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Homicídio: Noções Gerais e Figuras Típicas

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Curso de Pós- Graduação Lato Sensu
Direito Penal e Processo Penal
Prof. Alexandre Leopoldo.
Homicídio: noções gerais. Figuras típicas. Confronto com as leis n. 9503/1997 e n. 8072/1990 - controvérsias. Concurso entre o homicídio privilegiado e o qualificado. Controvérsia: incidência da Lei n. 8072/1990. O delito de homicídio e o instituto do perdão judicial - Natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial (consectários).
Sessão 01. Crimes contra a Pessoa - Crimes contra a Vida I.
Espécies de homicídio constantes no artigo 121:
Homicídio Simples
Homicídio privilegiado
Homicídio Qualificado
Homicídio Culposo
Lei 9503/97. Artigo 302. Homicídio Culposo na direção de veículo automotor.
Lei 8072/90- I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente.
Lei 12.720/2012. §6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.” (NR).
	Com efeito, o bem jurídico vida humana é assegurado pela C, que expressamente estabelece:
	 “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade a segurança e a propriedade. O reconhecimento constitucional de que todos tem um direito subjetivo fundamental a vida não implica, porém a fixação de um conteúdo determinado ao bem jurídico “vida humana”
BEM JURÍDICO PROTEGIDO: VIDA HUMANA INDEPENDENTE.
O Direito Positivo, em sintonia com a Constituição, autoriza em determinadas circunstâncias a morte de outrem, conclui-se que um conceito estritamente naturalístico de vida não pode esgotar o conteúdo do bem jurídico.
A garantia da vida humana não admite restrição ou distinção de qualquer espécie. Ou seja, protege-se a vida humana quem quer que seja, independentemente da raça, cor, sexo idade ou condição social do sujeito passivo.
Tal significa, de conseguinte, que configura o delito de homicídio a morte dada a qualquer pessoa, ainda que moribunda, prestes a morrer, ou monstruosa. Em razão da indisponibilidade e da incontestável magnitude do bem jurídico protegido- a vida humana- é irrelevante, em princípio, o consentimento da vítima. Protege-se a vida humana do início do fenômeno do parto até o instante de sua extinção.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de homicídio. O tipo penal não exige nenhuma qualidade especial do agente, trata-se de delito comum. 
Sujeito Passivo é o ser humano com vida. No homicídio, o sujeito passivo será também o objeto material do delito, pois sobre ele recai diretamente a conduta do agente. 
Sujeitos do Crime.
A determinação do momento da morte, porém, é altamente controvertida. E isso porque a morte não se produz instantaneamente, mas é resultado de um processo que afeta de modo gradual e progressivo os diferentes órgãos e tecidos do corpo humano. Para fins jurídicos penais não é possível aceitar um conceito de morte puramente biológico, mas é imperioso a formulação de um conceito legal que deverá necessariamente apresentar um conteúdo médico valorativo. O critério morte encefálica baseia-se na irreversibilidade da morte. 
Momento da Morte.
Considera-se que uma lesão ou deteriorização substancial do cérebro é totalmente irrecuperável e, por isso, irreversível, pois a medicina, hoje, não logra uma recuperação das funções do cérebro e a cessação destas não conduz ao funcionamento autônomo do organismo. O critério da morte encefálica- acolhido expressamente pela legislação pátria (Artigo 3 Lei 9434/97)- respeita as garantias da proteção da pessoa humana, já que pressupõe a perda da consciência e de outras funções superiores, sem as quais o indivíduo não pode realizar sua condição de pessoa.
Basta para a caracterização do delito em tela, que o sujeito passivo esteja vivo. Não importa seu grau de vitalidade ou a existência ou não de capacidade de sobrevivência. A presença de condições orgânicas precárias que impeçam a continuidade da vida não afasta a configuração do delito.
O NUCLEO DO TIPO é representado pelo verbo matar. A conduta incriminada consiste em matar alguém- que não o próprio agente- por qualquer meio( delito de forma livre). Admite a sua execução, portanto, o recurso a meios variados, diretos ou indiretos, físicos ou morais, desde que idôneos a produção do resultado morte.
São DIRETOS os meios através dos quais se vale o agente para, pessoalmente, atingir a vítima e 
INDIRETOS, os que conduzem a morte de modo mediato(ataque de animal bravio). Podem também ser materiais( mecânicos, químicos, patológicos) ou morais. É possível, neste último caso, a superveniência da morte através do susto, da emoção violenta, do medo ou de outros meios psíquicos ou morais, em sendo o sujeito passivo portador de distúrbio cardíaco.
é composto pelo Dolo (direto ou eventual), entendido como a consciência e a vontade da realização dos elementos objetivos do tipo de injusto doloso (tipo objetivo).Consiste, portanto, na vontade livre e consciente de realizar a conduta dirigida a produção de um resultado morte de outrem(animus necandi). O Dolo é a vontade de realização e, nesse caso, vontade de realização da morte de outrem, com base no conhecimento dos elementos do tipo concorrentes no momento da prática da ação e na previsão da realização dos demais elementos do tipo, entre eles a relação de causalidade entre ação e resultado.
O TIPO SUBJETIVO
O Dolo ( direto ou eventual) deve ser simultâneo a realização da ação típica, posto que a vontade de realização do tipo objetivo pressupõe a possibilidade de influir no curso causal.
HOMICÍDIO POR OMISSÃO: É perfeitamente admissível o delito de homicídio por omissão. Para que se configure o homicídio com delito omissivo impróprio ou comissivo por omissão, exige-se a presença de uma situação típica- consubstanciada na produção iminente de uma lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido(vida humana)- da não realização da ação típica e do modo de evitar o resultado, da capacidade concreta da ação- que pressupõe o conhecimento da situação típica de modo de evitar o resultado, da posição de garantidor do bem jurídico e da identidade entre omissão e ação.
	Pode o delito de homicídio por omissão realizar-se também por culpa, quando a inobservância do cuidado devido se verifica em razão da omissão do agente. Essa inobservância pode surgir, por exemplo, de um erro vencível sobre a assunção da posição de garantidor ou sobre a ocorrência da situação típica, ou pela crença errônea vencível sobre a desnecessidade da intervenção, pela falta de cuidado na realização da ação devida, sempre que a omissão for inconsciente, bem como pela realização de uma ação culposa que elimina a capacidade de ação.
Consuma-se o crime quando o tipo de injusto objetivo se encontra plenamente realizado, ou seja, quando o autor realiza a conduta descrita no tipo de injusto, provocando o resultado(morte) exigido. 
Trata-se de delito instantâneo de efeitos permanentes, sendo necessário o exame de corpo de delito direto ou indireto( 158 CPP)
Admite-se perfeitamente a tentativa. 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
O artigo 121 p. 1., preceitua que “......”. Trata-se de uma causa especial de diminuição de pena inexistente na legislação penal pretérita. De fato, o homicídio privilegiado, gizado no atual Código Penal, não se encontrava previsto pelos diplomas penais anteriores, salvo na modalidade de infanticídio.
Considera-se privilegiado o homicídio se o agente:
Se o agente for impelido de relevante valor social
Se impelido por motivo de relevante valor moral;
Sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima
VALOR SOCIAL é o consetâneo aos interesses coletivos. 
VALOR MORAL é aquele cujo conteúdo revela-se em conformidade com os princípios éticos dominantes em uma determinada sociedade. Ou seja, são os motivos nobres
e altruístas, havidos como merecedores de indulgencia. Tal indulgencia deve ser batizada por critérios de natureza objetiva, de acordo com aquilo que a moral média reputa digno de condescendência.
Os motivos de considerável valor moral ou social são incomunicáveis, visto que denotam menor magnitude da culpabilidade do agente.
De semelhante, reputa-se privilegiado o homicídio perpetrado sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
 A EMOÇÃO é o sentimento intenso e passageiro que altera o estado psicológico do indivíduo, provocando ressonância fisiológica ( angustia, medo, tristeza). 
A PAIXÃO – chamada emoção sentimento- é a idéia permanente ou crônica por algo( Cupidez, amor, ódio, ciúmes). Esses estados psicológicos, salvo quando patológicos(artigo 26) não tem o condão de elidir a imputabilidade penal. Entretanto, podem, em certas circunstancias, aparecer como atenuantes ou causas de diminuição da pena( artigo 121 § 1º CP).
Exige-se, para a caracterização do privilégio, que a emoção do agente seja violenta, alem de acompanhada de injustiça da provocação da vitima e da reação imediata daquele. A emoção violenta é resultante de severo desequilíbrio psíquico, capaz de eliminar a capacidade de relexão de autocontrole. 
Configura, portanto, “ um verdadeiro impulso de desordem afetiva, porque este é destrutivo da capacidade reflexiva de frenagem”. A paixão, por representar um processo afetivo duradouro, semente configura o privilégio se geradora de um estado emocional violento.
A provocação por seu turno, não pode ser equiparada necessariamente a agressão. Se aquela implicar ofensa a integridade física do agente, admite-se legitima defesa. Por provocação entende-se a atitude desafiadora, manifestada em ofensas diretas ou indiretas, insinuações, expressões de desprezo etc. A aferição deve ser cautelosa, sendo necessária a análise da personalidade do provocador e das circunstâncias do fato delituoso. Indispensável a caracterização da injustiça da provocação- causadora de justificada indignação- a ser apreciada de modo objetivo. Provocação injusta é a ilegítima, sem motivo razoável.
Por fim, exige-se que a reação emotiva violenta do agente seja imediata, isto é,ocorra logo após a injusta provocação da vitima(sine intervallo).Um lapso temporal maior propiciaria a possibilidade de detida ponderação, o que é incompatível com a eclosão de reação súbita.
O fato de o agente ter cometido o crime por motivo de relevante valor social e valor moral constitui também circunstância atenuantes genéricas. Consta do elenco das circunstancias atenuantes genéricas o fato ter sido realizado sob a influencia de violenta emoção, provocada por ato injusto da vitima. A atenuante é indiferente quanto ao aspecto temporal, somente incidente se determinável para a pratica do crime. No homicídio privilegiado exige-se aferir a intensidade da emoção e o momento que se exteriorizou. Se apenas sucedeu de modo genérico ou não sucedeu-se imediatamente não se perfaz o privilégio em apreço, mas sim a circunstância atenuante alocada no artigo 65 III c.
A redução da pena constante no dispositivo é obrigatória ou alternativa? 
 Trata-se de questão assaz conflitiva, cuja solução não é unitária.
Parte da doutrina divisa que a diminuição da sanção penal imposta é facultativa, já que a própria exposição de motivos se pronuncia nesse sentido. De outro lado, defende-se a obrigatoriedade da atenuação da pena com lastro na soberania do Júri, constitucionalmente reconhecida ( artigo 5. XXXVIII CF). Com efeito, sendo o homicídio delito de competência do Tribunal do Júri, Ter-se-ia manifesta violação da soberania dos veredictos na hipótese de não realização pelo juiz da atenuação prevista, se reconhecido o privilegio ínsito no §1º. do artigo 121.
	O entendimento mais acertado é que a redução é imperativa. O STF dispôs na Sum. 162 que é “absoluta a nulidade do julgamento pelo Júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstancias agravantes”. E o presente dispositivo é um quesito de defesa. Logo, reconhecido pelo Conselho de Sentença, a redução se impõe, ficando, porem, o seu quantum a critério do prudente arbítrio judicial.
HOMICIDIO QUALIFICADO
Considera-se qualificado o homicídio se impulsionado por certos motivos, se praticados com recursos a determinados meios que denotem crueldade, insídia ou perigo comum ou de forma a dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima; ou por fim, se perpetrado com o escopo de atingir fins especialmente reprováveis( execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime).
Registre-se que a premeditação não foi incluída entre as qualificados de homicídio. 
O motivo torpe e o motivo fútil são qualificadoras previstas no artigo 121 §. 2º I e II do CP. Demais disso, figuram também como circunstâncias agravantes genéricas, reveladoras de uma maior gravidade da culpabilidade( Artigo 61 II a).
Motivo Fútil: É a aquele insignificante, flagrantemente desproporcional ou inadequado se cotejado com ação ou a omissão do agente. O Motivo fútil não se confunde com a ausência de motivo ou com motivo injusto.
Exposição de Motivos: “ É aquele que, “pela sua mínima importância, não é causa suficiente para o crime” Informação infeliz, porque se for causa suficiente para o crime pode até justificá-lo.
Torpe: É o motivo abjeto, indigno e desprezível, que repugna ao mais elementar sentimento ético. O motivo torpe provoca acentuada repulsão, sobretudo pela ausência de sensibilidade moral do executor. Exemplo emblemático é também o homicídio praticado com o propósito de receber herança ou por vingança. O Código Penal expressamente consigna como motivo torpe o homicídio praticado mediante paga ou promessa de recompensa.
Qualificação por motivos determinantes:
Com efeito, os fundamentos que alimentam o sentimento de vingança, que não é protegido pelo direito, podem privilegiá-lo, quando, por exemplo, configurem relevante valor social ou moral. Ex: Quando o próprio pai mata o estuprador da filha. ( Luiz Regis Prado).
	Questiona-se se a recompensa visada limita-se a retribuição de ordem econômica ou se o legislador também albergou, no presente dispositivo, a contraprestação sem valor patrimonial. Sustenta-se, por um lado que a qualificadora em análise engloba inclusive a recompensa destituída de valor econômico, isto é considera-se que a expressão “promessa de recompensa”, comporta motivos outros que embora não econômicos possam ser equiparados a esse (ex:promessa de casamento, promessa de obtenção de cargo público). 
Todavia predomina o entendimento segundo o qual a recompensa deve Ter, para a configuração da qualificadora, conteúdo econômico. Embora não se negue que os motivos não econômicos possam perfeitamente figurar como móvel do delito, não foram estes incluídos no âmbito da qualificadora. Por essa razão, acertada a opinião dominante que considera que a paga ou promessa de recompensa devam ter conteúdo econômico. Pode o juiz, porem, avaliar o motivo não econômico quando da fixação da pena base.
Para o reconhecimento da qualificadora, exige-se que a paga ou promessa de recompensa sejam o motivo que desencadeou a resolução delitiva, ou seja, que a conduta seja realizada em razão desse motivo. Dado que o animo de lucro deve ser o motivo propulsor da resolução delitiva, residindo a maior reprovabilidade da conduta na mera representação do proveito, é dispensável, para a caracterização da qualificadora, a obtenção da vantagem visada. Não é preciso que o agente receba efetivamente o pagamento ou que a promessa seja cumprida, sendo suficiente que a pratica do delito seja impulsionada por tal motivação.
 
A paga ou promessa de recompensa requerem a existência de dois sujeitos: aquele que oferece o pagamento ou recompensa e aquele que executa o delito por tais motivos. Indaga-se se a qualificadora seria aplicável aos dois ou apenas ao executor. A ratio da qualificadora é o móvel de lucro, considerado especialmente reprovável. Logo, incabível
a aplicação da qualificadora aquele que oferece a paga ou a recompensa, já que este atua por motivação diversa, sendo inclusive que o faça por motivo nobre. ( Luiz Regis Prado).
Contrário: Cezar Roberto Bittencourt: Respondem pelo crime qualificado o que praticou a conduta e o que pagou ou prometeu a recompensa
Configura a qualificadora prevista no artigo 121 §2º III do CP arrolada como agravante genérica ( artigo 61 II d) a pratica do delito de homicídio com o emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum.
Veneno: É toda substância , biológica, química que, introduzida no organismo, pode produzir lesões ou causar a morte. Para fins penais veneno é qualquer substância vegetal, animal ou mineral que tenha idoneidade para provocar lesão no organismo humano. Uma substancia inócua pode assumir a condição venenosa, de acordo com as condições especiais da vítima. Nesse sentido, ministrar açúcar em quantidades razoáveis a pessoa diabética é um modo ou forma de envenená-la. O que caracteriza o veneno não é a introdução no organismo, nem seu aspecto insidioso, mas a sua maneira de agir no organismo, alterando a saúde ou causando a morte por processo químico ou bioquímico, distinguindo-se nesse particular de outras substancias de ação física, como água quente ferro candente, etc.
Qualificação pelos meios e modos de execução:
Fogo ou explosivo: Podem constituir meio cruel ou meio de que pode resultar perigo comum, dependendo das circunstâncias
Explosivo: Qualquer artefato capaz de provocar explosão ou qualquer corpo capaz de transformar de se rapidamente em uma explosão.
Tortura: É que causa prolongado atroz e desnecessário padecimento. A nosso juízo a tortura é uma modalidade de meio cruel, distinguindo-se somente pelo aspecto temporal, exigindo ação um pouco mais prolongada.
Atenção: Diferenciar Homicídio qualificado pela tortura X Tortura qualificada pela morte.
O meio insidioso é aquele dissimulado em sua eficiência maléfica, consistindo na ocultação do verdadeiro propósito, meio disfarçado, ardiloso; o meio cruel, o que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima ou revela uma brutalidade fora do comum, em contraste com o mais elementar sentimento de piedade; o perigo comum é aquele capaz de afetar numero indeterminado de pessoas.
Trata-se de qualificadora de natureza mista, que influi diretamente na medida do injusto e da culpabilidade, já que é maior o desvalor da ação pelo modo ou forma de realização e pela acentuada probabilidade de produção do resultado delitivo- e também maior a gravidade da culpabilidade, pois aplica a disposição de animo cruel ou insidiosa.
Cruel: É a forma brutal de perpetrar o crime, é meio bárbaro, martirizante, que revela ausência de piedade.Ex: Pisoteamento da vítima, dislaceramento do seu corpo a facadas. Meio cruel é o que causa sofrimento desnecessário. São cruéis aqueles meios que aumentam inútil e desnecessariamente o sofrimento da vítima ou revelam brutalidade ou sadismo fora do comum, constatando com os sentimentos da dignidade, da humanidade e de piedade. Age com crueldade, por exemplo, quem revela, com sua conduta particularmente dolorosa, absoluta ausência de qualquer sentimento humanitário.
Meio de que possa resultar perigo comum: Deve-se de plano diferenciar as qualificadoras que resultam perigo comum, daqueles denominados crimes de perigo comum, porque a finalidade do agente é a morte da vítima e não o perigo comum, a diferença está no elemento subjetivo.
Meio de que possa resultar perigo comum: Deve-se de plano diferenciar as qualificadoras que resultam perigo comum, daqueles denominados crimes de perigo comum, porque a finalidade do agente é a morte da vítima e não o perigo comum, a diferença está no elemento subjetivo.
Traição: É o ataque sorrateiro, inesperado.Ocultação moral ou física da intenção do sujeito ativo, que viola a confiança da vítima; e a deslealdade. Não se caracteriza unicamente por haver o golpe letal ter sido desferido pelas costas da vítima.
Emboscada: Tocaia, espreita, verificando –se quando o agente se esconde da vítima para surpreendê-la com o ataque indefensável. É a espera dissimulada da vítima em lugar por onde esta terá de passar. Na emboscada, o criminoso aguarda escondido a passagem da vítima desprevenida, que é surpreendida.
O Homicídio qualificado por emboscada é sempre um crime premeditado, pois o sujeito ativo desloca-se à espera da passagem a da vítima para com segurança e sem risco, abatê-la. A vítima, nessa modalidade, não tem nenhuma possibilidade de defesa. Trata-se de uma das formas mais covardes de ação criminosa.
Modos Qualificadores: Aqui a qualificadora não decorre do meio como se executou o homicídio e sim o modo como foi praticado.
Dissimulação : É a ocultação da intenção hostil, do projeto criminoso, para surpreender a vítima. O sujeito ativo dissimula, isto é, mostra o que não é, faz passar por amigo, ilude a vítima, que, assim não tem razões para desconfiar do ataque e é apanhada desatenta e indefesa. Por meio de dissimulação o agente esconde ou disfarça o seu propósito para surpreender a vítima desprevenida. É a modalidade de surpresa. Tanto a ocultação do propósito quanto o disfarce utilizado para se aproximar da vítima qualificam o homicídio.
Recurso que dificulta ou impossibilita a defesa da vítima: “Outro recurso”deve ter a mesma natureza dos anteriores. Deve ser uma hipótese análoga a traição, emboscada ou dissimulação, do qual são exemplificativas.
Surpresa: Ataque inesperado, necessário que a vítima não tenha razão para esperar a agressão ou suspeitar dela. A surpresa assemelha-se muito a traição. Não basta que a agressão seja inesperada; é necessário que o agressor atue com dissimulação, procurando, com sua ação repentina, dificultar ou impossibilitar a defesa da vítima.
Qualificação por conexão: Constitui qualificadora a pratica do homicídio para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime, ainda que este não se realize.
Pressupõe a existência de dois crimes, entre o quais há conexão teleológica(meio/fim) ou conseqüência( causa/ efeito).
Fins qualificadores
Encontra-se previsto no artigo 121 § 3º do CP. O tipo de injusto culposo, como já examinado, tem estrutura diversa do tipo doloso, posto que naquele é punido o comportamento mal dirigido a um fim irrelevante ou licito. A direção finalista da ação não corresponde a diligencia devida. Há a infração de dever objetivo de cuidado exigível na vida de relação e, como decorrência da inobservância do cuidado devido, produz um resultado material externo, in casu, a morte não querida pelo autor
No artigo 121 § 4º O CP elenca quatro hipóteses em que a pena prevista para o homicídio culposo será aumentada.São causas especiais de aumento da pena, operantes sobre a magnitude do injusto
a morte resultante de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou oficio
a omissão do socorro imediato a vitima;
a abstenção, pelo agente, do comportamento destinado a diminuir as conseqüências do seu ato; a fuga para evitar a prisão em flagrante.
HOMICÍDIO CULPOSO
A morte provocada pela inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício não se confunde com imperícia. Embora ambas pressuponham a qualidade de habilitação para o exercício profissional, a imperícia vem a ser a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos precisos para o exercício de profissão ou arte. É a ausência de aptidão técnica, de habilidade, de destreza ou de competência no exercício de qualquer atividade profissional. Já a causa de aumento de pena em tela configura quando o agente, embora portador dos conhecimentos técnicos necessários para o exercício de sua profissão, arte ou oficio, deliberadamente os desatende.
O Artigo 121 § 4º. versa ainda sobre o aumento de 1/3 da pena no caso de homicídio doloso praticado contra pessoa menor de 14 anos e com o advento da Lei 10741/2003, contra pessoa maior de sessenta anos.
Saliente-se que esta ultima hipótese constitui também agravante genérica( 61 II h)
Artigo 121 §.5º prevê hipóteses de perdão judicial aplicável ao homicídio culposo. A sentença concessiva de perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade, não sendo considerada para efeitos de reincidência.
 Súmula 18 do STJ
Calha acentuar, por oportuno, que o homicídio culposo decorrente da direção de veiculo automotor encontra previsão no CTB. Com efeito o artigo 302 tipifica a conduta praticar homicídio culposo na direção de veiculo automotor. A precária redação do dispositivo em exame viola frontalmente o principio da legalidade, na vertente taxatividade/determinação. Demais disso, a elevação das margens penais demonstra excessivo realce ao desvalor do resultado. Finalmente, em face do veto do artigo 300- que previa o perdão judicial para as hipóteses de homicídio e lesão corporal culposos no transito- indaga-se: aplica-se subsidiariamente o disposto no artigo 121 §5º do CP? A resposta é negativa, pois o artigo 291 do mesmo estatuto restringiu essa aplicação as normas gerais do CP. Mas o obstáculo decisivo esta na impossibilidade de aplicação analógica em se tratando de normas penais não incriminadoras excepcionais.
 
1º) A doutrina alemã não admite a possibilidade de co-autoria nos crimes culposos, entendendo que qualquer contribuição na causa produtora do resultado não querido caracteriza em si, a autoria. Para Welzel, toda contribuição que não observa o dever de cuidado fundamenta a autoria. No mesmo sentido é a orientação de Jescheck, para quem inadmissível a co- autoria nos delitos culposos diante da inexistência de acordo comum. Quando houver a cooperação imprudente de vários autores,a contribuição de cada um deve ser avaliada separadamente, pois cada um será um autor acessório. Essa concepção germânica decorre da adoção da “teoria do domínio final do fato”, visto que nos crimes culposos, esse domínio já existe. Já em relação a participação em sentido estrito( instigação e cumplicidade), o Código Penal alemão determina que só é possível na forma dolosa.
 2º) A doutrina espanhola admite não só a co-autoria nos crimes culposos como a participação em sentido estrito. O comum acordo, impossível quanto ao resultado é perfeitamente admissível na conduta imprudente, que, de regra, é voluntária
 3º) Na doutrina brasileira, a unanimidade admite co-autoria nos crimes culposos, rechaçando contudo a participação.
 Ex: Passageiro que manda o motorista correr. Para os alemães seria autor, para os espanhóis participe e para os brasileiros co-autor.
Concurso de Pessoas em Homicídio Culposo: 3 Correntes.
Terça-feira, 06 de setembro de 2011 Concedido HC para desclassificar crime de homicídio em acidente de trânsito
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, na tarde de hoje (6), Habeas Corpus (HC 107801) a L.M.A., motorista que, ao dirigir em estado de embriaguez, teria causado a morte de vítima em acidente de trânsito. A decisão da Turma desclassificou a conduta imputada ao acusado de homicídio doloso (com intenção de matar) para homicídio culposo (sem intenção de matar) na direção de veículo, por entender que a responsabilização a título “doloso” pressupõe que a pessoa tenha se embriagado com o intuito de praticar o crime.
O julgamento do HC, de relatoria da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, foi retomado hoje com o voto-vista do ministro Luiz Fux, que, divergindo da relatora, foi acompanhado pelos demais ministros, no sentido de conceder a ordem. A Turma determinou a remessa dos autos à Vara Criminal da Comarca de Guariba (SP), uma vez que, devido à classificação original do crime [homicídio doloso], L.M.A havia sido pronunciado para julgamento pelo Tribunal do Júri daquela localidade.
A defesa alegava ser inequívoco que o homicídio perpetrado na direção de veículo automotor, em decorrência unicamente da embriaguez, configura crime culposo. Para os advogados, “o fato de o condutor estar sob o efeito de álcool ou de substância análoga não autoriza o reconhecimento do dolo, nem mesmo o eventual, mas, na verdade, a responsabilização deste se dará a título de culpa”.
Sustentava ainda a defesa que o acusado “não anuiu com o risco de ocorrência do resultado morte e nem o aceitou, não havendo que se falar em dolo eventual, mas, em última análise, imprudência ao conduzir seu veículo em suposto estado de embriaguez, agindo, assim, com culpa consciente”.
Ao expor seu voto-vista, o ministro Fux afirmou que “o homicídio na forma culposa na direção de veículo automotor prevalece se a capitulação atribuída ao fato como homicídio doloso decorre de mera presunção perante a embriaguez alcoólica eventual”. Conforme o entendimento do ministro, a embriaguez que conduz  à responsabilização a título doloso refere-se àquela em que a pessoa tem como objetivo se encorajar e praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi-lo.
O ministro Luiz Fux afirmou que, tanto na decisão de primeiro grau quanto no acórdão da Corte paulista, não ficou demonstrado que o acusado teria ingerido bebidas alcoólicas com o objetivo de produzir o resultado morte. O ministro frisou, ainda, que a análise do caso não se confunde com o revolvimento de conjunto fático-probatório, mas sim de dar aos fatos apresentados uma qualificação jurídica diferente. Desse modo, ele votou pela concessão da ordem para desclassificar a conduta imputada ao acusado para homicídio culposo na direção de veiculo automotor, previsto no artigo 302 da Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).
1º CASO CONCRETO
Jovens matam com paus, pedras e fogo.
(Fonte: Jornal Zero Hora, RS)
Por causa de uma dívida de R$ 50, dupla de garotos espancou até a morte um homem de 42 anos. Uma dívida de R$ 50 pode ter sido a motivação de um jovem de 18 anos e de um adolescente de 17 anos para espancar e queimar um homem de 42 anos, na noite de segunda-feira, na zona sul de Santa Maria. O corpo de Pedro Oliveira Dias, 42 anos, foi encontrado, carbonizado, na casa de um conhecido seu, na invasão da BR-158, bairro Urlândia. O imóvel teria sido incendiado pelos supostos autores do assassinato, que foram identificados e detidos. – Foi um crime extremamente brutal – afirmou o titular da 3ª Delegacia da Polícia Civil (3ª DP), Sandro Meinerz. Antes do episódio, a vítima, que morava na Rua São Carlos, no bairro Urlândia, estaria bebendo em um bar na companhia de conhecidos. Mais tarde, foi para a casa em que seria morto, com o dono da residência, para jantar. Foi então que o jovem e o adolescente teriam chegado e passado a agredir a vítima. Inicialmente, teriam acertado tijoladas na cabeça de Dias. Assustado, o morador teria pedido para que os dois parassem. Então, um dos agressores teria ordenado que ele saísse correndo dali. Segundo o delegado, enquanto o morador buscava socorro, a dupla teria usado dois pedaços de pau – com cerca de dois metros cada um – e tijolos para agredir a vítima. De acordo com a investigação, o corpo de Dias teria sido incendiado pela dupla, que fugiu do local antes que as chamas atingissem também a casa de madeira. A polícia ainda não sabe se a vítima foi morta antes ou depois de ser carbonizada. Ou seja, se a causa da morte foi o espancamento ou o incêndio. O fogo foi controlado pelo Corpo de Bombeiros por volta das 23h. 
Uma equipe da 3ª DP foi até a casa de um dos suspeitos, que fica a cerca de 50 metros do local do crime, logo após o incêndio ter sido controlado. O jovem de 18 anos, Tainá de Lima Sutel, e o adolescente estavam lá e foram detidos. Na residência, foram apreendidas as vestes e os tênis que teriam sido usados por eles no crime, que estavam molhados, mas continham resquícios de sangue. Os pedaços de pau e um tijolo também foram recolhidos, ao lado dos escombros do incêndio.
 Ante o exposto, analise, sob o aspecto jurídico-penal, a conduta do condutor do veículo e, respectivos consectários penais.
 
2º CASO CONCRETO: 
 
Adolescente 'cuspido' de veículo morre na estrada de Alto Alegre
Fonte:
Folha de Boa Vista, Roraima .
O estudante Edson Costa de Araújo, 14, morreu na tarde de domingo na RR-205, estrada que dá acesso ao município de Alto Alegre. O acidente aconteceu quando o motorista do Fiorino vinho, placas NAJ 4554, perdeu o controle do veículo, após um dos pneus traseiros estourar fazendo com que o carro capotasse na pista. Segundo do tio da vítima, o comerciante Augusto Costa, 33, o motorista do veículo, o policial militar Melkis Costa Porto, 27, que é primo do estudante, está sem condições de conversar com ninguém. "Ele está muito nervoso. Porque foi tudo muito rápido e ele não teve culpa", disse. O comerciante contou que a família tinha viajado no início da manhã daquele dia para irem a um sítio nas proximidades do município. Só que ao voltarem, por volta das 17 horas, o carro que estava trazendo cerca de oito pessoas, capotou. "No momento que o Melkis tentou evitar o acidente, os ocupantes da carroceira foram cuspidos no asfalto, um a um, e Edson caiu e morreu na hora", disse. Assim que a polícia foi avisada, os sobreviventes foram socorridos pelo Resgate Urgente a Acidentados (RUA) e trazidos a Boa Vista, onde receberam atendimento especializado no Pronto Socorro Francisco Elesbão. O estudante foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi constatado que ele sofreu ruptura do fígado e baço, e teve hemorragia interna. O será enterrado hoje pela manhã no cemitério Campo da Saudade, no bairro Centenário. 
 Ante o exposto, analise, sob o aspecto jurídico-penal, a conduta do condutor do veículo e, respectivos consectários penais.
3º CASO CONCRETO
 Adamastor Vale foi condenado como incurso nas sanções do artigo 121,§2º, inciso IV, do Código Penal por ter matado Anatalino da Silva, utilizando de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, desferindo pauladas no ofendido, causando-lhe as lesões descritas no auto de necropsia de fls. 19 do Inquérito Policial, que foram a causa de sua morte. Na ocasião, o denunciado utilizando-se de um pedaço de madeira, uma “trama” para cerca, desferiu pauladas na vítima, quando esta tentava se retirar do pátio da residência do acusado. Por outro lado, não se pode deixar de registrar que, momentos antes do fato, a vítima estaria embriagada no pátio da casa do réu, proferindo diversas ofensas verbais a ele e sua cunhada, além de tentar invadir sua residência e agredi-los fisicamente, razão pela qual, Adamastor Vale interpôs recurso de apelação com vistas ao reconhecimento da nulidade da decisão proferida pelo Tribunal do Júri por não ter sido formulado quesito relativo à forma privilegiada do delito, consoante entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal (Verbete de Súmula n.162). Sucessivamente, argüiu o reconhecimento da causa de diminuição de pena (privilégio) e, conseqüente, afastamento da hediondez do delito.
 A partir da premissa que a tese relativa à forma privilegiada do ilícito não foi ventilada pela defesa técnica em nenhum momento processual, nem mesmo no julgamento em plenário, ocasião em que propugnou apenas pelo afastamento da qualificadora e pela absolvição, resta improcedente o pedido de nulidade da decisão.
 Desta forma, com base nos estudos realizados sobre a teoria da pena, o delito de homicídio e a incidência dos institutos repressores da lei de crimes hediondos (Lei n.8072/1990), responda de forma objetiva e fundamentada se os pedidos sucessivos serão julgados procedentes.

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