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ALIMENTAÇÃO E SISTEMA NERVOSO CENTRAL Todos sabemos que o stress é algo presente na vida de quase todas as pessoas hoje-em-dia. Nos atletas não é diferente. Sejam eles amadores ou profissionais o stress estará presente mais tarde ou mais cedo. Nos triatletas amadores, o chamado age-groupers, isso pode acontecer ainda mais facilmente devido ao acumular de várias responsabilidades, ás quais se juntam o desgaste físico e psicológico do treino de triatlo, que é sem dúvida nenhuma um treino exigente. Há pois, que ter em atenção vários aspectos para podermos evitar cair numa espiral negativa física e psicologicamente, de modo a podermos levar uma vida equilibrada a todos os níveis. Entre as várias vertentes que influenciam o aumento ou diminuição do stress, falemos da parte alimentar. De facto, este é um dos factores que associamos, maior parte das vezes, à performance física, e não à performance mental. No entanto, este pensamento está errado, já que o que comemos tem um impacto directo no nosso sistema nervoso central. 1 – É verdade que a má alimentação pode provocar alterações no funcionamento cerebral? A alta ingestão de “junk foods” na sociedade moderna atual aumentou de forma considerável a ingestão de alimentos pobres em nutrientes (especialmente de vitaminas e minerais). Esses, por sua vez, apresentam funções primordiais em todos os sistemas corporais, inclusive no sistema nervoso central. Não é possível estabelecer uma relação direta de que a “falta de nutrientes causa problemas na performance cerebral”, porém é totalmente viável estabelecer que a falta de importantes nutrientes na alimentação pode diminuir o rendimento cerebral, aspectos cognitivos e qualidade do sono. 2. Qual a relação das proteínas nesse aspecto? As proteínas são formadas por aminoácidos, e diversos estudos mostram que determinados aminoácidos essenciais melhoram o sono com sua ação na síntese de neurotransmissores específicos. O triptofano é o aminoácido mais estudado pela literatura nas investigações sobre sono e performance cerebral. A importância deste aminoácido não se restringe apenas à sua contribuição no crescimento normal e síntese proteica, mas também na regulação de importantes mecanismos fisiológicos, tais como: síntese do neurotransmissor serotonina e desencadeamento do estado de tranquilidade, sonolência, sendo capaz de alterar o comportamento. Trabalhos sugerem que os níveis de serotonina cerebrais estão relacionados a alterações de comportamento e humor, ansiedade, agressividade, depressão, sono, fadiga, supressão de apetite, etc. As principais fontes de triptofano são: carnes magras, peixes, leite e iogurte desnatados, queijos brancos e magros, nozes e leguminosas. Outros trabalhos sugerem que refeições ricas em proteínas elevam os níveis plasmáticos de tirosina, e é sugerido que esse consumo poderia elevar a produção dos neurotransmissores catecolaminas, e assim estariam promovendo o estado de alerta. 3 – As vitaminas ajudam a combater os radicais livres e melhorariam o funcionamento cerebral? O cérebro produz grande quantidade de energia e, desta forma, gera radicais livres. A ação dos antioxidantes em relação à redução destes compostos já é bem conhecida e estudos recentes vêm relacionando-a ao cérebro. As vitaminas C e E associadas atuariam com neuroprotetores, devido à diminuição do stress oxidativo nas células nervosas, o principal factor associado a neurodegeneração. A vitamina C está nas frutas ácidas, como laranja, acerola, limão e abacaxi. Já a vitamina E está presente nos óleos vegetais (azeite, soja, milho, girassol), e nas castanhas. 4 – O iogurte, por conter o aminoácido tirosina, ajudaria na produção de dopamina e noradrenalina, que deixariam a pessoa mais alerta. É verdade? Conforme já mencionado anteriormente, um estudo realizado em 1997 sugeriu que refeições ricas em proteínas elevam os níveis plasmáticos de tirosina, aumentando assim a produção dos neurotransmissores catecolaminas (uma vez que os aminoácidos são precursores deste neurotransmissor), relacionada ao estado de alerta e à ansiedade. 5 – Comer algo à tarde ajudaria a manter o nível de glicose equilibrado e assim deixaria a pessoa alerta? Deve-se preferir comer o quê? Uma questão importante é que a glicose é a energia exclusiva do cérebro. Por isso, ficar muito tempo sem comer hidratos de carbono diminui a performance cerebral. Todas as refeições devem conter porções controladas desse nutriente. As formas de hidratos complexos (pães, arroz, batata, grãos) são absorvidas mais lentamente e por isso fornecem energia de forma mais regular. Já o açúcar dos doces é absorvido rapidamente, e caso não sejam utilizados, podem ser armazenados na forma de gordura e não fornecem energia de forma constante. Durante o período da tarde, é necessária a realização de uma refeição leve e equilibrada, que coincida com os hábitos alimentares e a rotina diária de cada pessoa, indica-se o consumo de alimentos fontes de hidratos de carbono complexos (pães – especialmente os integrais, torradas e biscoitos salgados), proteínas (leite e derivados), vitaminas, minerais e fibras (frutas). 6 – Peixes com ômega-3 são considerados bons para o cérebro? Por quê? Os ácidos gordos dos peixes são constituintes das células cerebrais, e por isso tem uma função estrutural importante. Alguns estudos sugerem uma melhora de sintomas como agressividade e depressão, após a ingestão de ácidos gordos ômega-3. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar a efetividade desses agentes. 7 – Café aumenta a concentração, deixa a pessoa mais alerta. Mas quantas chávenas seriam ideais? E não comprometeriam a função cerebral? A cafeína apresenta potente ação estimulante sobre o sistema nervoso central. É uma substância absorvida de modo rápido e eficiente pelo trato gastrointestinal. Os efeitos farmacológicos do uso constante de cafeína incluem efeitos psicomotores, com aumento da disposição física e diminuição do sono. A literatura sobre higiene do sono sugere diminuição do consumo de cafeína alegando que quanto maior o consumo, pior a qualidade de sono. Como ainda existem muitos resultados contraditórios quanto à segurança do consumo de cafeína, alguns estudos recomendam que sua ingestão diária seja em doses moderadas (até 300 mg/dia). A quantidade de cafeína em café é dependente de uma série de fatores como a variedade da planta, método de cultivo, condições de crescimento, além de aspectos genéticos e sazonais. No caso da bebida, por exemplo, além da quantidade de pó, influenciam também o tipo do produto (torrado ou instantâneo, descafeinado ou regular) e o processo utilizado no seu preparo. No entanto, dependendo da marca, do tipo e da forma de preparo do café, o consumo de uma xícara da bebida (60 ml) pode resultar em ingestões de até 73 mg de cafeína, o que implica que o consumidor que tem o hábito de tomar mais de 8 chávenas de café por dia poderá estar potencialmente exposto aos efeitos adversos da cafeína. 8 – Qual a função do zinco e selênio no sistema nervoso? Onde encontrar esses nutrientes? Apesar do seu papel não ser totalmente conhecido, sabe-se que este mineral se encontra nas células nervosas, demonstrando seu papel vital no sistema. Além disso, o zinco está envolvido com o desenvolvimento cognitivo. São fontes de zinco as carnes em geral. O selênio, um mineral com potente ação antioxidante, também está envolvido no perfeito funcionamento cerebral.
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