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Habeas Corpus para condenado por roubo

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Superior Tribunal de Justiça
 
HABEAS CORPUS Nº 187.406 - RJ (2010/0187308-1)
 
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
IMPETRANTE : CELINA MARIA BRAGANÇA CAVALCANTI - DEFENSORA 
PÚBLICA E OUTRO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
PACIENTE : WILLIAN DANIEL DOS SANTOS 
RELATÓRIO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA: 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de WILLIAN DANIEL DOS 
SANTOS, apontando-se como autoridade coatora a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio de Janeiro (Apelação Criminal n.º 0008771-26.2009.8.19.0202).
O paciente foi condenado à pena de 6 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão, 
em regime semiaberto, e 26 dias-multa, pelo suposto cometimento de roubos 
circunstanciados, em concurso formal. Colhe-se da sentença (fls. 15/24):
O réu perpetrou os crimes de roubo em concurso formal em face das 
vítimas ALEXANDRE QUEIROZ DA SILAV e ALEX SANDRO DOS 
SANTOS AMORA, vez que com uma só ação subtraiu bens de patrimônios 
diversos.
(...)
Atenta ao processo trifásico de aplicação da pena, adotado por nosso 
Estatuto Penal, inicialmente passo a analise das circunstâncias judiciais 
previstas em seu art. 59.
O réu cometeu os crimes em via pública, em plena luz do dia em local 
movimentado, dentro de transporte coletivo e sem medo de mostrar o rosto o 
que denota personalidade violenta, extremamente audaciosa e confiante na 
impunidade.
Fixo assim, a pena-base acima do mínimo legal, ou seja, em 4(quatro) 
anos e 4(quatro) meses de reclusão e 14(quatorze) dias-multa.
Reconheço a circunstância atenuante prevista no art. 65, inc. I do CP, 
reduzindo a pena ao mínimo legal de 4(quatro) anos de reclusão e 10(dez) 
dias-multa.
Face ao disposto no inciso II do par. 2o. do art. 157 do CP, aumento a 
pena em 1/3 (um terço), resultando em 5(cinco) anos e 4(quatro) meses de 
reclusão e 13(treze) dias multa.
Considerando a existência de concurso formal de crimes, no caso 
2(dois) crimes com uma única ação, aumento a pena em 1/6(um sexto), 
fixando a pena privativa de liberdade em 6 (seis) anos, 2 (dois) meses e 
20(vinte) dias de reclusão.
Tendo em vista a regra do art. 72 do Código Penal, fixo a pena de multa 
em 26(vinte e seis) dias-multa.
Fixo o valor do dia-multa no mínimo legal.
Imponho o regime inicialmente semiaberto para o cumprimento da 
pena, tendo em vista as circunstâncias judiciais já declinadas por ocasião da 
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 1 de 8
 
 
Superior Tribunal de Justiça
fixação da pena-base.
Em sede de apelação, que manteve integralmente a sentença, o Tribunal de 
origem consignou (fls. 30/37):
Por outro lado, não há como se acolher o pleito de afastamento do 
concurso formal de delitos, com o reconhecimento do crime único, 
levantado pela Defesa, eis que é inconteste que o apelante e seus comparsas, 
mediante uma só ação, cometeram dois crimes de roubo. Está demonstrado 
que houve subtração de pertences do patrimônio individual de ambos os 
lesados. Assim, tendo havido violação e desfalque em dois patrimônios 
distintos, caracterizados estão dois roubos, que foram perpetrados em 
concurso formal.
Da mesma forma, não há como se prover o pleito de abrandamento do 
regime prisional, uma vez que a conduta praticada pelo apelante Willian é 
extremamente grave e tem causado repulsa e intranquilidade na sociedade e 
abalo na ordem pública. Além disso, na fixação do regime, devem ser 
consideradas as circunstâncias judiciais nos termos do § 3° do artigo 33 do 
Código Penal.
Neste mandamus , a Defesa sustenta que "o crime de roubo a que responde o 
paciente ocorreu no interior de um coletivo, no qual, mediante uma única ação, houve a 
subtração dos bens de duas vítimas distintas". Informa que "a ação perpetrada decorreu em 
fração de minutos".
Defende que "em razão do escasso tempo quando da realização da prática, 
bem como em virtude da realização no mesmo local, há que ser admitida a prática de crime 
único".
Aduz que, "em sendo admitida a tese defensiva, no que concerne à aceitação 
do crime único, a redução da pena importará na possibilidade da fixação do regime menos 
gravoso para cumprimento da pena, qual seja, o regime aberto".
Pugna pela concessão da ordem para que se afaste o concurso foral, 
reconhecendo a existência de crime único, bem como se fixe o regime aberto, além da 
redução da pena pecuniária.
Com as informações (fls. 49/70), o Ministério Público Federal opina pela 
denegação da ordem (fls. 73/75).
Em consulta à página eletrônica do Tribunal de origem, nota-se que o 
paciente obteve a progressão para o regime aberto em 26.01.2011. Contudo, em 
02.03.2012 foi suspensa a saída temporária deferida, dada a sua evasão. Aguarda-se o 
cumprimento do mandado de prisão expedido (fls. 77/79).
É o relatório.
 
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 2 de 8
 
 
Superior Tribunal de Justiça
 
HABEAS CORPUS Nº 187.406 - RJ (2010/0187308-1)
 
EMENTA
HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE RECURSO 
ESPECIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. ROUBOS 
MAJORADOS. VÍTIMAS DIFERENTES. ÚNICA AÇÃO. CONCURSO 
FORMAL. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE PATENTE. NÃO 
CONHECIMENTO.
1. É imperiosa a necessidade de racionalização do emprego do habeas 
corpus , em prestígio ao âmbito de cognição da garantia constitucional, e, 
em louvor à lógica do sistema recursal. In casu , foi impetrada 
indevidamente a ordem como substitutiva de recurso especial. 
2. Não há ilegalidade a ser reconhecida se as instâncias originárias 
justificaram adequadamente a configuração do concurso formal, haja vista o 
cometimento de dois crimes de roubos, contra vítimas diferentes, mediante 
uma só ação. A despeito do exíguo tempo, não há falar em crime único.
3. Writ não conhecido.
 
VOTO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA(Relatora): 
Preliminarmente, cumpre registrar a compreensão firmada nesta Corte, 
sintonizada com o entendimento do Pretório Excelso, de que se deve racionalizar o 
emprego do habeas corpus , valorizando a lógica do sistema recursal. Nesse sentido:
HABEAS CORPUS – JULGAMENTO POR TRIBUNAL SUPERIOR 
– IMPUGNAÇÃO. A teor do disposto no artigo 102, inciso II, alínea “a”, da 
Constituição Federal, contra decisão, proferida em processo revelador de 
habeas corpus, a implicar a não concessão da ordem, cabível é o recurso 
ordinário. Evolução quanto à admissibilidade do substitutivo do habeas 
corpus. PROCESSO-CRIME – DILIGÊNCIAS – INADEQUAÇÃO. Uma 
vez inexistente base para o implemento de diligências, cumpre ao Juízo, na 
condução do processo, indeferi-las. 
(HC 109956, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, 
julgado em 07/08/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-178 DIVULG 
10-09-2012 PUBLIC 11-09-2012) 
É inadmissível que se apresente como mera escolha a interposição de 
recurso ordinário, do recurso especial/agravo de inadmissão do Resp ou a impetração do 
habeas corpus . É imperioso promover-se a racionalização do emprego do mandamus , sob 
pena de sua hipertrofia representar verdadeiro índice de ineficácia da intervenção dos 
Tribunais Superiores. Inexistente clara ilegalidade, não é de se conhecer da impetração.
Passa-se, então, à verificação da ocorrência de patente ilegalidade.
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 3 de 8
 
 
Superior Tribunal de Justiça
 Colhe-se da sentença (fls. 15/24):
O réu perpetrou os crimes de roubo em concurso formal em face das 
vítimas ALEXANDRE QUEIROZ DA SILAV e ALEX SANDRO DOS 
SANTOS AMORA, vez que com uma só ação subtraiu bens de patrimônios 
diversos.
(...)
Atenta ao processo trifásico de aplicação da pena, adotado por nosso 
Estatuto Penal, inicialmente passo a analise das circunstâncias judiciais 
previstas em seu art. 59.
O réu cometeu os crimesem via pública, em plena luz do dia em local 
movimentado, dentro de transporte coletivo e sem medo de mostrar o rosto o 
que denota personalidade violenta, extremamente audaciosa e confiante na 
impunidade.
Fixo assim, a pena-base acima do mínimo legal, ou seja, em 4(quatro) 
anos e 4(quatro) meses de reclusão e 14(quatorze) dias-multa.
Reconheço a circunstância atenuante prevista no art. 65, inc. I do CP, 
reduzindo a pena ao mínimo legal de 4(quatro) anos de reclusão e 10(dez) 
dias-multa.
Face ao disposto no inciso II do par. 2o. do art. 157 do CP, aumento a 
pena em 1/3 (um terço), resultando em 5(cinco) anos e 4(quatro) meses de 
reclusão e 13(treze) dias multa.
Considerando a existência de concurso formal de crimes, no caso 
2(dois) crimes com uma única ação, aumento a pena em 1/6(um sexto), 
fixando a pena privativa de liberdade em 6 (seis) anos, 2 (dois) meses e 
20(vinte) dias de reclusão.
Tendo em vista a regra do art. 72 do Código Penal, fixo a pena de multa 
em 26(vinte e seis) dias-multa.
Fixo o valor do dia-multa no mínimo legal.
Imponho o regime inicialmente semiaberto para o cumprimento da 
pena, tendo em vista as circunstâncias judiciais já declinadas por ocasião da 
fixação da pena-base.
Já o Tribunal de origem consignou (fls. 30/37):
Por outro lado, não há como se acolher o pleito de afastamento do 
concurso formal de delitos, com o reconhecimento do crime único, 
levantado pela Defesa, eis que é inconteste que o apelante e seus comparsas, 
mediante uma só ação, cometeram dois crimes de roubo. Está demonstrado 
que houve subtração de pertences do patrimônio individual de ambos os 
lesados. Assim, tendo havido violação e desfalque em dois patrimônios 
distintos, caracterizados estão dois roubos, que foram perpetrados em 
concurso formal.
Da mesma forma, não há como se prover o pleito de abrandamento do 
regime prisional, uma vez que a conduta praticada pelo apelante Willian é 
extremamente grave e tem causado repulsa e intranquilidade na sociedade e 
abalo na ordem pública. Além disso, na fixação do regime, devem ser 
consideradas as circunstâncias judiciais nos termos do § 3° do artigo 33 do 
Código Penal.
Como visto, restou devidamente justificada a configuração do concurso 
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 4 de 8
 
 
Superior Tribunal de Justiça
formal, haja vista o cometimento de dois crimes de roubos, contra vítimas diferentes, 
mediante uma só ação. A despeito do exíguo tempo, não há falar em crime único. Sobre o 
tema, confiram-se os seguintes julgados:
HABEAS CORPUS. PENAL. CRIMES DE ROUBO CONSUMADO. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. PLEITO DE AFASTAMENTO DOS 
MAUS ANTECEDENTES. FOLHA PENAL DO PACIENTE NÃO 
JUNTADA. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. DELITOS 
PRATICADOS MEDIANTE UMA SÓ AÇÃO, CONTRA DIVERSAS 
VÍTIMAS. PATRIMÔNIOS DISTINTOS. CONCURSO FORMAL 
CONFIGURADO. REGIME PRISIONAL FECHADO. LEGALIDADE. 
INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 59 E 33, § 2º, DO CÓDIGO PENAL. 
HABEAS CORPUS DENEGADO.
1. Impossível infirmar a conclusão de existência dos maus antecedentes, 
quando a Defesa, detentora do ônus de demonstrar de plano o 
constrangimento ilegal suportado pelo Paciente, não junta a folha de 
antecedentes penais ou certidão cartorária equivalente aos autos, não 
permitindo, assim, se aferir se, quando do cometimento do delito objeto do 
presente writ, o Paciente ostentava ou não, de fato, condenações definitivas 
anteriores.
2. Resta caracterizado o concurso formal quando praticado o crime de 
roubo, mediante uma só ação, contra vítimas distintas, pois atingidos 
patrimônios diversos. Precedentes.
3. Fixada a pena-base acima do mínimo legal, pelo reconhecimento 
fundamentado de circunstância judicial desfavorável ao réu, não há 
ilegalidade na imposição do regime prisional mais gravoso, valendo-se da 
interpretação conjunta dos arts. 59 e 33, § 2º, ambos do Código Penal.
4. Habeas corpus denegado.
(HC 203.597/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 
julgado em 18/12/2012, DJe 01/02/2013)
HABEAS CORPUS. ROUBO DUPLAMENTE MAJORADO. WRIT 
SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DESVIRTUAMENTO. 
PRECEDENTES DO STF. DOSIMETRIA. PENA-BASE. CONDENAÇÃO 
TRANSITADA EM JULGADO POR FATO POSTERIOR AO ILÍCITO 
ANALISADO. IMPOSSIBILIDADE. ARMA DE FOGO. APREENSÃO E 
PERÍCIA. DESNECESSIDADE. EXISTÊNCIA DE OUTROS MEIOS DE 
PROVA QUE COMPROVAM O EFETIVO EMPREGO DE ARMA. 
FRAÇÃO DAS MAJORANTES. AUMENTO DA PENA EM 3/8. 
CRITÉRIO QUANTITATIVO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE 
MOTIVAÇÃO CONCRETA. CONCURSO FORMAL. CONFIGURAÇÃO. 
DELITOS DE ROUBO PRATICADOS MEDIANTE UMA SÓ AÇÃO, 
CONTRA VÍTIMAS DISTINTAS. CONCURSO FORMAL. QUANTUM 
DE AUMENTO. MATÉRIA NÃO ANALISADA PELA CORTE 
ESTADUAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. EXECUÇÃO. REGIME 
INICIAL SEMIABERTO. PRETENDIDA IMPOSIÇÃO. 
POSSIBILIDADE. PENA INFERIOR A 8 ANOS DE RECLUSÃO. 
PRIMARIEDADE. FAVORABILIDADE DE TODAS AS 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL.
1. É imperiosa a necessidade de racionalização do habeas corpus, a fim 
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 5 de 8
 
 
Superior Tribunal de Justiça
de preservar a coerência do sistema recursal e a própria função 
constitucional do writ, de prevenir ou remediar ilegalidade ou abuso de 
poder contra a liberdade de locomoção.
2. O remédio constitucional tem suas hipóteses de cabimento restritas, 
não podendo ser utilizado em substituição a recursos processuais penais, a 
fim de discutir, na via estreita, tema afetos a apelação criminal, recurso 
especial, agravo em execução e até revisão criminal, de cognição mais 
ampla. A ilegalidade passível de justificar a impetração do habeas corpus 
deve ser manifesta, de constatação evidente, restringindo-se a questões de 
direito que não demandem incursão no acervo probatório constante de ação 
penal.
3. No cálculo da pena-base, é impossível a consideração de condenação 
transitada em julgado correspondente a fato posterior ao narrado na 
denúncia, seja para valorar negativamente os maus antecedentes, a 
personalidade ou a conduta social do agente. Precedentes.
4. Para a incidência da majorante prevista no inciso I do § 2º do art. 157 
do Código Penal, mostra-se prescindível a apreensão e perícia da arma para 
a comprovação do seu efetivo poder vulnerante, quando existirem nos autos 
elementos de prova que atestem o seu emprego na ação criminosa (EREsp n. 
961.863/RS). Precedentes.
5. A simples existência de duas ou mais majorantes do crime de roubo 
não é suficiente, por si só, para ensejar o aumento de pena superior ao 
mínimo legalmente previsto, qual seja, 1/3, devendo a escolha da fração ser 
pautada pelo critério subjetivo, em obediência ao princípio constitucional da 
individualização da pena.
6. Ausente fundamentação concreta que justifique a imposição de 
fração superior à mínima legalmente prevista, evidente o constrangimento 
ilegal de que estaria sendo vítima o paciente, devendo, por isso mesmo, ser 
estabelecido o aumento de 1/3 na terceira etapa da dosimetria.
7. Resta caracterizado o concurso formal quando, mediante uma só 
ação, é praticado o crime de roubo contra vítimas distintas, pois atingidos 
patrimônios diversos. Precedentes.
8. Verificando-se que a Corte estadual não analisou a pretendida 
alteração do quantum de aumento de pena fixado em razão do concurso 
formal - de 1/3 para 1/6 -, fica impossibilitada a apreciação dessa questão 
diretamente por este Superior Tribunal, sob pena de incidir na indevida 
supressão de instância.
9. A gravidade abstrata do delito não justifica a determinação de regime 
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta.
Inteligência da Súmula 440/STJ. Precedentes.
10. Mostra-se devida a imposição do regime inicial semiaberto aos 
condenados à pena inferior a 8 anos de reclusão, quando primários, 
detentoresde bons antecedentes e favoráveis todas as circunstâncias 
judiciais, nos termos do art. 33, § 2º, c, e § 3º, do Código Penal.
11. Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido de ofício, para 
reduzir a pena-base do paciente ao mínimo legal, fixar o aumento de 1/3 em 
decorrência das duas causas especiais de aumento (emprego de arma e 
concurso de agentes), tornando a reprimenda do acusado definitiva em 7 
anos, 1 mês e 10 dias de reclusão e pagamento de 26 dias-multa, bem como 
para fixar-lhe o regime inicial semiaberto de execução.
(HC 202.176/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA 
TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 13/12/2012)
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 6 de 8
 
 
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO AO 
RECURSO PREVISTO NO ORDENAMENTO JURÍDICO. 1. NÃO 
CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO 
JURISPRUDENCIAL. RESTRIÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. 
MEDIDA IMPRESCINDÍVEL À SUA OTIMIZAÇÃO. EFETIVA 
PROTEÇÃO AO DIREITO DE IR, VIR E FICAR. 2. ALTERAÇÃO 
JURISPRUDENCIAL POSTERIOR À IMPETRAÇÃO DO PRESENTE 
WRIT. EXAME QUE VISA PRIVILEGIAR A AMPLA DEFESA E O 
DEVIDO PROCESSO LEGAL. 3. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. 
EMPREGO DE ARMA DE FOGO. RECONHECIMENTO DE CRIME 
ÚNICO (SEGUNDO FATO). IMPOSSIBILIDADE. DUAS VÍTIMAS. 
PATRIMÔNIOS DISTINTOS. CONCURSO FORMAL. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 4. PEDIDO DE 
UNIFICAÇÃO DE PENAS RELATIVAMENTE AO PRIMEIRO E 
SEGUNDO FATOS. REQUISITO SUBJETIVO NÃO PREENCHIDO. 
REITERAÇÃO CRIMINOSA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE 
MANIFESTA. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO 
FÁTICO-PROBATÓRIO. 5. REINCIDÊNCIA E CONFISSÃO 
ESPONTÂNEA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. ERESP Nº 
1.154.752/RS 6. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM 
CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, buscando a 
racionalidade do ordenamento jurídico e na funcionalidade do sistema 
recursal, vinha se firmando, mais recentemente, no sentido de ser imperiosa 
a restrição do cabimento do remédio constitucional às hipóteses previstas na 
Constituição Federal e no Código de Processo Penal. Louvando o 
entendimento de que o Direito é dinâmico, sendo que a definição do alcance 
de institutos previstos na Constituição Federal há de fazer-se de modo 
integrativo, de acordo com as mudanças de relevo que se verificam na tábua 
de valores sociais, esta Corte passou a entender ser necessário amoldar a 
abrangência do habeas corpus a um novo espírito, visando restabelecer a 
eficácia de remédio constitucional tão caro ao Estado Democrático de 
Direito. Precedentes.
2. Atento a essa evolução hermenêutica, o Supremo Tribunal Federal 
passou a adotar decisões no sentido de não mais admitir habeas corpus que 
tenha por objetivo substituir o recurso ordinariamente cabível para a 
espécie. Precedentes. Contudo, considerando que a modificação da 
jurisprudência firmou-se após a impetração do presente mandamus, devem 
ser analisadas as questões suscitadas na inicial no afã de verificar a 
existência de constrangimento ilegal evidente, a ser sanado mediante a 
concessão de habeas corpus de ofício, evitando-se, assim, prejuízos à ampla 
defesa e ao devido processo legal.
3. A jurisprudência desta Corte tem entendimento pacífico de que, se 
com uma só ação houve lesão ao patrimônio de várias vítimas, está 
configurado concurso formal, e não delito único. No caso, as instâncias 
ordinárias, de maneira fundamentada, afirmaram que o paciente, em uma 
única ação, subtraiu bens de vítimas diferentes (segundo fato), conduta que 
se amolda, nos limites do habeas corpus, à hipótese de concurso formal de 
crimes, nos termos do art. 70 do Código Penal. Precedentes.
4. Relativamente ao art. 71 do Código Penal, a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça adota a teoria híbrida, exigindo para a 
aplicação da ficção jurídica a presença das condições objetivas, bem assim a 
demonstração da denominada relação de contexto entre as diversas infrações 
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 7 de 8
 
 
Superior Tribunal de Justiça
penais. Na espécie, relativamente ao primeiro e segundo fatos, as instâncias 
ordinárias aplicaram a regra do art. 69 do Código Penal, destacando tratar-se 
de criminoso habitual, não sendo possível, em tema de habeas corpus, 
debater matéria de fato discutida na causa e decidida com base na prova dos 
autos para desconstituir as afirmações do julgador.
5. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos 
Embargos de Divergência n.º 1.154.752/RS, assentou a compreensão de que 
é possível a compensação entre a agravante da reincidência e a atenuante da 
confissão espontânea.
6. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, apenas 
para compensar a agravante da reincidência com a atenuante da confissão 
espontânea.
(HC 143.303/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, 
QUINTA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 04/12/2012)
Afastada a pretensão de reduzir a reprimenda, dispensa-se a apreciação do 
pleito consequente, atinente ao regime prisional, cabendo registrar, de qualquer sorte, que 
o paciente já obteve a progressão para o regime aberto, mas fugiu.
Assim, tem-se que a impetração substitutiva não comporta a extraordinária 
cognição.
Ante o exposto, não conheço do habeas corpus .
É como voto.
Documento: 27259189 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 8 de 8

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