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Direito Administrativo II 2015

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CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO II (CERS + LFG) - 2015
		BENS PÚBLICOS
	Conjunto de coisas materiais e imateriais pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados e Municípios);
-	Latu Sensu – inclui a administração indireta (autarquias, fundações e as empresas públicas e sociedade de economia mista quando prestadoras de serviço público). 
Conceito de Domínio Público:
A expressão “domínio público” pode ter várias utilizações diferentes, sendo a doutrina divergente a respeito desse assunto. A maioria, contudo, emprega essa expressão em sentido amplo e em sentido estrito.
Domínio público em sentido amplo significa o poder de regulamentação/ dominação que o Estado exerce sobre todos os bens (bens públicos e privados, insuscetíveis de apropriação).
Ex. Estado pode regulamentar e controlar um terreno privado que está mal ou subutilizado pelo particular.
Domínio público em sentido estrito, por outro lado, são os bens que estão à disposição da coletividade, destinados ao uso coletivo. Esses bens podem ser chamados, também, de bens de domínio público (ou bens de uso comum do povo), que são os bens destinados à coletividade, à disposição da coletividade.
Conceito de Bem Público:
É todo bem pertencente a uma pessoa jurídica de direito público – pertencentes à administração direta, autarquias e fundações públicas de direito público. Nesse conceito, não importa se o bem está ou não afetado a uma finalidade pública, ou seja, independe para o conceito, a destinação desse bem, importando que ele pertença a uma pessoa de direito público. Esses bens podem ser de qualquer natureza – corpóreos, incorpóreos, móveis, imóveis, semoventes, créditos, direitos e ações.
O bem pertencente a pessoa jurídica de direito privado (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado) segue regime de bem público só se ele estiver diretamente ligado a prestação de um serviço público, o que faz com que eles ganhem tratamento de bem público em razão do princípio da continuidade.
O bem público possui uma maior proteção do que os demais bens. Protege-se mais esse bem porque ele é público, garantindo-se que o serviço será contínuo. Se o bem público não tivesse essa proteção, ele poderia ser onerado, alienado, o que geraria um risco de comprometimento à manutenção do serviço.
Em regra, os bens das empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado são bens privados, que não estão protegidos, podendo ser alienados e transferidos. Só seguem o regime de bem público alguns bens, ou seja, aqueles diretamente ligados à prestação de serviço público.
 Perguntas de Concurso: 
R: Bem de empresa de empresa pública é penhorável (verdadeiro). 
 Bem de empresa pública prestadora de serviço público é penhorável (verdadeiro).
 Bem de empresa pública que estiver diretamente ligado à prestação de serviço é penhorável (falso).
Obs: Não se pode esquecer da ECT, que tem exclusividade no serviço postal, e tem todos os seus bens protegidos pelo regime de bem público.
A posição adotada neste curso é defendida por Celso Antônio, Maria Sylvia, STJ, STF.
Contudo, José dos Santos Carvalho Filho entende que só segue o regime de bem público os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público. Para Carvalhinho, o bem de pessoa privada diretamente ligado à prestação de serviço público não é bem público. Ademais, bens públicos, para José dos Santos Carvalho Filho, são todos aqueles que, de qualquer natureza e a qualquer título, pertençam às pessoas jurídicas de direito público, sejam elas federativas, sejam da Administração descentralizada, como as autarquias e fundações de direito público.
Celso Antônio Bandeira de Mello inclui ainda aqueles bens que, embora não pertençam a uma dessas pessoas, estejam afetados à prestação de um serviço público, sob o fundamento que, uma vez afetados, se submetem ao regime jurídico dos bens de propriedade pública.
O CC/02 restringiu bastante os bens públicos, afirmando que em seu artigo 98 que: são públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Esse conceito restringe os bens públicos à titularidade das pessoas jurídicas de direito público.
Em suma, na verdade, existe controvérsia sobre o conceito de bens públicos:
a) alguns entendem que o conceito deve se restringir aos bens das entidades de direito público; 
b) outros entendem que deve ser extensivo aos bens de direito privado.
 Os bens de empresas públicas e de economia mista são, em regra, privados.
 STF também entende que somente são bens públicos aqueles pertencentes à entidades de direito público.
Obs: o STF entende que os bens da sociedade de economia mista estão sujeitos à tomadas de contas especial do TCU - contudo, isso não altera a natureza dos bens - o fundamento utilizado foi que "em razão da sociedade de economia mista constituir-se de capitais do Estado, em sua maioria, a lesão ao patrimônio da entidade atingiria, além do capital privado, o erário".
RESUMO: somente são bens públicos aqueles pertencentes a pessoas jurídicas de direito público; os bens das pessoas de direito privado integrantes da administração pública não são bens públicos, mas podem estar parcialmente sujeitos ao regime próprio dos bens públicos quando estiverem sendo utilizados no serviço público.
Para o STF e o STJ, Celso Antonio e Maria Sylvia, também são bens públicos aqueles bens pertencentes às PJ de direito privado, desde que os bens estejam ligados à prestação de serviço público. A ideia aqui é a continuidade do serviço público, são bens que, se retirados, vão comprometer esta continuidade, portanto, são bens ligados diretamente à prestação do serviço. 
Classificações dos bens públicos:
3.1) Quanto à titularidade:
Bens federais – São os que mais caem no Concurso. Esses bens estão enumerados na CF. No entanto, a CF, apesar de enumerar esses bens, dispõe um rol meramente exemplificativo. Vale a pena guardar a lista do art. 20 da CF.
Art. 20, CF - São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;(Redação pela EC nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Bens estaduais – Os bens estão no art. 26, da CF e o seu rol é exemplificativo;
Bens distritais – O DF não pode ser dividido em municípios. Então, sua competência soma a competência dos estados e dos municípios;
Bens municipais – Os bens municipais não estão na repartição constitucional. Esses bens não estão na CF, mas sim em leis.
3.2) Bens Públicos quanto à sua destinação:
Bens de uso comum do povo ou bem de domínio público – 
São os bens destinados à utilização geral pelos indivíduos/ coletividade; locais abertos ao uso coletivo. Esse bem está à disposição da coletividadee tem uso indiscriminado, ou seja, sem distinção. 
Ex. de bens de uso comum do povo: ruas, praças, praias, logradouros públicos, mares, estradas, etc.
Atenção! O Estado pode regulamentar a utilização do bem de uso comum do povo, apesar de ele estar destinado à utilização indiscriminada.
Ex. Praça foi cercada de grade. Isso é possível (ex. segurança pública).
Ex. Minhocão fica fechado no fim de semana, pois senão incomodaria muito as pessoas que moram nos seus arredores.
 Pergunta de Concurso: Como compatibilizar direito de reunião e de utilização (indistinta/ indiscriminada) de bem público de uso comum do povo?
R: O bem de uso comum do povo está à disposição da coletividade, para o uso indistinto. Para o seu uso normal, não é necessária autorização (ex. pessoa quer fazer o seu aniversário no meio da rua – isso não é uso normal; pessoa quer ir à praia tomar sol – uso normal).
O direito de reunião está previsto no art. 5º, XVI, CF, que diz que todos podem se reunir pacificamente sem armas, em locais abertos, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião, com prévio aviso à autoridade competente. Então, para se fazer o direito de reunião, é necessário: (a) local aberto ao público (praça, avenida, etc); (b) encontro pacífico; (c) sem armas; (d) independente de autorização; (e) com mero aviso prévio; (f) desde que não frustre reunião anterior.
O problema é que o direito de reunião sai do uso normal – o que exige que haja autorização do poder público. Contudo, o direito de reunião, em si, não exige autorização. A jurisprudência, então, soluciona o problema da seguinte forma: a pessoa que quer se reunir faz o prévio aviso de que irá fazer o direito de reunião (não há autorização aqui, mas mero aviso). A administração pública pode, fundamentadamente, vetar o local escolhido, devendo, porém, neste caso, indicar outro local para que a reunião possa acontecer, local este de mesma visibilidade e de mesma repercussão (ressonância).
No exemplo da questão, a administração vedava a reunião porque era uma reunião dos inimigos políticos do administrador. Além disso, o administrador indicou um local de dificílimo acesso para que os seus inimigos se reunissem, tudo com o objetivo de dificultar e impedir a reunião. Isso não pode acontecer.
Bens de uso especial ou bens do patrimônio administrativo – 
Os bens de uso especial são aqueles destinados especialmente à prestação de serviços públicos. São os bens afetados à prestação de serviços públicos.
Esses bens são considerados “instrumentos do serviço público” (aparelhamento estatal na prestação do serviço público).
Ex. Repartições públicas, escolas públicas, hospitais públicos, mercados municipais, teatros públicos, veículos oficiais, navios militares, terras de silvícolas, aeroportos, museus públicos, cemitérios, etc.
Obs: Cemitérios e serviços funerários: seus bens e administração variam de cidade para cidade.
O bem de uso especial pode ser utilizado pelos indivíduos, desde que estes obervem as condições para a sua utilização (horário, regulamento, autorização).
DICA: Bem de uso comum do povo e bem de uso especial estão afetados/ vinculados a uma finalidade pública, ou seja, eles estão ligados, destinados a uma finalidade pública. 
Bem dominicais ou bens dominiais ou bens do patrimônio disponível –
São aqueles que não estão afetados/vinculados à finalidade pública. Esse conceito é definido por exclusão.
Ex. Terras devolutas, prédios públicos desativados, bens móveis inservíveis, dívida ativa.
Para a maioria dos autores, “bens dominicais” é sinônimo de “bens dominiais”. 
Contudo Cretella Júnior faz diferença desses conceitos. Para esse autor, bens dominiais são todos os bens que estão sob o domínio do Estado. Já dominicais seriam os bens que não possuem finalidade pública. Isso já caiu em prova da Fundação Carlos Chagas.
Regime Jurídico dos bens públicos:
4.1) Alienabilidade: 
Os bens públicos são, em regra, segundo a doutrina mais moderna, alienáveis de forma condicionada, ou seja, preenchidas algumas condições, podem ser alienados. A doutrina fala ainda que os bens públicos são inalienáveis de forma relativa.
Então, em regra, se os bens são de uso comum do povo ou de uso especial, esses bens são inalienáveis, estando afetados à finalidade pública. Já os bens dominicais são aqueles que, por não estarem destinados à finalidade pública são alienáveis na forma da lei (não são alienáveis de qualquer jeito). Para se alienar esses bens, será necessário preencher algumas condições, analisando-se a afetação e desafetação. Para um bem estar alienado, ele deve estar DESAFETADO.
Afetação e Desafetação:
Alguns autores preferem a terminologia consagração/ desconsagração ao invés de afetação/ desafetação. Afetação é dar a finalidade pública. Desafetação é retirar a finalidade pública. 
Ex. Imóvel onde funciona a Prefeitura – é um bem de uso especial, inalienável. Se uma pessoa doa ao poder público uma nova casa, que está desativada, sem uso, sem finalidade pública, e essa segunda casa passa a ser a nova sede da Prefeitura. Essa segunda casa, que é, hoje, um bem dominical, alienável, pois não tem finalidade pública (bem dominical), ao ver deslocada a sede da prefeitura, sendo a nova sede da prefeitura, passa a ser um bem de uso especial, inalienável, destinado à finalidade pública. Então, se o bem ganhar finalidade pública, ele passa a ser afetado - houve afetação. A antiga prefeitura está abandonada, porque perdeu destinação pública, ou seja, foi desafetada, sendo, agora, um bem dominical, e, portanto, alienável.
Se se transforma um bem dominical em bem de uso comum do povo ou bem de uso especial há afetação. Na afetação, transforma-se o bem em inalienável, dando-lhe finalidade e destinação pública. Pela afetação, passa-se a proteger mais esse bem. Por isso, segundo a doutrina, não é necessária muita formalidade para afetar um bem, sendo possível fazê-lo pelo simples uso, através de um ato administrativo, ou por meio de lei (pois está se protegendo mais o bem). Então, a afetação pode ser de qualquer jeito, pois protege mais.
Mas, se um bem de uso comum do povo se torna bem dominical, a desafetação é mais exigente, pois antes o bem estava para o uso da coletividade e depois não mais estará. Então, esse bem que sofre desafetação perde proteção. 
Por isso, só se pode desafetar um bem por lei ou por ato administrativo autorizado por lei. Atenção! Para se desafetar um bem, não basta deixar de utilizar. Deve haver uma formalidade, não podendo ser pelo simples desuso.
Se o bem é de uso especial e passa a ser um bem dominical, esse bem passa a ser desafetado. Mas, segundo a doutrina majoritária, essa desafetação pode ser realizada por lei ou por ato administrativo, ou mesmo por um fato da natureza que impeça com que esse bem continue cumprindo a sua finalidade (ex. incêndio, raio, etc). Aqui, a doutrina é um pouco mais flexível.
De bem...
Passa a ser bem de...
Formas
Dominical
Uso comum
Uso especial
(afetação)
Destinação natural
Ato administrativo
Lei
Uso comum
Dominical
(desafetação)
Lei
Ato do Executivo (qdo autorizado)
Uso especial
Dominical
(desafetação)
Lei
Ato do Executivo
Fato da natureza.
Obs1: Dicas: O simples não uso, para a maioria dos autores, não desafeta o bem, apesar de o uso afetar (pois o uso protege mais). A desafetação, diversamente da afetação, depende de formalidade. 
Mas, José dos Santos Carvalho Filho entende minoritariamente que a forma é irrelevante para se desafetar os bens. 
Obs2: Para a maioria dos autores, afetar/desafetar é dar/retirar a finalidade pública, respectivamente. Além disso, bem de uso comum ou bem de uso especial transformado em bem dominical é desafetação. Bem dominical transformado em bem de uso comum e bem de uso especial é afetação. Então, para a maioria da doutrina, afetação/desafetação passa pelo fato de o bem ser dominical: ou era dominical ou passa a ser dominical. Contudo, CelsoAntônio Bandeira de Melo entende, minoritariamente, que há afetação/desafetação quando se vai transformar o bem de uso comum para uso especial e bem de uso especial para bem de uso comum, respectivamente. O fundamento, para ele, é que há mudança de finalidade.
Requisitos para a alienação dos bens públicos:
O bem deve estar desafetado;
Deve-se observar, quando da alienação, os requisitos do art. 17, da Lei 8.666/93.
2º.1) Requisitos para a alienação de bens imóveis:
Se o imóvel pertencer a uma pessoa jurídica de direito público, para aliená-lo, será necessária autorização legislativa. Se o imóvel pertence à pessoa privada, não há necessidade dessa autorização.
Será necessária uma declaração de interesse público: a administração deve justificar e demonstrar os fundamentos para alienação.
Avaliação Prévia: o objetivo é ter um parâmetro para a alienação, para preparar o que ocorrerá em uma futura licitação.
Licitação na modalidade concorrência, em regra. Excepcionalmente, o art. 19, da Lei 8.666/93 diz que se o imóvel é decorrente de decisão judicial ou de dação em pagamento, a modalidade de licitação é por concorrência ou leilão.
Em algumas hipóteses, o próprio art. 17 traz dispensa de licitação. A dispensa significa, nesse caso, licitação dispensada, em que a competição é possível, viável, mas o legislador dispensa. O administrador não possui liberdade nesse caso (licitação dispensada no caso de doação, permuta, dação em pagamento e investidura). A doação de imóveis entre entes é a que mais aparece em prova de concurso.
Art. 17, Lei 8.666/93 - A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: 
a) dação em pagamento; 
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (§1º Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário).
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; 
d) investidura; 
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo; 
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; 
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; 
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; 
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; 
Art. 19, Lei 8.666/93 - Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I - avaliação dos bens alienáveis;
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão.
2º.2) Requisitos para a alienação de bens móveis:
Será necessária uma declaração de interesse público (a administração deve justificar e demonstrar os fundamentos para alienação).
Avaliação Prévia: o objetivo é ter um parâmetro para a alienação, para preparar o que ocorrerá em uma futura licitação.
Licitação: Nesse caso, não há uma modalidade específica, dependendo do valor do bem. Até R$ 650.000,00 será utilizada a modalidade leilão (art. 17, §6º, Lei 8.666/93). Mas, dependendo do objeto e do interesse da administração, poderão ser utilizadas outras modalidades de licitação.
Excepcionalmente, o art. 17, da Lei 8.666/93 diz que haverá dispensa de licitação. 
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; 
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; 
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. 
Obs: 
§4º A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente justificado; 
§5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do doador.
§6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão. 
4.2) Impenhorabilidade:
Os bens públicos não podem ser objeto de penhora, de arresto ou de sequestro. 
O bem público não pode ser alienado de qualquer maneira; logo, ele não pode ser objeto de penhora. A impenhorabilidade decorre da inalienabilidade dos bens públicos.
Arresto e sequestro são cautelares típicas, que tem como objetivo proteger a futura penhora. No arresto, reserva-se um bem para que o devedor não possa se desfazer desse bem e tenha patrimônio para pagar a dívida. Na execução, o objeto do arresto é convertido em penhora. O arresto é a restrição sobre bens indeterminados; e sequestro sobre bens determinados. O arresto e o sequestro garantem uma futura penhora. Se não cabe penhora, não cabe arresto, tampouco sequestro.
O respaldo à impenhorabilidade, ou seja, a garantia de que o Estado irá pagar as suas dívidas, é o regime de precatórios, previsto no art. 100, da CF. 
O regime de precatórios é uma fila organizada para pagamento dos débitos judiciais, de acordo com a ordem cronológica de sua apresentação (a CF autoriza a possibilidade de sequestro de valores, se desrespeitada a ordem cronológica de pagamento dos precatórios – retira-se de quem recebeu indevidamente e paga-se quem deve efetivamente receber).
4.3) Impossibilidade de Oneração:
Quando se fala em oneração, fala-se em direitos reais de garantia. Os bens públicos não podem ser objeto de direitos reais de garantia – penhor, hipoteca, anticrese.
A oneraçãoocorre fora de uma ação de execução. Mas, quando for ajuizada a ação de execução, essa garantia será transformada em penhora. Ao final do processo, haverá uma alienação.
A anticrese é a utilização pelo credor do patrimônio do devedor e, com o produto dessa exploração, ele paga a dívida.
4.4) Imprescritibilidade:
Fala-se, aqui, na impossibilidade de prescrição aquisitiva, ou seja, usucapião: o bem público não pode ser usucapido. Diversamente, o Estado pode usucapir bens dos particulares.
Isso vem previsto no art. 183, §3º, CF, art. 191, parágrafo único, CF e súmula 340, STF.
Art. 191, parágrafo único, CF - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 183, §3º, CF - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Súmula 340, STF - Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
Formas de aquisição de bens públicos:
Compra (Institutos contratuais);
Doação;
Permuta;
Dação em pagamento;
Usucapião;
Desapropriação;
Direito hereditário (testamento, herança jacente – quando não há herdeiros necessários);
Acessão natural: 
Álveo abandonado (o rio seca ou muda o seu curso: a nova terra passa a ser do terreno marginal, que passa a ser bem público); 
Aluvião (pequenas quantidades de terras imperceptíveis descem pelas águas, dos imóveis superiores para os imóveis inferiores); e,
Avulsão (um bloco de terra perceptível se desgruda do imóvel superior e se fixa no imóvel inferior).
Arrematação;
Adjudicação;
Aquisição de bens por parcelamento do solo urbano (condomínios, loteamentos). 
Ex. Um particular vai lotear um imóvel: aquela área que é pública no loteamento passa a ser do Estado, quando do registro do loteamento.
Pena de perdimento de bens objetos de crime (art. 91, do CP).
Reversão de bens, cf. Lei 8.987 e Lei 8.666, em que na extinção do contrato, bens são ocupados provisoriamente e, ao final, revertidos ao domínio estatal.
Etc. (rol exemplificativo).
Gestão dos Bens Públicos:
Os bens públicos podem ser utilizados pelo Estado (pessoas jurídicas de direito público) e pelos particulares.
Quanto às formas de utilização dos bens públicos, podemos ter:
6.1) Utilização quanto aos fins naturais do bem (quanto à finalidade para a qual o bem foi criado);
Uso normal – andar pela praça, tomar sol na praia; Nesse caso, para fazer o uso normal do bem, não é necessário o consentimento do poder público.
Uso anormal – dar uma festa no meio da rua, luau na praia só para quem comprar o ingresso; Nesse caso, é necessária autorização do poder público.
6.2) Utilização quanto à generalidade do uso:
Utilização comum – O bem está à disposição da coletividade, há generalidade do uso, com o direito de todos utilizarem o bem. A indiscriminação (não discriminação) no uso significa também uso gratuito, pois confere-se o direito de utilizar o bem também para aqueles que não podem pagar pela utilização. Essa utilização geral e comum é sem gravame ou onerosidade.
Obs: Área azul; pagamento pela entrada em um museu. Nesses casos, a partir do momento em que se estabelece um gravame, sai-se da utilização comum e dá-se ao bem uma utilização especial.
Utilização especial – Há regras especiais para o uso do bem. Deve haver o consentimento do Poder Público/Estado para o uso. Em algumas situações há a obrigação de pagar. Existem 3 hipóteses de utilização especial.
b.1) Utilização especial remunerada – Nesse caso, só há utilização por parte de quem tem condições de pagar. As rodovias possuem uma utilização especial remunerada, ainda que sejam bem de uso comum do povo. Outro exemplo de utilização remunerada é a utilização de algumas pontes, em determinadas regiões do Brasil. Outros exemplos são a área azul, entradas nos museus.
 
b.2) Utilização especial como uso privativo – (é a que mais cai em concurso) Ex. Pessoa resolveu abrir um barzinho e pretende colocar mesinhas na calçada. A calçada, nesse caso, apesar de ser um bem de uso comum do povo, está em utilização especial privativa. Ou seja, no uso privativo, o particular usa o bem público como se fosse seu (como se ele fosse o dono do bem). Nesse caso, deve haver uma autorização do Estado. Na utilização especial privativa, há institutos de direito público e institutos de direito privado. 
Ex. Particular que detém o uso privativo do bem pode locar o bem.
Na utilização privativa do bem, existem três institutos possíveis: autorização de uso, permissão de uso e concessão de uso.
Autorização de Uso de Bem Público: É utilizada no caso de evento ocasional e temporário. 
A autorização de uso de bem público é feita no interesse do particular. 
É realizada através de um ato administrativo unilateral, ou seja, a administração pratica esse ato sozinha, dispensando a atuação do particular.
A autorização de uso também é um ato discricionário, de modo que a Administração a concederá de acordo com a conveniência e a oportunidade.
A autorização de uso é ato precário, que a administração pode desfazer ou retirar a qualquer tempo, e sem indenização. 
A autorização de uso de bem público não precisa de licitação (até porque é feita no interesse do particular), nem de autorização legislativa.
Ex. luau na praia, aniversário na rua, carnaval fora de época na rua, quermesse da Igreja na rua.
Permissão de Uso de Bem Público: É uma situação mais permanente e mais regular do que a autorização, mas pode ser desfeita com facilidade. 
Trata-se de uma utilização realizada em favor do interesse público E do interesse privado.
A permissão também se realiza via ato administrativo unilateral, discricionário e precário.
Cuidado! Não confundir permissão de uso de bem com permissão de serviço público. Na prova, deve-se atentar se está se falando de permissão de uso ou permissão de serviço!!
A permissão de uso nasceu como ato administrativo unilateral, discricionário e precário. Mas, em 1995, o art. 40, da Lei 8.987/95 deu à permissão de serviço público a natureza contratual (que passou a ser formalizada por contrato administrativo). A permissão de uso, contudo, continua sendo ato unilateral discricionário e precário!! Então, não se pode confundir a permissão de uso com serviço.
A permissão de uso de bem público só pode se dada para bens e situações que podem ser desconstituídos com facilidade.
Ex. Barracas de praia mais simples, mesas na calçada, carrinho de cachorro quente, banca de jornais e revistas podem ser objeto de permissão de uso. Grandes alvenarias, construções e investimentos não podem ser objeto de permissão de uso de bem público.
Na permissão de uso, existem duas situações diferentes:
Permissão de uso simples – que não está atrelada a nenhum prazo;
Permissão de uso condicionada – que tem prazo, gerando o dever de indenizar se for desconstituída antes do termo final (assemelha-se à concessão de uso de bem).
Concessão de Uso de Bem Público: A concessão de uso de bem público é feita no interesse público (não há interesse privado). 
Ela será realizada por contrato administrativo, necessariamente precedido de licitação, e com prazo determinado. 
A concessão de uso exige autorização legislativa.
Trata-se de situações com investimentos maiores, mais permanentes (que não se precisa desfazer com tanta facilidade). 
Se o particular faz um maior investimento, ele pode ser indenizado se houver uma ruptura do contrato.
Ex. Lanchonete na escola pública; restaurante em um hospital público, etc.
Outras formas de uso privativo de bem público:
Concessão de direito real de uso;
Cessão de uso;
Enfiteuse;
Locação;
Arrendamento;
Comodato;
b.3) Utilização especial Compartilhada – Está cada vez mais presente no Brasil. Aqui, estão as hipóteses em que o Estado e o particular utilizam em conjunto o bem. São os bens que são utilizados pelo poder público e por pessoas privadas ao mesmo tempo. A utilização especial compartilhada pode se dar através de convênios, contratos ou servidão (ex. passagem de fios de energia elétrica).
Ex.Utilização do telefone público no meio da rua. A calçada é do Estado; o telefone é da empresa privada de telefonia; outdoors.
Bens Públicos em espécie (art. 20, da CF):
Art. 20, CF - São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
Então, não são todas as terras devolutas que são bens da União.
O conceito de terra devoluta surgiu no Brasil a partir do final do regime de capitanias hereditárias. Algumas áreas foram apropriadas pelos particulares. Outras sobraram e foram chamadas de “terras sem dono”, ou “terras devolutas”. Então, as terras devolutas foram terras não apropriáveis pelos particulares.
Hoje, terra devoluta é aquela que ainda não foi discriminada, definida, demarcada (não medida, com os limites ainda não definidos). 
Se a área passar a ser discriminada, ela deixará de ser terra devoluta e passará a ser uma terra pública. 
No Brasil, as terras devolutas são, em regra, de propriedade dos estados-membros (art. 26, da CF - Incluem-se entre os bens dos Estados: IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União). Somente algumas terras devolutas são de propriedade da União. (Normalmente serão da União aquelas terras de interesse nacional, como, por exemplo, terras interessantes para a defesa nacional).
Obs1: A via federal de comunicação é importante para a defesa nacional (é possível um ataque ao Estado brasileiro através das vias federais de comunicação).
Obs2: Alguns estados concederam as terras devolutas para as universidades públicas e essas terras passaram a ser utilizadas pelas Universidades, como estas bem entendem.
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado (aqui é para evitar um conflito interno por causa dessas correntes de água), sirvam de limites com outros países (aqui, a segurança nacional está em jogo), ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham (aqui, também, a ideia é a da segurança nacional que se quer preservar), bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
Praia fluvial é aquela que está à margem do rio.
Terreno marginal corresponde à distância de 15 metros contados desde a linha média das enchentes ordinárias dos rios.Se o rio é da União, o terreno marginal é da União. Mas, se o rio pertence a um particular, o terreno marginal também será da União. 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
São somente as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países que são bens da União. As demais ilhas fluviais e lacustres não são da União.
Ilha oceânica é aquela que está em alto-mar.
Ilha costeira é aquela que está na margem.
Essa regra foi objeto de alteração pela EC 46. Por essa alteração, ficaram excluídas as ilhas que sejam sedes de municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e à unidade ambiental federal e as referidas no art. 26, II (que pertencem aos Estados).
Então, pertencem à União as ilhas oceânicas e costeiras. Antes da EC 46, não havia qualquer exceção quanto a essas ilhas, de modo que todas, sem exceção, eram bens da União. Contudo, algumas ilhas no Brasil eram sede de municípios (ex. Florianópolis), sendo que todos os bens do município ficavam em propriedade da União. E isso comprometia a independência e autonomia do município.
Então, a CF passou a dispor que as ilhas oceânicas e costeiras passariam a ser bens dos municípios se fossem sede de municípios, salvo as áreas afetadas ao serviço público federal e às unidades ambientais federais – que continuaram da União – e, também, salvo aquelas áreas que pertenciam aos Estados membros – cf. art, 26, CF.
As demais ilhas são bens da União.
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
O mar territorial é de propriedade da União e corresponde à faixa de água de 12 milhas, contados da margem. Nesta faixa, o Brasil exerce soberania.
Saindo do mar territorial em direção ao alto-mar, há mais uma faixa de 12 milhas (12 a 24 milhas) que é a zona contígua. O Brasil não exerce soberania sobre a zona contígua, mas somente poder de polícia. Então, sobre o que acontece nessa área, o Brasil exerce poder de polícia. 
De 12 até 200 milhas (do mar territorial até 200 milhas) há a zona econômica exclusiva. Todos os recursos naturais até a zona econômica exclusiva são bens da União. 
Mas, de 24 a 200 milhas já não há mais soberania.
Após a zona econômica exclusiva, há o alto-mar.
Os recursos naturais que estão na plataforma continental são bens da união. A plataforma continental é o prolongamento das terras que vai embaixo das águas.
(Propriedade da União – Brasil exerce soberania)
(Brasil exerce poder de Polícia)
(Os recursos naturais pertencem à União).
(Os recursos naturais também pertencem à União).
(0 a 12 milhas)
(12 a 24 milhas)
(12 a 200 milhas)
ALTO-MAR
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Para dentro do continente, há os terrenos de marinha, que compõem a faixa de 33m da preamar média para o interior do continente. Preamar media é a média da maré alta (calcula-se a média da maré alta e conta-se 33m para o interior do continente). 
Os terrenos de marinha foram demarcados no Brasil em 1.850, mais ou menos. Naquele momento, mediram-se os terrenos de marinha e demarcaram-se essas áreas. De lá pra cá, muita coisa mudou. Então, é possível que, hoje, uma casa a beira-mar ainda esteja em terreno de marinha. Mas, é possível que o terreno de marinha tenha sido engolido pelo mar.
Se a água avança sobre o continente, engolindo o terreno de marinha, o terreno de marinha desaparece. O terreno de marinha não pode ser remarcado. Mas, da mesma maneira que, em algumas regiões do Brasil, a água avançou, em outras regiões a água recuou, sobrando terras antes do terreno de marinha (entre o terreno e a água). Essa nova faixa de terras é chamada de “acrescido de marinha”. Os acrescidos de marinha também são bens da União.
No Brasil, os terrenos de marinha são utilizados, em sua maioria, através das enfiteuses. O pagamento por essa utilização é o foro anual. O enfiteuta é o particular que tem o domínio útil do bem. O enfiteuta também paga o laudêmio, que é o pagamento pela transferência do domínio útil.
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Os recursos minerais do solo e do subsolo são bens da União, independentemente de onde estejam localizados. É como se os recursos minerais fossem destacados do solo e do subsolo. Os recursos minerais não se misturam com o solo.
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
As terras ocupadas pelos índios são bens da união. Os índios fazem a utilização especial desses bens. O índio tem a posse sobre esses bens.
§1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
O parágrafo segundo trata da faixa de fronteira, faixa esta que é de até 150 km de largura, AO LONGO DAS FRONTEIRAS TERRESTRES.
 Pergunta de Concurso: A faixa de fronteira pertence a quem?
R: Essa previsão está no parágrafo segundo, e não nocaput. O dispositivo não diz que a faixa de fronteira é bem da União. A União regula a ocupação e utilização da faixa de fronteira, apenas, não sendo dona dessa faixa. Então, a União apenas disciplina a ocupação e utilização da faixa de fronteira.
Art. 20, §2º, CF - A faixa de até 150 quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Obs: Lei 12.651/12 – NOVO CÓDIGO FLORESTAL – De uma forma geral, o Código saiu mais ou menos como estava no projeto.
		INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA
1) Introdução. Conceito. Fundamento. Natureza Jurídica:
Intervenção do Estado na propriedade privada é exceção. A regra é de que o Estado não intervirá na propriedade privada. Excepcionalmente, é possível a intervenção. Então, eventual intervenção deve ser bem fundamentada, justificada, prevista na lei.
Direito de Propriedade é o direito de gozar, usar, fruir, dispor e reaver o bem de quem quer que ele esteja, atendendo sempre o caráter absoluto, exclusivo e perpétuo.
O exercício absoluto do direito de propriedade significa que a pessoa tem total liberdade sobre a utilização daquele bem, exercendo o seu direito de forma livre.
Esse direito também se exerce em caráter exclusivo, ou seja, o titular da propriedade exerce seu direito de forma só. Se alguém passa a utilizar a propriedade junto com essa pessoa, ela perde o seu caráter exclusivo.
O caráter perpétuo significa que o bem será do titular, enquanto essa for a vontade dele.
A intervenção na propriedade é exatamente a interferência em alguma das características da propriedade da exclusividade, absolutismo e perpetuidade.
O direito de propriedade está previsto na CF, art. 5º, XXII e XXIII.
Art. 5º, XXII, CF - é garantido o direito de propriedade;
Art. 5º, XXIII, CF - a propriedade atenderá a sua função social;
Para a maioria dos doutrinadores, especialmente para a doutrina moderna, hoje, no Brasil, a intervenção na propriedade tem fundamento no exercício do poder de polícia, salvo no caso da desapropriação.
Poder de polícia significa restringir, limitar, frenar a atuação do particular, em nome do interesse público. Busca-se, no poder de polícia, compatibilizar o interesse público com o particular, para se atingir o bem-estar.
Excepciona-se a desapropriação, porque, nela, retira-se o bem do particular.
Obs: Hely Lopes Meirelles dizia que o poder de polícia servia como fundamento somente para a limitação administrativa. Hoje, ele é minoria.
A regra é a não intervenção. Mas, excepcionalmente, o Estado poderá fazer a intervenção.
A intervenção na propriedade, basicamente, se resume em duas situações justificadoras:
Supremacia do interesse público (ex. desapropria-se para fazer uma escola, um hospital, etc.);
Prática de uma ilegalidade. (ex. pessoa planta maconha em seu sítio pode dar ensejo a uma desapropriação confisco; pessoa que adota trabalho escravo em sua propriedade pode sofrer desapropriação com pagamento em títulos da dívida agrária.).
A intervenção na propriedade se divide em duas formas. Pode-se restringir a propriedade, sendo que o dono continua dono do bem. Ou, pode haver intervenção na propriedade em que o dono deixa de ser dono.
Há, então, a intervenção restritiva, que não retira a propriedade do dono, mas apenas restringe seu direito sobre ela. São intervenções restritivas: limitação, requisição, servidão, ocupação temporária, servidão, tombamento. Por outro lado, há a intervenção supressiva, que é aquela que retira a propriedade do particular para o Estado. Há a transferência da propriedade para o Estado. Esta forma é a mais grave e drástica de intervenção. A única hipótese de intervenção supressiva hoje existente é a desapropriação. Por ser uma intervenção mais drástica, retirando a propriedade da pessoa, ela tem um procedimento mais rigoroso e dificultado. Celso Antônio chama a desapropriação de “sacrifício de direito”, pois por ela, retira-se o direito de propriedade.
Obs: Pessoa tem uma propriedade. O poder público estabelece uma intervenção na sua propriedade e diz que a pessoa não pode fazer mais nada sobre o bem. Qual é essa intervenção? Muitas vezes, o Estado simula uma forma restritiva de intervenção, quando, na realidade, ele está desapropriando, pois, quando o dono não pode fazer mais nada sobre o bem, ele está perdendo a propriedade. O Estado faz isso para fugir do dever de pagar indenização. Mas, se o Estado está tomando a propriedade, fazendo intervenção supressiva, sem fazer o devido procedimento e sem pagar a indenização, o Estado está fazendo uma desapropriação indireta.
Cuidado! Muitas vezes o concurso traz uma intervenção sob a denominação de ser restritiva, sendo que, na verdade, o Estado está fazendo é uma intervenção supressiva. Então, se o Estado toma o bem sem o devido procedimento, ele está fazendo uma desapropriação indireta.
2) Limitação Administrativa:
A limitação é uma forma de intervenção na propriedade em que o poder público age estabelecendo obrigações de caráter geral.
Ela é imposta por normas gerais e abstratas, de modo que o proprietário atingido é indeterminado. A limitação administrativa é, por excelência, exercício do poder de polícia, que vai atingir basicamente o direito de construir.
Um exemplo: pessoa tem um terreno e resolveu construir um edifício. O poder público diz que naquela área da cidade só serão possíveis 6 andares (para não atrapalhar a ventilação e a preservação urbanística da cidade). 
A limitação administrativa atinge o caráter absoluto da propriedade. Ela afeta a liberdade do particular.
A limitação administrativa pode ser ligada a diversas áreas, como, por exemplo, regras de segurança, questões ambientais, urbanísticas, questões de salubridade e de defesa nacional.
A limitação administrativa busca a compatibilização de interesses público e particular e o bem-estar social (é exercício do poder de polícia).
Em regra, a limitação administrativa não gera obrigação de indenizar. Ela atinge proprietários indeterminados, de modo que, como regra, não há obrigação de indenizar.
O poder judiciário pode controlar e rever uma providência tomada em sede de limitação administrativa? Dentro da legalidade sim. Se a providencia não for razoável ou legal, o judiciário poderá fazer o controle de legalidade da medida.
Limitação administrativa é diferente da limitação civil. O direito de vizinhança, por exemplo, estabelece algumas limitações civis. A limitação civil é diferente da administrativa no que diz respeito ao interesse. A limitação civil persegue o interesse privado, enquanto a limitação administrativa persegue o interesse público.
O direito privado é regulado pelo direito civil, que é diferente do direito administrativo, que regula a limitação administrativa.
Obs: Em Balneário Camburiu, em virtude de ausência de limitação administrativa, tem uma parte da praia que não pega sol. Em Santos, em razão da ausência de limitação administrativa, alguns prédios muito altos se inclinaram em razão dos efeitos da ventilação. Isso pode comprometer a segurança da cidade.
3) Servidão Administrativa:
Servidão administrativa é um instituto de natureza de direito real sobre coisa alheia. Isso significa que, se a servidão é um direito real, ela é um direito perpétuo, depende de transcrição e tem todas as características de um direito real.
Ex. Tubulação de saneamento básico e encanamento passam pela propriedade particular. Essa é uma intervenção restritiva. A pessoa continua dona do bem, mas vai ter que aceitar que os canos e tubos de saneamento básico passarem por sua propriedade. Passagem de fios de energia elétrica, gasoduto.
O objetivo da servidão administrativa é o serviço público e a finalidade pública.
Cuidado! Algumas propriedades rurais têm fios elétricos e torres de alta tensão! Onde tem torres de alta tensão, geralmente há uma placa que proíbe que se plante,construa, ou utilize a área próxima à torre. Nesse caso, embora o Estado tenha feito uma intervenção com o nome de “servidão”, ele praticou, na verdade, uma desapropriação. 
Então, deve-se diferenciar a servidão da situação que ocorre desapropriação indireta.
Na servidão, alguém utiliza a propriedade junto com o proprietário. Ela afeta o caráter de exclusividade da propriedade. Ela impõe ao proprietário que suporte um ônus parcial sobre o imóvel.
A servidão é um direito real que tem caráter perpétuo. Ela é constituída e perdura para sempre, enquanto essa for a vontade do Estado. Assim, a servidão não se extingue pela prescrição.
A servidão pode gravar bens públicos e bens privados.
A formalização da constituição da servidão se dá através de autorização legislativa. Além de haver a autorização legislativa, a servidão pode ocorrer de três maneiras diferentes:
Servidão legal – Decorre diretamente da previsão legal – a própria lei autoriza e cria a servidão, independendo para sua constituição de qualquer ato jurídico, unilateral ou bilateral.
Ex.: Servidão ao redor dos aeroportos (serviço de navegação aérea);
Servidão pode decorrer de acordo entre as partes, sendo, nesse caso, precedida de declaração de utilidade pública. 
Ex.: Servidão de energia elétrica.
Servidão pode decorrer de sentença judicial.
Enquanto direito real, a servidão dependerá de registro (transcrição).
O registro é obrigatório em todas as hipóteses? O registro do imóvel serve para dar publicidade à propriedade e também tem o objetivo de proteger terceiros de boa-fé. Então, quando se vai criar uma servidão, deve-se fazer o registro.
Mas, se a servidão decorre de lei, ainda assim é necessário registrar? Nesse caso, o entendimento da doutrina é o de que não há necessidade do registro, pois a lei já dá publicidade; a lei dá mais publicidade que o registro. Para as demais formas de servidão, será necessário realizar o registro.
A servidão administrativa é direito real sobre coisa alheia, que deve ser registrado, sendo perpétuo. A servidão atinge o caráter exclusivo da propriedade, pois o Estado passará a utilizar o bem juntamente com o proprietário. A servidão depende de autorização legislativa. Se a servidão vem prevista em lei, não é necessário se preocupar com o registro. Mas, se ela decorre de acordo entre as partes ou de ordem judicial, é necessário o registro. O registro busca a dar publicidade à servidão.
A servidão traz uma “relação de dominação”, que será diferente no direito civil e no direito administrativo.
No direito civil, uma servidão de passagem, por exemplo, da propriedade A sobre a propriedade B (que tem acesso à via pública), determina que a produção da propriedade A passe pela propriedade B para ser distribuída. Nesse caso, há uma relação de dominação entre as duas propriedades: o bem A utiliza o bem B. Então, o bem A é o dominante e o bem B é o serviente. Essa relação de dominação é de um bem sobre outro.
Na hipótese de servidão administrativa, a relação de dominação é um pouco diferente. Suponha-se que a energia elétrica estivesse passando pela rodovia. Para que essa energia chegue à propriedade B, passa pela propriedade A e é distribuída para as demais propriedades. Aqui, há relação de dominação, mas de um modo diferente. Na servidão administrativa, há a dominação de um serviço sobre um bem. O dominante é o serviço e o bem é o serviente (bem A, bem B, bem C, etc.).
Então, a relação de dominação do direito civil (bem sobre bem) é diferente da relação de direito administrativo (serviço sobre bem). Isso já caiu no Cespe.
A servidão gera dever de indenizar? Suponha-se uma propriedade que, de agora em diante, deve receber a passagem de uma tubulação de gás. Há dever de indenizar? O simples passar os tubos e fios de energia elétrica, se não impedir o direito de propriedade, não gera dever de indenizar.
Mas, suponha-se que um dia o tubo de gás explodiu. Se houve problema, houve dano efetivo, e se houve dano efetivo, há dever de indenizar. Logo, se há dano efetivo, deve haver indenização. A indenização é possível nesta hipótese.
Obs: A passagem de fios de energia elétrica é servidão. O que caracteriza a desapropriação são as torres de alta tensão. Se os fios de energia elétrica são passados pura e simplesmente, há servidão. Mas as torres de alta tensão impedem o exercício da propriedade, ocasionando uma desapropriação indireta.
Quais as diferenças entre a servidão civil e a servidão administrativa?
	
	Servidão Civil
	Servidão Administrativa
	Interesse
	Há interesse privado
	Há interesse Público
	Disciplina
	Direito Civil
	Direito Administrativo
	Relação de Dominação
	Bem sobre bem
	Serviço sobre bem
Quais as diferenças entre a limitação administrativa e a servidão administrativa?
	 Servidão Administrativa
	Limitação Administrativa
	É ato específico
Atinge proprietários determinados
	É ato geral e abstrato
Atinge proprietários indeterminados
	Há relação de dominação
	Não há relação de dominação
	É direito real
	Não é direito real
	Atinge o caráter exclusivo da propriedade
	Atinge o caráter absoluto da propriedade
4) Requisição Administrativa:
 É a que mais cai em provas, depois da desapropriação.
A requisição está prevista no art. 5º, XXV, da CF, que diz que em caso de iminente perigo o poder público poderá requisitar a propriedade particular, sendo a indenização posterior.
Art. 5º, XXV, CF - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
O fundamento da requisição é o iminente perigo. O perigo tem que estar presente. Sem perigo, não se pode pensar em requisição.
A requisição pode atingir bens móveis, imóveis e serviços (ex. requisição de carro por um policial que está perseguindo um assaltante).
A requisição pode ocorrer em tempo de guerra e em tempo de paz (ex. caso de desabamento, chuvas fortes, etc.). É mais comum a requisição em tempo de guerra.
A requisição é ato unilateral do Poder Público. Ademais é ato autoexecutável, de modo que o poder público pode, por exemplo, requisitar o carro e, na mesma hora, sair com ele, independente de autorização judicial.
A requisição atinge o caráter exclusividade da propriedade (ex. poder publico requisita o imóvel do particular para abrigar os desabrigados das chuvas).
Obs: É importante lembrar que a intervenção que atinge o caráter absoluto atinge a liberdade do bem; a que atinge o caráter exclusivo determina que alguém utilize o bem com o proprietário; e a que atinge o caráter perpétuo, determina a perda do bem.
A requisição é temporária e acontece enquanto durar o perigo. Então, o prazo da requisição é o prazo do perigo. 
Em requisição, há dever de indenizar? 
Ex. O poder público utiliza o imóvel e nele coloca os desabrigados das chuvas, pelo tempo em que durar o perigo. As chuvas acabam e todos podem reconstruir suas casas e desocupar o bem. Suponha-se que os desabrigados passaram 4 meses no local e destruíram o imóvel. Haverá indenização nesse caso? E se o proprietário queria alugar o bem? 
Se o proprietário comprovar o dano e o prejuízo, haverá o dever de indenizar. Qualquer indenização sem comprovação de dano caracteriza enriquecimento ilícito. A indenização é possível se houver dano.
A CF diz que a indenização é ulterior. A ideia é a de que primeiro se utiliza o bem, depois o devolve e depois se indeniza. A indenização é ulterior à utilização desse bem.
O problema é que, na prática, o poder público requisita e utiliza o bem, mas não o devolve. O Estado, depois das chuvas, não tem dinheiro para reconstruir as casas, as pessoas também não tem o dinheiro para construir suas vidas e o Estado não tem onde colocar essas pessoas, que ficam sem ter onde morar. Nesses casos, comumente o proprietário fica sem o bem e sem a indenização e, assim, tem que recorrer à via judicial para buscar uma reintegração de posse.
 Pergunta de Concurso: Suponha-se quenuma situação de muitas chuvas, será necessário abrigar os desabrigados, bem como alimentos e roupas. O poder público requisita roupas de uma fábrica e frangos de um frigorífico para ajudar os desabrigados das chuvas. O instituto é mesmo requisição administrativa?
R: Requisição é intervenção restritiva na propriedade, mas o dono continua com o bem. Mas, no caso do exemplo, não é possível devolver o frango e a roupa. Esse fenômeno tem cara de desapropriação. Mas o instituto é mesmo requisição. O entendimento da doutrina e da jurisprudência, hoje, é que se os bens forem móveis e fungíveis, o instituto é mesmo requisição, mesmo que não se possa devolver o mesmo frango e a mesma roupa. Pode-se devolver outro bem na mesma qualidade e quantidade. Então, devolvem-se outros frangos e roupas.
Por essa razão é que o Cespe/UnB falou de frangos de um frigorífico e roupas de uma fábrica. Enquanto as roupas estão na fábrica, elas não têm individualidade e pessoalidade, podendo, então, ser substituídas.
Mas, e se o poder público requisita as roupas de uma pessoa? As roupas de uma pessoa determinada são infungíveis, pois a partir do momento em que a roupa vai para o guarda-roupas da pessoa, ela ganha uma identidade, uma pessoalidade, tornando-se infungíveis a partir desse momento. Nesse caso, se o poder público requisitar tais roupas, haverá desapropriação.
5) Ocupação Temporária:
 É a que menos cai em prova.
É utilizada no Brasil em duas hipóteses:
Diz respeito a um instituto complementar à desapropriação. Nesse caso, ocupa-se temporariamente um patrimônio não edificado vizinho à obra pública, com o objetivo de guardar os materiais da obra. Na realidade, essa ocupação vai contribuir para a construção de obra pública, conforme o art. 36, do Dec-lei 3.365/41, que é a norma geral de desapropriação.
Art. 36, DL 3.365/41 - É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. O expropriante prestará caução, quando exigida.
(2) Diz respeito à pesquisa de minérios e à pesquisa arqueológica. Era muito comum no Brasil o poder público dizer que havia minério em uma propriedade e desapropriá-la. Depois de pesquisar muito o minério, não se achava o minério, e, então, a desapropriação era desnecessária. Hoje, para se evitar tais problemas, se há suspeita de minério na propriedade de uma pessoa, o Estado faz uma ocupação temporária para pesquisar, e se se encontrar o minério, desapropria-se o bem. Essa medida serve para evitar uma desapropriação desnecessária: faz-se uma desapropriação de acordo com a necessidade do poder público.
Ocupação temporária é temporária, transitória ou permanente? A ocupação temporária é transitória, temporária, enquanto durar a necessidade. Essa ocupação atinge o caráter exclusivo da propriedade.
Ademais, essa ocupação temporária pode ter indenização, desde que caracterizado qualquer dano ou prejuízo. A doutrina diz, inclusive, que a ocupação temporária pode ser gratuita ou remunerada. 
Essa modalidade de intervenção também não se confunde com as anteriores.
6) Tombamento:
 MUITO IMPORTANTE PARA MP!!!!
Tombamento tem como fundamento o art. 216, §1º, da CF e o Decreto-lei de 25/37.
Art. 216, CF - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
>>> Ler esse decreto-lei!!!
Art. 1º, Decreto-lei 25/37 - Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. 
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei. 
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana. 
CAPÍTULO II - DO TOMBAMENTO 
Art. 4º, Decreto-lei 25/37 - O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber: 
1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no §2º do citado art. 1º. 
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse histórico e as obras de arte histórica; 
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira; 
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras. 
Tombamento nada mais é do que a conservação. Congela-se o bem para preservá-lo. O objetivo é contar a história de um povo. Trata-se de uma referência à identidade de um povo (ex. parte ambiental, cultural, um fato memorável, uma questão arqueológica, histórica, etc.).
O tombamento pode atingir 4 searas diferentes. O mais comum é o tombamento histórico. Mas, o tombamento pode ser também artístico, paisagístico ou cultural (ex. tombamento de uma árvore, de danças folclóricas, de uma obra de arte, etc).
Quando um bem é tombado, a partir desse momento, não mais se pode modificar as características desse bem. O caráter da propriedade que se pode utilizar é o absoluto. Restringe-se a liberdade do proprietário.
O tombamento é uma forma de intervenção restritiva, sendo que o dono continua dono. 
Obs: O poder público tombou o bem e juntamente com o ato de tombar, deu uma ordem de que o dono não pode mais morar, alugar, estacionar no bem, nem fazer mais nada, etc. O tombamento é uma intervenção parcial na propriedade, de modo que se a intervenção for total, a hipótese não é de tombamento, mas de desapropriação. Se o poder público faz o tombamento e, com procedimento de tombamento, faz uma restrição total, ele está fazendo uma desapropriação indireta (desapropriando sem as providências e medidas da desapropriação, como, por exemplo, a indenização). Se o estado impede o exercício da propriedade, a hipótese é de desapropriação.
O tombamento têm algumas características importantes:
Pode ser sobre bens públicos ou privados;
Pode ser sobre bens móveis ou imóveis.
Há dever de indenizar pelo tombamento? Como regra, não há obrigação de indenizar. Mas, excepcionalmente, se houver um gravame muito grande, pode haver indenização.
A competência para legislar o tombamento é concorrente entre os estados, União e DF (art. 24, VII, da CF).
A competência material (para executar o tombamento) é comum, cf. art. 23, III, CF, de modo que todos os entes podem executar tombamento. A colaboração é de todos. A ideia é que se observe a órbita de interesse: se a conservação do bem é interesse nacional, a competência é da União. Se o interesse é regional, a competência deve ser do estado. Se o interesse é local, a competência deve ser dos municípios. Logo, todos os entes podem e devem tombar. Mas a competência vai depender da órbita de interesse. 
Se todos os entes tiverem interesse, nada impede que todos, ao mesmo tempo, constituam tombamento. Há bens tombados pelo Estado, município, União e pela Humanidade.
Há algumas obrigações inerentes ao tombamento.A primeira obrigação do tombamento é a conservação e preservação do patrimônio. É importante notar que se a conservação não for feita, em razão da obrigação de preservar o patrimônio, poderá haver incidência de multa. Mesmo se o proprietário não tem dinheiro para fazer a reforma, ele não se libera da obrigação de conservar. Se o proprietário do bem tombado não tiver capacidade financeira para conservar o bem, essa obrigação de conservação e converterá em obrigação de comunicar ao ente que tombou.
Mesmo se o proprietário tiver dinheiro e quiser reformar o bem, ele precisará de autorização do poder público.
Se o proprietário comunica ao instituto e o ente não autoriza a reforma, e, mesmo assim, a pessoa realiza a reforma sem autorização prévia, o proprietário pode ser processado por danificar patrimônio tombado.
Então, se a pessoa pratica reforma, conservação, demolição, destruição, modificação, sem autorização prévia, haverá crime de dano do art. 165, do CP.
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
Art. 165, do CP - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
O patrimônio tombado gera direito de preferência quando da alienação desse bem. Em caso de alienação onerosa há direito de preferência, sob pena de nulidade do ato. 
Vale perceber, ainda, que se o patrimônio tombado for um bem público, ele se torna inalienável, ainda que seja um bem dominical. Assim, esse bem não poderá ser transferido.
Se o bem for objeto de extravio ou furto, o proprietário tem 5 dias para comunicar à autoridade.
Os bens móveis tombados não podem sair do país. Mas, o art. 14, do Dec. 25/37, excepciona essa regra, de modo que poderão sair do país os bens móveis, por curto prazo, para fins de intercâmbio, a critério do instituto que tombou.
Art. 14, Dec. 25/37 - A. coisa tombada não poderá saír do país, senão por curto prazo, sem transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional.
O patrimônio tombado não pode ser objeto de exportação e esse fato pode caracterizar crime e sofrer a incidência de multa.
Também há obrigação, por parte do proprietário do patrimônio tombado, de suportar a fiscalização. Mas, na prática, dificilmente essa fiscalização ocorre.
Essa próxima característica cai muito em concurso: O vizinho do patrimônio tombado não pode prejudicar a visibilidade do bem. Ela não pode colocar placas e cartazes que prejudique a visibilidade, nem construir (nesse caso, o vizinho terá que desfazer a obra, retirar o objeto e ainda pode incidir multa). A ideia é que o patrimônio seja visto.
O tombamento pode ser realizado/classificado por algumas modalidades. Pode haver:
Tombamento quanto à constituição ou procedimento:
a.1) Tombamento Voluntário – É aquele que se constitui a pedido do interessado, ou o poder público tomba o bem e o particular aceita. Está previsto no art.7º, do Decreto 25/37.
Art. 7º, Dec. 25/37 - Proceder-se-à ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo.
a.2) Tombamento de Ofício ou Compulsório – O poder público tomba, independentemente da vontade do proprietário. Está previsto no art. 5º, do Decreto 25/37.
Art. 5º, Dec. 25/37 - O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos.
Tombamento quanto à sua eficácia:
b.1) Tombamento provisório – É o tombamento feito durante o procedimento administrativo. Quando o poder público anuncia o procedimento, ele já faz o tombamento provisório, que produz todos os efeitos do definitivo, salvo a transcrição no Livro do Tombo. Isto está no art.10, do Dec.25/37.
Art. 10, Dec. 25/37 - O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo. 
Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório se equiparará ao definitivo. 
b.2) Tombamento definitivo – Ocorre quando é feita a transcrição nos livros especializados (Livros do Tombo), depois do procedimento.
Tombamento quanto aos destinatários:
c.1) Tombamento geral – Atinge todos os bens situados em um bairro, uma rua, uma cidade, etc;
c.2) Tombamento individual – Atinge um bem determinado.
Esse procedimento de tombamento é importante. Para isso, deve-se estudar o decreto-lei.
Alguns autores dizem que o tombamento tem natureza de servidão, requisição ou natureza administrativa. É melhor não entrar na divergência da natureza jurídica. A doutrina não se resolve quanto a isso. E o concurso não vai perguntar.
7) Desapropriação:
 Não tem muito interesse para MP. Cai mais em concursos federais.
7.1) Conceito e características gerais:
É uma forma supressiva de intervenção na propriedade, razão pela qual Celso Antônio Bandeira de Melo chama a desapropriação de “sacrifício de direito”. A desapropriação é forma de aquisição originária da propriedade, de modo que não é necessário existir relação anterior entre o antigo proprietário e o Estado. Ela independe da anuência do proprietário.
É importante guardar que a desapropriação é uma forma de aquisição (transferência) compulsória da propriedade. 
A desapropriação se realiza mediante indenização, ora em título, ora em dinheiro.
Se se vai adquirir o bem e tomar a propriedade, a desapropriação atinge o caráter perpétuo da propriedade. Nesse caso, o Estado vai adquirir compulsoriamente o bem. A desapropriação caracteriza a forma mais grave e séria de intervenção e aquisição na propriedade.
7.2) Competências relacionadas à desapropriação:
A competência para legislar sobre desapropriação é da União. Essa previsão decorre do art. 22, II, da CF.
Art. 22, CF - Compete privativamente à União legislar sobre:
II - desapropriação;
A competência material (para efetivamente desapropriar e executar a desapropriação) é da administração direta. A União, os Estados, os Municípios e o DF podem desapropriar.
A Administração Direta pode realizar todas as etapas da desapropriação (fase declaratória e fase executiva – pode desempenhar as duas fases da desapropriação).
Ainda sobre competência material, o Decreto-lei 3.365/41, no seu artigo 3º, trata das pessoas que exercem funções delegadas do poder público (“delegados”).
Art. 3o, Decreto-lei 3.365/41 - Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
Esse Decreto é de 1.941, tempo em que existiam os chamados “delegados”, pessoas que, hoje, formam a administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). Eles têm competência material para desapropriar.
Nesta ordem, também poderiam fazer desapropriação as concessionárias e permissionárias de serviços públicos.
A desapropriação se dá em um procedimento de duas fases: fase declaratória e fase executiva. Os delegados não têm competência para decretar a desapropriação (não têm competência para a fase declaratória), podendo somente executá-la.
Já a Administração Direta, como visto,pode realizar todas as fases. 
Em regra, todos os entes políticos podem executar a desapropriação. Mas, em algumas modalidades desapropriatórias, de acordo com o fundamento da desapropriação, a competência é um pouco mais restrita, de modo que nem todos os entes podem desapropriar. Por exemplo, a desapropriação realizada para atender ao plano diretor de uma cidade deve ser feita pelo município; a desapropriação sancionatória para fim de reforma agrária deve ser feita somente pela União. Assim, a desapropriação urbanística acontece para atender o plano diretor, sendo que, nessa desapropriação, só quem tem competência é o município. A competência é mais restrita nesse caso. 
Então, atenção, via de regra, ente político pode desapropriar, mas em algumas modalidades, essa competência pode ser mais restrita.
7.3) Elementos da Desapropriação:
São 5 os elementos importantes da desapropriação: objeto (o que pode ser objeto da desapropriação), sujeito ativo (quem vai desapropriar), fundamentos e pressupostos da desapropriação (como é a indenização), e o procedimento administrativo.
7.3.1) Objeto de Desapropriação:
No Brasil, é possível desapropriar bens móveis e imóveis; bens corpóreos (ex. carro) e incorpóreos (ex. ações, crédito); bens públicos e privados; espaço aéreo; subsolo.
Não podem ser desapropriados: direito da personalidade, direitos autorais, direito à vida, direito à imagem e direito a alimentos.
Art. 2o, Decreto-lei 3.365/41 - Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
§1o A desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo só se tornará necessária, quando de sua utilização resultar prejuizo patrimonial do proprietário do solo.
No que diz respeito aos bens públicos, é importante notar que o art. 2º, §2º, do Dec-lei 3.365/41 diz que, para não comprometer a estrutura do Estado democrático, a União pode desapropriar bens dos Estados, do DF e dos municípios. Já os Estados, podem desapropriar os bens dos seus municípios. E aos municípios, resta o patrimônio privado do particular. O inverso não pode ser feito.
Art. 2o, Decreto-lei 3.365/41 – (...)
§2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
 Pergunta de Concurso: O município desapropriou um bem da União. Esta desapropriação tem vício de competência. Verdadeiro ou Falso?
R: Falso. O vício é do objeto. O vício não é de competência. Se o município desapropria bem da União, existe um vício, mas não é de competência e sim de objeto. O município pode e tem competência para desapropriar. O problema está no objeto que ele escolheu.
7.4) Modalidades de Desapropriação quanto ao objeto:
Desapropriação Ordinária ou Comum ou Geral: Nessa desapropriação, a indenização será prévia, justa e em dinheiro. Todos os entes podem realizar essa desapropriação, não havendo limitação ou restrição. Os fundamentos dessa desapropriação são o art. 5º, XXIV, da CF.
Art.5º, XXIV, CF - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
A desapropriação ordinária pode acontecer em duas hipóteses: 
I.a) Desapropriação Ordinária por Necessidade ou utilidade pública – As situações de necessidade ou utilidade pública estão previstas no rol previsto no art. 5º, do Decreto-lei 3.365/41. 
Art. 5º, Decreto-lei 3.365/41 - Consideram-se casos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência;
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; 
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; 
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; 
m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais.
§ 1º - A construção ou ampliação de distritos industriais, de que trata a alínea i do caput deste artigo, inclui o loteamento das áreas necessárias à instalação de indústrias e atividades correlatas, bem como a revenda ou locação dos respectivos lotes a empresas previamente qualificadas. 
§ 2º - A efetivação da desapropriação para fins de criação ou ampliação de distritos industriais depende de aprovação, prévia e expressa, pelo Poder Público competente, do respectivo projeto de implantação". § 3o Ao imóvel desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda, não se dará outra utilização nem haverá retrocessão. 
Essa lista é a mesma tanto para a utilidade quanto para a necessidade pública, não ganhando diferenciação pelo legislador. Mas, para a doutrina há uma diferença. Para a doutrina, necessidade ficou para situações mais emergenciais (ex. necessidade de se construir um hospital). A necessidade pública envolve um problema inadiável. Se não houver urgência, há utilidade pública.
I.b) Desapropriação Ordinária Por Interesse Social – O rol de hipóteses de interesse social está previsto no art. 2º, da Lei 4.132/62. 
Art. 2º, Lei 4.132/62 - Considera-se de interesse social:
I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico;
II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola, VETADO;
III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola:
IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias;
V - a construção de casa populares;
VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas;
VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais.
VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas. 
§ 1º O disposto no item I deste artigo só se aplicará nos casos de bens retirados de produção ou tratando-se de imóveis rurais cuja produção, por ineficientemente explorados, seja inferior à média da região, atendidas as condições naturais do seu solo e sua situação em relação aos mercados.
§ 2º

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