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Direito do Consumidor Aula 02 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 1 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br Assuntos tratados: Relação de Consumo (continuação) / Direitos básicos do consumidor 1. Relação de consumo (continuação) Serão considerados consumidores por equiparação os terceiros expostos às práticas comerciais, nos termos do art. 29 do CDC. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Esse artigo supera os estritos limites da definição jurídica de consumidor para imprimir uma definição de política legislativa. Para harmonizar os interesses presentes no mercado de consumo, para reprimir eficazmente os abusos do poder econômico, para proteger os interesses econômicos dos consumidores finais, o legislador colocou o CDC a seu dispor. Exemplo: O consumidor exposto a oferta de um bem a certo preço, possui a expectativa de adquirir o bem por aquele valor. Serão também considerados consumidores por equiparação toda a coletividade de consumo, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo, nos termos do art. 2º, parágrafo único do CDC. Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Quanto ao sujeito passivo da relação de consumo, este será o fornecedor, previsto no art. 3º do CDC. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Fornecedor é todo aquele que possui o animus de ofertar produtos e serviços com habitualidade. A habitualidade é o que determinará a possibilidade de uma pessoa física ser demandada pelo CDC ou pelo CC. Direito do Consumidor Aula 02 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 2 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br O Estado também pode ser demandado pelo CDC quando se tratar de serviço público uti singuli, ou seja, aqueles de remuneração direta por meio de tarifa, exemplo, o transporte público. Quando o serviço público for uti universi, que são aqueles em que a remuneração é indireta por meio de imposto, deve-se adotar o art. 37, § 6º da CRFB. Observação: Aos serviços cartorários não se aplica o CDC. REsp 625144 / STJ PROCESSUAL. ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TABELIONATO DE NOTAS. FORO COMPETENTE. SERVIÇOS NOTARIAIS. - A atividade notarial não é regida pelo CDC. (Vencidos a Ministra Nancy Andrighi e o Ministro Castro Filho). - O foro competente a ser aplicado em ação de reparação de danos, em que figure no polo passivo da demanda pessoa jurídica que presta serviço notarial é o do domicílio do autor. - Tal conclusão é possível seja pelo art. 101, I, do CDC, ou pelo art. 100, parágrafo único do CPC, bem como segundo a regra geral de competência prevista no CPC. Recurso especial conhecido e provido. Quanto ao objeto da relação de consumo, somente o produto ou o serviço podem unir o consumidor ao fornecedor. Produto é conceituado no art. 3º, §1º do CDC como qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial. O CDC optou pelo uso de cláusulas abertas, pois permite ao julgador adequá-las a diversas situações. Art. 3º, § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Serviço é qualquer atividade desenvolvida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive, as de natureza bancária, de crédito ou securitária, salvo as decorrentes de caráter trabalhista, conforme prevê o art. 3º, § 2º do CDC. Art. 3º, §2°- Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Esse artigo merece leitura detido, tendo em vista que ele induz ao entendimento equivocado de que o serviço deve ser sempre remunerado. Importante ressaltar que há serviços gratuitos ou indiretamente remunerados, como exemplo deste último tem-se o preço do estacionamento de supermercado, shopping, etc. Direito do Consumidor Aula 02 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 3 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br No que se refere ao termo “salvo as decorrentes de caráter trabalhista”, entende-se que se há vínculo empregatício, não há relação de consumo. Exemplo: Empregado que se fere no local de trabalho por lâmpada que explode. A vítima não poderá ajuizar ação contra empregador, mas caberá em face do fabricante da lâmpada. Na obrigação de fazer não há transferência de domínio, sendo assim, trata-se de serviço. Exemplo: contratação de professor para dar aula de Direito civil. Por outro lado, na obrigação de dar, na qual há transferência de domínio, trata-se de produto. Exemplo: compra de um carro. 2. Direitos básicos do consumidor Os direitos básicos estão previstos no art. 6º do CDC. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII- a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Na violação destes direito, há o cometimento de ato ilícito. Direito do Consumidor Aula 02 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 4 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br Exemplo: fazer afirmação falsa sobre produto ou serviço constitui crime previsto no art. 66 do CDC. Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. a) Proteção à vida: Produtos ou serviços não poderão proporcionar riscos à integridade dos consumidores, salvo os normalmente previsíveis. Porém, quando normalmente previsíveis, o fornecedor possui o dever de informar quanto ao risco. O risco consiste na possibilidade de dano. O CDC consagrou a teoria da prevenção, na qual requer práticas anteriores ao dano, v.g., recall de veículos que apresentam riscos. b) Educação e Informação: Os consumidores devem ser educados sobre o ato do consumo, devendo ainda, serem informados acerca das características dos produtos e dos serviços. O inciso II objetiva estimular a educação popular, a fim de se garantir a igualdade nas contratações e a liberdade de escolha do consumidor. Quanto à informação, prevista no inciso III, tem-se como exemplo os impostos que devem ser especificados na mercadoria, a quantidade de sódio e proteínas presente nos alimentos, etc. c) Publicidade: Publicidade visa produzir lucro, já a propaganda visa a propagação de uma mensagem. Esta última possui caráter informativo, enquanto aquela, caráter de persuasão, através das técnicas de marketing, levando a pessoa ao consumo. Há o exemplo da propaganda que visa evitar a dengue, nesse caso, o Estado, em um primeiro momento, deseja uma população mais sadia, mas em um segundo momento, movimenta a máquina do consumo de medicamentos e hospitalar por conta da saúde. Como exemplo de publicidade tem-se o lançamento de um novo veículo, com o objetivo de estimular o consumo. A publicidade possui três espécies: (i) enganosa, (ii) abusiva ou (iii) enganosa por omissão. Publicidade enganosa é aquela que contém em seu teor mensagem falsa. Exemplo: Dizer que o produto faz aquilo que não faz. Direito do Consumidor Aula 02 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 5 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br Ressalta-se que é possível a venda de produto perigoso, mas neste deve conter a devida informação acerca de sua periculosidade. Publicidade abusiva é aquela que estimula o consumidor a se comportar de forma prejudicial a sua integridade. Exemplo: A informação que leva o indivíduo ao consumo de produto com grande quantidade de sódio, sem declará-la expressamente na publicidade. A publicidade enganosa por omissão é aquela que deixa de informar sobre dado essencial de produto ou serviço colocado no mercado de consumo. Exemplo: Empresas do ramo imobiliário que não informam o local do apartamento que bate sol pela manhã e pela tarde, ou quando fazem a maquete do prédio sem informar como será a parte externa, fazendo o consumidor adquirir o produto sem saber que este fica próximo a local barulhento.
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