Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INFILTRAÇÃO 1. OBJETIVOS Definir o processo da infiltração e conhecer suas grandezas características; Utilizar os métodos de medidas da infiltração; Conhecer os fatores que intervêm na capacidade de infiltração, e Definir os parâmetros que caracterizam a relação solo-água. 2. INTRODUÇÃO Infiltração é o processo pelo qual á água penetra nas camadas superficiais do solo e se move para baixo, em direção ao lençol d'água. A água precipitada tem os seguintes destinos: Parte é interceptada pelas vegetações; Parte é retida nas depressões; Parte é infiltrada; O resto escoa superficialmente. Fases da infiltração: Intercâmbio - ocorre na camada superficial de terreno, onde as partículas de água estão sujeitas a retornar à atmosfera por aspiração capilar, provocada pela ação da evaporação ou absorvida pelas raízes das plantas; Descida – dá-se o deslocamento vertical da água quando o próprio peso supera a adesão e a capilaridade; Circulação – devido ao acúmulo da água, o solo fica saturado formando-se os lençóis subterrâneos. A água escoa devido à declividade das camadas impermeáveis. 3. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS DA INFILTRAÇÃO Capacidade de infiltração – é a quantidade máxima de água que um solo, sob uma dada condição, é capaz de absorver na unidade de tempo por unidade de área. Geralmente é expressa em mm/h. Distribuição granulométrica – é a distribuição das partículas constituintes do solo em função das suas dimensões; Porosidade – é a relação entre o volume de vazios e volume total, expressa em porcentagem. Taxa de infiltração – é definida como a lâmina de água (volume de água por unidade de área) que atravessa a superfície do solo, por unidade de tempo. Coeficiente de permeabilidade - é a velocidade de filtração em um solo saturado com perda de carga unitária; mede a facilidade ao escoamento. 4. MÉTODOS DE MEDIÇÃO DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO INFILTRÔMETRO DE ANEL Os infiltrômetros consistem, basicamente, de dois cilindros concêntricos e um dispositivo de medir volume da água aduzida ao cilindro interno. Figura 1 – Ilustrações do infiltrômetro de duplo anel SIMULADORES DE CHUVA OU INFILTRÔMETRO DE ASPERSÃO São equipamentos nos quais a água é aplicada por aspersão, com intensidade de precipitação superior à capacidade de infiltração do solo. Ilustração de simuladores de chuva 5. FATORES QUE INTERVÊM NA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO Os fatores intervenientes no fenômeno da infiltração são os seguintes: Umidade do solo: quanto mais seco o solo, maior será a capacidade de infiltração. Permeabilidade do solo (Tipo de solo): a capacidade de infiltração varia diretamente com a porosidade, tamanho das partículas e estado de fissuração das rochas. Temperatura do solo: Profundidade do extrato impermeável: Efeito de precipitação: as águas das chuvas transportam os materiais finos que tendem a reduzir a porosidade da superfície. Cobertura por vegetação: favorece a infiltração, já que dificulta o escoamento superficial da água. 6. EQUAÇÃO DA CURVA DE CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO Horton (1940) propôs a seguinte equação: ktc0c e ffff (1) Onde: fo é a capacidade de infiltração inicial (t = 0); fc é a capacidade de infiltração final (t = ∞); k é uma constante para cada curva; e f é a capacidade de infiltração depois do tempo t. A equação que representa a infiltração acumulada ou potencial de infiltração foi obtida pela integração da equação 1, e então, chega-se à: F = fc . t + ((f0 - fc)/k).(1 - ek*t) (2) onde F é a quantidade infiltrada (ou a quantidade que iria infiltrar se houvesse água disponível), em mm. Kostiakov (1932) propôs uma equação do tipo: vtaf Onde: a e v são constantes a serem ajustadas através da curva obtida no ensaio de infiltração. Método de Soil Conservation Service Fórmula proposta pelo SCS: )8.0( )2.0( 2 SP SPPe (3) para P 0.2S onde: Pe - escoamento superficial direto em mm; P - precipitação em mm; S - retenção potencial do solo em mm; 0,2S é uma estimativa das perdas iniciais (interceptação e retenção). Relação entre S e CN (“número de curva”): 4.25 10 1000 S CN (4) ou 25425400 CN S (5) CN depende de 3 fatores: umidade antecedente do solo; tipo de solo; ocupação de solo. Tipos de solo e condições e ocupação O SCS distingue em seu método 5 grupos hidrológicos de solos. Grupo A – Solos arenosos com baixo teor de argila, inferior a 8%. Grupo B – Solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com teor de argila inferior a 15%. Grupo C – Solos barrentos com teor de argila de 20 a 30% mas sem camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até profundidades de 1,2 m. Grupo D – Solos argilosos (30 – 40% de argila) e ainda com camada densificada a uns 50 cm de profundidade. Grupo E – Solos barrentos como C, mas com camada argilosa impermeável ou com pedras. Condições de umidade antecedente do solo O método do SCS distingue 3 condições de umidade antecedente do solo: CONDIÇÃO I – solos secos – as chuvas nos últimos 5 dias não ultrapassam 15 mm. CONDIÇÃO II – situação média na época das cheias – as chuvas nos últimos 5 dias totalizaram entre 15 e 40 mm. CONDIÇÃO III – solo úmido (próximo da saturação) – as chuvas nos últimos 5 dias foram superiores a 40 mm e as condições meteorológicas são desfavoráveis a altas taxas de evaporação. A Tabela 1 permite converter o valor de CN para condição I ou III e a Tabela 2 mostra os valores de CN para diferentes tipos de solo na condição II de umidade antecedente. Tabela 1 – Conversão das curvas CN para as diferentes condições de umidade do solo. Tabela 2 – Valores de CN (“curve number”) para diferentes tipos de solo (Condição II de umidade antecedente). 7. ESCOAMENTO DA ÁGUA EM SOLOS SATURADOS O escoamento da água nos solos saturados é regido pela lei de Darcy. dx dhKV V é chamada velocidade fictícia, isto é, a vazão dividida pela área total da secção reta do meio poroso; K é o coeficiente de permeabilidade; h é a carga hidráulica. A permeabilidade de uma amostra de solo, a partir de um permeâmetro de carga variável, pode ser obtida pela expressão que segue: 2 1 h h log TA la3,2K onde: k = permeabilidade a = área da seção do cano A = área da amostra L = comprimento da amostra h = leituras no cano t = tempo nas leituras h. Os principais fatores que influenciam o coeficiente de permeabilidade são: Granulometria - O tamanho das partículas que constituem os solos influencia no valor de “k”. Índice de Vazios - A permeabilidade dos solos esta relacionada com o índice de vazios, logo, com a sua porosidade. Composição Mineralógica - A predominância de alguns tipos de minerais na constituição dos solos tem grande influência na permeabilidade. Estrutura - É o arranjo das partículas. Fluído - O tipo de fluído que se encontra nos poros. Nos solos, em geral, o fluído é a água com ou sem gases (ar) dissolvidos.Macro-estrutura - Principalmente em solos que guardam as características do material de origem (rocha mãe); Temperatura - Quanto maior a temperatura, menor a viscosidade d’água, portanto, maior a permeabilidade, isto significa que a água mais facilmente escoará pelos poros do solo. 8. ESCOAMENTO DA ÁGUA NOS SOLOS NÃO SATURADOS Onde quer que uma porção de solo seco seja colocada em contato com água, há imediatamente o início de um movimento da água na direção da região seca mesmo contra a gravidade. Esse movimento dá- se em duas fases: uma de vapor e outra líquida. 7.Definições de Parâmetros que Caracterizam a Relação Solo-Água Ilustração das fases de um solo. 7.1. Porosidade (n): é a relação entre o volume de vazios (Vv) e volume de amostra (Vt) t v V V n 7.2. Grau de Saturação (S): é a relação entre o volume de água (VA) e o volume de vazios (Vv) de uma amostra. V A V VS 7.3. Relação de Vazios (e): é a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos sólidos (Vs). S v V Ve 7.4. Umidade (base peso)(): é a relação entre o peso da água (mw) e o peso do solo seco (ms) S W m m 7.5. Peso Específico Aparente Seco ( S ): é a relação entre o peso do solo seco (Ps) e o volume da amostra (Vt) t S S V P 7.6. Umidade (base volume)(): é a relação entre o peso da água (Vw) e o volume da amostra (Vt) t W V V A variação de é desde 0 a . Quando o solo está saturado, = s. 7.7. Densidade de partículas (p): é a relação entre a massa (ms) e o volume (Vs) da parte sólida; 7.8. Densidade do solo (s): é a relação entre a massa (ms) e o volume (Vt) da amostra; 7.9. Porosidade livre de água (): porosidade de aeração, fração ocupada pelo ar ou porosidade drenável. t AR V V Ou na prática: Relações entre os Parâmetros Porosidade ( ou n) e densidades do solo (s) e de partículas (p); Umidades ( e ) e densidade do solo (s); EXEMPLOS 1. Em uma bacia hidrográfica, com a predominância de solo tipo B, ocorreu a seguinte chuva: Intervalo de tempo (h) 0 – 1 1 – 2 2 – 3 3 – 4 4 – 5 Precipitação (mm) 5,0 15,0 20,0 25,0 15,0 Determinar a parcela infiltrada e a chuva excedente, utilizando o método de HORTON. Solução: Solo tipo B: f0 = 200 mm/h; fc = 12 mm/h; k = 2 h-1 Potencialidade de infiltração: t t kt cc etF etF eff k tfF 2 2 0 19412 112200 2 112 11 t = 1 F = 12 x 1 + 94 x (1 – e-2x1) = 93,3 mm t = 2 F = 12 x 2 + 94 x (1 – e-2x2) = 116,3 mm t = 3 F = 12 x 3 + 94 x (1 – e-2x3) = 129,8 mm t = 4 F = 12 x 4 + 94 x (1 – e-2x4) = 142,0 mm t = 5 F = 12 x 5 + 94 x (1 – e-2x5) = 154,0 mm Procedimento de cálculo: Coluna 3 Calcular com a equação de F, conforme mostrado acima; Coluna 4 Fazer a diferença entre a potencialidade de infiltração (F) do instante atual e a do instante anterior; Coluna 5 Comparar os valores da coluna 2 com os da coluna 4 e preencher com o menor deles; Coluna 6 Fazer a diferença entre os valores da chuva (coluna 2) e os da potencialidade de infiltração em cada intervalo de tempo (coluna 5). (1) (2) (3) (4) (5) (6) Intervalo de tempo (h) Tempo(h) Total precipitado (mm) Potencialidade de infiltração: F (mm) Potencialidade de infiltração em cada ∆t (mm) Quantidade Infiltrada (mm) Chuva Excedente (mm) 0 – 1 1 5,0 93,3 93,3 5,0 0,0 1 – 2 2 15,0 116,3 23,0 15,0 0,0 2 – 3 3 20,0 129,8 13,5 13,5 6,5 3 – 4 4 25,0 142,0 12,2 12,2 12,8 4 – 5 5 15,0 154,0 12,0 12,0 3,0 0 5 10 15 20 25 30 1 2 3 4 5 Tempo (h) A ltu ra p lu vi om ét ric a (m m ) Chuva infiltradaChuva execdente Para a mesma chuva do exercício anterior calcular a chuva excedente utilizando o método de Soil Conservation Service (SCS). Adotar o valor 70 como número de curva (CN). Solução: Procedimento de cálculo: Coluna 3 Acumular a chuva de cada intervalo de tempo; Coluna 4 Calcular a partir da chuva acumulada, conforme mostrado abaixo: 25425400 CN S SP SPPe ac ac ac 8,0 )2,0( 2 para Pac 0,2.S Peac = 0 para Pac 0,2.S mm9,108254 70 25400254 CN 25400S 0,2.S = 0,2 x 108,9 = 21,8 mm (1) (2) (3) (4) (5) Intervalo de tempo (h) Chuva em cada t (mm) Chuva acumulada (mm) Chuva exceden-te acumulada (mm) Chuva excedente em cada t (mm) 0 – 1 5 5 0 0 1 – 2 15 20 0 0 2 – 3 20 40 2,6 2,6 3 – 4 25 65 12,3 9,7 4 – 5 15 80 20,3 8,0 Intervalo 0 – 1: Pac = 5,0 < 21,8 Peac = 0 Intervalo 1 – 2: Pac = 20,0 < 21,8 Peac = 0 Intervalo 2 – 3: Pac = 40,0 > 21,8 mm 6,29,1088,040 )9,1082,040( 2 acPe Intervalo 3 – 4: Pac = 65,0 > 21,8 mm 3,129,1088,00,65 )9,1082,00,65( 2 acPe Intervalo 4 – 5: Pac = 80,0 > 21,8 mm 3,209,1088,00,80 )9,1082,00,80( 2 acPe Coluna 5 Fazer a diferença entre a chuva excedente acumulada do instante atual e a do instante anterior. 0 5 10 15 20 25 30 1 2 3 4 5 Tempo (h) A ltu ra p lu vi om ét ric a (m m ) Chuva infiltrada Chuva execdente EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1 Dada a chuva abaixo, determine a parcela infiltrada e excedente, utilizando os métodos de: a) Horton, considerando que predomina o solo tipo C na bacia; b) Soil Conservation Service, adotando CN = 75. Intervalo de tempo (min) 0 – 12 12 - 24 24 - 36 36 - 48 48 - 60 Precipitação (mm) 6,4 9,6 8,8 8,0 4,0
Compartilhar