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Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia José Camapum de Carvalho Universidade de Brasília Solo como material de Construção CAPÍTULO 17 Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia • O solo é um dos materiais essenciais na construção civil: se não se constrói com ele, constrói-se sobre ele. Daí a necessidade de conhecê-lo no estado natural e como material de construção. • O presente capítulo apresenta os seguintes tópicos: • Tipos de solo para uso em construção civil • Índices físicos • Curva característica de retenção de água • Compactação dos solos • Expansão, colapso e adensamento dos solos • Resistência dos solos • Permeabilidade dos solos • O solo na construção civil como fundação, corte e aterro 1 Introdução Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia • Os solos devem ser classificados à luz do intemperismo sofrido pela rocha durante o seu processo de formação. • O nível de intemperismo sofrido depende de vários fatores, como: • Rocha de origem; • Clima; • Condições de drenagem; • Fauna; • Flora. • Isso faz com que a maioria dos solos brasileiros assuma propriedades e comportamentos distintos daqueles de região temperada. 2 Tipos de solo para uso em construção civil Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2 Tipos de solo para uso em construção civil • Esse item versará sobre os seguintes tópicos: • Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento • Classificação dos solos • Classificação dos solos quanto à origem • Classificação dos solos quanto à composição química • Classificação dos solos quanto à composição mineralógica • Classificação dos solos quanto à estrutura • Classificação dos solos quanto às propriedades físicas • Classificação textural • Classificação quanto à plasticidade • Classificações mistas • Classificação MCT • Considerações gerais sobre a classificação dos solos Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento Quadro 1 – Comparação entre os horizontes das diferentes classificações analisadas (modificado Cardoso 2002). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento •Figura 1 – Mineralogia de um perfil de alteração típico do Distrito Federal 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 20 40 60 Teor Mineral (%) P ro fu n d id ad e (m ) Gibbsita (G) Caulinita (C) Ilita (I) Hematita Goetita I + C + G Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento •Figura 2 – Propriedades texturais de um perfil de alteração típico do Distrito Federal (CD ensaio com defloculante, SD ensaio sem defloculante) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2,50 2,55 2,60 2,65 2,70 2,75 2,80 2,85 Gs Pr ofu nd ida de (m ) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Granulometria Pro fun did ad e ( m) Argila CD Silte CD Areia CD 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Granulometria Pro fun did ad e ( m) Argila SD Silte SD Areia SD Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento •Figura 3 – Plasticidade de um perfil de alteração típico do Distrito Federal 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 35 40 45 50 wL (%) P ro fu n d id a d e ( m ) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 8 12 16 20 IP (%) Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento •Figura 4 – Estrutura de um perfil de alteração típico do Distrito Federal Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento •Figura 5 – Estrutura interior de uma concreção laterítica do Distrito Federal Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento •Figura 6 – N SPT de um perfil de alteração típico do Distrito Federal em diferentes épocas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 N SPT Pr of un di da de (m ) 23/2/2000 20/6/2000 10/8/2000 23/10/2000 8/3/2001 Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento •Figura 7 – Torque no ensaio SPT-T de um perfil de alteração típico do Distrito Federal em diferentes épocas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 Torque (kgf m), SPT-T Pr of un di da de (m ) 23/2/2000 20/6/2000 10/8/2000 23/10/2000 8/3/2001 Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1 Perfil de intemperismo, propriedades e comportamento • De modo simplificado os perfis de intemperismo podem ser divididos em três grandes zonas: • Zona profundamente intemperizada ou laterítica; • Zona mosqueada ou de transição; • Zona fracamente intemperizada ou saprolítica Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2 Classificação dos solos • A classificação dos solos é feita objetivando a sua utilização ou a previsão de seu comportamento em condição natural. • A classificação pode objetivar enquadrar o solo em determinada categoria quanto: • À origem; • Às propriedades; • Ao comportamento mecânico ou hidráulico. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.1 Classificação dos solos quanto à origem • Quanto à origem, os solos se classificam em: • Residuais – Aqueles mantidos no local de formação: • Profundamente intemperizados ou maduros; • Pouco intemperizados ou jovens. • Sedimentares ou transportados; • Eólicos – Transportados pelo vento; • Aluvionares – Transportados pela água; • Coluvionares – Transportados por gravidade. • Orgânicos: • Orgânicos; • Turfas. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.2 Classificação dos solos quanto à composição química • A classificação química objetiva enquadrar o solo quanto à propriedades como: • Capacidade de troca catiônica – CTC; • Potencial hidrogeniônico - pH; • Teor de matéria orgânica. • Ela pode ainda se usada para avaliar o nível de laterização do solo, sendo usual nesse casi a classificação: • (SiO2 / (Al2O3 + Fe2O3)) < 1,33 – Lateritas ou lateritos; • 1,33 < (SiO2 / (Al2O3 + Fe2O3)) < 2 – Solo laterítico; • (SiO2 / (Al2O3 + Fe2O3)) > 2 – Solo não laterítico. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.3 Classificação dos solos quanto à composição mineralógica • Os minerais presentes no solo refletem o nível de intemperização pelo qual ele passou. Podem ser considerados três grandes grupos: • Minerais primários como: • O quartzo – muito resistente ao intemperismo; • O feldspato – pouco resistente ao intemperismo. • Minerais de argila como: • A montmorilonita – expansiva; • A caulinita – não expansiva; • A haloisita – não expansiva; • A ilita – pode ou não ser expansiva;• A clorita – pode ou não ser expansiva; • No processo de intemperização são formados ainda os oxi-hidróxidos de alumínio (ex. gibbsita) e de ferro (ex. hematita e goethita). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.4 Classificação dos solos quanto à estrutura • Devido à forma das partículas a classificação estrutural é mais importante quando se trata de argilas. Classicamente a estrutura das argilas se classifica em: • Floculada – Solos com comportamento isotrópico; • Dispersa ou orientada – Solos com comportamento anisotrópico. • No entanto, para os solos lateríticos, solos profundamente intemperizado, essa classificação estrutural perde sua importância devido ao fato de que as partículas de argila se encontram majoritariamente aglutinadas e imobilizadas nos agregados e microagregados, dando origem a estruturas típicas de solos granulares e tendendo a comportamento mais isotrópico. As condições de drenagem são geralmente definidoras dessa isotropia. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.5 Classificação dos solos quanto às propriedades físicas • As principais propriedades físicas usadas nas classificações fundamentadas nas propriedades físicas são: • A textura; • A plasticidade. • A textura reflete principalmente os aspectos físicos do solo, mas podem também refletir características mineralógicas e estruturais. • A plasticidade reflete aspectos químico-mineralógicos dos solos, mas se associam também à textura. • Com isso os sistemas de classificação mais completos levam em conta a textura e a plasticidade. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.5.1 Classificação textural • A classificação textural é talvez a mais utilizada nas construções civis. Ela é, nesse caso, quase sempre realizada táctil-visualmente. De modo mais acurado, ela é feita por meio de análise granulométrica. • A análise granulométrica realizada experimentalmente é, geralmente, feita por meio de ensaios de peneiramento e sedimentação (conforme NBR 7181/84 – ABNT, 1984). • As frações granulométricas dos solos são classificadas em: • Argila - diâmetro equivalente “d” < 2mm; • Silte - 2mm<d<60mm; • Areia - fina (60mm<d<0,42mm), média (0,42mm<d<2mm) e grossa (2mm<d<4,8mm) • Pedregulho (d>4,8mm). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.5.1 Classificação textural 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 Diâmetro das Partículas (mm) % q ue pas sa Natural Ultra-som Defloculante Defl. + U. S. •Figura 8 – Curvas granulométricas de um solo laterítico Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.5.1 Classificação textural •Figura 9 – Tipos de distribuição granulométrica 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das Partículas (mm) % Q ue Pa ssa Solo Bem Graduado Solo Uniforme Solo de Graduação Aberta Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.5.2 Classificação quanto à plasticidade •Figura 10 – Os limites de Atterberg e o estado do solo • A classificação dos solos quanto à plasticidade é feita por meio da carta de Casagrande e fundamenta-se nas umidades (h) correspondentes aos limites de plasticidade (LP) e de liquidez (LL) e no Índice de Plasticidade (IP). Tem-se ainda o limite de contração do solo (LC). • IP = LL – LP • O intervalo de umidade entre esses limites definem o estado do solo. •LC •LP •h•LL •Estado Sólido •Estado Semi-Sólido •Estado Plástico •Estado Líquido Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.5.3 Classificações mistas • As classificações mistas mais usadas no Brasil são: • A unificada; • A TRB antiga HRB. • A classificação unificada é usada em obras civis de um modo geral, enquanto a classificação TRB se destina mais especificamente a obras rodoviárias. • A previsão do comportamento dos solos lateríticos a partir desses sistemas de classificação requerem cuidados especiais, sendo os resultados afetados principalmente pelas técnicas de preparação de amostras normalmente adotadas por recomendação de norma. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.5.4 Classificação MCT • Na classificação MCT, os solos são classificados quanto ao comportamento em duas grandes classes: • Os solos de comportamento laterítico (L); • Os solos de comportamento não laterítico (N) • São eles: • LG’ – solo argiloso laterítico; • LA – areia laterítica; • LA’ – solo arenoso laterítico; • NA – areia não-laterítica; • NA’ – solo arenoso não-laterítico; • NG’ – solo argiloso não laterítico; • NS’ – solo siltoso não laterítico. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2.6 Considerações gerais sobre a classificação dos solos • Definir o uso do solo com base na classificação é sempre um grande risco. A classificação serve apenas para definir o potencial de uso a ser confirmado em estudos específicos. • A escolha do sistema de classificação a adotar depende da finalidade da classificação. Por exemplo, avaliar a susceptibilidade do solo à estabilização requer analisar as suas propriedades químicas e mineralógicas. • Considerar de modo isolado aspectos como cor, textura e plasticidade induz geralmente a erros importantes. • A eficiência dos sistemas de classificação está ligada ao entendimento do que eles significam e dos parâmetros e técnicas de ensaio que utilizam. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3 Índices físicos • Os índices físicos indicam o estado em que o solo se encontra e dizem respeito a: • Relação entre massas – Teor de umidade gravimétrico; • Relação entre massa e volume – Massa específica • Relação entre volumes – Índice de vazios, porosidade, grau de saturação, teor de umidade volumétrico. • Aqui serão analisados apenas os seguintes índices físicos: • Teor de umidade; • Massa específica dos grãos; • Massa específica seca e índice de vazios. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.1 Teor de umidade • O teor de umidade gravimétrico (h) é definido como a relação entre a massa bruta de água (mba) e a massa bruta do solo seco (mbs), sendo os resultados apresentados em porcentagem: • h = (mba/mbs) x 100 • Nos métodos convencionais de laboratório (DNER ME 213/94), a massa de água presente no solo é determinada utilizando-se uma estufa regulada a 105ºC ± 5ºC. • Quando se utiliza em um projeto mais de um método de controle de umidade eles devem ser calibrados entre si. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.1 Teor de umidade • A umidade reflete o equilíbrio energético atuante solo, sendo este função de aspectos intrínsecos como composição químico-mineralógica e textural do solo e extrínsecos como temperatura, umidade relativa e nível freático. • Acima do nível freático a umidade submete-se à condição atmosférica e abaixo dele ela passa a estar associada a porosidade do solo. • A nomenclatura utilizada para a umidade reflete o estado do solo, como por exemplo a umidade natural diz respeito a umidade em que o solo se encontra na natureza e a umidade higroscópica diz respeito a umidade de equilíbrio quando da secagem do solo ao ar, sendo neste caso, portanto, variável com as condições atmosféricas. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.1 Teor de umidade D (A) Força deretenção Camadas de hidratação •Figura 11 – Força de retenção função da distância da molécula de água à partícula Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.2 Massa específica dos grãos • A massa específica dos grãos ou dos sólidos (rs) é definida como a relação entre a massa de sólidos (ms) e o volume de sólidos (Vs): • rs = ms/Vs • A massa específica do solo é resultante das massas específicas ponderadas dos minerais presentes no solo. Mineral rs (g/cm 3 ) Mineral rs (g/cm 3 ) Montmorilonita 2,20 – 2,70 Rutilo 4,18 – 4,25 Ilita 2,60 – 2,68 Goethita 4,37 Caulinita 2,60 – 2,68 Hematita 4,90 – 5,30 Quartzo 2,65 – 2,66 Gibbsita 2,30 – 2,40 Quadro 2 – Massa específica de alguns minerais (modificado Cardoso 2002). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios • Símbolos adotados: • V - Volume total do solo; • Vv - Volume de vazios igual a soma do volume ocupado pelas fases gasosa (Va) e líquida (Vw); • Vs - Volume ocupado pela fase sólida; • m - massa total do solo incluindo-se todas as fases constituintes; • ma+w - Soma das massas das fases gasosa e líquida; • ma - massa da fase gasosa; normalmente desprezada no cálculo dos índices físicos; • mw - massa da fase líquida; • ms - massa da fase sólida. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios •Figura 12 –Representação Esquemática das Fases Constituintes de um Solo Va ma Vv ma+w V Vw mw m Vs ms Sólida Líquida Gasosa Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios • Símbolos complementares adotados: • Vvma - Volume de vazios igual à soma do volume ocupado pelas fases gasosa (Va) e líquida (Vw) nos macroporos; • Vvmi - Volume de vazios igual à soma do volume ocupado pelas fases gasosa (Va) e líquida (Vw) nos microporos; • Vsma - Volume ocupado pela fase sólida em relação aos macroporos; • Vsmi - Volume ocupado pela fase sólida em relação aos microporos; • m(a+w)ma - Soma das massas das fases gasosa e líquida nos macroporos; • mama - Massa da fase gasosa nos macroporos, normalmente desprezada no cálculo dos índices físicos; Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios • Símbolos complementares adotados: • mwma - Massa da fase líquida nos macroporos; • msma - Massa da fase sólida em relação aos macroporos; • m(a+w)mi - Soma das massas das fases gasosa e líquida nos microporos; • mami - Massa da fase gasosa nos microporos, normalmente desprezada no cálculo dos índices físicos; • mwmi - Massa da fase líquida nos microporos; • msmi - Massa da fase sólida em relação aos microporos; Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios •Figura 13 –Representação Esquemática das Fases Constituintes dos solos tropicais agregados Vama mama Vvma m(a+w)ma mwma Vwma Wsma V Vami mami m m(a+w)mi Vsma Vwmi mwmi msma msmi Vsmi Líquida Macroporos Gasosa Macroporos Gasosa Microporos Líquida Microporos Sólida Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios • A massa específica aparente seca (rd) é definida como a relação entre a massa de sólidos (ms) e o volume total (Vt): • rd = ms/Vt • O índice de vazios (e) é definido como a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume de sólidos (Vs). • e = Vv/Vs • Outras relações são usadas na engenharia como: • Porosidade (n) = volume de vazios (Vv) / volume total (Vt); • Grau de saturação (Sr) = volume de água (Vw) / Vv • Peso específico natural (r) = rd x (1 + w) Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios • A figura a seguir ilustra a influência de rs em rd e “e”. •Hematita, rs=5,10g/cm 3 •Caulinita, rs=2,64g/cm 3 •Gibbsita, rs=2,35g/cm 3 •Considerando-se um volume total de 1cm3 contendo esferas de hematita, caulinita e gibbsita com 1mm de diâmetro ter-se-á para a hematita rd = 2,67g/cm 3, para a caulinita rd = 1,38g/cm 3 e para a gibbsita rd = 1,23g/cm 3. Nos três casos, porém, e = 0,91. •Considerando-se agora que vazios presentes no interior das esferas de hematita e caulinita as conduzam à apresentarem a mesma massa da gibbsita, ter-se-á para o três materiais rd= 1,23g/cm3, porém, para a hematita e = 3,15 , para a caulinita e = 1,15 e para a gibbsita e = 0,91. Trabalhar com um ou outro índice requer cuidado. •Figura 14 – Influência de rs em rd e “e” Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Massa específica aparente seca e índice de vazios • O exemplo a seguir em que se considerou “e” e w global e interagregado, mostra a importância do entendimento do significado de cada índice em cada caso. (a) (b) (c) (d) 0 20 40 60 80 100 120 140 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 e total CBR (%) 0 20 40 60 80 100 120 140 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 e interagregado CBR (%) 0 20 40 60 80 100 120 140 10 12 14 16 18 20 22 w ótimo (%) CBR (%) 0 20 40 60 80 100 120 140 0 2 4 6 8 10 12 w interagregado (%) CBR (%) •Figura 15 – Resultados obtidos para misturas de solo fino-entulho da construção civil Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 4 Curva característica de retenção de água • A figura a seguir ilustra duas formas freqüentes de curvas características de retenção de água. 1 10 100 1000 10000 100000 0 20 40 60 80 100 Sr (%) (ua -uw ) (k Pa ) Solo Laterítico Solo Saprolítico Entrada de ar Entrada de ar dos nos macroporos Entrada de ar nos micropors Grau de saturação residual •Figura 16 – Exemplos de curvas características de retenção de água Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor:Geraldo C. Isaia 4 Curva característica de retenção de água • Em solos muitos apresentando fluência ou expansivos, no entanto, como depois da entrada de ar o solo continua a deformar se obtém a forma de curva a seguir. 1 10 100 1000 10000 100000 0 20 40 60 80 100 Sr (%) (u a- uw ) ( kP a) •Figura 17 – Curva característica de retenção de água típica de material que flui ou expande Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 Compactação dos solos • A compactação dos solos é utilizada em diferentes obras de engenharia, como rodovias e barragens. • Ela consiste na aplicação de uma determinada energia no solo buscando a sua densificação. • A efetividade da compactação depende de vários fatores, como: • Tipo de solo; • Umidade de compactação; • Energia; • Tipo de compactação. • Deve-se buscar similaridade entre a compactação de laboratório e de campo principalmente nos solos argilosos. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 Compactação dos solos •Figura 18 – Curva de compactação 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 10 13 16 19 22 25 Teor de umidade (%) Mass a esp ecífic a apa rente seca (t/m3 ) hot rdmax Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 6 Expansão, colapso e adensamento dos solos • Enquanto a expansibilidade e a colapsibilidade do solo estão diretamente ligadas ao nível de intemperização pelo qual ele passou, o adensamento se associa à origem e à história de tensões do maciço. • O ensaio mais comumente utilizado para avaliar os três comportamentos é o oedométrico, embora o ensaio triaxial também seja utilizado em casos específicos, como o que requer trajetória de tensões diferente da correspondente a ko. • O ensaio de adensamento propriamente dito é realizado utilizando-se o oedômetro. Esse equipamento é usado também na determinação da expansão e colapso do solo. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 6 Expansão, colapso e adensamento dos solos • O ensaio de adensamento fornece a tensão de pré- adensamento (sp), o coeficiente de adensamento (Cv), o índice de compressão (Cc) e o índice de re-compressão (Cr) do solo. • A tensão de pré-adensamento é obtida diretamente da curva tensão x índice de vazios sendo usuais em sua determinação os métodos de Casagrande e de Pacheco Silva. • Cc corresponde a inclinação dessa curva no trecho pré- adensado: • Cc = De / Dlogs’ Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 6 Expansão, colapso e adensamento dos solos • Cr corresponde a inclinação dessa mesma curva no trecho normalmente adensado: • Cr = De / Dlogs’ • Cv é obtido da curva tempo x recalque. Essa curva pode ser traçada usando-se a raiz quadrada do tempo (método de Taylor) ou o tempo em escala logarítmica (método de Casagrande). A equação a seguir fornece Cv, sendo que utiliza-se respectivamente por Taylor e por Casagrande o tempo e o fator tempo correspondentes a 90% e 50% de grau de adensamento. Nela Hd é a distância do ponto da amostra ao dreno (Hd=H na drenagem simples e Hd=H/2 na drenagem pelo topo e pela base da amostra ou da camada de solo). • Cv = T.Hd2 / t Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 6 Expansão, colapso e adensamento dos solos •Figura 19 – Modelos de ensaios de expansão e colapso, curvas de adensamento 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1 10 100 1000 Tensão Aplicada (kPa) Índice de Va zios Solo Natural Solo Saturado 2 kPa Solo Saturado 40 kPa 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1 10 100 1000 Tensão Aplicada (kPa) Índice de Va zios Solo Natural Solo Saturado 2 kPa Solo Saturado 40 kPa Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 7 Resistência dos solos • Ensaios de laboratório comumente utilizados na determinação dos parâmetros de resistência: • Cisalhamento direto; • Triaxial; • Palheta. • Ensaios de campo mais usados na determinação do comportamento mecânico: • SPT; • Palheta; • Cone; • Pressiômetro; • Dilatômetro; • Ensaios de placa e outras provas de carga. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 7 Resistência dos solos • São dois os parâmetros de resistência: • A coesão (c); • O ângulo de atrito (f). • Segundo o ensaio e condições de ensaio de laboratório usado (drenada ou não drenada), pode-se determinar os parâmetros de resistência: • Coesão não drenada (cu); • Coesão efetiva (c’); • Ângulo de atrito não drenado (fu); • Ângulo de atrito efetivo (f’). • Nos ensaios de campo apenas o de palheta permite a determinação direta da resistência do solo fornecendo a coesão não drenada cu. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 7 Resistência dos solos • A resistência ao cisalhamento (t) do solo é obtida a partir das seguintes equações: • a) Resistência em condições não drenadas • tu = cu + stgfu • b) Resistência em condições drenadas • t = c’ + s’tgf’ • c) Resistência do solo em condição não saturada • t = c’ + (s-ua) tg f’ + (ua-uw) tgfb Nessas equações s é a tensão normal, (ua-uw) corresponde a sucção mátrica no solo, sendo ua a pressão na fase ar e uw a pressão na fase água. fb o ângulo de atrito em relação à sucção matricial (s –ua) mantendo-se constante. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 8 Permeabilidade dos solos • Os solos apresentam a propriedade de permitir que a água percole através dele por meio dos poros interligados. Essa propriedade é chamada permeabilidade. • A permeabilidade do solo pode ser determinada de modo direto tanto em laboratório como no campo. Em laboratório, os métodos mais usuais são o ensaio de permeabilidade a carga constante para solos granulares e o ensaio de permeabilidade a carga variável para os solos finos. • A permeabilidade depende: • Do tipo de solo; • Da natureza, forma e tamanho das partículas; • Da porosidade e da distribuição dos poros; • Da temperatura; • Das características do fluido percolante. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 O solo na construção civil como fundação, corte e aterro • Dois são os aspectos básicos que o engenheiro deve avaliar na maioria dos projetos geotécnicos: • A deformabilidade (módulo, compressibilidade, expansão, colapso); • A resistência. • Deseja-se que o solo não apresente ruptura e que sofra o mínimo possível de recalque ou expansão. É necessário, no entanto, que se tenha em mente que, por vezes, o material mais deformável é o melhor para uma determinada situação, o que não significa que ele terá necessariamente uma menor resistência final. • Quanto a resistência, é necessário que se atente para aspectos como anisotropia, planos preferenciais de ruptura e estado de saturação do solo. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9.1 O solo como fundação • Para as obras de engenharia, é importante, portanto, caracterizar-se o material de fundação não só quanto à permeabilidade e fluxo, mas também quanto ao comportamento mecânico, sendo que a importância de cada um desses aspectos está atrelada às características e finalidades da obra. • Quanto à permeabilidade e ao fluxo, a análise do material de fundação deve se atrelar à avaliação do perfil de intemperismo e às condições de drenagem. • No que se refere ao comportamento mecânico, as preocupações situam-se no campo da capacidade de suporte propriamente dita, na expansibilidadee na compressibilidade ou colapsibilidade do solo. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9.2 O solo em cortes • Cortar o maciço é algo freqüente na implantação de obras de engenharia tais como: • Subsolos de edifícios; • Rodovias; • Galerias de águas pluviais. • No projeto do corte deve-se, antes de tudo, avaliar a física do local, a geologia, a geomorfologia, o nível de intemperização do perfil de solo a ser cortado, a hidrologia, a hidrogeologia, a direção do vento e da frente de insolação, o tipo de vegetação e seu estado, etc. • Na determinação dos parâmetros geotécnicos do solo a ser submetido a corte, é fundamental posicionar a amostra coletada em relação à obra e esta em relação à estratigrafia, ao fluxo natural, etc. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9.3 O solo em aterro • A construção de um aterro requer conhecimento detalhado do material de empréstimo. As condições de compactação do maciço dependem de fatores como: • Propriedades e comportamento do solo; • Finalidade da obra; • Características do material de fundação; • Características dos equipamentos disponíveis. • Dois aspectos merecem ser realçados quando da compactação do solo no campo: como variará a umidade do solo ao longo do tempo e como variam suas propriedades e comportamento em relação ao material estudado em laboratório. A influência desse último aspecto é ilustrada na figura a seguir. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9.3 O solo em aterro 13,5 14,5 15,5 16,5 17,5 18,5 12 15 18 21 24 27 30 w (%) d (k N/m 3) compactação com secagem:J-1 compactação natural:J-1 14,5 15,5 16,5 17,5 18,5 6 9 12 15 18 21 24 27 w(%) d(k N/m 3) compactação com secagem:J-2 compactação natural:J-2 13,5 14,5 15,5 16,5 17,5 18,5 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 w(%) d(kN /m3) compactação com secagem:J-3 compactação natural:J-3 12 13 14 15 16 17 12 15 18 21 24 27 30 w(%) d(k N/m 3) Compactação com secagem:J-5 compactação natural:J-5 (a) J-1 (b) J-2 (c) J-3 (d) J-5 •Figura 20 – Curvas de compactação de solos com e sem secagem e destorroamento prévio • (Pessoa et al. 2005). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 10 Considerações finais • O conteúdo deste capítulo não teve a pretensão de cobrir ou revisar a mecânica dos solos como um todo. • Ele limitou-se a apresentar noções básicas e algumas abordagens e tópicos relevantes para o engenheiro civil e para o geólogo de engenharia. • Mostrou-se a necessidade de se ampliar a literatura clássica de modo a abranger de modo mais completo os solos tropicais e os solos não saturados. • Os livros clássicos de mecânica dos solos tratam com maior detalhe tópicos como permeabilidade, adensamento e resistência ao cisalhamento.
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