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Uma História Oral do telejornalista brasileiro

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UMA HISTÓRIA ORAL DO TELEJORNALISTA BRASILEIRO 
A evolução através dos tempos desde a década de 50 até o século XXI 
 
Valquíria Passos KNEIPP, 1 
 
Resumo: Este trabalho pretende realizar um levantamento a respeito da trajetória de 
formação profissional do telejornalista brasileiro, através de depoimentos de 
profissionais da área, diplomados, não diplomados e professores universitários. 
Algumas diretrizes da História Oral serão utilizadas para o balizamento das entrevistas, 
transcrição e transcriação. Também deve compor o trabalho uma revisão bibliográfica e 
uma análise documental do material histórico disponível nas emissoras e nos locais que 
fazem a guarda e manutenção deste acervo. As atividades estão divididas em seis partes, 
de acordo com cada década, e vão dos anos 50 até o século XXI. O material documental 
deverá surgir por indicação e sugestão dos próprios entrevistados e será composto de 
publicações, manuais e gravações de vídeo. Todas as entrevistas serão gravadas em 
mini-DV e, posteriormente, irão compor um documentário junto com o material de 
arquivo conseguido. 
Palvras-chave: telejornalista, história oral, televisão 
 
1. Aspectos Gerais da Pesquisa 
 Esta pesquisa visa realizar um levantamento histórico, através de entrevistas, 
orientadas pela História Oral2, a respeito da formação profissional da colônia3 
identificada pelos jornalistas especializados em televisão, também conhecidos como 
telejornalistas. Esta colônia estará divida em cinco redes4, através das décadas de 50, 60, 
80, 90 e 2000, com especificidades exclusivas em torno de cada uma delas. 
Este trabalho pretende apresentar um aprofundamento ou uma outra versão, 
através dos personagens envolvidos, da história da televisão brasileira, tendo como eixo 
condutor a formação do profissional especializado em televisão: o telejornalista. As 
histórias profissionais destes personagens, que ajudaram a construir o modelo 
profissional de telejornalista, poderão trazer conteúdos informacionais mais 
humanizados, baseados na vivência pessoal e profissional, mais relevantes e até poderão 
explicar algumas questões importantes na história deste profissional, como é caso da 
adoção ou não de um modelo padrão baseado nos EUA. 
Este estudo faz parte do projeto de doutorado que esta pesquisadora desenvolve, 
dentro da linha de Jornalismo Comparado, tendo como eixo temático o Jornalismo 
Brasileiro5. Pretende, ainda, resgatar a história do jornalista de TV brasileiro e tratar da 
sua condição no futuro, num momento simbólico para o audiovisual no país, pois 
caminhamos para a TV digital ou para mais uma mudança profissional. É necessário 
não só contar a história da TV no Brasil, mas fazer o resgate do jornalista dentro desta 
história ou, ainda, conforme Marques de Melo “uma ação investigativa articulada de 
 
1
 Mestre, Doutoranda Eca/USP, Faculdade da Grande Fortaleza – CE 
2
 História Oral é o conjunto de procedimentos que visam à formação de documentos destinados à análise 
de depoimentos. 
3
 Colônia e a coletividade ampla que tem uma comunidade de destino marcada. È através da definição de 
colônia que se estabelece a rede. 
4
 Subdivisão da “colônia”, segmento específico de um grupo com a finalidade pela “comunidade do 
destino”. 
5
 A bibliografia brasileira de Jornalismo tem se caracterizado por três vertentes: a história factual dos 
sistemas informativos, o memorialismo dos seus protagonistas e a recuperação profissional/didática das 
experiências peculiares a processos específicos. MELO, José Marques de, 2003, p.13. 
id22177619 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com 
modo a registrar a história do jornalismo praticado no Brasil, através do jornalismo 
brasileiro” (MARQUES DE MELO; 2003, p. 13). 
Existe a necessidade de contar a história da evolução do profissional da TV, sob 
o ponto de vista jornalístico, pois o país e o mundo vivem um momento de mudança 
tecnológica, que fatalmente irá alterar o modo da fazer jornalismo na televisão. O 
resgate da trajetória deste profissional será útil para os pesquisadores e para os futuros 
profissionais do país. 
O objetivo é ampliar as fronteiras históricas, através dos depoimentos com os 
jornalistas que atuaram e atuam como telejornalistas, desde os anos 50 até os dias 
atuais, para tentar entender o processo de especialização deste profissional e estabelecer 
vínculos com o modelo americano, suprindo, assim, uma lacuna dentro da história da 
tevê. 
Através da referida pesquisa poder-se-á entender o processo de evolução 
profissional do jornalista de televisão e até valorizar figuras que sempre estiveram nos 
bastidores de todo este processo. Buscar-se-á este outro universo pouco conhecido da 
história da tevê. 
No campo prático, esta pesquisa pretende contribuir para o aperfeiçoamento do 
jornalista televisivo brasileiro que está em atividade e/ou que pretende no futuro se 
dedicar a esta prática. 
Este trabalho também visa: 1- analisar o processo histórico que levou ao 
telejornalismo contemporâneo e buscar um aprofundamento e um questionamento deste 
momento significativo do jornalista profissional de TV para o país; 2- fazer uma revisão 
e uma reflexão crítica sobre a história da TV no Brasil, acrescentando a atual fase pela 
qual o meio passa; 3- promover um mapeamento de toda a trajetória do profissional 
jornalista dentro de emissoras de TV, enfocando sua formação e as transformações 
ocorridas no fazer jornalismo televisivo ao longo dos mais de cinqüenta anos de 
existência deste meio no país. 
Em relação à prática jornalística, campo onde certamente ocorreu nos últimos dez 
anos uma mudança na forma de produção, a presente pesquisa pretende: 1-relacionar 
um conjunto de medidas que poderão auxiliar o novo perfil profissional para o jornalista 
de TV, tendo em vista a implantação da TV digital; 2-relacionar indicações relativas às 
futuras exigências do mercado em relação a este novo profissional. 
 
2. Aspectos metodológicos 
 
 A formação do telejornalista brasileiro, segundo Mattos, deu-se através de 
quatro momentos distintos, a saber: fase radiofônica, fase cinematográfica, modelo 
americano e modelo sul-americano. 
 A adoção do modelo americano não se deu de forma absoluta, mas houve uma 
seleção e uma adequação para o surgimento de um modelo considerado brasileiro. A 
idéia é refletir sobre algumas questões, como esta, consideradas fechadas, e tentar 
revisá-las através da ferramenta da História Oral, que busca não esclarecer a verdade 
absoluta e sim apontar caminhos através da experiência individual de cada um dos 
entrevistados. 
 A adoção de uma nova ferramenta para tentar de uma forma dialógica, entender, 
revisar e interpretar a história da tevê no Brasil, pode trazer elementos importantes, 
inovadores e reveladores, pois não se estará tratando com fontes oficiais e sim com a 
experiência individual e às vezes até anônima, à luz da história oficial. Através das 
entrevistas com os profissionais das diversas décadas, como “colaboradores”6 e não 
como entrevistados, na forma jornalística usual, abrir-se á uma nova perspectiva para o 
surgimento de novos conteúdos informacionais. 
 Através da História Oral, o primeiro passo é o estabelecimento da Comunidade 
de Destino como sendo os comunicadores, que atuam ou atuaram em emissoras de 
televisão desde a sua implantação no Brasil, no dia 18 de setembro de 1950. 
 Dentro desta Comunidade de Destino de comunicadores, a Colônia será formada 
pelos jornalistas de TV, ou seja, os telejornalistas. As redes serão organizadas por 
décadas (50, 60, 70, 80, 90 e 2000) e por sexo masculino e feminino. 
 A área geográfica de cobertura desta pesquisa deverá se restringir às regiões 
sudeste, nordestee sul, tendo como referências os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, 
Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Sul. 
O ponto zero7 foi identificado como sendo o jornalista Gregório Bacic. Ele 
ajudará na escolha das Redes de entrevistados, que estarão, inicialmente, separados por 
gerações a partir dos anos 50. A entrevista com Gregório Bacic aconteceu no dia 21 de 
setembro de 2005, e contou com os seguintes questionamentos: 
1- Desde quando você trabalha em tevê? 
2- Em quais emissoras você já trabalhou? 
3- Quais foram as funções que já exerceu? 
4- Quais eram as atividades desenvolvidas em cada uma das funções exercidas? 
5- Como você avalia a importância do seu trabalho na tevê? 
6- Quais eram as características necessárias para se trabalhar na tevê nos anos 
60? 
7- E nos anos seguintes, houve alterações no nível de exigências profissionais 
para a tevê? 
8- Comente a sua rotina de trabalho na época. 
9- Fale sobre a equipe de trabalho. 
10- Fale sobre a hierarquia da redação. 
 Ao todo serão seis Redes8 de colaboradores, através das gerações, com 5 
entrevistados em cada década, com a seguinte subdivisão: 
1ª Rede (anos 50 )– implantação da TV – modelo radiofônico; 
2ª Rede (anos 60) – influência americana X influência cinematográfica; nos anos 
60 o acordo entre a Rede Globo e o grupo norte-americano Time Life trouxe tecnologia 
e treinamento aos profissionais da emissora; em paralelo, profissionais oriundos do 
cinema acabaram trabalhando nas emissoras de TV, gerando, o que vai se tentar 
mostrar, a influência cinematográfica no telejornalismo brasileiro; 
3ª Rede (anos 70) – cópia do modelo americano; quando o acordo entre a Rede 
Globo e o grupo Time Life terminou, o telejornalismo já estava reproduzindo 
exatamente o formato e a linguagem americana; 
4ª Rede (anos 80) – estabelecimento do modelo americano; nesta fase, com a 
criação de duas novas redes, Manchete e SBT, o modelo americano passou a fazer parte 
de todas as emissoras; 
 
6
 Colaborador é o nome dado ao depoente, que tem um papel mais ativo em história oral, deixando de ser 
mero informante, ator ou objeto de pesquisa. Meihy, 2005 p.260. 
7
 Ponto zero: (reserva de memória) todo grupo tem alguém que guarda a memória do conjunto, aquele que 
saber mais do conjunto. Depositário da memória de conjunto. Meihy, 2005. 
8
 Rede: subdivisão da “colônia”, segmento específico de um grupo com afinidades definidas pela 
“comunidade de destino”. Meihy, 2005 p.262. 
5ª Rede (anos 90) – readequações para um modelo latino-americano; acredita-se 
que nos anos 90, com a chegada de telejornais como Aqui Agora e do primeiro Âncora 
brasileiro, o telejornalismo recebeu influência da América Latina; 
6ª Rede (século XXI )– reconfigurações na era digital e via internet. 
 A perspectiva diferencial do entrevistado, através do viés da História Oral, que 
apresenta o mesmo acoplado ao projeto como um “colaborador”, e não como um 
simples entrevistado, também é fator essencial para esta história que se pretende contar, 
pois os livros e as pesquisas jornalísticas já contam e mostram a história oficial, sem 
que se possa perceber a presença e a participação dos envolvidos no processo histórico. 
A prioridade do projeto é a experiência individual e a participação efetiva do 
“colaborador” durante todo o processo. Aqui, busca-se a experiência "da retomada 
salvadora da palavra de um passado que, sem isso, desapareceria no silêncio e no 
esquecimento" (GAGNEBIN, 1994). De acordo com Ricardo Marcelo Fonseca: 
“Benjamin distingue a "experiência" - enquanto tradição coletiva, enquanto algo que 
encontra raízes remotas, como a tradição dos provérbios, do "contar" uma história de 
pai para filho, como a transmissão da sabedoria dos velhos para os mais novos - da 
simples "vivência", muito mais fugaz, desapegada e desenraizada, e que 
progressivamente vai substituindo a primeira”. 
 A primeira Rede de colaboradores (anos 50): implantação da TV – modelo 
radiofônico contará com os seguintes entrevistados: Fernando Barbosa Lima, Álvaro de 
Moya, Fernando Pacheco Jordão, Ciro Del Nero, Edson Almeida (repórter Esso do 
Recife),Borjalo, Célio Moreira e Mário Fanucci. O critério de seleção será em função 
das pessoas que poderão ser encontradas, pois boa parte dos jornalistas desta época já 
faleceu, devido à faixa etária, no entorno de 70 a 80 anos de idade. A lista tem oito 
nomes como forma de garantir pelo menos cinco entrevistas dentre eles. 
 O questionário a ser utilizado será: 1- Como você foi trabalhar na tevê? 2- Que 
tipo de experiência era necessária para o trabalho? 3- Como era o trabalho do jornalista 
naquela época?4- Quais as funções que desempenhou nos cargos que ocupou? 5- 
Comente o processo de elaboração de um telejornal? 6- Conte histórias da (s) 
emissora(s) em que trabalhou. 
 A segunda Rede de colaboradores (anos 60) – influência americana X influência 
cinematográfica contará com os seguintes entrevistados: Armando Nogueira, Alice 
Maria, Eduardo Coutinho, Guga, José Bonifácio Sobrinho (Boni), Carlos Alberto Vizeu, 
Fabbio Peres, Tico de Moraes (filho do Tico-tico – primeiro repórter de tevê), Demétrio 
Costa e Luiz Lobo. O critério de seleção buscou encontrar profissionais que tivessem 
trabalhado nas diversas emissoras existentes na época, mas poderá ser readequado, caso 
alguns profissionais não concordem em ser entrevistados ou não estejam acessíveis. Dos 
dez nomes apresentados, apenas cinco deverão ser entrevistados, os outros ficarão de 
stand by. 
 O questionário a ser utilizado será: 1- Como você foi trabalhar na tevê? 2- Qual 
era a experiência que possuía? 3- Como era o trabalho diário? 4- Qual era a hierarquia 
da redação? 5- Conte histórias de trabalho. 
 A terceira Rede de colaboradores (anos 70) – cópia do modelo americano 
contará com os seguintes colaboradores: Sandra Passarinho, Marisa Raja Gabaglia, 
Marília Gabriela, Carlos Nascimento, Neusa Rocha, Sérgio de Castro, Paulo Roberto 
Leandro, Paulo Mário Mansur e Gabriel Romero. O critério de seleção baseou-se nas 
funções exercidas por cada profissional. O questionário utilizado terá o mesmo 
conteúdo da rede anterior. 
 A quarta Rede de colaboradores (anos 80) – estabelecimento do modelo 
americano contará com os seguintes colaboradores: Vera Íris Paternostro, Luiz Antonio 
Malavolta, José Carlos Azenha, Celso Pelosi, Boris Casoy, Hélio Costa, Pedro Bial, 
Luiz Gonzáles e Woile Guimarães. O critério de seleção buscou encontrar profissionais 
que tivessem exercido as diferentes funções já estabelecidas: editor de texto, repórter, 
chefe de reportagem, chefe de redação e diretor de jornalismo. O questionário utilizado 
terá o mesmo conteúdo da segunda rede. 
 A quinta Rede de colaboradores (anos 90) – readequações para um modelo 
latino-americano contará com os seguintes colaboradores: Amauri Soares, Willian 
Bonner, Luiz Cláudio Lategê, Ali Kamel, Albino de Castro, Celso Filho, Humberto 
Candil, Marcos Humel, Lillian Witte Fibe e Fátima Bernardes. O critério de seleção se 
baseou nas principais emissoras de tevê aberta de acordo com a audiência e existência 
de departamento de jornalismo. O questionário utilizado terá o mesmo conteúdo da 
segunda rede. Esta quinta rede poderá contar também com os professores de 
telejornalismo, pois nesta fase já se tem os cursos de jornalismo estabelecidos com 
contribuições relevantes na formação destes profissionais. Deste período foram 
selecionados os seguintes nomes: Sebastião Squirra, Laurindo Leal Filho, Luiz 
Fernando Santoro, Aline Greco entre outros. O questionário a ser utilizado é o seguinte: 
1-) Como você foi lecionar telejornalismo? 2-)Que tipo de experiência era necessária 
para ensinar esta disciplina? 3-) Como você se tornou professor de telejornalismo? 
(cursos/ especialização/ mestrado / doutorado) 4-)Comoeram as aulas de telejornalismo 
quando você começou lecionar ? 5-) Qual a metodologia você adotou para ensinar os 
conhecimentos práticos? 6-) As aulas eram mais teóricas ou práticas? 7-) Quais os 
autores (bibliografia) que você adotou? 8-) Quais os equipamentos disponíveis na 
universidade para que os alunos pudessem praticar telejornalismo? 9-) Como era feita a 
avaliação dos alunos? (baseava-se em teoria ou em prática) 10-) Comente o processo de 
elaboração de um telejornal na universidade? 12-) Que tipo de exercício prático os 
alunos desenvolviam? 13-) Na sua opinião, o telejornalismo brasileiro copiou o modelo 
americano e mantém até hoje? Por quê? 14-) Conte histórias da (s) universidade (s) em 
que trabalhou? 
 A sexta Rede de colaboradores do século XXI – reconfigurações na era digital e 
via internet, ainda não tem seus colaboradores definidos, pois buscará abranger todos os 
tipos de emissoras: abertas, a cabo e via internet. O questionário será definido em 
função dos colaboradores a serem encontrados. 
 A metodologia da História Oral, que, segundo Meihy “não procura a verdade, 
mas a experiência” traz uma perspectiva dialética com base em três momentos após a 
entrevista: a primeira fase, a transcrição literal da entrevista gravada por meio 
eletrônico; a segunda fase, a textualização, que consiste basicamente na retirada das 
perguntas; e a terceira fase, denominada de transcriação, onde se faz um rearranjo do 
texto, pois, de acordo com Meihy, “na tradução do oral para o escrito não é possível 
traduzir sem mudança”. 
 Uma etapa posterior consiste na negociação com o colaborador, onde o texto lhe 
é enviado, para que o mesmo possa autorizar ou opinar, em parceria com o pesquisador, 
sobre o quê e como deve ser apresentado o material final. 
 
3. Transcriação da entrevista com Gregório Bacic 
 
Entrevista realizada no dia 21/09/2005 
 
 Eu comecei a trabalhar em televisão em março de 1967, quando a tevê 
Bandeirantes estava se preparando pra ir ao ar. Fiz parte da primeira equipe de 
jornalismo da tevê Bandeirantes. A equipe era chamada de “titulares da notícia”, e 
inaugurou a tevê Bandeirantes no dia treze de maio daquele mesmo ano. Antes, eu 
trabalhava na rádio Bandeirantes. 
Trabalhei como jornalista lá na Bandeirantes, fazendo o telejornal. Trabalhei na 
tevê Globo em 1968, num jornal que era uma espécie de antecessor do espírito do Jornal 
Nacional, que veio a existir em 1969. Ele era feito ao meio dia, em São Paulo e no Rio 
de Janeiro, com trocas de matérias em vídeo tape do Rio que vinham pra cá de avião e 
daqui, que íam de avião para o Rio de Janeiro no dia anterior. 
Trabalhei, ainda, na TV Cultura, não como jornalista, como diretor de programa, 
mas em alguns casos eu fiz alguma coisa jornalística. Nada oficialmente, extra-
oficialmente, eu ajudei, fiz algumas matérias mesmo para o telejornal. O primeiro 
telejornal da TV Cultura, que era o Hora da Notícia, quando existia uma vez por 
semana. Algumas vezes me pediam, eu era muito amigo das pessoas que faziam 
jornalismo. Cheguei a fazer algumas matérias, mais nada oficialmente. 
Depois, jornalisticamente, vim a trabalhar na TV Globo, no Globo Repórter, em 
São Paulo, que situava-se numa área do jornalismo, apesar de eu achar que o que nós 
fazíamos lá não era necessariamente jornalismo. Nós fazíamos documentários. 
 Em 1979, eu fui chefe de jornalismo da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 
termos de jornalismo é isso. Atualmente estou no programa Provocações, que não é um 
programa jornalístico, ainda que muita gente insista que é. 
No jornalismo, eu fui redator. A função era um pouco diferenciada naquele 
tempo, a gente está falando de um período de quarenta anos atrás. Eu fui redator, fui 
editor. Fui repórter algumas vezes. Basicamente isso: fui diretor de programas na TV 
Globo. 
Naquele tempo, o texto era muito importante. Porque era uma época em que o 
maior número de figuras que trabalhavam no jornalismo eram redatores. No rádio e na 
televisão. Na televisão começou a haver um número maior de repórteres, mas eram 
repórteres que trabalhavam basicamente com o texto e também gravavam texto no local 
do acontecimento. Seria quase uma espécie de transmissão externa, filmada, revelada e 
posta no ar. Então era um texto fluente, bom, um texto compreensível, um texto enxuto. 
Mais para frente escassearam-se as minhas atividades jornalísticas. Então eu não 
posso te dizer exatamente o que mudou. O que houve, o que eu percebi, pela minha 
vivência muito próxima dentro das emissoras de televisão, é que houve uma 
valorização, um crescimento da equipe de repórteres. Houve de lá pra cá, em minha 
opinião, um empobrecimento, vamos dizer assim, da necessidade de redatores. Isso, 
porque as coisas já vem prontas, nós estamos assim numa espécie de fast food 
jornalístico, em que as assessorias de imprensa, as agências noticiosas, esses serviços 
todos já mandam textos que muitas vezes são colados e colocados no ar. 
Nos anos 60, no telejornal da TV Bandeirantes, existia um chefe de jornalismo. 
O diretor de jornalismo era Alexandre Kadum. Existia um chefe de reportagens que era 
geralmente um repórter, mas os repórteres não possuíam uma formação jornalística 
diferenciada pra televisão, porque essa ida pra fora era feita com câmeras filmográficas, 
as famosas câmeras “Auricom”, eram coisas pesadas, etc. Era muito limitado o trânsito 
do jornalista, por questões de equipamento e de tempo, porque ele tinha que voltar logo 
para a emissora para revelar o filme, que seria secado e montado até a noite. Além do 
mais, estávamos sob a ditadura militar. A gente não metia o nariz em tudo quanto é 
lugar. Tínhamos que nos comportar e muito bem, dentro da cartilha das emissoras, do 
governo, da censura, etc... Por isso, o repórter era geralmente uma pessoa que aparecia e 
que fazia uma transmissão externa do local onde havia acontecido alguma coisa, falava 
um texto bem comportado, voltava, revelava aquilo e pronto. 
O chefe de reportagem, a chefia de reportagem era uma coisa que o diretor de 
jornalismo supervisionava um pouco e às vezes o secretário de redação. Existia a figura 
do secretário de redação, que era o cara que era o editor do telejornal. Além dele 
existiam aí os redatores: o redator do internacional, o redator do nacional e o redator do 
local. Existia uma pessoa que dava o suporte de imagem, porque naquela ocasião toda 
vez que se citava alguém que era recorrente nos jornais, existia um arquivo de slides, e 
se colocava a fotografia da pessoa no ar. Então, as imagens colhidas fora eram em 
pequeno volume e eram limitas por essa questão telecinematográfica. 
Não é uma questão de ser uma influência maior, mais era, era cinema. Existia 
um departamento de jornalismo na Globo, que tinha uma área que se chamava Globo 
Repórter, que tinha os seus editores no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eles eram 
ligados e administrados pelo jornalismo, mas eram departamentos à parte, com 
autonomia. Esse departamento no Rio de Janeiro e nacionalmente, era comandado pelo 
Paulo Gil Soares, que era um cara de cinema, trabalhou inclusive com Glauber Rocha, 
etc. Aqui em São Paulo, o Globo Repórter era feito pela Blimp Filmes, que pertencia ao 
Guga, irmão do Boni, que sempre trabalhou com cinema. Cinema e televisão, mas 
coisas mais elaboradas para televisão, mais em linguagem de cinema, isso dentro ou 
fora do jornalismo. O jornalismo, na época em que eu estive lá, era comandado por 
Fernando Pacheco Jordão, que era um jornalista, mas que eu considero uma pessoa 
acima das denominações e das categorias de todas essas caixinhas, de todas essas 
políticas. Era uma questão de cabeça. Ele entendeu claramente que os grandes trabalhos 
que se poderiam fazer eram trabalhos de documentário, e documentário à maneira como 
ele via na Europa, que eram feitos, na verdade, com uma cabeça cinematográfica.Ele 
fazia Globo Repórter, era departamento de jornalismo, etc. Mais o que você pega 
daquela ocasião é uma linguagem elaborada de grande reportagem, no caso. Havia 
alguma preocupação artesanal de cinema, no fazer, na carpintaria do trabalho, vamos 
dizer assim. Eu fazia documentário. Tanto que você veja que as pessoas que faziam 
documentário naquela ocasião e que estão por aí hoje ainda, quem são né, além de mim, 
por exemplo, e que passou a fazer documentário. Tem o Eduardo Coutinho, que é 
cineasta, o Hermano Pena, que é um cineasta, tem o João Batista de Andrade, que é 
cineasta. Todos esses praticamente eram cineastas, eram muito poucos aqueles que se 
poderiam dizer jornalistas, que fizeram algum trabalho que tenha ficado, que tenha tido 
uma vida mais longa. 
 
 
4. Considerações Iniciais 
 
 A experiência com a História Oral deverá proporcionar ao trabalho amplo que se 
pretende com a pesquisa, um caminho onde a experiência possa ser útil para revisar e 
comparar alguns aspectos, através das fases da história da tevê. 
Ao se trabalhar com a história do profissional de TV, é importante ter em mente 
algumas possibilidades a serem aferidas durante o processo de formação deste 
jornalista, como a cópia do modelo americano ou o desenvolvimento de um modelo 
próprio com características peculiares à cultura e condição social do país. A pesquisa 
poderá traçar também um panorama futuro deste profissional, visto que a TV digital e a 
TV pela Internet ainda são embrionárias. 
 Outra possibilidade é relacionar a formação do jornalista televisivo, através dos 
tempos, com quatro diferentes pontos centrais, que estariam presentes em cada uma das 
fases diferentes de formação do jornalista, como segue: a primeira seria totalmente 
calcada no modelo radiofônico; a segunda estaria mais voltada para o modelo 
cinematográfico; a terceira seria a adoção do modelo americano e uma padronização 
geral das emissoras; e a quarta seria o rompimento com o modelo americano e a 
despadronização, que poderá acontecer com a tevê digital e pela Internet, como também 
da identificação do poderá a ser o telejornalismo brasileiro. 
 
Referências 
 
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Sites 
 
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http://www2.uerj.br/~direito/publicacoes/mais_artigos/walter_benjamin.html. Acesso 
em 13 de janeiro de 2005.

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