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IUS RESUMOS Inquérito Policial – Parte 1 Organizado por: Max Danizio Santos Cavalcante IUS RESUMOS I DO INQUÉRITO POLICIAL ................................................................................................................... 3 1. Da investigação preliminar: noções preliminares sobre inquérito .................................... 3 1.1 Espécies de investigação preliminar ...................................................................................... 4 1.2 Polícia Judiciária e Polícia Administrativa............................................................................. 4 1.3 Conceito e características do Inquérito Policial ................................................................. 5 2. Das fases do inquérito policial ........................................................................................................ 7 2.1 Da instauração do inquérito policial ...................................................................................... 7 2.2 Das diligências investigatórias ................................................................................................. 8 2.3 Da reconstituição do crime ....................................................................................................... 8 2.4 Prazos do Inquérito Policial ...................................................................................................... 9 2.5 Relatório Final e Indiciamento (art. 10, §§ 1º e 2º, CPP) .............................................. 10 3. Referências .......................................................................................................................................... 10 SUMÁRIO INQUÉRITO POLICIAL – PARTE 1 [3] A realização de uma Investigação Preliminar é fundamental no Processo Penal. A ação penal, por si só, gera um efeito estigmatizante para o réu e não deve ser iniciada sem estar baseada em um substrato probatório mínimo. Aury Lopes Jr (2014, p. 107) alerta que não se deve começar um processo penal de forma imediata. Em primeiro lugar, deve-se preparar, investigar e reunir elementos que justifiquem o processo ou o não. É um grave equívoco que primeiro se acuse, para depois investigar e ao final julgar. O processo penal encerra um conjunto de “penas processuais” que fazem com que o ponto nevrálgico seja saber se deve ou não acusar. A seguir, dentro desta primeira parte do material de Inquérito Policial, tecemos comentários concisos a respeito do conceito, finalidade e características do inquérito policial, do papel das polícias, de prazos, diligências, procedimentos, etc, que são assuntos de extrema relevância para a compreensão desse instituto. Boa leitura! Max Danizio Santos Cavalcante Equipe Ius Resumos --- ♠ --- I DO INQUÉRITO POLICIAL 1. Da investigação preliminar: noções preliminares sobre inquérito A persecução penal estatal é composta por duas fases: Fases da Persecução Penal Investigação Preliminar Processo Penal Iniciado mediante o ajuizamento da ação penal perante o Poder Judiciário Tem a função de reunir base mínima para a deflagração do processo penal O inquérito é uma espécie de investigação preliminar DO INQUÉRITO POLICIAL – PARTE 1 IUS RESUMOS 1.1 Espécies de investigação preliminar Assim como o inquérito, existem outros procedimentos eminentemente administrativos, de caráter informativo e que podem servir como preparatórios da ação penal. Vejamos: Patrocinado pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s) Está a cargo da polícia judiciária militar, composta por integrante da carreira Por força do art. 1º da Lei nº 10.001/2000, remeterão os respectivos relatórios, com a resolução que o aprovar, aos chefes do Ministério Público da União ou dos Estados, ou ainda às autoridades administrativas com poder de decisão, conforme o caso, para a prática de atos de sua competência Art. 8º do Código de Processo Penal Militar Inquérito parlamentar Inquérito policial militar Presidido pelo respectivo órgão de cúpula – Tribunal de Justiça ou Procuradoria de Justiça Art. 33, par. único, da LC nº 35/79 e art. 41, par. único, da Lei nº8.625/93 Inquérito por crime praticado por Juiz ou Promotor de Justiça Presidido pelo Ministério Público, objetiva reunir elementos para a propositura da ação civil pública, podendo embasar ação de âmbito criminal Disciplinado no art. 8º, §1º, da Lei nº 7.347/1985 Inquérito civil Pode embasar a ação penal, contudo encontram ampla limitação em razão dos parcos recursos do cidadão para a colheita de elementos probatórios Não há óbice à condução paralela de investigação pela defesa do indiciado (investigação criminal defensiva), desde que não ofenda direitos individuais fundamentais, como a intimidade, a honra e a vida privada. Investigação particular 1.2 Polícia Judiciária e Polícia Administrativa O trabalho das polícias é imprescindível na confecção dos inquéritos, que são verdadeiras peças de informação. A Polícia Judiciária e Polícia Administrativa se diferenciam da seguinte forma: INQUÉRITO POLICIAL – PARTE 1 [5] Polícia Judiciária Atua repressivamente, ou seja, após a ocorrência do crime, buscando elucidá- lo, apurando a autoria e a materialidade Polícia Administrativa ou de segurança Atua preventivamente, de maneira ostensiva, antes da ocorrência dos crimes, para garantir a segurança e evitar que aconteçam Polícia Civil e Polícia Federal Polícia Militar Repressiva Preventiva O Inquérito Policial é presidido privativamente pelo Delegado de Polícia, que pertence à Polícia Judiciária, e sofre controle externo por parte do Ministério Público, consoante previsão do art. 109, VII da CF/1988 Nada impede que essas polícias eventualmente cooperem entre si, trocando de papéis, como ocorre em situações excepcionais. 1.3 Conceito e características do Inquérito Policial O inquérito policial pode ser definido como1: É o conjunto de diligências realizadas pela autoridade policial para obtenção de elementos que apontem a autoria e comprovem a materialidade das infrações penais investigadas Do Inquérito Policial Conceito Permite ao Ministério Público (nos crimes de ação penal pública) e ao ofendido (nos crimes de ação penal privada) o oferecimento da denúncia e da queixa-crime, respectivamente O inquérito possui algumas características singulares que o distinguem da fase judicial2. São elas: A autoridade policial detém uma certa margem de discricionariedade acerca dos procedimentos que irá adotar e dos requerimentos que irá atender (que tenham sido feitos pela vítima) Apenas no caso de crime que deixar vestígios, é que o delegado não poderá indeferir o pedido de realização do corpo de delito, cabendo recurso ao chefe de Polícia - art. 5º, § 2º do CPP Discricionariedade Algumas diligências estão descritas nos arts. 6º e 7º do CPP IUS RESUMOS Escrito Não fica disponível para qualquer do povo, pois não há publicidade Forma de proteger a imagem do investigado e garantir tranquilidade no curso das investigações As atividades persecutórias ficam concentradas nas mãos de uma única autoridade e não há oportunidade para o exercício do contraditório e da ampla defesa Essa regra tem sido bastante mitigada com o passar dos anos O inquérito policial deve ser presidido por órgão oficial do Estado, no caso, a Polícia Judiciária - art. 144, §§1º, I e IV, e 4º, da CF/1988 Nos crimes de ação penalpública incondicionada, a autoridade policial tem o dever de ofício de proceder à apuração do fato delitivo – art. 5º, I, do CPP Incluindo-se nesta regra: os depoimentos, testemunhos, reconhecimentos, acareações, entre outros - art. 9° do CPP Todos os atos realizados no curso das investigações policiais serão formalizados de forma escrita e rubricados pela autoridade Sigiloso O sigilo não se aplica do juiz, ao Ministério Público e ao advogado O advogado pode consultar o inquérito mesmo que não tenha procuração nos autos, por força do art.7º, inciso XIV, da Lei nº 8.906/94, em garantia à sua prerrogativa funcional que, se violada, permite o manejo de mandado de segurança Inquisitivo A modificação mais recente foi feita pela Lei nº 12.345/2006, que incluiu o inciso XXI no art. 7º do Estatuto da OAB Oficialidade Oficiosidade A autoridade policial não pode mandar arquivar os autos do inquérito policial, mesmo que a iniciativa tenha sido sua e que não tenham sido encontrados indícios suficientes de autoria ou prova da materialidade do delito Indisponibilidade Art. 17 do CPP Não é imprescindível para a propositura da ação penal Dispensabilidade Quaisquer peças de informação idôneas, inclusive inquéritos não policiais, que apontem indícios de autoria e prova da materialidade do delito poderão embasar a instauração da ação penal INQUÉRITO POLICIAL – PARTE 1 [7] Compreendidas as suas características, convém estudarmos as formas pelas quais o inquérito policial pode ser inaugurado. 2. Das fases do inquérito policial 2.1 Da instauração do inquérito policial O art. 5º do Código de Processo Penal traz as formas de instauração do inquérito policial, quais sejam: Formas de instauração do Inquérito Policial De ofício pela autoridade policial A requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo Art. 5º, I do CPP Princípio da oficiosidade A própria autoridade policial que presidirá o inquérito instaura, por conta própria, o inquérito policial Somente é possível para os crimes de ação penal pública incondicionada, constituindo-se em dever para o Delegado O requerimento deve conter a narração dos fatos e suas circunstâncias – art. 5º, § 1º, CPP O delegado deve fazer um juízo de tipicidade sobre os fatos Não pode negar com base no princípio da insignificância, pois é competência privativa do Ministério Público Individualização do suposto autor da infração ou seus sinais característicos Razões de convicção de ser o mesmo o sujeito ativo do delito Nomeação de testemunhas, com indicação de profissão e endereço Não é obrigado a acatar o requerimento do ofendido ou de seu representante quando entender que o fato não constitui crime Resta ao investigado a possibilidade de manejar habeas corpus para trancar o inquérito policial Delação de terceiro ou “delatio criminis” Art. 5º, § 3º do CPP Comunicação feita por qualquer pessoa do povo ao delegado, acerca da ocorrência de infração penal em que caiba ação penal pública incondicionada IUS RESUMOS Art. 5º, II do CPP A requisição é feita pelo Juiz ou pelo Ministério Público Requisição da autoridade competente Quando devidamente fundada em lei, terá natureza de verdadeira ordem e não pode ser rejeitada pela autoridade policial A requisição do Ministro da Justiça, nas infrações que a exigem, tem caráter de simples autorização para a persecução penal É a notícia crime apresentada juntamente com o infrator preso em flagrante O auto de prisão em flagrante dará início ao inquérito policial Lavratura do auto de prisão em flagrante 2.2 Das diligências investigatórias Os artigos 6º e 7º do CPP apontam as diligências a serem adotadas pela autoridade policial na condução do inquérito policial. Vejamos que: Essas providências nem sempre serão cabíveis A autoridade de discricionariedade para promover os atos que entender adequados, sempre analisando as solicitações dos envolvidos e atendendo prontamente às requisições do Ministério Público e do Poder Judiciário O rol legal não é taxativo 2.3 Da reconstituição do crime Sobre a reconstituição do crime, o art. 7º do CPP dispõe que3: A autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública É preciso uma análise de razoabilidade e necessidade da autoridade na realização desse procedimento Da reconstituição do crime O investigado não está obrigado a realizar o procedimento, pois não pode ser compelido a produzir prova contra si mesmo O STF tem posição sentido de que sequer há obrigação de comparecer ao local da reprodução simulada dos fatos, não cabendo, pois, condução coercitiva (RHC nº 64354) INQUÉRITO POLICIAL – PARTE 1 [9] 2.4 Prazos do Inquérito Policial O prazo de conclusão do inquérito varia de acordo com a condição do investigado e da competência da autoridade que preside o inquérito, havendo prazos diversos no Código de Processo penal e em leis esparsas, como vemos a seguir: Prazos para conclusão do Inquérito Policial Investigado solto Investigado preso 30 dias 10 dias Se o fato for de difícil elucidação, será possível que se requeira ao Juiz a dilação do prazo Prazo improrrogável Se novas diligências forem necessárias, o Juiz deverá relaxar a prisão para que sejam promovidas Prazo improrrogávelJustiça Comum Estadual – Art. 10, caput e § 3º do CPP 30 dias 15 dias Pode ser prorrogado por igual prazo, sendo permitida várias prorrogações Prazo prorrogável Prorrogável, uma vez, por igual prazo, desde que o pedido seja devidamente fundamentado e deferido pelo juiz, a quem o preso será apresentado Prazo prorrogável Justiça Federal - Art. 66 da Lei nº 5.010/1966 Competência Lei de Tóxicos - Art. 51, caput, par. único da Lei nº 11.343/06 Inquérito Militar - Art. 20, caput, e §1º do CPPM Podendo ser prorrogados por mais 20 (vinte) dias pela autoridade superior caso não estejam concluídas as diligências necessárias 90 dias Prazo prorrogável Prazo prorrogável 30 dias Tais prazos podem ser duplicados pelo juiz, mediante pedido da autoridade policial e oitiva do Ministério Público 40 dias Prazo prorrogável Prazo prorrogável 20 dias Quanto ao modo de contagem do prazo para conclusão do inquérito policial, segundo a doutrina majoritária: IUS RESUMOS Regra geral Da forma de contagem dos prazos O prazo deve ser contado como se fosse prazo processual - art. 798, § 1º do CPP Exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do final Em caso de réu preso Os prazos devem seguir a regra do Código Penal Inclui-se o dia de prisão e exclui-se o dia do final 2.5 Relatório Final e Indiciamento (art. 10, §§ 1º e 2º, CPP) O Delegado de Polícia, findas todas as diligências necessárias, de acordo com art. 10, §1º, do CPP deverá produzir o relatório, que4: O relatório contém tudo que foi possível apurar no curso das investigações A autoridade policial poderá indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas - art. 10, §2º, do CPP É uma verdadeira prestação de contas do Estado à sociedade e ao cidadão investigado É comum (mas não obrigatório) que o indiciamento ocorra na fase do relatório O indiciamento é como a comunicação formal feita pelo Estado ao investigadode que, a partir daquele momento, ele passa a ser o principal suspeito da prática do crime, motivo pelo qual o foco das investigações volta-se ao mesmo Relatório Indiciamento Desde que encontrados indícios suficientes de autoria e prova da materialidade delitiva Leonardo Barreto Até a segunda parte do resumo de Inquérito Policial! --- ♠ --- 3. Referências ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Processo Penal Para os Concursos de Técnico e Analista. Salvador: JusPodivm, 2014. INQUÉRITO POLICIAL – PARTE 1 [11] AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. 3ª ed. São Paulo: Método. 2011. LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. Salvador: JusPodivm, 2014. NOTAS: 1 Noberto Avena (2011, p.159). 2 Leonardo Barreto (2013, p. 61). 3 Leonardo Barreto (2013, p. 67). 4 Leonardo Barreto (2013, p. 70).
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