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Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 1 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O Código Penal Brasileiro tipifica como Crimes Contra a Administração Pública os definidos nos Artigos 312 a 337. Leia atentamente os comentários, pois deles será extraída a avaliação. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Peculato Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12(doze) anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Peculato mediante erro de outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. COMENTÁRIOS SOBRE O PECULATO É previsto no art. 312. Tutela a administração pública no que diz respeito ao patrimônio público, o interesse patrimonial do Estado. O dano é material, moral e político (RJTJ ESP 8/ 500-503). O sujeito ativo do delito é o funcionário público e o sujeito passivo é o Estado e ainda o particular proprietário do bem apropriado ou desviado, que se encontrava na posse, guarda ou custódia da administração. O caput do art. 312 define o peculato próprio e as condutas típicas são a apropriação ou desvio. O objeto material do delito pode ser dinheiro, valor ou qualquer bem móvel, público ou particular. Não prevê a lei penal o peculato de uso. O Decreto-Lei n2 201, de 27.02.1967, prevê um caso especial de peculato de uso como crime de responsabilidade de Prefeitos Municipais na utilização indevida de bens, rendas ou serviços públicos (art. 12, inciso II). O dolo do crime é a vontade de transformar a posse em domínio. Não se exclui o crime pela compensação do dinheiro desviado com créditos reais ou supostos do agente junto à administração pública. (RT 535/339). Consuma-se quando ocorre a apropriação ou quando o funcionário dá às coisas destino diverso, sem haver a necessidade de ser alcançada a finalidade do agente. É um crime de dano contra a administração pública. É admissível a tentativa. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 2 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Em se tratando de militar, o crime é o previsto no artigo 303 do Código Penal Militar. O peculato impróprio também é chamado peculato-furto e está previsto no art. 312 § 2º. A conduta típica é a subtração. O sujeito ativo não tem a posse da res nem o crime acontece tendo em vista a sua função, mas aproveitar-se ele da facilidade que a condição de funcionário lhe concede para praticar a conduta. No peculato-furto admite-se a tentativa. O artigo 312 § 2 registra o crime de peculato culposo. No caso, o funcionário por negligência, imprudência ou imperícia permite que haja apropriação ou desvio (caput), subtração ou concurso (§ 1º). E imprescindível que se comprove a falta de cautela ordinária e especial que estava obrigado o funcionário, na guarda e preservação das coisas que lhe são confiadas por força da função pública que desempenha. Prevêem o art. 312 § 32, casos de extinção da punibilidade e de atenuação da pena em peculato culposo. O art. 313 prevê o peculato mediante erro de outrem. Tutela-se a administração pública no aspecto moral e patrimonial. O sujeito ativo é o funcionário público, nada impedindo a participação de um particular e o sujeito passivo é o Estado, podendo ser vítima, também, um extraneus ou outro funcionário público, que entreguem a res por erro ou são dela proprietários. A causa do é devido ao erro espontâneo daquele que entrega a coisa; se for induzido por engano pelo funcionário, dá-se o estelionato. O objeto material é o dinheiro ou qualquer utilidade. O dolo é a vontade de se apropriar do dinheiro ou de outra coisa móvel com a apropriação, quando o funcionário, ciente do erro de outrem, torna a coisa sua, agindo como se dono fosse. A tentativa é admissível. Ocorrerá estelionato e não peculato mediante erro de outrem se o funcionário induzir a vítima ao engano ou se, percebendo, no momento do recebimento, o equívoco, mantém o ofendido neste estado. Ocorrerá concussão se a entrega não se faz espontaneamente e sim por exigência do funcionário. (art. 315) Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. COMENTÁRIOS SOBRE A CONCUSSÃO É previsto no art. 316 e objetiva a incriminação do fato tutelar à regularidade da administrada no que diz respeito à probidade dos funcionários, ao legítimo uso da Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 3 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br qualidade e da função por eles exercida. O sujeito ativo é o funcionário público e o sujeito passivo é o Estado à conduta tipa e a de exigir vantagem indevida. Nossa legislação prevê a concussão explícita, a que é feita abertamente pelo funcionário, e a implícita, que é muito comum, em que o sujeito ativo, com malícia, dá a entender à vítima que deseja obter a vantagem indevida ou que é ela legítima. O objeto do delito é a vantagem indevida, ilícita ou ilegal, não autorizada por lei. E indispensável à vontade de exigir a vantagem prevalecendo-se da função. O crime é de natureza formal e consuma-se com a simples exigência da vantagem indevida. Uma vez consumado o crime com a exigência, é nulo o ato de prisão em flagrante quando o sujeito ativo é detido, por flagrante preparado ao tentar receber vantagem indevida(RTJ 43/149). Admite-se a tentativa. Distingue-se da extorsão (art. 158) porque, na concussão, a ameaça versa sobre a função pública e as represálias prometidas, expressa ou implicitamente, são relativas a ela. Só ocorre a extorsão quando há violência ou ameaça de mal estranho à qualidade ou função do agente (RT 586/333). A concussão também e semelhante à corrupção passiva, entretanto, nesta há solicitação e naquela exigência. A concussão praticada por agente militar pelo abuso de sua função e pelo abuso de sua qualidade é definida no CPM. No art. 316 § 1, está previsto um tipo especial de concussão, o chamado “excesso de exação”. O sujeito ativo é o funcionário que pratica uma das ações incriminadas na lei, ainda que não encarregado de arrecadação e o sujeito passivo é o Estado e, em 2º plano, a pessoa atingida pela conduta. A lei refere-se ao objeto do delito, ao imposto, taxa ou emolumento. O dolo do crime é a vontade de exigir tributo indevido, mediante meio vexatório ou gravoso. Ocorre a consumação com a simples exigência e com a cobrança, mesmo infrutífera. Prevê o art. 316 § 2° a forma qualificada de excesso de exação. Excesso de exação § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 4 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br COMENTÁRIOS SOBRE A CORRUPÇÃO PASSIVA E previsto no art. 317. Trata-se do “tráfico da função pela qual se estabelece uma relação ilícita entre o funcionário indigno e o terceiro que, valendo-se da sua venalidade, sujeita-o às iniciativas da sua vontade”. A corrupção ativa, do extraneus, que oferece, promete e entrega a vantagem indevida está prevista no art. 333. O fracionamento normal da administração pública, no que se refere à preservação dos princípios de probidade e moralidade no exercício da função constitui o objeto da tutela jurídica. O sujeito ativo é o funcionário público nos termos do art. 327 e o sujeito passivo é o Estado. São três as condutas típicas: solicitar, receber vantagem indevida ou aceitara promessa, desta. E indispensável para a caracterização do crime a prática do ato guarde relação com a função do sujeito ativo. Entretanto pode o licito e justo (corrupção imprópria) ou legitima ilícita injusta (corrupção própria). O objeto do licito e vantagem indevida. Não se consuma corrupção passiva se o funcionário recusa a oferta por entender exígua à recompensa: entretanto, se a aceita, discutindo somente o “quantum”, consuma- se o ilícito, pouco importando a capacidade penal de extraneus, podendo este ser menor de 18 anos ou incapaz. O dolo é a vontade de praticar uma das modalidades da conduta típica, tendo o agente consciência da sua ilicitude. É crime formal, independendo da ocorrência do resultado, a tentativa é admissível quando a conduta cumpre um item que pode ser interrompido. O art. 317 § 1 prevê o crime de corrupção passiva qualificadora, Ex.: solicitação de dinheiro para relevar falha em carteira de motorista (RJTJ ESP 20/337). O art. 317 § 2° registra corrupção passiva privilegiada. Distingue-se a concussão (art. 316), pois, na corrupção passiva da solicitação, na concussão exigência da vantagem indevida (RT 388/200). Haverá concurso formal ou material entre a corrupção passiva qualificada e o crime resultante, se o ato praticado pelo funcionário constituir por si só um crime. Ex.: art. 305. Facilitação de contrabando ou descaminho Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Prevaricação Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. COMENTÁRIOS SOBRE A PREVARICAÇÃO É previsto no art. 319. Constitui a infidelidade ao dever de oficio, em que o agente descumpre as obrigações pertinentes à sua função as pratica contra a lei, a fim de satisfazer o interesse ou sentimento pessoal. O objeto jurídico e a regularidade da administração pública lesada pela omissão ou pelo exercício irregular do funcionário. O sujeito ativo é o funcionário público, nos Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 5 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br termos do art. 327 do Código Penal, e o sujeito passivo é o Estado. São três as condutas típicas: retardar, deixar de praticar e praticar. O objeto do tipo é o ato de ofício, incluindo o ato administrativo, o legislativo e o judicial. Exige-se o elemento subjetivo do tipo que constitui o intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, indispensável à caracterização do crime (RTJ 71/a35). Com o retardamento, omissão ou prática do ato, independentemente de estar sujeito à confirmação ou recurso, consuma-se o delito. Distingue-se da corrupção passiva (art. 317), pois este exige bilateralidade. Não há que se confundir com desobediência (art. 330), pois esta apenas pode ser praticada por particular ou por funcionário, não agindo na tal qualidade. Condescendência criminosa Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. Advocacia administrativa Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa. COMENTÁRIOS SOBRE A CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA É crime previsto no art. 320. É uma espécie de prevaricação privilegiada, em queo sentimento pessoal do agente é a indulgência, e a omissão é relativa à responsabilização de subalterno. Tenta-se evitar, com o dispositivo, a dissimulação e ocultação praticadas pelos funcionários. O sujeito ativo é o funcionário público (art. 327) e o sujeito passivo é o Estado. São duas as condutas típicas: a) a de deixar, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu tal infração no exercício do cargo. E crime omissivo puro b) a de deixar de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. É crime também omissivo. A lei incrimina somente a conduta dolosa. Consuma-se o crime com a omissão quando o sujeito ativo não promove a responsabilidade do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente, quando toma conhecimento do fato e de sua autoria. E crime omissivo puro, não admite tentativa. Violência arbitrária Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da pena correspondente à violência. COMENTÁRIOS SOBRE A VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA É prevista no art. 322, que com o advento da Lei 4.898, de 9.12.65, exige o estudo do art. 322, As funções administrativas devem ser exercidas regularmente, impedindo-se a violência desnecessária. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 6 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br O sujeito ativo é o funcionário público, conceituado no art. 327, e o sujeito passivo é e a pessoa física contra quem é praticada a violência. A violência referida deve ser arbitrária, sem motivo legítimo, não autorizada em qualquer norma jurídica. É irrelevante para a lei penal os motivos do crime. Consuma-se o crime com a violência. Esse crime absorve as vias de fato. É admissível a tentativa. A lei determina que seja adicionada à pena prevista pelo art. 322 aquela prevista para a violência. A Lei 4.898, de 9.12.65, define os crimes de abuso da autoridade, prevendo como ilícito qualquer atentado à incolumidade física do indivíduo (art. 3º). Há franca divergência doutrinária e jurisprudencial se houve ou não revogação tácita do dispositivo do crime em comento pela Lei do Abuso de Autoridade. Assim sendo, ficam consignados os comentários acerca do art. 322, para garantir seu enfrentamento. Abandono de função Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. Violação de sigilo funcional Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- lhe a revelação: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. Violação do sigilo de proposta de concorrência Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - Detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Funcionário público Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionários públicos quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 7 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Usurpação de função pública Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Resistência Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. COMENTÁRIOS SOBRE A RESISTÊNCIA É previsto no art. 319. Tutela o princípio de autoridade e o prestígio da função pública, indispensável à liberdade de ação do poder estatal, e à execução às funções públicas punindo os agentes que entravam ilegal e abusivamente à atividade. O sujeito ativo é qualquer pessoa que se após a execução do ato legal, independentemente de dirigir-se ele ao agente ou outra pessoa. O sujeito passivo é o Estado: o funcionário público que executa ou deve executar o ato: a pessoa que esteja prestando auxílio, solicitado ou não, ao funcionário. Constitui conduta típica a oposição do agente ao ato legal mediante violência ou ameaça, sendo indispensável que a oposição aconteça quando o ato está sendo executado. É pressuposto do crime é a execução de um ato legal por parte do funcionário. O erro do agente quanto à legalidade do ato culposo exclui o dolo. Não há que se falar em exclusão do crime de resistência de responsabilidade do agente que atua sob embriaguez voluntária ou culposa, pois o elemento subjetivo do tipo é um só, a vontade de se opor à execução do ato, mediante violência ou ameaça, sendo indispensável que o agente tenha consciência da antijuricidade de sua conduta. E crime formal, consumando-se com a prática da violência ou ameaça, sendo dispensável o resultado pretendido pelo agente. E admissível a tentativa. O art. 329 § 1° prevê a resistência qualificada pelo resultado. Distingue-se da desobediência, pois nesta as ofensas por palavras não envolvem violência ou ameaça ao funcionário. Cumula-se as penas da resistência com as de lesão corporal ou homicídio. (RT 391/338). Desobediência Art. 330 - Desobedecer à ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa. COMENTÁRIOS SOBRE A DESOBEDIÊNCIA É previsto no art. 330 CP. A lei tutela o prestígio e a dignidade da administração pública representada pelofuncionário que age em seu nome, O sujeito ativo é quem não obedece à ordem legal oriunda de autoridade competente e o sujeito passivo é o Estado. A conduta típica é desobedecer à ordem legal do funcionário público, cabendo ao agente examinar a legalidade da ordem (RF Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 8 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br 220/330). E indispensável que a ordem se revista das formalidades legais e que o funcionário esteja no exercício do cargo (RT 549/387). A ordem deve ser expressa e individualizada, dirigida a quem tem o dever jurídico de recebê-la ou acatá-la (JTA SP 74/110). E indispensável que o agente tenha ciência da determinação e consciência da antijuridicidade da sua conduta (RF 243/305). É crime comissivo ou omissivo e a consumação se dá no momento da ação ou omissão ilícita. A tentativa apenas é admissível na forma comissiva. Distingue-se da resistência pelo não emprego de violência ou ameaça ao funcionário competente para executar a ordem. Desacato Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. COMENTÁRIOS SOBRE O DESACATO É previsto no art. 331 e o bem jurídico tutelado é a dignidade, o prestígio, o decoro, o respeito devido à função pública. O sujeito ativo é qualquer pessoa que desacata funcionário público, inclusive o próprio funcionário público, desde que despido dessa qualidade ou fora de sua própria função (RT 561/354) e o sujeito passivo é o Estado e o funcionário público desacatado. A conduta típica é desacatar, ofender, vexar, humilhar, etc, ofendendo a dignidade ou o decoro da função. Constitui o desacato toda a ofensa direta e voluntária à honra ou ao prestígio de funcionário público com a consciência de atingi-lo no exercício ou por causa de suas funções, tutelando a dignidade da administração Pública personificada em seus mandatários. E indispensável para a caracterização do crime a presença do funcionário na ocasião da ofensa, ocorrendo o crime mesmo que o fato não tenha sido presenciado por terceiro. O dolo é a vontade consciente de praticar a ação ou proferir palavra injuriosa com o fim de ofender ou desrespeitar o funcionário a quem se dirige. O crime é consumado com a prática ofensa, no momento e lugar em que o agente pratica ato ofensivo ou profere palavras ultrajantes. E crime formal, não importando as conseqüências do fato. E crime de ação pública, não admite retratação, sendo admissível a tentativa, excetuando-se nos casos de ofensa oral. Toda vez que o desacato gera agressão física subsiste, somente, esse delito pela regra da consunção, absorvido o crime de lesões corporais (JTA SP 73/249). Ocorre crime continuado na conduta do agente quando atitudes sucessivas desacatam vários funcionários, e concurso material quando, além do desacato, ocorre a desobediência ou resistência. Tráfico de Influência Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 9 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. COMENTÁRIOS SOBRE A CORRUPÇAO ATIVA Está previsto no art. 333. Tenta-se evitar que uma ação externa provoque a corrupção do funcionário a fim de que pratique este ato de improbidade e venalidade no exercício de sua função. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, podendo ser até o funcionário público que, despido dessa qualidade, age como particular. O sujeito passivo é o Estado, podendo ser indiretamente o funcionário. A lei prevê as ações de oferecer ou de prometer vantagem indevida ao funcionário público. E indispensável que o ato que deva ser omitido, retardado ou praticado, seja ato de ofício e esteja compreendido nas atribuições funcionais do servidor público visado (RF 189/336). lnexiste corrupção ativa quando a oferta ou promessa tem a finalidade de impedir ou retardar medida ou ato ilegal (RF217/297). O objeto material do crime é a vantagem indevida que não tem apenas cunho patrimonial, mas também moral e até sexual (RF 034/353). Não importa que o ato a ser praticado seja ilícito, injusto ou ilegítimo. E necessário que se estabeleça a relação entre a oferta ou promessa e a intenção de obter a prática, omissão ou retardamento de algum ato de ofício (RF 197/315). A embriaguez do agente não exclui o dolo; não excluindo o crime. Consuma-se com a simples oferta ou promessa de vantagem indevida por parte do extraneus (RT 524/343). E admissível a tentativa nos casos em que a oferta ou promessa é feita de tal modo que não chegue ao conhecimento do funcionário por circunstâncias alheias à vontade do agente. O art. 333 parágrafo único trata da corrupção ativa qualificada. Ocorre co-autoria em concurso material com a corrupção ativa e corrupção passiva, quando a corrupção é praticada a fim de que o funcionário infrinja dever funcional que constitui crime. Descaminho Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1º Incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 10 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestinode mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. Contrabando Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente; III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Inutilização de edital ou de sinal Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. Subtração ou inutilização de livro ou documento Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 11 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br CRIMES CONTRA À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Avaliação 1) Sobre o crime de peculato, assinale a alternativa incorreta: a) O sujeito ativo do delito é funcionário público b) O sujeito passivo do delito é o Estado c) O objeto material do delito só pode ser bem móvel público d) O peculato impróprio também é chamado peculato-furto 2) Se o funcionário agir por negligência, imprudência ou imperícia, permitindo que haja apropriação ou desvio, subtração ou concurso, ele estará praticando o crime de: a) Peculato próprio b) Peculato impróprio c) Tentativa d) Peculato culposo 3) Que crime a conduta típica é a de exigir vantagem indevida. a) Concussão b) Extorsão c) Estelionato d) Peculato 4) Solicitar, receber vantagem indevida ou aceitar a promessa desta são condutas típicas do crime de: a) Concussão b) Corrupção passiva c) Corrupção ativa d) Extorsão 5) Constitui a infidelidade ao dever de ofício, em que o agente descumpre as obrigações pertinentes à sua função, ou as pratica contra a lei, a fim de satisfazer o interesse ou sentimento pessoal. a) Prevaricação b) Condescendência criminosa c) Violência arbitrária d) Peculato 6) Assinale a alternativa incorreta sobre o crime de condescendência criminosa: a) É uma espécie de prevaricação privilegiada, em que o sentimento pessoal do agente é a indulgência, e a omissão é relativa à responsabilidade de subalterno b) É crime omissivo puro, não admite tentativa c) É crime que admite a tentativa d) O crime é praticado quando se tenta evitar a dissimulação e ocultação das faltas praticadas pelos funcionários 7) Sobre o crime de violência arbitrária é correto afirmar: a) Não admite a tentativa b) O sujeito ativo é o Estado c) É irrelevante para a lei penal os motivos do crime d) O sujeito passivo não pode ser pessoa física 8) Sobre o crime de resistência é correto afirmar: a) O sujeito ativo é qualquer pessoa que se opõe à execução de ato legal b) Não admite a tentativa Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 12 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br c) É pressuposto do crime a execução de um ato ilegal por parte do funcionário d) Não é crime formal 9) Neste tipo de crime o bem jurídico tutelado é a dignidade, o prestígio, o decoro, o respeito devido à função pública. Falamos de que tipo de crime? a) Denunciação caluniosa b) Desacato c) Desobediência d) Violência arbitrária 10) Assinale a alternativa incorreta, sobre o crime de corrupção ativa. a) A embriaguez não exclui o dolo b) O sujeito passivo é o Estado c) O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa d) O sujeito ativo só pode ser funcionário público Instituto Tributário de Ensino à Distância ___________________________________________________________________ 13 ___________________________________________________________________________ www.intra-ead.com.br Referências 1- Código Penal Brasileiro. Disponível em http://www.planalto.gov.br 2- Decreto-Lei nº 201, de 27.02.1967. Disponível em http://www.planalto.gov.br 3- Código Penal Militar. Disponível em http://www.planalto.gov.br 4- Lei 4.898, de 9.12.65. Disponível em http://www.planalto.gov.br 5- Código Penal. Disponível em http://www.planalto.gov.br
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