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FISIOPATOLOGIA E TERAPIA 
NUTRICIONAL NO SISTEMA 
DIGESTÓRIO 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Thais Regina Mezzomo 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nos últimos anos, houve aumento das reações alimentares adversas, 
provavelmente associadas às mudanças no estilo de vida. Uma reação alimentar 
adversa é qualquer resposta anormal atribuída à ingestão, ao contato ou à 
inalação de um alimento ou um aditivo nele contido. As reações adversas 
envolvem alergias e intolerâncias alimentares. Saber diferenciá-las e conhecer 
a conduta nutricional em cada situação é imprescindível ao nutricionista em 
todas as suas áreas de atuação. 
Da mesma forma, os distúrbios gastrointestinais são altamente 
prevalentes em diferentes populações geográficas e causam uma variedade de 
sintomas gastrointestinais que afetam a qualidade de vida dos indivíduos. Os 
sintomas podem ser oriundos de doenças ou serem consequência de 
alimentação inadequada e da alteração da composição da microbiota intestinal. 
Uma barreira intestinal saudável é seletivamente permeável, permitindo a 
passagem de nutrientes essenciais e água, enquanto restringe a absorção de 
toxinas e patógenos. A ruptura crônica da barreira intestinal ao longo do tempo 
pode contribuir para alergias, doenças gastrointestinais e autoimunes, 
estimulando uma resposta inflamatória e reduzindo a biodisponibilidade de 
nutrientes. Os prebióticos, os probióticos e os simbióticos auxiliam na 
manutenção da barreira intestinal ao longo de todo o trato intestinal, no 
microbioma saudável e equilibrado, preservam a integridade da mucosa e 
promovem a absorção de nutrientes. 
Nesta aula, estudaremos as reações adversas aos alimentos, os sintomas 
intestinais comuns, os motivos que os desencadeiam, a conduta nutricional a ser 
estabelecida nessas situações e estudaremos sobre prebióticos, probióticos e 
simbióticos, suas diferenças e seu papel no organismo. Vamos começar? 
TEMA 1 – REAÇÕES ADVERSAS AOS ALIMENTOS 
Qualquer reação anormal à ingestão de alimentos é chamada de reação 
adversa a alimentos. Essas reações podem ser tóxicas ou não tóxicas. As 
reações tóxicas dependem da substância ingerida (por exemplo, toxinas 
bacterianas). Dentro da classificação das reações não tóxicas, que dependem 
da suscetibilidade individual do indivíduo, temos as reações não 
imunomediadas, chamadas de intolerância alimentar, e as reações 
 
 
3 
imunomediadas, chamadas de alergias alimentares. Portanto, a diferença entre 
intolerâncias e alergias alimentares se dá pela ativação ou não do sistema 
imunológico. 
1.1 Alergias alimentares 
A prevalência de alergias alimentares é de 8% em crianças e 2,5% em 
adultos. A alergia alimentar pode ocorrer imediatamente após a ingestão de um 
determinado alimento ou até 48h após a exposição. Pode ter gravidade leve ou 
ser potencialmente fatal. 
A reação alérgica se inicia com a presença de um alérgeno (ou antígeno: 
substância estranha ao corpo) no intestino e por falha na barreira intestinal ele é 
absorvido pelo trato gastrointestinal, então, o mesmo interage com o sistema 
imunológico e desencadeia uma reação de sensibilização (no primeiro contato). 
No caso de uma reexposição do alérgeno com o sistema imunológico, é 
desencadeada a reação alérgica. 
A reação de sensibilização ocorre com o contato de um antígeno com um 
plasmócito (linfócito B diferenciado) e são produzidos anticorpos (IgE) 
específicos contra ele. Esses anticorpos se ligam à superfície de mastócitos (nos 
pulmões, pele, língua, nariz e sistema intestinal) ou basófilos (na circulação). Os 
mastócitos e os basófilos armazenam substâncias químicas de defesa ou 
mediadores inflamatórios que protegem o corpo de patógenos, mas também 
causam os sintomas alérgicos). Com nova exposição do antígeno no organismo, 
o antígeno se liga aos anticorpos presentes nas células de defesa que liberam 
histamina e outros mediadores químicos com o objetivo de destruir esse 
antígeno, o que causa a reação alérgica. A liberação de histamina pode culminar 
em resposta sistêmica grave associada à coceira generalizada, inchaços, tosse, 
rouquidão, diarreia, dor abdominal, vômitos, aperto no peito, hipotensão, 
arritmias cardíacas e colapso vascular (choque anafilático). 
Os sintomas gastrointestinais da resposta alérgica são: dor abdominal, 
náusea, vômitos, diarreia, sangramento gastrointestinal, enteropatia com perda 
de proteína, prurido oral e faríngeo. Os sintomas respiratórios envolvem rinite, 
asma, tosse, edema laríngeo, estreitamento de vias respiratórias. Os sintomas 
cutâneos podem aparecer como urticária (vergões), angioedema, eczema 
(dermatite) e prurido. Também podem aparecer sintomas sistêmicos como 
anafilaxia, hipotensão, parada respiratória, choque e morte. A incidência é de 
 
 
4 
70% de sintomas gastrointestinais, 24% cutâneos e 6% respiratórios. Os 
sintomas variam com a quantidade ingerida e a sensibilidade do órgão-alvo. 
O diagnóstico para alergias alimentares envolve a história familiar, história 
clínica (descrição dos sintomas), história alimentar (alimento suspeito, 
quantidade ingerida), antropometria e exame físico (peso corporal, dermatite, 
rinite, alterações de pele, asma), diário alimentar e de sintomas de 7 a 14 dias, 
testes bioquímicos e imunológicos (avaliação médica). Há testes cutâneos 
confiáveis para alergia a leite, ovos, trigo, amendoim e soja. Os alimentos 
comumente envolvidos nas alergias são: peixes e crustáceos, trigo, amendoim, 
soja, nozes, leite e ovos, mas as alergias podem ser causadas por qualquer 
alimento. 
1.1.1 Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) 
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) acomete de 1,9 a 7,5% das 
crianças e é mais comum entre o segundo e o terceiro mês de vida; desaparece 
no quarto ano de via e é associada à eczema e asma. Os principais alérgenos 
no leite de vaca são: caseína, α-lactoalbumina e aβ-lactoglobulina. O tratamento 
envolve a retirada do leite de vaca e seus derivados da dieta. A Figura 1 ilustra 
o fluxograma de tratamento da alergia ao leite de vaca. Atenção deve ser dada 
aos rótulos de produtos industrializados e aos termos: caseína, caseinatos, 
hidrolisados de caseína, de proteínas do leite e do soro, lactoalbumina, β-
lactoglobulina, soro de leite, creme de leite, pois são termos que indicam a 
presença de leite de vaca no alimento. 
O diagnóstico da reação alérgica deve ser realizado pelo médico e o 
tratamento nutricional é realizado pelo nutricionista. A eliminação do alérgeno da 
dieta deve ser realizada por quatro semanas. No caso de não conhecer o 
alimento envolvido na resposta alérgica, deve-se eliminar um ou dois alimentos 
suspeitos a cada 15 dias. 
 
 
 
5 
Figura 1 – Fluxograma de tratamento da alergia ao leite de vaca mediada por 
IgE em lactentes 
 
Fonte: elaborado com base em ASBAI e SBAN, 2012. 
1.1.2 Síndrome látex-fruta ou látex-alimento 
O látex de borracha natural utilizado em luvas de látex de borracha, 
brinquedos infantis e outros artigos, contém proteínas alergênicas. A reação 
alérgica é mediada pela IgE. Os sintomas de alergia ao látex de borracha natural 
incluem dermatite de contato, angioedema, rinoconjuntivite, asma e, em casos 
graves, anafilaxia. 
Metade das pessoas com alergias ao látex produzem anticorpos IgE que 
podem apresentar reação com antígenos de alimentos, a maioria frutas, e causar 
sintomas alérgicos da síndrome látex-fruta ou síndrome látex-alimento. Os 
alimentos comumente relatados na alergia alimentar ao látex são: abacate, 
banana, mandioca, castanha, kiwi, manga, mamão, maracujá, tomate, nabo, 
abobrinha, pimentão, aipo, batata e fruta-do-conde. A avaliação de alimentos 
problemáticos na alergia látex-alimento é difícil, pois não há IgE específica ao 
alimento no soro, de forma que os testes de IgE não são úteis. 
1.1.3 Reintrodução alimentar 
A reintrodução alimentar deve ocorrer após a resoluçãodos sintomas, 
reinserindo um alimento por vez, em dias diferentes. A recorrência de sintomas 
 
 
6 
deve ser cuidadosamente observada e a quantidade dos alimentos deve 
aumentar gradualmente. Os sintomas da alergia alimentar tendem a se resolver 
com a idade, por isso os alimentos alergênicos, mais ricos em nutrientes, devem 
ser reintroduzidos a cada 6-12 meses para assegurar que sua restrição não foi 
desnecessária. 
1.2 Intolerâncias alimentares 
Como vimos, as intolerâncias alimentares são reações adversas a 
alimentos causadas por mecanismos não imunológicos. Entretanto, os sintomas 
são semelhantes à alergia alimentar e incluem sintomas gastrointestinais, 
manifestações cutâneas, respiratórias e neurológicas, como a cefaleia. 
Clinicamente, é importante distinguir a intolerância alimentar da alergia 
alimentar, pois a última pode causar reações anafiláticas de risco à vida, 
diferentemente da primeira. São exemplos de intolerâncias alimentares à 
intolerância à lactose, reações à aditivos alimentares e erros inatos do 
metabolismo (fenilcetonúria, galactosemia). 
1.2.1 Intolerância à lactose 
É a intolerância alimentar mais comum e resulta da redução da lactase 
intestinal. Estima-se que 75% da população mundial tenha hipolactasia. Como 
qualquer açúcar mal absorvido, a lactose não hidrolisada em galactose e glicose 
no intestino delgado alto passa para o cólon, onde atua osmoticamente 
aumentando o teor de água no lúmen intestinal e serve de substrato para 
bactérias a fermentarem em AGCCs, dióxido de carbono e gás hidrogênio, o que 
pode resultar em aumento do volume abdominal, flatulência e cólicas. 
O diagnóstico envolve a história de sintomas gastrointestinais após a 
ingestão de leite, teste do hidrogênio expirado ou o teste de tolerância à lactose. 
O tratamento da intolerância à lactose envolve a suspensão completa da lactose 
por quatro semanas e então, realizar a reintrodução lenta e pequena de 
alimentos com lactose e observar a tolerância. Alimentos com baixo teor de 
lactose, iogurtes, queijos envelhecidos podem ser tolerados por alguns 
indivíduos. Deve-se então, limitar a lactose à tolerância do paciente, além de 
orientá-lo a verificar o rótulo dos alimentos e de medicamentos. Devemos 
lembrar também que o leite materno contém lactose. A enzima lactase pode ser 
 
 
7 
utilizada em algumas situações esporádicas. Deve-se também ter atenção 
especial ao teor de cálcio na dieta dos indivíduos com intolerância à lactose e 
adequá-la, caso necessário. 
1.2.2 Aditivos alimentares 
A intolerância à aditivos alimentares é rara, mas pode envolver o consumo 
de conservantes, intensificadores de sabor e corantes (incluem tartrazinas, 
corantes azo, ácido benzoico, nitrato de sódio, BHA (hidroxianisol bitilado), BHT 
(hidroxitolueno butilado e sulfetos). O glutamato monossódico, um intensificador 
de sabor, pode causar cefaleia, náuseas, rubor, dor abdominal e asma de 1 a 4 
horas após a ingestão em pacientes susceptíveis. Naturalmente, o glutamato é 
encontrado no tomate, parmesão e cogumelos. 
TEMA 2 – SINTOMAS INTESTINAIS 
Diarreia, flatulência, distensão abdominal e constipação intestinal são 
sintomas intestinais comuns, que podem ser oriundos de má qualidade alimentar 
ou até mesmo ser um sintoma de alguma doença. Vamos ver em detalhes cada 
um deles? 
2.1 Diarreia 
A diarreia é caracterizada como três ou mais evacuações líquidas ao dia. 
Ocorre quando há trânsito intestinal rápido, diminuição de enzimas digestivas, 
diminuição da absorção e/ou aumento de líquidos no trato gastrointestinal. Há 
cinco tipos de diarreia, e cada uma apresenta uma causa específica. Vejamos 
no Quadro 2. 
Quadro 2 – Tipos e causas de diarreia 
Tipos de 
diarreia 
Causa Comentários 
1. Funcional Por irritação ou estresse emocional. Resolução espontânea 
2. Orgânica 
(exsudativa) 
Associada à lesão na mucosa intestinal. 
Há extravasamento de muco, sangue, 
proteínas plasmáticas. Por radiação ou 
colite ulcerativa. 
Avaliação médica 
3. Osmótica Solutos osmoticamente ativos no trato 
intestinal. 
Lactose, frutose, sorbitol 
(FODMAP). Aliviada pelo 
jejum. 
 
 
8 
4. Induzida por 
antibióticos 
Clostridium difficile (+comum) Clindamicina, cefalosporina 
5. Secretória Secreção ativa de eletrólitos e água pelo 
epitélio intestinal devido à presença de 
bactérias, vírus, laxantes 
Rotavírus, gastroenterite 
6. Crônica 
(de contato 
mucoso 
limitado) 
Ocorre por menor contato do quimo com 
as vilosidades por estarem destruías ou 
diminuídas: Crohn, ressecção intestinal 
extensa, doença celíaca, alergia à 
proteína do leite de vaca, doenças 
parasitárias, fibrose cística, gastroenterite 
pós-infecciosa, destruição. 
Tratar a causa subjacente 
7. Esteatorreia Má absorção. Gordura não absorvida 
permanece nas fezes. Insuficiência 
biliar/pancreática. 
Tratar a causa subjacente 
Fonte: elaborado com base em Silva; Laudanna, 2007; Escott-Stump, 2011; Mahan, 2018. 
A diarreia também pode ser classificada segundo a sua duração em 
diarreia aguda e crônica. A diarreia aguda é caracterizada pela mudança 
abrupta do hábito intestinal, dura poucos dias (menos de dez dias), tem aumento 
de água e eletrólitos nas fezes e pode ter presença de muco, sangue e pus. A 
diarreia crônica (ou persistente) tem duração de mais de duas semanas ou se 
apresenta recidivamente. Pode ser de origem funcional ou um sinal grave de 
doença. Pode ocorrer também por má digestão ou má absorção e leva à perda 
de nutrientes em graus variáveis. 
São efeitos da diarreia aguda: diminuição de sódio e água, ocorrendo 
hemoconcentração e neste caso, o sódio sérico se encontra em níveis normais; 
diarreia osmótica (perda de água é superior à de sódio, provocando desidratação 
hipertônica; hipocalemia (redução dos níveis de potássio no sangue) que confere 
debilidade muscular, transtornos no ritmo cardíaco, inapetência e alteração na 
motilidade intestinal que gera desconforto intestinal; por fim, também pode 
ocorrer alteração do equilíbrio acidobásico com diminuição de bicarbonato, 
presença de acidose metabólica, taquicardia, choque e lesão renal aguda. 
O plano dietoterápico nesta condição objetiva prevenir e tratar a 
desidratação, regularizar a função intestinal, normalizar o estado nutricional e 
promover educação alimentar e nutricional. Deve-se avaliar a melhor via de 
alimentação para o paciente conforme sua condição de saúde, as características 
da dieta e a sua composição química de nutrientes e, no caso de alimentação 
via oral, fornecer plano alimentar com lista de substituições e recomendações 
nutricionais. 
São recomendações nutricionais em caso de diarreia: jejum de 12 horas 
(caso necessário) e fluidos intravenosos com eletrólitos. Os fluidos via oral 
 
 
9 
devem ser iniciados assim que permitido, bem como a terapia de reidratação 
oral. Eletrólitos também devem ser repostos, principalmente potássio e sódio. 
A alimentação deve ser iniciada com caldos chás, torradas e, 
gradativamente, adicionar alimentos de consistência até a dieta normal, 
fracionada em refeições pequenas. Deve-se limitar lactose e sacarose; inserir 
alimentos ricos em fibras solúveis, ofertar arroz, batata e outros cereais simples; 
inserir alimentos proteicos e fontes de ferro; atentar-se às vitaminas lipossolúveis 
e a gordura deve ser limitada caso seja a causa da diarreia e inserir o uso de 
triglicerídeos de cadeia média (TCM). Probióticos podem ser utilizados. São 
exemplos de alimentos ricos em fibras solúveis: pectina (frutas: maçã, maracujá, 
laranja, tangerina, pêssego), glucanas (aveia), gomas (arábica, guar, xantana, 
caraia), mucilagens (sementes (chia e linhaça), babas do quiabo e do inhame, 
algas) e psyllium (Plantago Ovata). 
A característica da dieta deve ser normoglicídica, normo a hiperproteica, 
hipo a normolipídica e calorias devem ser ofertadas conforme o estado 
nutricional do paciente. Sãoalimentos recomendados em caso de diarreia: pães 
brancos, biscoitos água e sal, cereais refinados cozidos, macarrão, arroz branco, 
banana-maçã e banana-prata, maçã sem casca ou raspada, purê de frutas, 
frutas sem casca ou assadas, batata, cenoura, chuchu e abobrinha cozidos, em 
forma de purê ou creme, em sucos e sopas, leite ou derivados pobres ou isentos 
de lactose. Leites industrializados à base de soja, bifes tenros, frango sem pele, 
peixes, clara de ovo, sobremesas feitas com pouco açúcar, gelatinas, 
sobremesas à base de frutas (aquelas recomendadas), chás, água de coco, suco 
de maçã, isotônicos. 
2.2 Esteatorreia 
A esteatorreia, fezes com presença de gordura, pode ser derivada de 
insuficiência biliar, obstrução biliar, ressecção ileal, insuficiência pancreática, 
falha na absorção por dano na mucosa intestinal (doença celíaca, Crohn, 
radioterapia). O cuidado nutricional envolve dieta com 75 a 100 g de gordura/dia. 
No caso de paciente desnutrido, recomenda-se dieta hipercalórica com 
suplementação de TCM, pois estes são hidrolisados mais rapidamente, usam 
lipase gástrica e não lipase pancreática, e não necessitam de ácidos biliares. 
Caso haja deficiências de vitaminas e minerais, deve-se suplementar. Atentar-
se principalmente às vitaminas lipossolúveis, cálcio, zinco, magnésio e ferro. 
 
 
10 
2.3 Constipação intestinal 
A constipação intestinal é definida como fezes duras, presença de esforço 
para defecar, movimentos intestinais não frequentes, evacuação incompleta e/ou 
dificuldade de passagem das fezes, com frequência menor que três vezes na 
semana ou mais que três dias sem evacuar. 
O trânsito intestinal varia entre 18 a 48h e depende da ingestão de fibras, 
ingestão de líquidos, atividade física, uso de medicamentos e, em especial, o 
uso crônico de laxantes. A tensão e a ansiedade agravam a constipação. A 
consistência das fezes pode ser classificada conforme a escala de Bristol: 
Figura 2 – Escala de Bristol 
 
Fonte: elaborado com base em Lewis; Heaton, 1997. 
 
 
11 
Os tipos 1 e 2 caracterizam obstipação; os tipos 3 e 4 indicam consistência 
ótima, especialmente a última e os tipos 5 a 7 mostram tendencia à diarreia ou 
diarreia. 
Deve-se prescrever dieta rica em fibras (solúveis e insolúveis), de 25 a 30 
g/dia. São exemplos de alimentos ricos em fibra insolúveis: alimentos com 
celulose, hemicelulose e lignina como farelo de trigo, cereais integrais, raízes e 
hortaliças. As fibras estão contidas nos vegetais, de preferência crus, legumes, 
frutas que possam ser ingeridas com casca e/ou semente/bagaço e, 
principalmente, nos grãos (trigo, aveia, milho e produtos integrais). Preferir a 
fruta aos sucos; utilizar as frutas nas sobremesas e lanches. Substituir os cereais 
refinados pelos integrais (arroz e massas). Óleos vegetais, principalmente azeite 
de oliva, colaboram para uma melhor lubrificação das fezes e do cólon e, caso 
não sejam contraindicados, também devem fazer parte da orientação dietética. 
A ingestão de fibras solúveis deve ser concomitante com a ingestão de 
líquidos, preferencialmente água. Os líquidos são essenciais para manter os 
movimentos intestinais regulares e um cólon saudável e devem alcançar de 30-
35 ml/kg/dia ou 1 ml/kcal. 
São exemplos de alimentos laxativos: iogurte com ameixa, laranja com 
o bagaço, mamão, maxixe, milho, pão integral, quiabo, tangerina com bagaço, 
todos folhosos, umbu, uva, vagem, abacate, abóbora, aipim, ameixa, ando, arroz 
integral, farelo de aveia, caqui, cajá, ervilha, feijão, gérmen de trigo, granola e 
kiwi são tidos atualmente como alimentos laxativos (Villela; Rocha, 2008). 
Os FOS, encontrados naturalmente em plantas (cebola, chicória, alho, 
aspargo, banana e alcachofra), têm sido acrescentados em produtos dietéticos 
e fórmulas infantis devido seu efeito prebiótico de estimular o crescimento da 
microflora não patogênica. Seu consumo numa dose diária de 4 a 15 g reduz a 
constipação por aumentar o bolo fecal e frequência das evacuações (Miranda; 
Junior; Rodriguez, 2009). Os probióticos também melhoram o trânsito intestinal. 
Deve-se evitar os alimentos obstipantes, como banana-prata, maçã sem casca, 
caju, goiaba, maisena, farinha de mandioca, creme de arroz, farinhas, massas, 
alimentos industrializados (Villela; Rocha, 2008). 
Adiar a vontade de ir ao banheiro pode criar uma acumulação de fezes no 
cólon, duras e de difícil evacuação. Sentar-se corretamente no vaso sanitário, ao 
centro e ligeiramente inclinado para frente, caso o vaso for mais alto, apoiando 
 
 
12 
os pés em um banquinho, também pode ser outra recomendação como medida 
para ajudar na constipação e na evacuação. 
2.4 Eructação, flatulência e distensão abdominal 
Diariamente são produzidos cerca de 200 ml de gases intestinais, 
derivados do ar deglutido (aerofagia) e da fermentação bacteriana intestinal. Os 
gases são expelidos pela eructação (arrotos) ou eliminados pelo reto (flatos). Os 
alimentos que produzem gases em uma pessoa podem não causar em outra. 
Sedentarismo, diminuição da mobilidade, aerofagia, componentes da dieta e 
certas doenças gastrointestinais podem alterar a quantidade de gases e os 
sintomas. O supercrescimento bacteriano no intestino delgado pode causar 
inchaço, distensão abdominal, náuseas, diarreia e outros sintomas. O ácido 
gástrico, peristaltismo intestinal, válvula ileocecal, ácidos biliares, sistema imune 
entérico e secreção de enzimas pancreáticas impedem o supercrescimento de 
bactérias no intestino delgado. 
A análise do consumo alimentar e da quantidade e horários de eructações 
e flatulência pode ajudar a relacionar alimentos específicos aos sintomas. O 
cuidado nutricional envolve mudanças comportamentais como comer 
lentamente, pois a quantidade de ar deglutida aumenta quando se come ou bebe 
muito rápido, mastigar os alimentos com a boca fechada para diminuir a ingestão 
de ar, evitar o consumo de bebidas gaseificadas, chicletes, tabagismo, chupar 
balas duras e canudos. 
O aumento súbito na ingestão de fibras também pode causar desconforto 
abdominal. O consumo de feijão, repolho, brócolis, couve-de-bruxelas, aspargo 
e alguns grãos integrais podem aumentar a flatulência, pois eles contêm rafinose 
(carboidrato complexo resistente à digestão). Os polióis (sorbitol, manitol, xilitol) 
também aumentam a produção de gases intestinais. 
Antes de consumir, o feijão deve ser lavado e deixado de molho por, pelo 
menos, oito horas. Após, deve-se jogar fora a água do molho e cozinhá-lo em 
outra água. Aconselha-se também temperá-lo com alho e gengibre, pois esses 
são bloqueadores da formação de gases. Já nos vegetais, é possível acrescentar 
anis, gengibre, alecrim, ervas e sementes de erva doce durante o cozimento 
(Digest, 1998). Quando o feijão é colocado de molho ele perde os frutanos para 
a água do molho (essas perdas variam de 15 a 40% para rafinose e de 18 a 40% 
para estaquiose). O aumento gradual de fibras, líquidos, atividade física, 
 
 
13 
resolução de constipação intestinal, uso de probióticos e simbióticos e dieta 
pobre em FODMAP reduzem a queixa de gases. 
TEMA 3 – DIETA POBRE EM FODMAP 
3.1 O que são FODMAP? 
Este acrônimo quer dizer hidratos de carbono pobremente digeridos e 
absorvidos pelo trato digestivo humano. Os FODMAP quando mal absorvidos, 
são substâncias altamente osmóticas que podem causar influxo de água no 
cólon e resultar em diarreia ou, por meio de bactérias colônicas, levar a uma 
excessiva produção de gases, distendendo o lúmen intestinal. Em indivíduos 
com hipersensibilidade visceral, a distensão intestinal desencadeada pelos 
gases ou pelos fluidos pode exacerbar ou induzir sintomas abdominais. A 
redução no consumo de FODMAP (dieta pobre em FODMAP) melhora essa 
intolerância, porém, por ser reduzida em fibras, pode piorar a constipação 
intestinal. 
A letra F do acrônimo indica carboidratos fermentáveis de modo geral.A 
letra O se refere aos oligossacarídeos (frutanos e galactanos). São exemplos 
desses alimentos: cebola, alho, alcachofra, couve, beterraba, banana verde, 
pêssego, caqui, trigo, centeio, cevada, inulina e fruto-oligossacarídeos (FOS). 
Alguns indivíduos possuem ausência de hidrolases para ligações frutose-frutose 
e, neste caso, não há transporte de frutanos pelo epitélio intestinal, mantendo-
os no cólon para serem fermentados pelas bactérias colônicas e causando os 
sintomas intestinais. Exemplos de galactanos são a rafinose e a estaquiose, 
encontrados no feijão, na lentilha, no grão-de-bico, nas ervilhas; galacto-
oligossacarídeos (GOS) e, da mesma forma que para os frutanos, há ausência 
de hidrolases para digerir os galactanos, mantendo-os no cólon e sofrendo 
fermentação bacteriana, bem como produzindo efeitos intestinais. 
A letra D do acrônimo se refere ao dissacarídeo lactose. A lactose é 
encontrada no leite, iogurte, queijos, cremes, sorvete e sobremesas a base de 
leite. Alguns indivíduos têm ausência da enzima lactase que quebra as ligações 
glicose-galactose. A lactose não digerida é fermentada no cólon e desencadeia 
os sintomas gastrointestinais. 
A letra M do acrônimo se refere ao monossacarídeo frutose. É encontrada 
no suco de frutas, no mel e no xarope de milho. A frutose é absorvida por meio 
 
 
14 
do epitélio do intestino delgado por dois mecanismos. Quando livre, é absorvida 
lentamente por difusão facilitada com auxílio de um transportador facultativo, o 
GLUT-5, presente na membrana basolateral do jejuno. Porém, quando presente 
com glicose, a frutose é absorvida de forma mais eficiente, por meio do receptor 
GLUT-2 na membrana apical do enterócito. Assim, a má absorção de frutose se 
manifesta quando a frutose se encontra livre no lúmen de indivíduos que 
apresentam dificuldade na absorção; causa efeito osmótico e sintomas 
gastrointestinais. 
A letra A do acrônimo FODMAP se refere a palavra and (e) no inglês e a 
letra P se refere aos polióis. São exemplos de polióis: isomalte, xilitol, lactiol, 
sorbitol, manitol e maltitol. Os polióis são relativamente subexplorados como 
FODMAP, mas são amplamente encontrados em alimentos. O sorbitol é 
encontrado em alimentos ricos em frutose livre como maçã, pera e pêssego e o 
manitol em cogumelos e couve-flor e, ambos são usados como edulcorantes 
artificiais, principalmente em goma de mascar sem açúcar. O sorbitol também é 
comercializado como um laxante. Os polióis são absorvidos por difusão passiva 
que ocorre pelos poros no epitélio e, portanto, depende do tamanho molecular. 
O eritritol, um poliol de 4 carbonos, é bem absorvido no jejuno ao contrário do 
manitol, um poliol de 6 carbonos. Há variação do tamanho dos poros ao longo 
do intestino delgado com poros maiores localizados proximalmente, fazendo 
com que o eritritol seja menos absorvido no íleo. O tamanho dos poros é afetado 
por doenças na mucosa intestinal, como a doença celíaca. Caso não sejam 
absorvidos, os polióis causam efeito osmótico e sintomas gastrointestinais. 
3.2 Prescrição da dieta pobre em FODMAP 
Agora que entendemos o que são FODMAP, como pode ser prescrita a 
dieta com baixo teor de FODMAP? Deve-se retirar alimentos ricos em FODMAP 
(Quadro 4) por seis a oito semanas, no entanto, a melhora pode ser vista com a 
utilização da dieta em duas semanas. Em seguida, deve-se reintroduzir os 
alimentos em porções pequenas e de maneira isolada, para identificar alimentos 
gatilho dos sintomas, conforme ilustrado na Figura 3. Deve-se atentar para 
possíveis deficiências e reposição de nutrientes em todo o processo. 
 
 
 
15 
Quadro 4 – Classificação dos alimentos conforme o teor de FODMAP 
 
POBRE EM FODMAP RICOS EM FODMAP 
Frutas Amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, 
tangerina, morango e maracujá 
Banana, maçã, pera, pêssego, manga, 
melancia, nectarina, cereja, abacate, 
sucos naturais, frutas secas, mel, 
frutose, xarope de milho, água de coco 
Hortaliças Broto de bambu, cenoura, aipo, 
milho, berinjela, alface, cebolinha, 
pepino, abóbora, abobrinha, 
tomate, espinafre, batata, batata 
doce. 
Alcachofra, aspargo, beterraba, 
brócolis, couve, alho, alho-poró, 
quiabo, cebola, couve-flor, ervilha, 
grão-de-bico, feijão, lentilha 
Leite Leite e derivados sem lactose, leite 
de soja, leite de amêndoas, 
manteiga, queijo curado (parmesão, 
cheddar, brie, camembert) 
Leite de vaca, cabra e ovelha, sorvete, 
iogurte (mesmo desnatado), queijo 
fresco e cremoso (ricota, cottage, 
cream cheese). 
Cereais Farinhas, pães, macarrão e 
biscoitos sem glúten, farinha de 
milho ou mandioca, quinoa, arroz, 
tapioca, macarrão de arroz 
Pães, bolos, cereais com trigo e 
centeio, e cereais com xarope de milho. 
Fonte: Gibson e Shepherd, 2012. 
Figura 3 – Sugestão de reintrodução de alimentos por grupos de alimentos ricos 
em FODMAP 
 
Nota: GOS - galacto-oligossacarídeos. 
Fonte: elaborado com base em Gibson e Shepherd, 2012. 
Há diversos aplicativos disponíveis que mostram a classificação do teor 
de FODMAP dos alimentos e pode auxiliar os pacientes nas escolhas diárias. 
 
 
16 
TEMA 4 – DISBIOSE INTESTINAL 
A microbiota intestinal saudável contribui para o bem-estar do organismo. 
Os trilhões de microrganismos que colonizam o trato gastrointestinal influenciam 
a transformação de nutrientes, o fornecimento de vitaminas, a maturação da 
imunidade da mucosa, a comunicação intestino-cérebro e a progressão de 
tumor. 
O funcionamento adequado da microbiota intestinal depende de uma 
composição celular estável, que envolve bactérias dos filos Bacteroidetes, 
Firmicutes, Actinobacteria e em menor grau, Proteobacteria. Grandes mudanças 
na proporção destes filos ou novos grupos bacterianos levam a um desequilíbrio 
promotor de doenças, que é referido como disbiose. 
A disbiose pode causar flatulência, distensão abdominal, sensação de 
evacuação incompleta, constipação entre outros sintomas. Muitas doenças 
estão associadas à disbiose intestinal, como a doença inflamatória intestinal 
(DII), colite ulcerativa e doença de Crohn, mas também distúrbios metabólicos, 
doenças autoimunes e distúrbios neurológicos. A disbiose causa aumento na 
permeabilidade intestinal, o que contribui para a endotoxemia, isto é, migração 
de lipopolissacarídeos (LPS, produto de degradação bacteriana) para a corrente 
sanguínea e para o fígado, que causa inflamação de baixo grau no organismo e 
relaciona-se com as doenças crônicas não transmissíveis citadas. 
A ausência de nutrientes no intestino (como na nutrição parenteral) 
aumenta os níveis de Proteobacterias, que promovem inflamação na parede da 
mucosa e causam fragilidade na barreira epitelial. O excesso de oferta de 
nutrientes (colesterol, gorduras saturadas) leva a obesidade, que está associada 
a disbiose e distúrbios metabólicos inflamatórios. Álcool e medicamentos 
também causam disbiose. 
Mas, então, o que são alimentos saudáveis para o cólon? São os 
diferentes tipos de fibras, como os amidos resistentes, certos lipídios (gordura 
monoinsaturada e ômega 3), proteínas, muco intestinal, células de descamação 
e produtos de secreções digestivas intestinais. Todos esses nutrientes e 
substâncias são metabolizados pelas bactérias colônicas e geram ácidos graxos 
de cadeia curta (AGCC). 
 
 
 
17 
TEMA 5 – PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 
5.1 Prebióticos 
Prebióticos são carboidratos complexos resistentes à ação hidrolítica 
das enzimas salivar e intestinal, atingindo o cólon intactos, com efeitos sobre 
a microflora colônica e na saúde. São prebióticos a inulina, os FOS, os GOS e a 
lactulose (dissacarídeo sintético usado para o tratamento da constipação e da 
encefalopatia hepática). A inulina é um polímero de glicose extraído da raiz da 
chicória e pode ser produzida industrialmente a partir da sacarose. Os FOS são 
obtidos pela hidrólise da inulina (inulase)ou produzidos industrialmente a partir 
da sacarose (frutosiltransferase, obtida do Aspergillus niger). Os GOS são 
encontrados no leite materno e animal ou podem ser obtidos industrialmente a 
partir da lactose do soro de queijo. Alguns alimentos contén naturalmente FOS 
como a cebola, alho, centeio, banana, tomate e, principalmente, a batata yacon. 
São benefícios dos prebióticos: 
 Estimulação do sistema imunológico; 
 Proteção contra câncer de cólon e colite (experimentalmente) pois impede 
a proliferação e induz a apoptose de células de câncer colorretal; 
 Alteração do trânsito intestinal com redução de metabólicos tóxicos; 
 Efeitos bifidogênicos (estimulam o crescimento intestinal das 
bifidobacterias); 
 Redução do colesterol (pois os AGCC inibem a enzima HMG-CoA 
redutase e auxiliam na desconjugação biliar), triacilgliceróis e lipogênese; 
 Redução da glicemia, pois os AGCC melhoram a sinalização molecular 
da insulina, aumentam a expressão de GLP-1 e PYY, diminui a 
gliconeogênese; 
 Produção de nutrientes (vitaminas do complexo B); 
 Melhora a biodisponibilidade de nutrientes (aumenta a absorção de 
minerais por reduzir o pH intestinal); 
 Produção de AGCC no cólon que servem como fonte de energia para as 
células epiteliais do cólon; 
 Melhora a função de barreira intestinal: estimula formação de mucina e 
proteínas de junção intercelular; 
 Afeta a expressão de genes de células epiteliais do cólon. 
 
 
18 
5.2 Probióticos 
Os probióticos são organismos vivos que, quando ingeridos em 
determinado número, exercem efeitos benéficos para a saúde. Inibem 
colonização intestinal de bactérias patogênicas e produzem substâncias 
bactericidas que competem por nutrientes e por adesão a mucosa intestinal. 
Para serem considerados probióticos, as bactérias devem ser habitante normal 
do intestino; reproduzir-se rapidamente; produzir substâncias antimicrobianas; 
resistir ao tempo entre a fabricação, comercialização e gestão do produto; atingir 
o intestino ainda vivos. Os benefícios dos probióticos são: 
 Proporcionam equilíbrio bacteriano intestinal pois produzem 
bacteriocinas, competem por nutrientes e por adesão à mucosa intestinal; 
 Estimulam o sistema imunológico pois estimulam a produção de 
anticorpos e a fagocitose; 
 Melhoram a tolerância à lactose e a glicose, pois produzem b-
galactosidase, diminuem citocinas inflamatórias, aumentam a 
biodisponibilidade de glicazida, retardam absorção intestinal de glicose. 
 Podem produzir vitaminas (vitamina B12, riboflavina, niacina e ácido 
ascórbico). 
 Reduzem a pressão arterial, por produzirem peptídeos inibidores da 
enzima conversora de angiotensina; 
 Auxiliam no controle da diarreia; 
 Diminuem a colesterolemia e a concentração de amônia; 
 Alteraram o pH local para criar um ambiente local desfavorável para os 
patógenos; 
 Aumentam a função da barreira intestinal. 
O documento Probióticos e prebióticos, elaborado pela Organização 
Mundial de Gastroenterologia (2017) traz indicações do uso de prebióticos e 
probióticos para diversas situações em gastroenterologia e está disponível em: 
. Os grãos de kefir são leveduras fermentadoras 
e não fermentadoras de lactose e se caracterizam como probióticos por 
melhorarem o equilíbrio da microbiota intestinal, melhoram o trânsito intestinal e 
contribuem para a imunidade, produzindo benefícios à saúde do consumidor. 
 
 
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5.3 Simbióticos 
Os simbióticos compreendem a união de prebióticos e probióticos em um 
mesmo produto. Eles podem estar em nutracêuticos e em alimentos. 
Apresentam como benefícios o aumento do número de bifidobatérias, auxílio no 
controle glicêmico, redução de colesterol no sangue, melhora da permeabilidade 
intestinal e estímulo do sistema imunológico. 
NA PRÁTICA 
1. Paciente com seis meses de idade, iniciou alimentação complementar e 
fórmula infantil (NAN2). Após duas semanas foi diagnosticada com alergia 
à proteína do leite de vaca. Qual a conduta nutricional que você tomaria? 
2. Quais recomendações nutricionais você daria a um paciente com 
intolerância à lactose? 
3. Elabore um plano alimentar (cardápio) qualitativo e recomendações 
nutricionais para pacientes com as seguintes situações: constipação 
intestinal, diarreia e intolerância à FODMAP. Você indicaria o uso de 
prebiótico, probiótico ou simbiótico para algum destes casos? Justifique. 
FINALIZANDO 
Vimos neste capítulo que as reações adversas podem ser imunomediadas 
(alergias) ou não imunomediadas (intolerâncias) com apresentação de sintomas 
semelhantes, mas mecanismos de desencadeamento diferentes. A alergia 
alimentar mais comum no Brasil é a APLV e a intolerância mais comum é à 
lactose. Na sequência, estudamos sobre os diferentes tipos de diarreia, a 
esteatorreia, constipação e flatulência, bem como a conduta nutricional, 
envolvendo também a dieta pobre em FODMAP que pode ser a causa destes 
desconfortos nos indivíduos. Por fim, estudamos sobre os prebióticos, 
probióticos e simbióticos, os quais podem minimizar os desconfortos intestinais 
e melhorar a saúde dos indivíduos. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
CAETANO, B. F. R. et al. Yacon (Smallanthus sonchifolius) as a Food 
Supplement: Health-Promoting Benefits of Fructooligosaccharides. Nutrients. 
2016, v. 8, n. 436, p. 1-13. 
CONSENSO CIENTÍFICO SOBRE PREBIÓTICOS, 2014. Disponível em: 

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