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AULA 3 - MONISMO E PLURALISMO JURÍDICO

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Sociologia Jurídica e Judiciária 
aula 3
Monismo e Pluralismo Jurídico
Faculdade Estácio de Sá
Prof. Márcio José Pella
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A Teoria Crítica pode ser aplicada em diversos ramos das ciências humanas já que ela tem por função emancipar o homem de toda forma de alienação, contribuindo, assim, para a compreensão de muitas patologias sociais e para o combate às teorias tradicionais e toda forma de positivismo científico (Bray, 2005, p. 01).
Principais teóricos da Escola de Frankfurt: Adorno, Horkheimer, Marcuse, Benjamin e Habermas.
A Escola de Frankfurt e a Teoria Crítica
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O instrumental pedagógico operante (teórico-prático) que permite a sujeitos inertes e mitificados uma tomada de consciência, desencadeando processos que conduzem à formação de agentes sociais possuidores de uma concepção de mundo racionalizada, antidogmática, participativa e transformadora. Trata-se de proposta que não parte de abstrações, de um a priori dado, da elaboração mental pura e simples, mas da experiência histórico-concreta, da prática cotidiana insurgente, dos conflitos e das interações sociais e das necessidades humanas essenciais. (Wolkmer, 2001, p. 5)
A Escola de Frankfurt e a Teoria Crítica
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Escola de Frankfurt
Integrantes do simpósios sobre marxismo, núcleo fundador da Escola (1923)
 
Teodor Adorno
Prédio do Instituto de Pesquisa Social fundado no auditório da Universidade de Frankfurt em 22 de junho de 1924.
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A sociedade moderna com seu aumento tecnológico provocou um empobrecimento total dos seres humanos.
“No lugar da religião convencional emergiu o culto ao progresso que tudo sacrifica em nome de uma racionalidade cientifica supra-humana”.
“O que havia em comum nos filósofos frankfurtianos era uma postura de distanciamento do marxismo ortodoxo, sem, no entanto, desvincular dos ideários utópicos, revolucionários e emancipatórios”.
Ideias centrais da Escola de Frankfurt
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O principal objeto de estudo desses pensadores na área jurídica é o positivismo jurídico. “A proposta é desmistificar a legalidade dogmática tradicional, bem como aproximar o Direito às ideologias, ao poder e às práticas sociais”.
Para eles o Direito em parceria com o Estado atuam no sentido de reforçar os interesses da classe dominante e sistema capitalista.
  A formulação teórico-prática que se revela sob a forma do exercício reflexivo capaz de questionar e de romper com o que está disciplinarmente ordenado e oficialmente consagrado (no conhecimento, no discurso e no comportamento) em dada formação social e a possibilidade de conceber e operacionalizar outras formas diferenciadas, não repressivas e emancipadoras, de prática jurídica.
(Wolkmer, 2001, p. 11)
A Escola de Frankfurt e o Direito
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Na medida em que o órgão de jurisdição do modelo de legalidade estatal convencional torna-se funcionalmente incapaz de acolher as demandas e de resolver os conflitos inerentes às necessidades engendradas por novos atores sociais, nada mais natural do que o poder societário instituir instâncias extrajudiciais assentadas na informalidade, autenticidade, flexibilidade e descentralização. A constituição de outro paradigma da política e do jurídico está diretamente vinculada ao surgimento comunitário-participativo de novas agências de jurisdição não-estatais espontâneas, estruturadas por meio de processos de negociação, mediação, conciliação, arbitragem, conselhos e tribunais populares.
(Wolkmer, 2001, p. 310)
Pluralismo Jurídico
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 Aos olhos de uma Teoria Crítica, reconhece-se a existência de um Direito não oficial que emerge das práticas sociais, um Direito "paralelo", "achado na rua" ou "insurgente". Nessa linha de raciocínio, o Direito é legítimo não em função da autoridade competente ou dos mecanismos procedimentais do Estado quanto à criação das normas, mas é válido porque a comunidade reconhece como tal. Assim, a Comunidade Local, a exemplo da Associação dos Moradores de Bairro de uma favela [32], não só reconhece a legitimidade das normas informais, mas também as aplicam, solucionando, dessa forma, os conflitos. (Renato Toller Bray)
Pluralismo Jurídico
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Rocinha cresce na vertical à margem da lei
O Globo, Daniel Engelbrecht, 04/nov
Mais de um terço dos imóveis na Rocinha são prédios com dois ou mais andares, e quase a metade não tem qualquer documentação. Os números constam de uma pesquisa realizada pela Fundação Bento Rubião, responsável pelo programa de regularização fundiária da comunidade, que entrevistou mil moradores entre dezembro e março. Em boa parte dos edifícios, cada pavimento serve de moradia para até seis famílias. Com o objetivo de auxiliar o programa de regularização fundiária iniciado em 2005, a pesquisa foi realizada nos 15 sub-bairros da Rocinha. A principal constatação é de que 36% dos imóveis são prédios, a maior parte deles (46%) com três andares. Os prédios com quatro andares são 20% e os com cinco ou mais pavimentos, 10%. Em cada andar costuma viver um número grande de famílias. Segundo a pesquisa, 59% dos pavimentos abrigam entre três e seis moradias, e 8%, de sete a dez. Há casos de prédios em que cada andar é habitado por 16 ou mais famílias (2% do total).
Para o arquiteto Canagé Vilhena, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ), a Rocinha atingiu um nível de adensamento superior aos padrões conhecidos em outras comunidades:
O adensamento excessivo também tende a prejudicar o convívio entre as pessoas. Nesse quesito, a falta de documentação sobre o espaço de cada um torna-se um agravante, lembra Vilhena. Do total de entrevistados, 44% não têm qualquer documentação sobre o imóvel em que vivem e apenas 1% tem escritura definitiva. Entre as pessoas que moram de aluguel (11% dos entrevistados), 81% não têm contrato de locação, e 54%, sequer recibos de pagamento. Coordenador da Fundação Bento Rubião, Ricardo Gouvêa afirma que a Rocinha não pode mais esperar para ter sua situação regularizada:
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- A hora de conter o crescimento é agora, enquanto ainda temos a maioria dos prédios com dois, três e quatro andares. É preciso apostar no processo de legalização.
Na ausência do poder público, a maior associação de moradores da favela, a União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha, acabou se transformando numa espécie de cartório, já tendo cadastrado um terço das moradias da comunidade. O registro na associação é o único documento de 33% dos donos de imóveis na favela. Presidente da entidade, William de Oliveira explica que a iniciativa foi tomada para evitar os conflitos que aconteciam pela posse dos imóveis.
- Tínhamos casos de moradores que vendiam a casa para duas pessoas, ou que vendiam e iam embora sem deixar qualquer documento. O cadastro que criamos foi uma forma de regularização. Hoje, quando uma família precisa, por exemplo, fazer inventário, a Justiça manda ofício direto para a associação de moradores - diz ele.
Parceiro da Fundação Bento Rubião no projeto de regularização fundiária, Oliveira admite que a melhor solução é a distribuição de títulos de propriedade aos donos dos imóveis:
- Títulos de propriedade são a solução definitiva e um direito dos moradores.
Iniciado em 2005, o projeto de regularização fundiária, chamado Rocinha Mais Legal já recebeu a adesão de 2 mil famílias de três sub-bairros. O procedimento está mais adiantado no Bairro Barcelos, onde 520 ações de usucapião e adjudicação compulsória já foram propostas na Justiça, abrangendo 1.620 unidades residenciais, a fim de que seus proprietários obtenham escritura. Apesar do grande número de beneficiados, o projeto ainda é desconhecido da maioria dos moradores da favela. Segundo a pesquisa, 68% deles disseram não conhecer o programa e 73% informaram não saber o que significa regularização fundiária. Perguntados sobre a possibilidade de ter um título de propriedade, no entanto, 96% das pessoas disse considerar importante.
http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=23288. Acesso em 20/02/2012
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 WOLKMER, Antonio Carlos. Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico.
3.ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
WOLKMER, Antonio Carlos . Pluralismo Jurídico: Fundamentos de uma nova cultura no Direito. 3.ed. São Paulo: Alfa-Omega, 2001.
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