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Teoria Geral do Direito Societário (aula 3)

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1. Conceito
Pessoa Jurídica - é o agrupamento de pessoas físicas ou jurídicas, formando uma sociedade, cujo ato constitutivo é registrado no órgão público competente.
	Ela adquire personalidade jurídica quando efetua o devido registro de seu ato constitutivo no órgão competente, passando a ser um ente com vida própria. Assim, pode-se afirmar que as pessoas dos sócios não se confundem com a pessoa jurídica.
Pessoa Jurídica Empresária – é aquela que exerce atividade econômica sob a forma de empresa ou a forma de sociedade por ações.
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Sociedades econômicas podem ser (com escopo negocial):
Empresárias;
Não empresárias.
Sociedades empresárias, segundo o Novo Código Civil são (art. 982, c/c art. 966, ambos do CC):
Sociedade em Nome Coletivo (N/C)
Sociedade em Comandita Simples (C/S)
Sociedade Limitada (Ltda.)
Sociedade em Comandita por Ações (C/A)
Sociedade Anônima (S/A)
Sociedade simples: todas as demais (art. 982, CC).
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Critério diferenciador: modo de exploração do objeto social.
Assim, será sociedade simples aquela que o objeto social é explorado sem empresarialidade (ou seja, sem profissionalmente organizar os fatores de produção).
Atividade rural: pode ser empresária ou simples, depende da escolha dos sócios.
Sociedade Limitada: pode ser empresária ou simples. Se for exercente de atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens e serviços, será empresária. Se se dedicar à atividade econômica civil (sociedade de profissionais intelectuais), ou se se dedicar à atividade rural sem registro na Junta Comercial, será simples. 
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Sociedade por Ações – será sempre sociedade empresária (art. 982, parágrafo único, CC, c/c art. 2º, §1º, LSA).
Cooperativa – será sempre sociedade simples (art. 982, parágrafo único, CC).
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Pessoa jurídica não se confunde com as pessoas dos sócios que a compõem. São pessoas inconfundíveis, independentes entre si.
Personificação ou aquisição da personalidade jurídica: com o registro na Junta Comercial (art. 985, CC), se empresárias. Já as sociedades simples, com o registro no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas.
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Efeitos da personalização:
Titularidade negocial (realiza negócios jurídicos).
Titularidade processual (pode demandar e ser demandada em juízo);
Responsabilidade patrimonial (terá patrimônio próprio, inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios).
	Nota-se que a pessoa jurídica responderá com o seu patrimônio pelas obrigações que assumir. Já os sócios, em regra, não responderão.
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Fim da personalização ou extinção da personalidade jurídica:
Dissolução: 
Ato de dissolução (desfazimento da sociedade);
Liquidação (realização do ativo e do passivo da sociedade);
Partilha (pela qual os sócios participam do acervo da sociedade).
Fusão (é a união de duas ou mais companhias que se extinguem formando uma nova e única grande empresa, que as sucede em direitos e obrigações);
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Cisão total (é a reorganização societária em que se transfere todo o patrimônio para uma ou mais sociedades sucessoras, extinguindo-se a sociedade cindida);
Falência.
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3.1 Quanto à responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais
	
	Em razão do princípio da autonomia patrimonial, os sócios não respondem, em regra, pelas obrigações da sociedade. Assim, se a sociedade é solvente, o patrimônio particular de cada sócios é, absolutamente, inatingível, por dívida social. Já em caso de falência, somente após o exaurimento do capital social é que se poderá cogitar de alguma responsabilidade por parte dos sócios.
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A responsabilidade dos sócios é sempre subsidiária (art. 1024, CC, c/c art. 596, CPC).
São elas:
Ilimitada: todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. É o caso da Sociedade em Nome Coletivo (art. 1039, CC).
Limitada: todos os sócios respondem limitadamente pelas obrigações sociais. É o caso da Sociedade Limitada (art. 1052, CC) e da Sociedade Anônima (art. 1088, CC).
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Mista: uma categoria de sócios responde ilimitadamente e outra categoria responde limitadamente. É o caso da Sociedade em Comandita Simples (art. 1045, CC) e da Sociedade em Comandita por Ações (art. 1091, CC).
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3.2 Quanto ao regime de constituição e dissolução
Sociedades contratuais: o ato constitutivo é o contrato social. São regidas pelo Código Civil. Têm-se as Sociedade em Nome Coletivo, em Comandita Simples e Limitada. Para sua dissolução não basta a vontade da maioria dos sócios.
Sociedades institucionais: o ato constitutivo é o estatuto social. São regidas pela Lei n. 6.404/76. Têm-se as Sociedades Anônima e em Comandita por Ações. Poderão ser dissolvidas por maioria.
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3.3 Quanto às condições de alienação da participação societária
São elas:
Sociedades de pessoas: ocorre quando a participação societária se dá por quotas e o atributo individual do sócio interfere na realização do objeto social. O ingresso de terceiros depende de anuência dos demais sócios. (art. 1003, CC).
	As quotas sociais são impenhoráveis por dívidas particulares de seu titular.
	Ademais, ocorre dissolução parcial por morte de sócio, quando um dos sócios sobreviventes não concorda com o ingresso de sucessor do sócio falecido.
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Sociedades de capital: a participação societária se dá por ações e não há interferência do atributo individual do sócio. Há plena liberdade na circulação das ações.
As sociedades institucionais são sempre “de capital”, enquanto as contratuais podem ser “de pessoas” ou “de capital”.
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Em Nome Coletivo:
A cessão de quotas depende da anuência dos demais (art. 1003, CC);
São impenhoráveis;
Em relação à morte de sócio, é uma sociedade “de pessoas”. Todavia, o contrato social poderá atribuir perfil diverso (art. 1028, I, CC).
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Em Comandita Simples:
A cessão de quotas depende da anuência dos demais (art. 1003, CC);
São impenhoráveis;
Em relação à morte de sócio comanditado, é uma sociedade “de pessoas”. Já no que diz respeito à morte de sócio comanditário, é “de capital”.
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Limitada:
O contrato social definirá as regras.
Se omisso, será “de pessoas”.
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Surgimento: na Década de 50, com a publicação do trabalho de Rolf Serick, professor da Faculdade de Direito de Heidelberg, a “Desconsideração da Pessoa Jurídica”.
Precedente jurisprudencial: Inglaterra, em 1897 (Caso Salomon v. Salomon & Co).
Conceito: teoria que autoriza o Poder Judiciário a ignorar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica.
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Pressuposto: em caso de abuso ou fraude, ou ainda de simples desvio na função, objetivando a satisfação de terceiro lesado junto ao patrimônio dos sócios. Não é suficiente a sua simples insolvência.
Duração: temporária, perdurando, apenas no caso concreto, até os credores se satisfação no patrimônio pessoal dos sócios infratores.
Amparo legal: art. 28, CDC (Lei n. 8.078/90); art. 18, Lei Antitruste (Lei n. 8.884/94); art. 4º, Lei do Meio Ambiente (Lei n. 9.605/98) e art. 50, CC.
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Será possível, a requerimento da parte ou do MP, quando lhe couber intervir, se o abuso consistir em desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
 
Haverá desvio de finalidade se o objetivo social desvirtuou-se, para se perseguirem fins não previstos contratualmente ou proibidos por lei. 
Haverá confusão patrimonial quando a atuação do sócio ou administrador confundiu-se com o funcionamento da própria sociedade, utilizada como verdadeiro escudo, não se podendo identificar a separação patrimonial entre ambos.

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