princípios são usualmente definidos como o alicerce de uma determinada ciência, isto é, o seu
primeiro fundamento, o que irá inspirar, orientar e informar a elaboração das normas jurídicas e os
aplicadores do direito, sendo certo que o sistema jurídico apresenta normas, as quais representam um
gênero, do qual são espécies as regras e os princípios.
Com efeito, os princípios apresentam grau de generalidade e abstração superior aos das regras,
haja vista que elas apenas regulam os fatos e atos nelas previstos.
Passemos a abordar os principais princípios processuais abordados pela doutrina mais abalizada.
4.1 Princípios processuais gerais (constitucionais e infraconstitucionais)
4.1.1 Princípio do contraditório e da ampla defesa
O princípio do contraditório encontra-se estabelecido no art. 5º, LV, da CF/1988, e diz: “aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”; sendo fácil concluir que esse
princípio é bilateral, ou seja, aplica-se tanto ao reclamante como ao reclamado. Em essência,
significa que cada uma das partes poderá manifestar-se sobre as alegações e provas produzidas.
Já o princípio da ampla defesa, também previsto no dispositivo constitucional acima citado, é um
desdobramento do princípio do contraditório, assegurando ao réu o direito de resistir à pretensão do
autor, lançando mão dos instrumentos processuais disponíveis – inclusive probatórios – quando
pertinentes, cabíveis e necessários.
 ATENÇÃO!
Parte da doutrina sustenta que a ampla defesa não é apenas dirigida para o réu, mas também para
o autor, de modo que pode haver cerceamento de defesa para ambas as partes. Como seria caso
do magistrado, em audiência, indeferir prova pericial requerida pelo reclamante – que pretende
comprovar condição de trabalho insalubre – e, na sentença, julgar improcedente o pedido.
4.1.2 Princípio da igualdade ou isonomia
O princípio da igualdade ou isonomia, previsto no art. 5º, caput, da CF/1988, sinaliza no sentido
de que, em aplicando-o no campo processual, as partes devem ser tratadas com igualdade dentro da
relação processual, tendo as mesmas oportunidades, sob pena, até mesmo, de se violar o devido
processo legal.
No processo trabalhista, existem certas exceções à aplicabilidade do princípio da isonomia, o que
está de acordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, como ocorre com a
concessão de certas prerrogativas para as pessoas jurídicas de direito público, em especial o prazo
em dobro para recorrer e a contagem em quádruplo do prazo previsto na parte final do art. 841 da
CLT (Decreto-lei 779/1969); o reexame necessário na forma da Súmula 303 do TST, dentre outras.
 ATENÇÃO!
Deve-se observar, por fim, que o princípio da igualdade – na esfera processual do trabalho – é
aplicável tanto nos dissídios individuais quanto nos dissídios coletivos, mas com as nuances do
princípio da proteção (oriundo do direito material), ou seja, embora o juiz não possa instituir
prerrogativas às partes, a própria CLT confere tratamento diferenciado a estas, em certas
situações. É o caso da ausência das partes em audiência, pois enquanto para o reclamante ocorre
o arquivamento, o que não o impede – em princípio – de ajuizar uma nova demanda; a ausência da
reclamada importa revelia e confissão quanto a matéria de fato (art. 844 da CLT). Esse princípio,
contudo, só não é aplicado no campo da dilação probatória, na medida em que o equilibro deve
imperar, razão pela qual para resolver questões controvertidas sobre matéria de fato, torna-se
inaplicável o princípio em apreço devendo o juiz considerar o ônus da prova dos litigantes.
Questão de Prova
(CESPE/TRT-17ª Região/Técnico/2013) Em relação aos princípios, às partes e ao processo do
trabalho, julgue o próximo item.
O princípio da proteção aplicado ao direito do trabalho não incide no âmbito do processo do
trabalho, pois o juiz não pode instituir privilégios que descaracterizem o tratamento isonômico
entre as partes.
Gabarito: errado.
4.1.3 Princípio da motivação ou fundamentação das decisões judiciais
De acordo com a conjugação do art. 93, IX da Carta Magna, e do art. 832 da CLT todas as
decisões judiciais devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade.
A intenção é evitar decisões arbitrárias, pois não é suficiente para o magistrado proferir sentença,
vez que tem o dever jurídico, sob pena de nulidade absoluta, de dizer quais os fundamentos (razões)
que o levaram a tal decisão, ou seja, é preciso que o julgador demonstre as razões de fato e de
direito que deram base à sua decisão.
Desta forma, o princípio da livre persuasão racional ou livre convencimento do magistrado, que
assegura ao juiz ampla liberdade na interpretação dos fatos, do direito e no valorar das provas, não
pode justificar o arbítrio, na medida em que o dever de fundamentação faz com que possa ser
compreendido o raciocínio do magistrado e, caso a parte discorde e fique prejudicada com a
decisão, poderá eficazmente exercer a garantia constitucional da ampla defesa, recorrendo e
impugnando os pontos de discordância.
4.1.4 Princípio do devido processo legal
O princípio do devido processo legal (due processo of law) encontra amparo no art. 5º, LIV da
CF/1988, pelo qual afirma-se que ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens, a não ser
pela tutela jurisdicional do Estado que deverá se utilizar de normas previamente elaboradas, pelas
quais os litigantes já sabem previamente as regras do processo.
A doutrina majoritária defende que alguns princípios decorrem dessa base normativa, quais sejam:
duplo grau de jurisdição, proibição de provas ilícitas, contraditório, ampla defesa, publicidade etc.,
ou seja, seria suficiente apenas essa cláusula constitucional para privilegiar a aplicação dos demais.
4.1.5 Princípio do juiz natural e do promotor natural
Aplicável ao processo do trabalho, está previsto no art. 5º, incisos XXXVII e LIII da Constituição,
que assim dispõem respectivamente: “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e “ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
Com efeito, o núcleo essencial é no sentido de que as autoridades judiciais têm suas competências
previamente definidas pelo ordenamento jurídico, o que salienta o prestígio, a independência e a
imparcialidade dos órgãos jurisdicionais.
 ATENÇÃO!
A doutrina destaca que também se extrai do inciso LIII retro mencionado o princípio do promotor
natural, ao prevê que “ninguém será processado”, porém no entendimento do Supremo Tribunal
Federal, esse princípio não tem assento no texto magno.
4.1.6 Princípio do duplo grau de jurisdição
Esse princípio versa sobrea possibilidade da parte recorrer a uma instância superior quando a
decisão atacada lhe for desfavorável.
Boa parte da doutrina sustenta que o princípio em tela está em patamar constitucional, com
fundamento no art. 5º, LV, que diz: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”.
A segunda corrente, em oposição, destaca que este princípio é uma simples regra de organização
judiciária, ou seja, não é um princípio constitucional, daí porque os recursos de natureza ordinária
poderiam ser extintos.
 ATENÇÃO!
O sistema processual trabalhista vigente comporta exceções à aplicabilidade deste princípio,
limitando-o, como por exemplo, nas chamadas causas de alçada, ou seja, quando o valor fixado
para a causa não ultrapassar dois salários mínimos não haverá nenhum recurso, salvo se versarem
sobre matéria constitucional, conforme art. 2º, § 4º da Lei 5.584/1970: “Salvo se versarem sobre
matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios da
alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário
mínimo à data do ajuizamento da ação”.
4.1.7 Princípio da razoável duração do processo
Consubstanciado no art. 5º, LXXVIII da CF/1988, incluído pela EC 45/2004, preconiza que “a
todos no processo judicial ou administrativo são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Sendo uma garantia fundamental processual,
deverá ser observado pelos magistrados em todos os tramites e fases do processo, mas deve ser
aplicado com razoabilidade para não violar as demais garantias constitucionais de cunho processual.
4.1.8 Princípio da inafastabilidade da jurisdição
Esse princípio, também denominado de acesso à justiça, jurisdição una ou universal, está
consagrado expressamente no art. 5º, XXXV da /88 que assim dispõe: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Nesse sentido, qualquer previsão legal que crie o chamado contencioso administrativo obrigatório,
ou instância administrativa de curso forçado – exigindo-se, antes do apelo ao Judiciário, o
esgotamento das vias administrativas – seria inconstitucional por ferir o princípio em apreço, tendo o
STF inclusive averbado, neste particular, que o empregado não é obrigado a submeter sua demanda
previamente às Comissões de Conciliação Prévia, como já visto anteriormente.
4.1.9 Princípio da publicidade
Estampado no art. 93, IX da Constituição Federal de 1988, é uma garantia que visa transparência
sobre os atos e julgamentos praticados pelo Poder Judiciário e decorre, fatalmente, do devido
processo legal.
Note que não se trata de um princípio absoluto, uma vez que o próprio texto constitucional
admite restrição a ele, nos termos do art. 5º, LX: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”, assim como a parte
final do inciso IX do art. 93 da Carta Magna.
A CLT – por seu turno, em seu art. 770 – dispõe que os atos processuais serão públicos, salvo
quando o contrário determinar o interesse social.
Alguns exemplos podem ser citados nos domínios do processo do trabalho, aplicando-se,
inclusive, subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 155 do CPC, como ações nas quais se
discute a justa causa por incontinência de conduta; dispensa discriminatória por ser o reclamante
portador o vírus HIV; assédio sexual, entre outras.
4.1.10 Princípio da vedação da prova ilícita
O art. 5º, LVI da CRFB/88 averba solenemente que são inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos, o que se aplica tanto aos processos judiciais quanto aos administrativos.
Por oportuno, cabe fazer a seguinte diferenciação:
1)prova ilícita: prova obtida sem a observância das regras de direito material;
2)prova ilegítima: prova obtida sem a observância das normas de direito processual;
3)prova ilegal: adquiridas com a infringência das normas de qualquer natureza.
De toda sorte, as provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo, aplicando-se,
inclusive, a teoria dos frutos da árvore envenenada ou prova ilícita por derivação, ou seja, as provas
produzidas com ensejo da prova ilícita também serão consideradas ilícitas e, portanto, imprestáveis
ao processo como meio de convencimento do julgador, não havendo que se falar, por outro lado, em
nulidade de todo o processo necessariamente.
 ATENÇÃO!
No entanto, a jurisprudência, valendo-se do princípio da proporcionalidade, em certas situações,
como é o caso da ocorrência de causa legítima para defesa de direitos, tem mitigado esse
princípio admitindo a produção de certas provas.
Um bom exemplo é extraído do julgamento do Recurso de Revista 192400-73.2006.5.15.0071 da
3ª Turma do TST, de relatoria do Min. Maurício Godinho Delgado, o qual afirmou que não há
ilicitude na gravação unilateral de um diálogo entre pessoas, mesmo pela via telefônica, desde que
esta tenha sido realizada por um dos interlocutores – ainda que sem o conhecimento da outra parte –
considerando que tal meio de prova não se confunde com a interceptação telefônica nem fere o sigilo
telefônico, ambos protegidos pela Carta Magna. No caso, a gravação foi realizada por um piloto para
comprovar que recebia salário sem contabilização (“por fora”) e a empresa fundava sua alegação na
ilicitude da prova para se eximir da condenação e ao pagamento dos reflexos oriundos dessa parcela.
4.1.11 Princípio dispositivo, da demanda ou inércia
Aplicando-se o disposto nos artigos 2º e 262 do CPC, pode-se dizer que o processo começa pela
iniciativa da parte, tendo em vista a inércia da jurisdição, como regra geral, mas seu
desenvolvimento se dá por impulso oficial, ou seja, o processo será impulsionado de ofício pelo
juiz, isto é, este princípio veda que o juiz deflagre o processo sem que seja provocado.
Saliente-se que o art. 856 da CLT admite que o dissídio coletivo seja instaurado ex officio pelo
presidente do TRT, que configura uma exceção, em caso de suspensão do trabalho (greve).
No entanto, é de bom tom salientar que a doutrina controverte no que toca a possibilidade do
presidente do TRT instaurar de ofício o dissídio coletivo, haja vista que estaria a violar o princípio
em comento, posição esta que tem nossa aquiescência.
Questão de Prova
(FGV/OAB/2013) Tendo em vista a proximidade de realização de grande evento na área de
esportes, a cidade de Tribobó do Oeste decidiu reformar seu estádio de futebol. Para tanto, após
licitação, contratou a empresa Alfa Ltda. para executar a reforma no prazo de um ano. Faltando dois
meses para a conclusão da obra e a realização do mega-evento, os operários entraram em greve
paralisando os trabalhos integralmente.
Diante desses fatos, assinale a afirmativa que se coaduna com a legitimidade ativa para instauração
do dissídio coletivo.
a)Tanto a empresa Alfa Ltda. como o Sindicato da categoria dos empregados poderá instaurar a
instância, sendo o ato privativo das partes litigantes.
b)Apenas o Sindicado dos Empregados poderá requerer a instauração do dissídio coletivo, já que
se trata do sujeito ativo no caso de greve, sendo a empresa Alfa ré no processo.
c)Por haver interesse público a legitimidade ativa é exclusiva da empresa e do sindicato, bem
como do Ministério Público do Trabalho, em caráter excepcional.
d)O dissídio poderá ser instaurado pelas partes por representação escrita ao Presidente do
Tribunal; bem como por iniciativa do próprio Presidente e, ainda, por requerimento do
Ministério Público do Trabalho.
Gabarito: alternativa d.
4.1.12 Princípio inquisitivo ou do impulso oficial
Este princípio determina que o magistrado tem a função de impulsionar o processo, o que é visto
na CLT pelo art. 765, ao dizer que “os Juízese Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na
direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer
diligência necessária ao esclarecimento delas”. Sendo assim, uma vez provocada a jurisdição,
deverá o juiz impulsionar os autos visando à prestação da tutela jurisdicional.
O art. 825-D da CLT, dispositivo que está no terreno do procedimento sumaríssimo, com a redação
dada pela Lei 9.957/2000 é categórico ao afirmar que “o juiz dirigirá o processo com liberdade
(...)”.
Observe-se ainda que a execução trabalhista pode ser iniciada de ofício pelo juiz, nos termos do
art. 878 da CLT.
4.1.13 Princípio da identidade física do juiz
De acordo com o art. 132 do CPC, o juiz que tomou conhecimento do processo – após distribuída
a reclamação – fica a ele vinculado, devendo proferir decisão, o que é aplicável às varas do
trabalho, haja vista o cancelamento da Súmula 136 do TST.
 ATENÇÃO!
Note-se ainda, que a Súmula 222 do STF está totalmente prejudicada, tendo em vista a EC 24/99,
que extinguiu as Juntas de Conciliação e Julgamento, criando as Varas do Trabalho, pelo que
deveria ser cancelada.
4.1.14 Princípio da finalidade ou instrumentalidade
Esse princípio, cuja aplicação se admite no processo do trabalho subsidiariamente, está previsto
nos arts. 154 e 244 do digesto processual civil e significa – basicamente – que os atos processuais
serão válidos ainda que sejam praticados de forma distinta daquela que a lei prevê, desde que
alcance sua finalidade. Assim, prestigia-se mais o conteúdo do que a forma do ato, o que destaca,
por seu turno, a simplicidade dos atos processuais aplicados com esmero no processo do trabalho.
4.1.15 Princípio da perpetuatio jurisdictionis
Com espeque no art. 87 do CPC, afirma-se que a competência é fixada no momento em que a ação
é proposta, não sendo relevante qualquer modificação superveniente no que tange ao estado de fato
ou de direito, exceto quando houver supressão de órgão judiciário ou quando houver a modificação
da competência em razão da matéria ou da hierarquia.
A título de exemplo, temos a Súmula Vinculante 22 do STF, haja vista que antes da EC 45/2004 a
competência para o julgamento de tais demandas era da justiça comum:
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de
acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004.
4.1.16 Princípio da ultrapetição
Também conhecido como extrapetição, esse princípio indica que em casos excepcionais (a regra
é que não pode haver julgamento extra, ultra ou citra petita, pois o pedido é um limitador da
atividade jurisdicional) o juiz poderá julgar de forma distinta do que fora pedido, como seria o caso
de aplicar, de ofício, o art. 467 da CLT, bem como a conversão de pedido de reintegração em
indenização, nos termos do art. 469 da CLT.
Na jurisprudência do TST, encontramos as Súmulas 211 e 396 como exemplos do princípio em
apreço.
4.1.17 Princípio da non reformatio in pejus (proibição da reforma para pior)
Significa que o Tribunal – no julgamento de um recurso – não pode proferir decisão que agrave a
situação do recorrente, o que não se aplica para as matérias de ordem pública, que podem ser
conhecidas de ofício em qualquer grau de jurisdição.
Assim, como exemplo de aplicação desse princípio, se o pedido do reclamante for julgado
parcialmente procedente e somente a reclamada recorrer, não pode o Tribunal julgar procedente todo
o rol de pedidos do reclamante, pois estaria a agravar a situação processual da reclamada.
 ATENÇÃO!
Observe que, em caso de reexame necessário, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 45
afirmando que é vedado ao tribunal agravar a situação do ente público. Nesse particular, cabe
registrar, inclusive, que a OJ 334 da SDI-1 do TST prevê: “Incabível recurso de revista de ente
público que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de primeira instância,
ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a condenação imposta”.
4.2 Princípios peculiares do processo do trabalho
4.2.1 Princípio do jus postulandi
O processo do trabalho adota a possibilidade de empregados e empregadores litigarem sem a
necessidade de constituir advogado, ou seja, confere àqueles sujeitos capacidade postulatória para
prática de atos processuais, como se infere do art. 791 da CLT e há quem defenda sua aplicação para
todos os trabalhadores,1 o que vai de encontro ao art. 133 da CF.
Assim, pela literalidade da CLT, tal direito é concedido para aqueles que estão enquadrados na
relação de emprego, ou seja, qualquer outro trabalhador precisa constituir advogado, exceto, de
acordo com a doutrina majoritária, o trabalhador avulso e o pequeno empreiteiro, que também
estariam amparados pelo jus postulandi. Ademais, o sindicato como substituto processual não pode
se valer do jus postulandi.
 ATENÇÃO!
Tal princípio não é ilimitado, como se depreende da Súmula 425 do TST, que o restringe às varas
do trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não podendo ser vulnerado nas ações
rescisórias, nos mandados de segurança, nas ações cautelares e nos recursos de competência do
TST.
Questões de Prova
(FGV/OAB/2012) Na Justiça do Trabalho, segundo o entendimento sumulado pelo TST, é correto
afirmar-se que o jus postulandi
a)não se aplica à ação rescisória, à ação cautelar, ao mandado de segurança e aos recursos de
competência do TST.
b)não tem mais aplicação na Justiça do Trabalho desde o advento da emenda constitucional 45.
c)aplica-se em todas as causas cujo valor seja inferior a 20 salários mínimos, porque, a partir deste
patamar, o advogado é indispensável.
d)aplica-se irrestritamente na seara trabalhista, em todas as esferas, instâncias e ações, sendo uma
de suas características marcantes.
Gabarito: alternativa a.
(CESPE/TRT-10ª Região/Analista Judiciário/2013) Julgue o próximo item, no que se refere aos
princípios gerais do processo trabalhista.
Para o TST, o jus postulandi das partes estende-se ao mandado de segurança.
Gabarito: errado.
(FCC/TRT-15ª Região/Analista Judiciário/2013) Ricardo, ex-empregado das empresas “AAA
Ltda.” e “BBB Ltda.”, é estudante de direito, cursando o quinto ano da Faculdade “X”. Ricardo
ajuizou sozinho, sem constituir advogado, reclamação trabalhista em causa própria em face das
duas empresas, reclamações estas que foram distribuídas para a X e Y Vara Trabalhista em
Campinas. A reclamação trabalhista em face da empresa “AAA Ltda.” foi julgada improcedente e
já transitou em julgado pretendendo, Ricardo, ajuizar Ação Rescisória. A reclamação trabalhista
em face da empresa “BBB Ltda.” também foi julgada improcedente e Ricardo encontra-se no prazo
para interposição de Recurso Ordinário. Nestes casos, no tocante ao jus postulandi, Ricardo, sem a
contratação de advogado,
a)poderá interpor Recurso Ordinário e ajuizar ação Rescisória, independentemente de autorização
expressa da Ordem dos Advogados do Brasil.
b)poderá interpor Recurso Ordinário, mas não poderá ajuizar Ação Rescisória.
c)não poderá interpor Recurso Ordinário e nem ajuizar Ação Rescisória.
d)poderá ajuizar Ação Rescisória, mas não poderá interpor Recurso Ordinário.
e)poderá interpor Recurso Ordinário e ajuizar ação Rescisória, mediante autorização expressa da
Ordem dos Advogados do Brasil.
Gabarito: alternativa b.
4.2.2 Princípio da conciliação
Quer dizer que a Justiça do Trabalho é eminentemente conciliadora, como se infere do art. 764 e
parágrafos da CLT, sejam nos dissídios individuais ou coletivos, pois todos estão sempre sujeitos à
conciliação, sendo imperioso destacar que o art. 652, “a” do mesmo diploma legal preceitua que
“compete às varas do trabalho conciliar a julgar(...)”, o que corrobora mais ainda este princípio.
No procedimento comum ordinário, de acordo com a combinação dos artigos 846 e 850 da CLT, há
dois momentos obrigatórios para a proposta judicial de conciliação: quando da abertura da audiência
e após as razões finais, porém antes da decisão, sob pena de nulidade, ou seja, entendemos que a não
tentativa de conciliar nas duas oportunidades gera nulidade.
Já no procedimento sumaríssimo, o juiz – em qualquer fase da audiência – poderá incitar as partes
ao acordo, nos termos do art. 852-E da CLT.
 ATENÇÃO!
No entanto há que se dizer que o juiz não é obrigado a homologar acordo entre as partes, como se
infere da Súmula 418 do TST. Porém, a justiça do trabalho estimula o acordo em qualquer fase do
processo, ainda que após o trânsito em julgado e já na execução, como se denota da OJ 376 da
SDI-I do TST, com o pagamento das contribuições previdenciárias proporcionalmente a natureza
das verbas deferidas em sentença incidentes no valor homologado a título de acordo.
A OJ 132 da SDI-2 do TST dispõe que o acordo homologado em que o empregado dá plena e
ampla quitação – sem que faça constar qualquer ressalva – alcança não só o objeto da lide, mas
também todas as demais parcelas do extinto contrato de trabalho, motivo pelo qual o ajuizamento de
outra demanda viola a coisa julgada.
Questão de Prova
(FGV/OAB/2013) Pedro realizou um acordo em reclamação trabalhista que moveu contra o seu
ex-empregador, conferindo quitação quanto ao extinto contrato de trabalho e, em contra partida,
recebeu, no ato da homologação judicial, a quantia de R$ 2.500,00 em espécie. Dez dias após,
Pedro arrependeu-se de ter aceitado a transação, entendendo que a quantia recebida seria inferior à
que faria jus. Considerando as circunstâncias do caso e de acordo com o entendimento legal e
jurisprudencial, assinale a afirmativa correta.
a)Pedro poderá ajuizar ação rescisória, no prazo de dois anos, cujo prazo se inicia oito dias após a
homologação do acordo.
b)Pedro poderá ajuizar ação anulatória, buscando o desfazimento do ato jurídico.
c)Pedro nada poderá fazer, pois houve trânsito em julgado, impedindo recursos, além do que o
motivo apresentado não autoriza ação rescisória.
d)Pedro poderá ajuizar nova ação, postulando outros direitos que não aqueles postulados na ação
que redundou no acordo, permitindo a dedução dos R$ 2.500,00 recebidos.
Gabarito: alternativa c.
4.2.3 Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias
A base legal deste princípio está no §1º do art. 893 da CLT, segundo o qual “os incidentes do
processo serão resolvidos pelo próprio juízo ou tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento
das decisões interlocutórias, somente em recurso da decisão definitiva”, ou seja, no processo do
trabalho, em regra, não cabe recurso imediato contra as decisões interlocutórias, salvo em algumas
hipóteses que estão descritas na Súmula 214 do TST.
É o caso, por exemplo, de decisão que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa
dos autos para TRT distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, de acordo com o art.
799, §2º da CLT e Súmula 214, item “c” do TST. Nesse caso, como seria uma decisão terminativa
proferida pelo juiz do trabalho, caberia recurso ordinário, com fundamento no art. 895, I da CLT.
Questão de Prova
(FGV/OAB/X Exame/2013) Uma reclamação trabalhista é ajuizada em São Paulo (TRT da 2ª
Região) e, na audiência designada, a reclamada apresenta resposta escrita sob a forma de
contestação e exceção de incompetência relativa em razão do lugar, pois o autor sempre trabalhara
em Minas Gerais, que na sua ótica deve ser o local onde tramitará o feito. Após conferida vista ao
exceto, na forma do Art. 800, da CLT, e confirmada a prestação dos serviços na outra localidade, o
juiz acolhe a exceção e determina a remessa dos autos à capital mineira (MG – TRT da 3ª Região).
Dessa decisão, de acordo com o entendimento do TST, e independentemente do seu mérito,
a)cabe de imediato recurso de agravo de instrumento para o TRT de São Paulo, por tratar-se de
decisão interlocutória.
b)nada há a fazer, pois das decisões interlocutórias, na Justiça do Trabalho, não é possível recurso
imediato.
c)compete à parte deixar consignado o seu protesto e renovar o inconformismo no recurso ordinário
que for interposto após a sentença que será proferida em Minas Gerais.
d)cabe de imediato a interposição de recurso ordinário para o TRT de São Paulo.
Gabarito: alternativa d.
4.2.4 Princípio da normatização coletiva
A Justiça do Trabalho pode exercer o chamado poder normativo, que consiste no poder de criar
normas e condições gerais e abstratas (atividade típica do Poder Legislativo), proferindo sentença
normativa, cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais de trabalho dos integrantes da
categoria profissional representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio coletivo.
Essa função especial (competência) conferida aos tribunais da Justiça laboral é prevista no §2º do
art. 114 da CF/1988, mas não se trata de um princípio absoluto, uma vez que encontra limites na
própria Constituição, nas leis de ordem pública de proteção ao trabalhador e nas normas previstas
em acordos ou convenções coletivas, que venham a dispor sobre condições mínimas de trabalho para
certa categoria profissional, o que será estudado com mais detalhes oportunamente.
4.2.5 Princípio da indisponibilidade
Este princípio constitui emanação do princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do
direito material do trabalho no campo do processo do trabalho, cuja função seria a busca efetiva do
cumprimento dos direitos indisponíveis dos trabalhadores.
4.2.6 Princípio da proteção e da finalidade social
Carlos Henrique Bezerra Leite2 afirma que “o princípio da proteção deriva da própria razão de
ser do processo do trabalho, o qual foi concebido para realizar o Direito do Trabalho, sendo este
ramo da árvore jurídica criado exatamente para compensar a desigualdade real existente entre
empregado e empregador, naturais litigantes do processo laboral, salientando que o princípio da
finalidade social permite que o juiz tenha uma atuação mais ativa, na medida em que auxilia o
trabalhador em busca de uma solução justa, até chegar o momento de proferir a sentença”.
4.2.7 Princípio da oralidade
No processo do trabalho os atos processuais são realizados pelas partes e pelo juiz em audiência,
oralmente, verbalmente, e não são poucos os dispositivos da CLT que fazem menção aos atos orais,
como é o caso da defesa regulada no art. 847, em que a reclamada terá 20 minutos para aduzi-la
(mesmo no processo eletrônico); razões finais orais em 10 minutos, como se depreende do art. 850
da CLT, dentre outros.
4.2.8. Princípio da celeridade
Presente no art. 765 da CLT e no art. 5º, LXXVIII da CF/1988, no processo do trabalho tem seu
relevo, pois o trabalhador busca verbas de natureza alimentar, o que é constatado pela existência de
procedimentos mais breves, rápidos.
Questão de Prova
(CESPE/TRT-10ª Região/Analista Judiciário/2013) Julgue o próximo item, no que se refere aos
princípios gerais do processo trabalhista.
Segundo o TST, quando litisconsortes forem representados por diferentes procuradores, serão
contados em dobro os prazos a eles disponíveis para contestar, para recorrer e, de modo geral, para
falar nos autos.
Gabarito: errado.
4.2.9 Princípio da concentração
Este princípio está explícito nos arts. 849 e 852-C, ambos da CLT. Na verdade, orienta a prática
de atos em uma mesma oportunidade, como por exemplo a determinação de que as audiências no
processo do trabalho sejam unas, para que nela sejam realizados todos os atos processuais
necessários para a solução da demanda, salvo total impossibilidade.
5. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Conhecido como princípio da subsidiariedade, a aplicação do processocivil é autorizada pelo
art. 769 da CLT que vaticina: “Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária
do direito processual do trabalho, exceto naquilo que for incompatível com as normas deste Título”.
 ATENÇÃO!
São dois os pressupostos para admitir a incidência do CPC no processo do laboral: 1) omissão na
CLT e 2) compatibilidade das normas do processo civil com os princípios que orientam o
processo do trabalho.
Da jurisprudência do TST, podemos extrair alguns exemplos, seja pela aplicação ou não do CPC,
como é o caso da OJ 310 da SDI-I que afirma ser inaplicável ao processo do trabalho, o art. 191 do
CPC que concede prazo em dobro para os litisconsortes que tenham procuradores diferentes, por
ferir o princípio da celeridade; a Súmula 394 que diz ser aplicável ao processo trabalhista, em
qualquer instância, o art. 462 do CPC; a Súmula 283 que admite o cabimento do recurso adesivo no
processo do trabalho; a Súmula 435 que diz ser aplicável ao processo do trabalho o art. 557 do CPC,
dentre outras.
Esse dispositivo (art. 769 da CLT) se aplica no processo de conhecimento, pois se for o
procedimento de execução, aplicar-se-á o disposto no art. 889 da CLT, onde num primeiro momento
será aplicável a Lei de Execuções Fiscais (LEF – Lei 6830/1980) e, persistindo a omissão, socorre-
se, então, do CPC.
Questão de Prova
(FCC/TRT-18ª Região/Analista Judiciário/2013) Para analisar e julgar os litígios individuais de
natureza trabalhista, o Juiz do Trabalho e os Tribunais do Trabalho devem valer-se de normas
processuais
a)contidas na Consolidação das Leis do Trabalho, na fase de conhecimento do processo, e do
Código de Processo Civil na fase de execução.
b)do Código de Processo Civil e, de forma subsidiária, das regras contidas na Consolidação das
Leis do Trabalho.
c)do Código de Processo Civil, na fase de conhecimento do processo, e das regras contidas na Lei
de Execuções Fiscais na fase de execução da sentença.
d)previstas na Consolidação das Leis do Trabalho e, nos casos omissos, o direito processual
comum será aplicado de forma subsidiária, exceto naquilo em que houver incompatibilidade.
e)previstas na Consolidação das Leis do Trabalho até a sentença, utilizando toda a matéria recursal
prevista no Código de Processo Civil e, por fim, das regras contidas na Lei de Execuções
Fiscais na fase de execução da sentença.
Gabarito: alternativa d.
1Vale a título de informação o disposto no Enunciado. 67 da I Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho que fora realizada
em Brasília no dia 23/11/2007: “JUS POSTULANDI. ART. 791 DA CLT. RELAÇÃO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE. A
faculdade de as partes reclamarem, pessoalmente, seus direitos perante a Justiça do Trabalho e de acompanharem suas reclamações
até o final, contida no artigo 791 da CLT, deve ser aplicada às lides decorrentes da relação de trabalho.
2Op. Cit. Pg. 80/83
CAPÍTULO 2
Organização da Justiça do Trabalho
1. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A Justiça do Trabalho, no texto constitucional vigente, está estruturada em três instâncias, sendo
seus órgãos o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e os Juízes do
Trabalho, como se depreende do art. 111 da Constituição Federal de 1988.
Na CLT, encontramos o Título VIII (Da Justiça do Trabalho) recheado de dispositivos versando
sobre a organização da Justiça do Trabalho, do art. 643 ao art. 735, tratando especificamente acerca
da composição e funcionamento das Varas do Trabalho, dos Tribunais do Trabalho, dos órgãos
auxiliares da Justiça do Trabalho, dentre outros, sendo certo que a leitura de muitos desses
dispositivos deve estar adequadas às normas constitucionais.
2. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
O Tribunal Superior do Trabalho é composto pelo número invariável de 27 Ministros, todos
nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal,
dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, sendo 1/5 (um quinto = 6) de advogados com
mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público com mais de dez
anos de efetivo exercício e, os demais, dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho oriundos
da magistratura de carreira, que serão indicados não pelo Tribunal Regional do Trabalho, mas sim
pelo Tribunal Superior do Trabalho.
A Emenda Constitucional 45/2004, denominada “Reforma do Poder Judiciário”, trouxe alterações
significativas e, no que diz respeito ao Tribunal Superior do Trabalho, determinou que junto a este
órgão jurisdicional funcionarão a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados do Trabalho – a qual cabe, além de outras funções, regulamentar os cursos oficiais
para o ingresso e promoção na carreira – e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cuja
função, nos termos da lei, é exercer a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e
patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema,
tendo suas decisões efeito vinculante.
Nos exatos termos do §1º do art. 111-A da CF/1988, a lei disporá sobre a competência do TST,
estando em vigor no ordenamento jurídico, cumprindo esta tarefa, a Lei 7.701/1988.
Cumpre dizer que segundo o art. 59 Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho
(autorizado pelo art. 96, inciso I da CF/1988), são órgãos do Tribunal:
1)Tribunal Pleno;
2)Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
3)Seção Especializada em Dissídios Individuais 1 e 2 (subseções);
4)as Turmas (há 8 turmas com 3 Ministros cada);
5)o Órgão Especial.
3. TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO
Os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por, no mínimo, 7 juízes, nomeados pelo
Presidente da República (não precisa de aprovação pelo Senado Federal), dentre brasileiros com
mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo recrutados, quando possível, na respectiva
região.
Note que um quinto das vagas é destinado a advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos, observando-se a
norma do art. 94 da CF/1988. Os demais membros que irão compor o Tribunal são nomeados em
razão de promoção dos juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
 ATENÇÃO!
Observe que o número mínimo de juízes é de sete e que eles podem ser escolhidos em outras
regiões e não necessariamente naquela onde o Tribunal esta sediado.
De acordo com a nova redação da CF/1988, promovida pela Emenda Constitucional 45/2004, os
Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e
demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-
se de equipamentos públicos e comunitários, bem como poderão funcionar descentralizadamente,
constituindo Câmaras Regionais, visando assegurar ao jurisdicionado o pleno acesso à justiça em
todas as fases do processo.
Não há obrigatoriedade de haver um Tribunal Regional em cada Estado da federação, o que se
ratifica pela leitura do art. 674 da CLT, pois se depreende que há Tribunais Regionais que abrangem
mais de um Estado, como é o caso do TRT da 8ª Região que abraça os Estados do Pará e do Amapá.
4. JUÍZES DO TRABALHO E VARAS DO TRABALHO
A Emenda Constitucional 24/1999 extinguiu as antigas Juntas de Conciliação e Julgamento, razão
pela qual a jurisdição trabalhista passou a ser exercida por um juiz singular ou monocrático,
conhecido como juiz do trabalho, que exerce as suas funções nas Varas do Trabalho3 (a CLT no art.
644 estabelece que as Varas do Trabalho ou os Juízos de Direito são órgãos da Justiça do Trabalho),
que são criadas por lei ordinária, nos termos do art. 112 da CF/1988.
 ATENÇÃO!
A Constituição determina que a lei criará varas da Justiça do Trabalho, e, nas comarcas não
abrangidas por sua jurisdição, a lei poderá atribuí-las aos juízes dedireito. Assim, das decisões
proferidas pelo juiz de direito, caberá recurso ordinário para o Tribunal Regional do Trabalho e
não para o Tribunal de Justiça.
5. JUIZ DE DIREITO E A JURISDIÇÃO TRABALHISTA
A Constituição Federal, em seu art. 112, como visto acima, prevê que nas comarcas não
abrangidas pela jurisdição das varas do trabalho, a lei poderá atribuir aos juízes de direito a
jurisdição trabalhista, devendo ser observado que, em caso de recurso, ele deve ser interposto para o
Tribunal Regional do Trabalho da região respectiva e não para o Tribunal de Justiça, valendo a
leitura, no que for compatível, dos arts. 668 e 669 da CLT.
 ATENÇÃO!
Eventual conflito de competência entre o juiz de direito investido na jurisdição trabalhista e o juiz
do trabalho, desde que estejam na mesma região, é do Tribunal Regional do Trabalho, mas se
estiverem em regiões diversas será do Tribunal Superior do Trabalho.
Questões de Prova
(FCC/TRT-1ª Região/Analista Judiciário/2013) A Constituição da República Federativa do
Brasil apresenta normas relativas à organização e competência da Justiça do Trabalho. Segundo
tais normas, é INCORRETO afirmar que
a)o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.
b)funcionará junto ao Tribunal Superior do Trabalho o Conselho Superior da Justiça do Trabalho,
cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e
patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema,
cujas decisões terão efeito vinculante.
c)haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal, e a
lei instituirá as Varas do Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir
jurisdição aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal de Justiça.
d)compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações relativas às penalidades
administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de
trabalho.
e)os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com
mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.
Gabarito: alternativa c.
(FCC/TRT-9ª Região/Técnico Judiciário/2013) Conforme previsão constitucional, as vagas
destinadas à advocacia e ao Ministério Público do Trabalho nos Tribunais Regionais do Trabalho,
observado o disposto no artigo 94 da CF, serão de
a)um terço dentre os advogados com mais de cinco anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de cinco anos de efetivo exercício.
b)um quinto dentre os advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício.
c)um quinto dentre os advogados com mais de cinco anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de cinco anos de efetivo exercício.
d)um terço dentre os advogados com mais de três anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público do Trabalho com mais de três anos de efetivo exercício.
e)um quinto dentre os advogados com mais de três anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de três anos de efetivo exercício.
Gabarito: alternativa b.
6. SERVIÃOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A Consolidação das Leis do Trabalho trata dos serviços auxiliares da Justiça do Trabalho entre os
artigos 710 e 721, fazendo menção à estrutura, funcionamento e atribuições dos respectivos serviços
auxiliares que são:
a)Secretarias das Varas do Trabalho (art. 710 a 712);
b)Distribuidores (art. 713 a 715);
c)Cartórios dos juízos de direito (art. 716 a 717), pois de acordo com o art. 112 da Constituição,
nas comarcas não abrangidas pela jurisdição da Justiça do Trabalho, poderá a lei atribuí-las aos
juízes de direito;
d)Secretarias dos Tribunais Regionais do Trabalho (art. 718 a 720);
e)Oficiais de Justiça (art. 721).
6.1 Dos distribuidores
Quando na comarca (localidade) tiver mais de uma Vara do Trabalho, haverá, obrigatoriamente,
um distribuidor, ao qual competirá a distribuição pela ordem rigorosa de entrada e, sucessivamente,
dos feitos que – para esse fim – forem a ele apresentados pelos interessados, a cada Vara do
Trabalho; fornecer aos interessados o recibo correspondente a cada processo distribuído; proceder a
manutenção de dois fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado pelos nomes dos
reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem alfabética; fornecer a qualquer pessoa que o
solicite, verbalmente ou por certidão, informações sobre os feitos distribuídos e proceder a baixa na
distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos juízes do trabalho, formando, com as
fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão ser consultados pelos interessados,
mas não serão mencionados em certidões.
 ATENÇÃO!
Por fim, cabe dizer que os distribuidores são designados pelo Presidente do Tribunal Regional
dentre os funcionários das Varas do Trabalho e do Tribunal Regional, existentes na mesma
localidade, e ao mesmo Presidente diretamente subordinados.
6.2 Das secretarias das Varas do Trabalho
De acordo com o art. 710 da CLT, cada Vara do Trabalho terá uma secretaria, que funcionará sob a
direção de funcionário que for designado para exercer a função de secretário, e que receberá – além
dos vencimentos correspondentes ao seu padrão – a gratificação de função fixada em lei.
Compete à secretaria das Varas do Trabalho o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a
conservação dos processos e outros papéis que lhe forem encaminhados; a manutenção do protocolo
de entrada e saída dos processos e demais papéis; o registro das decisões; a informação – às partes
interessadas e ao seus procuradores – do andamento dos respectivos processos, cuja consulta lhes
sera facilitada; a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria; a contagem das
custas devidas pelas partes, nos respectivos processos; o fornecimento de certidões sobre o que
constar dos livros ou do arquivamento da secretaria; a realização das penhoras e demais diligências
processuais; o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo magistrado para
melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.
Em especial, de acordo com o art. 712, compete aos chefes se secretaria das Varas do Trabalho
superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço; cumprir e fazer cumprir
as ordens emanadas do juiz do trabalho e das autoridades superiores; submeter a despacho e
assinatura do juiz o expediente e os papéis que devam ser por ele despachados e assinados; abrir a
correspondência oficial dirigida à Vara e ao seu Juiz do Trabalho, a cuja deliberação será submetida;
tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais; promover o rápido
andamento dos processos, especialmente na fase de execução, e a pronta realização dos atos e
diligências deprecadas pelas autoridades superiores; secretariar as audiências das Varas do
Trabalho, lavrando as respectivas atas; subscrever as certidões e os termos processuais; dar aos
litigantes ciência das reclamações e demais atos processuais de que devam ter conhecimento,
assinando as respectivas notificações e, por fim, executar os demais trabalhos que lhe forem
atribuídos pelo juiz da Vara.
Note que, de acordo com a CLT, os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os
atos, dentro dos prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em tantos diasquantos os
do excesso.
6.3 Das secretarias dos Tribunais Regionais
Considerando o disposto na CLT, cada Tribunal Regional tem uma secretaria, sob a direção do
funcionário designado para exercer a função de secretário, com a gratificação de função fixada em
lei, a qual compete, além das atribuições definidas paras as secretarias das Varas do Trabalho (art.
711), proceder a conclusão dos processos ao Presidente e sua remessa – depois de despachados –
aos respectivos relatores; a organização e a manutenção de um fichário de jurisprudência do
Conselho, para consulta dos interessados.
Cabe averbar que no regimento interno dos Tribunais Regionais do Trabalho serão estabelecidas
outras atribuições, o funcionamento e a ordem dos trabalhos de suas secretarias, razão pela qual
facilmente se conclui que as competências estabelecidas na CLT são meramente exemplificativas.
6.4 Dos Oficiais de Justiça Avaliadores
De acordo com o art. 721 e parágrafos da CLT, aos Oficiais de Justiça Avaliadores da Justiça do
Trabalho incumbe a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados das Varas do Trabalho
e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que lhes forem determinadas pelas respectivas autoridades.
No que tange a distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça
Avaliador funcionará perante uma Vara do Trabalho, exceto quando da existência, nos Tribunais
Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à distribuição de mandados judiciais.
Por seu turno, nas localidades onde houver mais de uma Vara e respeitado o citado supra, a
atribuição para o cumprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça
Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre que, após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões
que o justifiquem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei.
 ATENÇÃO!
Caso haja avaliação o Oficial de Justiça Avaliador terá para cumprir o ato o prazo previsto de
dez dias, sendo facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho determinar a
qualquer Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de execução das
decisões desses Tribunais e, na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça
Avaliador, o juiz do trabalho poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário.
6.5 Dos cartórios dos juízos de direito
Dispõe a CLT que os cartórios dos Juízos de Direito – quando investidos na administração da
Justiça do Trabalho – terão as mesmas atribuições e obrigações definidas para as secretarias das
Varas do Trabalho e, em havendo mais de um cartório, far-se-á entre eles a distribuição alternada e
sucessiva das reclamações.
No que tange aos escrivães dos Juízos de Direito, terão eles competência especialmente para as
atribuições e obrigações dos secretários das Varas, e quanto aos demais funcionários dos cartórios,
as que forem cabíveis de acordo com as respectivas funções, dentre aquelas que competem às
secretarias das Varas, conforme elencadas no art. 711 da norma laboral.
Questão de Prova
(FCC/TRT-1ª Região/Analista Judiciário/2013) Analise as assertivas abaixo sobre Direito
Processual do Trabalho à luz da Consolidação das Leis do Trabalho.
I. Compete ao distribuidor a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos e
a realização de penhoras.
II. Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os atos, dentro dos prazos fixados,
serão descontados em seus vencimentos, em tantos dias quantos os do excesso.
III. Os distribuidores são designados pelo Juiz da Vara mais antiga, dentre os funcionários das
Varas e do Tribunal Regional, existentes na mesma localidade, e ao mesmo Juiz diretamente
subordinados.
IV. Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador, o Juiz da Vara
poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário.
Está correto o que se afirma APENAS em
a)I e II.
b)III e IV.
c)II e IV.
d)II e III.
e)I e IV.
Gabarito: alternativa c.
3Entendemos, com fundamento no art. 111, inciso III da Constituição que os juízes do trabalho são os órgãos de primeira instância da
Justiça do Trabalho e não as Varas do Trabalho, pois estas seriam apenas órgãos de natureza administrativa.
CAPÍTULO 3
Competência da Justiça do Trabalho
1. CONCEITO
É comum ouvirmos a seguinte afirmação: “todo juiz tem jurisdição, mas nem todo juiz tem
competência”. Na verdade, essa afirmativa decorre do entendimento do que é competência. Esta
pode ser entendida como a delimitação da jurisdição, significa dizer que é a distribuição da
jurisdição entre os vários órgãos jurisdicionais.
2. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO
Alguns critérios para determinação da competência foram estabelecidos, o que leva em
consideração a matéria (ratione materiae), as pessoas (ratione personae), a função ou o território
(ratione loci). No que interessa para o processo do trabalho, destacaremos alguns aspectos
relevantes acerca de alguns desses critérios.
O fundamento da competência da Justiça do Trabalho, no plano constitucional, está no art. 114 da
CF/1988 e, no plano infraconstitucional, no art. 650 e seguintes da Consolidação das Leis do
Trabalho.
3. CompetÊncia em razÃo da matÉria
A competência em razão da matéria é definida em função da natureza da lide descrita na petição
inicial, isto é, está relacionada à causa de pedir e ao pedido.
Note-se que a justiça do trabalho, como se infere do inciso I do art. 114 da CF/1988, tem
competência para julgar as lides decorrentes das relações de trabalho, inclusive quando for parte no
dissídio os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
 ATENÇÃO!
Contudo, é imperioso alertar que se a relação de trabalho mantida com a Administração Pública
não for regida pela CLT (não empregado), pelo contrário, ostente natureza tipicamente
estatutária ou caráter jurídico-administrativo, a competência não será da justiça laboral, mas
sim da justiça federal ou esta​dual, como de extrai da ADI 3395. Nessa ADI o STF deferiu liminar
para excluir qualquer outra interpretação ao disposto no art. 114, I, da Constituição da República,
definindo, desta sorte, que não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor
que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária, sendo certo que uma parte da doutrina
entende que essa incompetência seria em razão das pessoas e não da matéria.
Dessa forma, se Mévio, servidor do TRT da 1ª Região pretende demandar contra a União, como
está vinculado por meio de estatuto (vínculo jurídico legal), a competência será da Justiça
Federal, podendo ser aplicado o mesmo raciocínio para servidor público estatutário estadual ou
municipal, sendo que nesta última hipótese (servidores estaduais ou municipais) a competência
será da justiça comum estadual. Contudo, se Rafael é funcionário da Caixa Econômica Federal,
por exemplo, e pretende demandar contra esta empresa pública, a justiça competente é a do
trabalho, na medida em que sua relação de trabalho é regida pela CLT, ou seja, no caso ele é um
empregado público.
No que tange à competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações oriundas das
relações de trabalho com os entes de direito público externo cabe trazer à baila a lição de Renato
Saraiva,4 que assim expõe:
O Supremo Tribunal Federal já decidiu que não há que falar em imunidade de jurisdição, possuindo a Justiça laboral competência para
processar e julgar demanda envolvendo entes de direito público externo. Todavia, permanece o entendimento da Suprema Corte de que o
ente de direito público externo possui imunidade de execução, ou seja, embora tenha a justiça laboral competência para processar e julgar
demanda envolvendo ente estrangeiro, não possui competência para executar seus julgados, devendo socorrer-se

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