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LUCÍLIA GARCEZ - TÉCNICAS DE REDAÇÃO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE REDAÇÃO E REVISÃO DE 
TEXTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª LUCÍLIA HELENA DO CARMO GARCEZ 
 
 
 
BRASÍLIA 
2003 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO.............................................................................................. 3 
LÍNGUA PADRÃO.............................................................................................. 4 
COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE DO SERVIÇO PÚBLICO .............................. 5 
DECISÕES EM RELAÇÃO ÀS ESTRUTURAS LINGÜÍSTICAS........................ 7 
DISTINÇÕES ENTRE AS MODALIDADES ORAL E ESCRITA .................... 7 
FORMALIDADE E INFORMALIDADE ............................................................ 8 
O PADRÃO OFÍCIO ........................................................................................... 9 
PARTES DO DOCUMENTO NO PADRÃO OFÍCIO....................................... 9 
FORMA DE DIAGRAMAÇÃO....................................................................... 10 
PRONOMES DE TRATAMENTO..................................................................... 13 
CONCORDÂNCIA COM OS PRONOMES DE TRATAMENTO ................... 13 
EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO ..................................... 13 
FECHOS PARA COMUNICAÇÕES ............................................................. 16 
IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO............................................................. 16 
MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL ......................................................... 17 
COESÃO REFERENCIAL ............................................................................ 17 
COESÃO LEXICAL....................................................................................... 18 
COESÃO POR ELIPSE ................................................................................ 18 
COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO .................................................................. 18 
A IMPESSOALIZAÇÃO DO TEXTO................................................................. 20 
USO DO VOCABULÁRIO ................................................................................ 22 
O USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE ................................................... 24 
EXPRESSÕES QUE EXIGEM ATENÇÃO ESPECIAL .................................... 28 
VÍRGULA.......................................................................................................... 33 
CONCORDÂNCIA NOMINAL........................................................................... 37 
CONCORDÂNCIA VERBAL............................................................................. 38 
CONCORDÂNCIA COM PERCENTUAL ......................................................... 39 
A QUESTÃO DA ORTOGRAFIA...................................................................... 40 
SISTEMA ORTOGRÁFICO - CORRESPONDÊNCIAS FONOGRÁFICAS... 40 
HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS..................................................................... 42 
PALAVRAS QUE SUSCITAM DÚVIDAS DE GRAFIA OU SENTIDO. ......... 42 
ACENTUAÇÃO GRÁFICA................................................................................ 51 
HÍFEN .............................................................................................................. 52 
REAVALIAÇÃO DO TEXTO............................................................................. 53 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 54 
 
 
 
2
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Nosso objetivo é proporcionar aos participantes da oficina oportunidade 
de desenvolver estratégias e habilidades que levem a um desempenho mais 
seguro e eficiente na produção de textos, consideradas as especificidades da 
linguagem em contexto oficial. 
 Os objetivos específicos das atividades propostas são: 
- reconhecer a responsabilidade dos redatores do serviço 
público na conservação e manutenção da norma culta. 
- familiarizar-se com os gêneros textuais utilizados no ambiente 
de trabalho. 
- conhecer e utilizar as noções essenciais à estruturação de 
textos coesos e coerentes. 
- desenvolver estratégias de criação, seleção e ordenamento de 
idéias. 
- consolidar a prática de planejamento antecipado e de 
reavaliação do plano inicial. 
- estabelecer parâmetros críticos para revisão e reformulação 
de textos a partir do reconhecimento dos problemas mais 
freqüentes. 
- desenvolver estratégias de leitura, de consulta e de 
consolidação de conhecimentos necessários à produção 
escrita de acordo com as normas gramaticais da língua 
padrão. 
- conhecer estratégias que levam ao desenvolvimento contínuo 
de habilidades de produção de textos de acordo com as 
exigências de eficiência pragmática próprias da administração 
pública federal. 
 
Esses objetivos devem se estender por toda prática de escrita do 
funcionário para que o seu universo de comunicação e de domínio da língua 
escrita seja ampliado continuamente. 
Parte-se do pressuposto de que a língua é uma forma de ação, um 
modo de vida social, uma construção coletiva. A interação verbal e as relações 
coletivas e sociais constitutivas do jogo da linguagem são vistas como 
elementos fundamentais que se conjugam na construção da língua. Ou seja, a 
língua não se restringe a um conjunto restrito de regras que podem ser 
repassadas, memorizadas e aplicadas sem a participação e interferência do 
sujeito como agente de uma ação intencional e estratégica sobre o interlocutor 
numa determinada situação. 
Assim, a metodologia adotada vê a aprendizagem como um processo 
contínuo de construção negociada e solidária do objeto lingüístico, no qual a 
interação é indispensável. Sendo assim, a oficina que se propõe é apenas um 
elemento deflagrador de novas atitudes e posturas diante do ato de escrever e 
do aperfeiçoamento contínuo da língua. 
 
3
 
 
 
LÍNGUA PADRÃO 
 
 
Vejamos as definições do Dicionário Eletrônico Houaiss: 
 
língua padrão 
a variante de uma língua que é prestigiada pela comunidade falante e 
que supra-regionalmente se torna o meio unificado de comunicação, 
usada na mídia, no ensino etc. 
 
norma 
Rubrica: lingüística, gramática. 
conjunto dos preceitos estabelecidos na seleção do que deve ou não ser 
usado numa certa língua, levando em conta fatores lingüísticos e não 
lingüísticos, como tradição e valores socioculturais (prestígio, elegância, 
estética etc.) 
Rubrica: lingüística. 
tudo o que é de uso corrente numa língua relativamente estabilizada 
pelas instituições sociais 
 
O texto formal utiliza o que chamamos de norma, língua culta ou padrão. 
É muito difícil definir o que seja o padrão culto de uma língua, pois estamos 
lidando com um fenômeno vivo, sempre em evolução, sujeito a uma infinidade 
de influências e transformações. Assim, não há porque se portar perante a 
língua de modo submisso a um poder autoritário. O que define a norma ou 
padrão culto é o uso, consensualmente aceito e consagrado como correto 
pelos falantes que têm alto grau de escolaridade. Isso diz respeito tanto à fala 
quanto à escrita. 
Historicamente, o padrão depende do poder político, econômico e social 
daqueles que o definem e o codificam nas gramáticas escolares e o consagram 
na escrita formal. Assim, a língua padrão é o consenso que está nos 
documentos oficiais, nas leis, nos livros de qualidade, nos jornais e revistas 
tradicionais de grande circulação. 
No início do século, a norma estava nos textos literários de autores 
como Machado de Assis, Rui Barbosa e Euclides da Cunha. Eles são os 
exemplos mais citados em nossas gramáticas descritivas e normativas. 
Entretanto, os grandes escritores modernistas trouxeram para a literatura a fala 
do povo e novas criações de efeito estilístico(Guimarães Rosa, por exemplo) 
que constituem desvios, transgressões às formas aceitas até então na escrita 
culta formal. O modernismo constituiu uma forma de revolução na linguagem 
literária, libertando-a para novas experiências. 
Portanto, não se deve mais generalizar, como se fazia a respeito dos 
textos do fim do século dezenove, dizendo que a norma culta está na literatura. 
Atualmente, a norma culta deve distinguir os usos literários dos não-literários, 
ou seja, dos textos informativos. 
A norma padrão assegura a unidade lingüística do país, uma vez que 
essa norma se sobrepõe às variedades regionais e individuais, sem eliminá-las. 
É exigida em determinadas circunstâncias, mas os dialetos regionais e as 
particularidades estilísticas pessoais têm seu espaço na vida social. 
4
 
 
 
COMUNICAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO 
 
É necessário assegurar clareza, objetividade e comunicação. Por isso, ao 
escrever, convém eliminar palavras muito técnicas, que fazem parte do jargão 
de uma determinada profissão, e dispensar palavras e expressões supérfluas, 
evitando redundâncias ou expressões vazias, que procuram apenas 
impressionar o leitor. Fuja das expressões gastas, dos clichês: 
Nós, enquanto brasileiros,... 
O sol nasceu para todos... 
A questão passa por 
A nível de filosofia, é importante... 
Desde tempos imemoriais 
Observe a seguir os quadros que ironizam a linguagem pedante da 
tecnocracia. Você pode escolher aleatoriamente um fragmento de cada coluna 
e conseguirá formar uma frase gramaticalmente aceitável, mas sem conteúdo 
definido ou consistente. 
 
MANUAL DA TECNOMISTIFICAÇÃO 
Madame Natasha tem horror a música. Ela confunde bola de Taffarel com bolero de Ravel. 
Habitualmente, a senhora distribui bolsas de estudo aos sábios da parolagem, mas desta vez, graças ao 
jornalista Walter Fontoura, passa adiante o tratado do blá-blá-blá. 
Trata-se do Guia de Discurso para Tecnocratas Principiantes. Sua versão original teria sido 
publicada numa revista polonesa. Fontoura teve acesso a uma tradução de autor desconhecido que vai 
publicada adiante, com algumas adaptações. É uma versão melhorada de uma compilação surgida pela 
primeira vez há mais de 20 anos, na revista Time. Talvez não seja coisa muito nova, mas certamente é 
divertida (para amigos do idioma) e útil (para os inimigos). 
O leitor pode combinar qualquer expressão listada na primeira coluna com outras, das demais, na 
ordem 1,2,3 e 4. As variações possíveis são cerca de 10 mil. Segundo os autores, permite ao empulhador 
que fale ininterruptamente por mais de 40 horas, sem dizer coisa nenhuma. 
Caros colegas, a execução deste projeto nos obriga à analise das nossas opções de 
desenvolvimento no 
futuro. 
Por outro lado, a complexidade dos 
estudos efetuados 
cumpre um papel 
essencial na formulação 
das nossas metas 
financeiras e 
administrativas. 
Assim mesmo, a expansão de nossa 
atividade 
exige a precisão e a 
definição 
dos conceitos de 
participação geral. 
Não podemos esquecer 
que 
a atual estrutura da 
organização 
auxilia a preparação e a 
estruturação 
das atitudes e das 
atribuições da diretoria. 
Do mesmo modo, o novo modelo estrutural 
aqui preconizado 
contribui para a correta 
determinação 
das novas proposições. 
A prática mostra que o desenvolvimento de 
formas distintas de 
atuação 
assume importantes 
posições na definição 
das opções básicas para o 
sucesso do programa. 
Nunca é demais insistir, 
uma vez que 
a constante divulgação 
das informações 
facilita a definição do nosso sistema de 
formação de quadros. 
A experiência mostra que a consolidação das 
estruturas 
prejudica a percepção da 
importância 
das condições 
apropriadas para os 
negócios. 
É fundamental ressaltar 
que 
a análise dos diversos 
resultados 
oferece uma boa 
oportunidade de 
verificação 
dos índices pretendidos. 
O incentivo ao avanço 
tecnológico, assim como 
o início do programa de 
formação de atitudes 
acarreta um processo de 
reformulação 
das formas de ação. 
Elio Gaspari - Jornal de Brasília. Brasília, 28, jun. 1998. 
5
 
 
 
 
 
 
Quadro 2 
 
COLUNA A COLUNA B COLUNA C COLUNA D COLUNA E COLUNA F COLUNA G 
1. A necessidade 
emergente 
se caracteriza por uma correta relação 
entre estrutura e 
superestrutura 
no interesse 
primário da 
população, 
substanciando e 
vitalizando, 
numa ótica 
preventiva e não 
mais curativa, 
a transparência de 
cada ato decisional. 
2.O quadro 
normativo 
Prefigura a superação de 
cada obstáculo e/ou 
resistência passiva 
sem prejudicar o 
atual nível das 
contribuições, 
 não assumindo 
nunca como 
implícito, 
no contexto de um 
sistema integrado, 
um indispensável 
salto de qualidade. 
3.O critério 
metodológico 
reconduz a sínteses a pontual 
correspondência 
entre objetivos e 
recursos 
com critérios não-
dirigísticos, 
potenciando e 
incrementando, 
na medida em que 
isso seja factível, 
o aplainamento de 
discrepâncias e 
discrasias 
existentes. 
4.O modelo de 
desenvolvimento 
incrementa o redirecionamento
das linhas de 
tendência em ato 
 para além das 
contradições e 
dificuldades iniciais, 
evidenciando e 
explicitando, 
em termos de 
eficácia e eficiência,
a adoção de uma 
metodologia 
diferenciada. 
5.O novo tema 
social 
Propicia o incorporamento
das funções e a 
descentralização 
decisionall 
 numa visão 
orgânica e não 
totalizante, 
ativando e 
implementando, 
a cavaleiro da 
situação 
contingente, 
 a redefinição de 
uma nova figura 
profissional. 
6. O método 
participativo 
propõe-se a o reconhecimento 
da demanda não 
satisfeita 
mediante 
mecanismos da 
participação, 
não omitindo ou 
calando, mas antes 
particularizando, 
com as devidas e 
imprescindíveis 
enfatizações, 
o co-envolvimento 
ativo de operadores 
e utentes. 
7. A utilização 
potencial 
Privilegia uma coligação
orgância 
interdisciplinar para 
uma praxis de 
trabalho de grupo, 
segundo um módulo 
de interdependência 
horizontal, 
recuperando, ou 
antes revalorizando,
como sua premissa 
indispensável e 
condicionante, 
uma congruente 
flexibilidade das 
estruturas. 
Adriano da Gama Kury. Para falar e escrever melhor o português. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p.18. 
6
 
 DECISÕES EM RELAÇÃO ÀS ESTRUTURAS 
LINGÜÍSTICAS 
 
O falante de uma língua é, de certa forma, um poliglota. Ele fala e usa a língua em 
diversas situações, com distintos objetivos, em diferentes níveis. Há distinções 
fundamentais nesses usos que é preciso considerar, como as que se dão entre: 
• modalidade oral e escrita 
• registro formal e informal 
• variedade padrão e não-padrão 
 
 DISTINÇÕES ENTRE AS MODALIDADES ORAL E ESCRITA 
 
Freqüentemente confundimos as modalidades da língua oral e escrita. Embora 
pertençam ao mesmo sistema, essas duas manifestações são apenas parcialmente 
semelhantes. Considere o seu próprio uso da linguagem e observe que a língua escrita 
não dispõe dos recursos contextuais, como expressões faciais, gestos, entonação, que 
enriquecem a oral. Ao escrever, precisamos seguir mais rigorosamente as exigências da 
língua padrão, porque o nosso interlocutor está distante e é necessário garantir a 
compreensão. 
Podemos esquematizar nossos procedimentos: 
 
Na fala 
• somos mais espontâneos, não planejamos com antecedência o que vamos falar, a não ser em 
situações muito formais ou delicadas; 
• temos apoio da situação física, do contexto, do conhecimento do interlocutor, das expressões 
faciais, dos gestos, das pausas, das modulações da voz, das referências ao ambiente; 
• podemos repetir informações, explicar algum item malcompreendido, podemos resolver 
dúvidas do ouvinte; 
• usamos frases mais simples, conjunções facilmente compreendidas; 
• é muito comum surgirem na fala truncamentos, cortes, repetições, titubeios e problemas de 
concordância. Pensamos muito rapidamente e a expressão das nossas idéias pode ser, na 
fala, um pouco atrapalhada, pois podemos, a cada momento, corrigir e explicar melhor; 
• usamos expressões dialetais com mais freqüência. 
 
Na escrita 
 
• planejamos cuidadosamente o nosso texto para assegurar que o leitor compreenda nossas 
idéias sem precisar de mais explicações, pois não temos o apoio do contexto, ou seja, não 
podemos resolver dúvidas imediatamente, não dispomos de recursos como gestos, voz, 
expressões faciais; 
• revisamos para avaliar o funcionamento do texto e evitar repetições desnecessárias de 
palavras, truncamentos, problemas de concordância, regência, colocação pronominal, 
pontuação, ortografia; 
• utilizamos sintaxe mais complexa, que permite a exatidão e a clareza do pensamento; assim, 
as orações subordinadas são mais freqüentes na escrita que na fala; 
• procuramos utilizar um vocabulário mais exato e preciso, pois temos tempo de procurar a 
palavra adequada; 
• evitamos gíria e expressões coloquiais, principalmente quando o texto é formal. 
 
 
 Portanto, a escrita não é a simples transcrição da fala. Tem características 
próprias e exigências diferentes. Podemos sintetizar as diferenças no seguinte quadro: 
 
FALA ESCRITA 
Espontânea Planejada 
Evanescente Duradoura 
Grande apoio contextual Ausência de apoio contextual 
Face a face Interlocutor distante 
Repetições / redundâncias/ truncamentos/ 
desvios 
Controle da sintaxe / das repetições / da 
redundância 
Predomínio de orações coordenadas Predomínio de orações subordinadas 
 
FORMALIDADE E INFORMALIDADE 
 
Tanto a fala como a escrita podem variar quanto ao grau de formalidade. 
Há uma gradação que vai da fala mais descontraída 
 Oi, tá tudo bem? 
à fala mais formal, planejada e mais próxima da escrita 
 Caros ouvintes. Boa Tarde! 
 e da escrita mais informal 
 Tô chegando aí. Deixa o parabéns pra mais tarde! 
 à mais formal 
Chegaremos ao local da cerimônia com um pequeno atraso em relação à 
programação anteriormente estabelecida. Solicitamos que as atividades 
sejam adiadas por alguns minutos. 
Cabe ao falante ou redator analisar a situação, o contexto, e decidir como usar as 
infinitas possibilidades da língua da forma mais adequada e aceitável, segundo os 
objetivos do momento. Para isso é imprescindível ampliar continuamente o acervo de 
opções, ou seja, o vocabulário e as formas de combinação das palavras em frases e 
textos. 
Um dos problemas mais freqüentes na produção de textos de jovens redatores é a 
confusão entre a modalidade oral, que permeia e escrita informal, e a modalidade escrita 
formal. Para que você tenha ferramentas para analisar essa questão, observe alguns 
itens que merecem atenção, porque representam estruturas próprias da fala, podem 
aparecer em textos informais, mas muitas vezes são utilizadas indevidamente na escrita 
formal: 
1. formas reduzidas ou contraídas: pra (para); tô (estou); tá (está); né (não 
é); peraí (espere aí); cê (você); taí (está aí). 
2. Palavras de articulação entre idéias (repetidas em excesso) que 
substituem conjunções mais exatas: então, daí; aí; e; que. 
3. Sinais utilizados na fala para orientar a atenção do ouvinte: bem; bom; 
veja bem; certo?; viu?; entendeu?; de acordo?; não sabe?; sabe? 
4. Verbos de sentido muito geral no lugar de verbos de sentido mais 
exato:dar, ficar, dizer, ter, fazer, achar, ser. 
5. Gírias e coloquialismos: papo, enche, velho, manera, pega leve, amarra, 
se toca, rolando um papo, sem essa. 
6. Inconsistência no uso de pronomes: te, você, seu, sua; a gente, nós. 
Esses elementos são próprios da fala espontânea, sem planejamento. Aparecem 
na escrita de forma eficiente apenas quando se deseja dar ao texto um tom coloquial, 
informal, um efeito de intimidade que simula a oralidade ou o diálogo. 
8
 
 
 
O PADRÃO OFÍCIO 
 
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade do 
que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de uniformizá-los, 
pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chamamos de padrão 
ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos 
as suas semelhanças. 
 
 PARTES DO DOCUMENTO NO PADRÃO OFÍCIO 
 
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes: 
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede: 
Exemplos: 
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME 
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita: 
Exemplo: 
Brasília, 15 de março de 1991. 
c) assunto: resumo do teor do documento 
Exemplos: 
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. 
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. 
 
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. 
No caso do ofício deve ser incluído também o endereço. 
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o 
expediente deve conter a seguinte estrutura: 
– introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é 
apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho 
a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empregue a forma 
direta; 
– desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais 
de uma idéia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o 
que confere maior clareza à exposição; 
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a 
posição recomendada sobre o assunto. 
9
 
 
 Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em 
que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. 
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estrutura é 
a seguinte: 
– introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o 
encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve 
iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar, indicando 
a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou 
signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, 
segundo a seguinte fórmula: 
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho, 
anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral 
de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.” 
ou 
 “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do 
telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da 
Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de 
modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.” 
– desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum 
comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar 
parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de 
desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. 
f) fecho; 
g) assinatura do autor da comunicação; e 
h) identificação do signatário. 
 FORMA DE DIAGRAMAÇÃO 
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma de 
apresentação: 
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em 
geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; 
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-se-á utilizar as 
fontes Symbol e Wingdings; 
c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número da página; 
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as 
faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direta terão as distâncias 
invertidas nas páginaspares (“margem espelho”); 
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem 
esquerda; 
10
 
 
 f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm 
de largura; 
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 
h)deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada 
parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma 
linha em branco; 
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, 
sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que 
afete a elegância e a sobriedade do documento; 
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A 
impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações; 
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel 
de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; 
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos 
documentos de texto; 
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de 
texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos 
análogos; 
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da 
seguinte maneira: 
tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do conteúdo 
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002” 
11
 
 
 
 
Of
 
A 
De
Câ
70
 
As
3 cm 
 
 
1. 
de 
67
adm
fev
2. 
def
car
3. 
pre
Co
car
com
4. 
inf
ma
5. 
ser
ent
6. 
ass
dem
daq
 
[Ministério] 
[Secretaria/Departamento/Setor/Entidade] 
5 cm [Endereço para correspondência]. 
[Endereço - continuação] 
[Telefone e Endereço de Correio Eletrônico] 
 
ício no 524/1991/SG-PR 
Brasília, 27 de maio de 199
Sua Excelência o Senhor 
putado [Nome] 
mara dos Deputados 
.160-900 – Brasília – DF 
sunto: Demarcação de terras indígenas 
 Senhor Deputado, 
 2,5 cm 
 Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama no 154, de 2
abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em sua carta n
08, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo procedimen
inistrativo de demarcação de terras indígenas instituído pelo Decreto no 22, de 4 d
ereiro de 1991 (cópia anexa). 
 Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que – n
inição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração a
acterísticas sócio-econômicas regionais. 
 Nos termos do Decreto no 22, a demarcação de terras indígenas deverá s
cedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto no art. 231, § 1o, d
nstituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos etno-históricos, sociológico
tográficos e fundiários. O exame deste último aspecto deverá ser feito conjuntamen
 o órgão federal ou estadual competente. 
 Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão encaminhar a
ormações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É igualmente assegurada
nifestação de entidades representativas da sociedade civil. 
 Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índ
ão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e da
idades civis acima mencionadas. 
 Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecid
egura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os limites e
arcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos necessários, inclusiv
ueles assinalados em sua carta, com a necessária transparência e agilidade. 
 Atenciosamente 1,5cm
 
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PRONOMES DE TRATAMENTO 
CONCORDÂNCIA COM OS PRONOMES DE TRATAMENTO 
 
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam 
certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. 
Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou 
a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É 
que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo 
sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o 
assunto”. 
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de 
tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu 
substituto” (e não “Vossa ... vosso...”). 
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical 
deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que 
compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa 
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, 
“Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. 
EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO 
 
O emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular tradição. São 
de uso consagrado: 
 Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: 
a) do Poder Executivo; 
Presidente da República; 
Vice-Presidente da República; 
Ministros de Estado; 
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; 
Oficiais-Generais das Forças Armadas; 
Embaixadores; 
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza 
especial; 
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; 
Prefeitos Municipais. 
b) do Poder Legislativo: 
Deputados Federais e Senadores; 
Ministro do Tribunal de Contas da União; 
13
 
 
 Deputados Estaduais e Distritais; 
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; 
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. 
c) do Poder Judiciário: 
Ministros dos Tribunais Superiores; 
Membros de Tribunais; 
Juízes; 
Auditores da Justiça Militar. 
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de 
Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: 
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, 
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, 
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do 
cargo respectivo: 
Senhor Senador, 
Senhor Juiz, 
Senhor Ministro, 
Senhor Governador, 
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades 
tratadas por Vossa Excelência terá a seguinte forma: 
A Sua Excelência o 
Senhor 
Fulano de Tal 
Ministro de Estado da Justiça 
70.064-900 – Brasília. DF 
 
A Sua Excelência o 
Senhor 
Senador Fulano de Tal 
Senado Federal 
70.165-900 – Brasília. DF 
 
A Sua Excelência o 
Senhor 
Fulano de Tal 
Juiz de Direito da 10ª Vara Cível 
Rua ABC, no 123 
01.010-000 – São Paulo. SP 
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo 
(DD) às autoridades. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer 
cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação. 
14
 
 
 
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para 
particulares. O vocativo adequado é: 
Senhor Fulano de Tal, 
 
No envelope, deve constar do endereçamento: 
Ao Senhor 
Fulano de Tal 
Rua ABC, no 123 
70.123 – Curitiba. PR 
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do 
superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa 
Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento 
Senhor. 
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título 
acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o 
apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem 
concluído curso universitário de doutorado. É costume designarpor doutor os 
bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais 
casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações. 
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da 
tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o 
vocativo: 
Magnífico Reitor, 
 
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia 
eclesiástica, são: 
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo 
correspondente é: 
Santíssimo Padre, 
 
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações 
aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: 
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou 
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, 
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a 
Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima 
para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é 
empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos. 
15
 
 
 
 FECHOS PARA COMUNICAÇÕES 
 
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de 
arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que vinham 
sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de 
1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-
los, este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para 
todas as modalidades de comunicação oficial: 
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: 
 Respeitosamente, 
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: 
 Atenciosamente, 
 Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades 
estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no 
Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. 
 
 IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO 
 
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas 
as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade 
que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve 
ser a seguinte: 
(espaço para assinatura) 
NOME 
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República 
(espaço para assinatura) 
NOME 
Ministro de Estado da Justiça 
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página 
isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior 
ao fecho. 
 
16
 
 
 
 MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL 
 
Pode-se construir a coesão do texto por meio de vários recursos. A 
manutenção do tema é um desses recursos, mas não é suficiente em textos 
dissertativos. A ordem das palavras no período, as marcas de gênero e de 
número, as preposições, os pronomes pessoais, os tempos verbais, os conectivos 
funcionam também como elos coesivos. Cada um desses elementos gramaticais 
estabelece conexões, articulações, ligações, concatenando as idéias. Ou seja, a 
estrutura gramatical das frases trata de criar coesão entre os constituintes de um 
texto. Um exemplo disso é a concordância. Sempre que respeitamos a 
concordância, estamos reforçando a coesão. Observe o texto a seguir: 
 
De qualquer forma, o conhecimento ou saber científico 
distingue-se dos demais tipos: o popular, o filosófico e o religioso. Em 
sua essência o conhecimento científico é real, racional, objetivo, 
transcendente aos fatos, analítico, claro, preciso, comunicável, 
verificável, dependente de investigação metódica, sistemático, 
acumulativo, falível, geral, explicativo, preditivo, aberto e útil. 
João Salvador Furtado. Expansão da informação científica. In: 
Anais do Seminário de Publicações Periódicas da Área da 
Educação. Brasília, INEP, MEC, 1983. 
Na segunda linha, os três elementos citados concordam com tipo de 
conhecimento e por isso estão no masculino. Nas linhas grifadas, a partir da 3ª, 
todas as palavras estão sendo utilizadas em concordância com conhecimento 
científico, portanto, estão no masculino singular. 
Além dessas formas gramaticais sistemáticas de ligação entre palavras, 
existem quatro outras estratégias de coesão, que dependem das escolhas 
estilísticas do redator: 
• referencial 
• lexical 
• por elipse 
• por substituição 
Vejamos como funcionam essas formas de entrelaçamento dos elementos 
que constituem um texto. 
COESÃO REFERENCIAL 
 
Na elaboração de um texto, a coesão referencial se realiza pela citação de 
elementos do próprio texto. Para efetivar essas citações são utilizados pronomes 
pessoais, possessivos, demonstrativos ou expressões adverbiais que indicam 
localização (a seguir, acima, abaixo, anteriormente, aqui, onde). Esses 
recursos podem se referir, por antecipação, a elementos que serão citados na 
17
 
 
 seqüência do texto. Podem, ainda, se referir a elementos já citados no 
texto ou que são facilmente identificáveis pelo leitor, como no exemplo: 
 
A explosão da informação é uma das causas do stress do homem 
moderno. Ela pode provocar diversas formas de ansiedade. 
 
COESÃO LEXICAL 
 
A manutenção da unidade temática de um texto exige uma certa carga de 
redundância. Assim, estabelecemos uma corrente de significados retomando as 
mesmas idéias e partes de idéias. Essa corrente é formada pela reutilização 
intencional de palavras, pelo uso de sinônimos, ou ainda pelo emprego de 
expressões equivalentes para substituir elementos que já são conhecidos do leitor, 
como no seguinte exemplo: 
 
 O Doutor Fulano de tal falou ao nosso repórter no intervalo do 
congresso. O cientista entrevistado reconhece que a partir do 
emprego dos conhecimentos científicos foi possível racionalizar os 
sistemas de produção. Agora esse estudioso quer contribuir para a 
democratização do saber. 
 
COESÃO POR ELIPSE 
 
A estrutura gramatical dos períodos na língua portuguesa permite a 
omissão de elementos facilmente identificáveis ou que já foram citados 
anteriormente. Algumas vezes, essa omissão é marcada por uma vírgula. 
Pronomes, verbos, nomes e frases inteiras podem estar implícitos. Esse recurso 
tem o nome de elipse. Veja um exemplo de omissão de sujeito da oração: 
 
A metodologia científica é um conjunto de atividades sistematizadas, 
racionais, que, com segurança e economia, permite que os objetivos sejam 
atingidos. Implica a concepção das idéias quanto à delimitação do 
problema dentro do assunto, identificação de instrumentos, busca de 
soluções, análise, comprovação, proposição de uma teoria. 
 
No texto acima, o sujeito do verbo implica é A metodologia científica. Não 
precisa ser explicitado, pois é facilmente identificado pelo leitor. 
COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO 
 
Pode-se substituir substantivos, verbos, períodos ou largas parcelas de 
texto por conectivos ou expressões que resumem e retomam o que já foi dito. 
18
 
 
 
Alguns exemplos de expressões que servem a esse objetivo são: 
Diante do que foi exposto; A partir dessas considerações; Diante desse quadro; 
Em vista disso; Tudo o que foi dito; Esse quadro... 
19
 
 
 
 A IMPESSOALIZAÇÃO DO TEXTO 
 
Um texto é pessoal e subjetivo quando pronomes pessoais e possessivos, 
verbos conjugados em primeira e em terceira pessoa, contribuem para que o 
diálogo se estabeleça entre autor e leitor de forma explícita, evidente. 
Nem sempre temos interesse em deixar explícitas a nossa voz e as diversas 
vozes que são trazidas para compor um texto. Muitas vezes queremos adotar uma 
posição impessoal, aparentemente neutra, atenuando a dialogia e ocultando o 
agente das ações. Gramaticalmente há muitas maneiras de conseguir esse 
objetivo. Vejamos algumas delas. 
 
a) Generalizar o sujeito, colocando-o no plural. 
 
 Uma forma elegante de se distanciar relativamente dasubjetividade é 
pluralizar o agente. O uso da primeira e da terceira pessoa do plural é a estratégia 
recomendada quando a intenção é atenuar a subjetividade da primeira pessoa, 
sem adotar a neutralidade absoluta. Frases como 
 
Procuramos demonstrar..., Os pesquisadores reconhecem..., Nossas 
conclusões..., são menos subjetivas que Procurei demonstrar..., Reconheço..., 
Minhas conclusões... 
 
b) Ocultar o agente. 
 
A expressão é preciso serve a esse propósito de neutralidade. Assim 
também expressões como: é necessário, é urgente, é imprescindível, são 
utilizadas para ocultar o agente. 
 
Quem precisa? Quem necessita? Para quem é urgente? Para quem é 
imprescindível? Não podemos definir com clareza. Torna-se uma realidade geral, 
universal, neutra, objetiva. Os textos dissertativos, informativos, expositivos, 
científicos apresentam, muitas vezes, essa característica de ocultar o agente. 
Tudo é dito como se fosse uma realidade que se apresenta sem intermediários. 
 
c) Colocar um agente inanimado. 
 
 Uma outra maneira de impessoalizar o texto é colocar como agente um ser 
inanimado, um fenômeno, uma instituição ou uma organização. Quando escrevo 
frases como O Ministério decidiu.., A diretoria ordenou..., O governo protelou..., a 
responsabilidade em relação à ação está diluída e não se pode identificar 
claramente de onde ou de quem emanou a iniciativa. É um recurso muito utilizado 
na administração pública e na política. 
 
20
 
 
 
d) Uso gramatical do sujeito indeterminado. 
 
Como a própria nomenclatura indica, não se pode determinar com precisão 
quem realizou uma ação quando usamos a estrutura de sujeito indeterminado. Ela 
é muito útil quando queremos inserir uma informação da qual não sabemos a 
procedência exata. 
Vive-se esperando o aumento de preços. 
Acreditava-se em uma diminuição dos impostos. 
Fala-se muito em renovação dos quadros funcionais. 
 
e) O uso da voz passiva 
 
Enquanto na voz ativa temos um agente explícito, na voz passiva esse 
agente pode estar oculto. Assim, usar a passiva sem esclarecer seu agente é um 
recurso gramatical para impessoalizar a informação. Veja o exemplo: 
 
Novas descobertas foram realizadas em centros de estudo e 
laboratórios ao redor do mundo. Está sendo revelado ao mundo que o 
cérebro é um órgão mais fascinante, complexo e poderoso do que antes se 
imaginava. 
 
Quem realizou? Quem está revelando? A voz passiva oculta o agente. 
Como vimos, há diversas maneiras de tornar o texto impessoal, e todas elas 
utilizam recursos e possibilidades presentes no sistema gramatical da língua. Mas 
cuidado, o excesso de impessoalização nos textos oficiais pode ser um fator 
negativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21
 
 
 
 USO DO VOCABULÁRIO 
 
Um dos pontos importantes para um texto bem estruturado, adequado à 
situação e aos objetivos do redator, é a escolha cuidadosa do vocabulário, ou 
seja, a questão lexical. Algumas pessoas têm dificuldade na seleção da palavra 
certa. 
A solução é ter paciência e esperar um pouco até que o “arquivo” mental 
processe o pedido e devolva uma série de possibilidades. Dessa lista ou 
paradigma é fácil eleger a palavra que mais combina com o contexto, que é mais 
exata para a idéia que se quer transmitir. Não se satisfaça com a primeira opção 
que vem à cabeça, pois quase sempre é a mais pobre. 
 
 
Imaginemos que você vai escrever um texto sobre trabalhadores rurais 
brasileiros de diversas regiões. Para não repetir essa mesma expressão, é 
necessário procurar outras opções, como: lavrador, camponês, agricultor, 
campestre, rústico, campeiro, campesino, campesinho, campino, agreste, rurícula, 
sem-terra, bóia-fria, morador, peão, vaqueiro, chapadeiro, caipira. Se você for ao 
dicionário ainda vai encontrar inúmeras expressões regionais como: araruama, 
babaquara, babeco, baiano, baiquara, beira-corgo, beiradeiro, biriba ou biriva, 
botocudo, brocoió, bruaqueiro, caapora, caboclo, caburé, cafumango, caiçara, 
cambembe, camisão, canguaí, canguçu, capa-bode, capiau, capicongo, capuava, 
capurreiro, cariazal, casaca, casacudo, casca-grossa, catatuá, catimbó, 
catrumano, curau, curumba, groteiro, guasca, jeca, macaqueiro, mambira, mandi 
ou mandim, mandioqueiro, mano-juca, maratimba, mateiro, matuto, mixanga, 
mixuango ou muxuango, mocorongo, moqueta, mucufo, pé-duro, pé-no-chão, 
pioca, piraguara, piraquara, queijeiro, restingueiro, roceiro, saquarema, sertanejo, 
sitiano, sitiante, tabaréu, tapiocano, urumbeba ou urumbeva. (Dicionário Aurélio 
Eletrônico). 
 
 
A escolha vai depender da análise dos objetivos do texto. Alguns termos 
enfatizam o trabalho ou a origem da pessoa, outros têm um sentido pejorativo 
associado à idéia de primitivo, em oposição à de civilizado. Uma seleção 
inadequada pode prejudicar o funcionamento do texto e causar efeito inverso ao 
que se deseja. O segredo do uso adequado do vocabulário é selecionar e 
combinar cuidadosamente. 
Na seleção dos verbos, o processo é semelhante. Não se pode ficar 
satisfeito com a primeira possibilidade que vem à mente. Assim, para o campo 
semântico do verbo ter, em cada uma de suas acepções, há uma série de outras 
opções, talvez mais ricas e mais exatas: 
 
 
 
22
 
 
 
1. Tem muitos bens. (É dono de, possui) 
2. Tinha as pastas de documentos nos braços.(segurava, carregava, 
sustinha, trazia) 
3. Os funcionários esperam ter férias em julho. (usufruir, desfrutar, gozar) 
4. Tinha grande poder. (detinha) 
5. Ainda tem recursos para a viagem. (dispõe de) 
6. Não conseguia ter o poder por muito tempo. (manter, conservar) 
7. Teve um cargo de chefia. (ocupou, obteve, alcançou, exerceu, 
conseguiu, conquistou) 
8. Tinha a admiração de todos. (obtinha, conquistava, atraía, conseguia, 
despertava, provocava) 
9.O documento tinha muitos argumentos. (continha, encerrava, 
apresentava, arrolava) 
10.Ele tem uma doença contagiosa. (padece de, sofre de, é portador de) 
11.Teve uma forte emoção. (sentiu, experimentou, viveu) 
12. Tem bom aspecto. (apresenta, mostra, ostenta) 
13.Tivemos em nossa casa um ilustre hóspede.(acolhemos, abrigamos, 
recebemos) 
14. Na cerimônia, tinha um belo terno. (trajava, usava, vestia, trazia) 
15. Ele teve muita iniciativa. (mostrou, revelou, deu prova de, demonstrou) 
16. Tenho a mesma opinião. (adoto, acato, sigo, aceito) 
17. Teve a punição merecida. (recebeu, sofreu) 
18. Teve resposta positiva. (obteve, recebeu) 
19. Cidadãos conscientes têm amor à história. (consagram, dedicam, 
devotam, tributam) 
20. Ele já tem 90 anos. (completou, conta) 
21.Tenho de falar. (devo, preciso, necessito) 
 
O verbo dar, que também é um verbo genérico, dependendo do contexto, 
pode ser substituído por: doar, ofertar, oferecer, produzir, resultar, ceder, 
conceder, apresentar, manifestar, revelar, cometer, causar, soltar, emitir, 
publicar, divulgar, realizar, vender, administrar, aplicar, ministrar, proferir, 
dedicar, consagrar, provocar, reservar, render, propor, trazer, conter, incluir, 
registrar, consignar, atribuir, encontrar, incidir, divisar, avistar, perceber, 
bastar, ser suficiente, ter vocação, cismar, sentir, acontecer... ou outros. 
 Nosso léxico é muito rico e não devemos nos contentar com o mínimo. Vale 
a pena investir na ampliação do nosso acervo individual para produzir textos 
melhores. 
23
 
 
 
 O USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE 
 
Compreender o funcionamento da crase é relativamente simples. Alguns 
verbos transitivos indiretos exigem o uso de uma preposição a; quando em 
seguida a esses verbos há uma palavra feminina que admite artigo feminino a, os 
dois as se encontram e acontece a crase: 
José entregou o livro a >>>>> a professora recebeu o livro. 
José entregou o livro à professora. 
Quando o sentido do complemento é indeterminado,genérico, o sinal indicativo de 
crase é dispensável. 
 
 
Sentido determinado (1) – Sentido indeterminado (2) 
 Direito à licença de seis meses (1). 
 Direito a licença remunerada (2). 
 Transferência do ônus tributário a terceira pessoa (2). 
 Corresponde a determinada função lógica (2). 
 Direito à insalubridade de grau máximo (1). 
 Faz jus à aposentadoria especial (1). 
 Crimes sujeitos a ação penal pública (2). 
 Caso em que a sentença está sujeita a apelação (2). 
 Os portadores de necessidades especiais terão direito a sala própria (2). 
 
Não se usa sinal indicativo de crase antes de 
• verbo; 
• palavra masculina; 
• pronomes indefinidos; quem, alguém; 
• pronomes demonstrativos: esse, este (EXCETO AQUELA E AQUELE); 
• pronomes pessoais: ela, mim; 
porque essas palavras nunca são antecedidas por artigo feminino. Em todos 
estes exemplos, a é preposição. 
José entregou o livro ao amigo. 
José entregou o livro a quem pediu. 
José entregou o livro a ser lido. 
José entregou o livro a esse homem. 
José entregou o livro a ela. 
Não se usa crase também em expressões como: 
cara a cara 
de alto a baixo 
de baixo a cima 
de fora a fora 
dia a dia 
face a face 
frente a frente 
gota a gota 
 
 
24
 
 
 Uso facultativo 
 
1 - Antes do possessivo: Levou a encomenda a sua (ou à sua) tia. / Não fez 
menção a nossa empresa (ou à nossa empresa). Na maior parte dos casos, a 
crase dá clareza a este tipo de oração. 
2 - Antes de nomes de mulheres: Declarou-se a Joana (ou à Joana). Em geral, se 
a pessoa for íntima de quem fala, usa-se a crase; caso contrário, não. 
3 - Com até: Foi até a porta (ou até à). / Até a volta (ou até à). 
 
Locuções com e sem crase 
a álcool 
à altura (de) 
à americana 
à argentina 
à baiana 
à baila 
à baioneta calada 
à bala 
a bandeiras 
despregadas 
à base de 
à beça 
à beira (de) 
à beira-mar 
à beira-rio 
a bel-prazer 
a boa distância de 
à boca pequena 
à bomba 
a bordo 
a bordoadas 
a braçadas 
à brasileira 
à bruta 
à busca (de) 
a cabeçadas 
à cabeceira (de) 
à caça (de) 
a cacetadas 
a calhar 
a cântaros 
a caráter 
à carga 
a cargo de 
à cata (de) 
a cavalo 
a cerca de 
a certa distância 
à chave 
a chibatadas 
a chicotadas 
a começar de 
à minha disposição 
à minha espera 
à minuta 
à moda (de) 
à moderna 
a montante 
à morte 
à mostra 
a nado 
à navalha 
à noite 
à noitinha 
à nossa disposição 
à nossa espera 
ante as 
à ocidental 
a óleo 
a olho nu 
à ordem 
à oriental 
a ouro 
à paisana 
a pão e água 
a par 
à parte 
a partir de 
a passarinho 
a passos largos 
a pauladas 
à paulista 
a pé 
a pedidos 
a pequena distância 
a pilha 
a pino 
à ponta de espada 
à ponta de faca 
a pontapés 
a ponto de 
a porretadas 
à porta 
a portas fechadas 
À sorrelfa 
à sorte 
a sós 
às portas de 
às pressas 
às quais 
às que (=àquelas que) 
às quartas-feiras 
às quatro (horas) 
às quintas-feiras 
às quinze (horas) 
às segundas-feiras 
às seis (horas) 
às sete horas 
às sextas-feiras 
às sete (horas) 
às soltas 
às suas ordens 
às tantas 
às terças-feiras 
às tontas 
às três (horas) 
às turras 
à sua disposição 
à sua escolha 
à sua espera 
à sua maneira 
à sua moda 
à sua saúde 
às últimas 
à superfície (de) 
às vésperas (de) 
às vezes 
às vinte (horas) 
às vistas de 
às voltas com 
à tarde 
à tardinha 
a termo 
à testa (de) 
à tinta 
a tiracolo 
25
 
 
 
à conta (de) 
a contar de 
à cunha 
a curto prazo 
à custa (de) 
a dedo 
à deriva 
a desoras 
a diesel 
à direita 
à disparada 
à disposição 
a distância 
a duras penas 
a elas(s), a ele(s) 
a eletricidade 
à entrada (de) 
a escâncaras 
à escolha (de) 
à escovinha 
à escuta 
a esmo 
à espada 
à espera (de) 
à espora 
à espreita (de) 
à esquerda 
a esse(s), a essa(s) 
a este(s), a esta(s) 
a estibordo 
à evidência 
à exaustão 
à exceção de 
a expensas de 
à faca 
a facadas 
à falta de 
à fantasia 
à farta 
à feição (de) 
a ferro 
a ferro e fogo 
à flor da pele 
à flor de 
à fome 
à força (de) 
à francesa 
à frente (de) 
à fresca 
a frio 
a fundo 
a galope 
a gás 
a gasolina 
à gaúcha 
à portuguesa 
a postos 
a pouca distância 
à praia 
a prazo 
à pressa 
à prestação 
a prestações 
à primeira vista 
a princípio 
à procura (de) 
à proporção que 
a propósito 
à prova 
à prova d'água 
à prova de fogo 
a público 
a punhaladas 
à pururuca 
a quatro mãos 
à que (=àquela que) 
àquela altura 
àquela hora 
àquelas horas 
àquele dia 
àqueles dias 
àquele tempo 
àqueloutro(s) 
àqueloutra(s) 
à queima-roupa 
a querosene 
à raiz de 
à razão (de) 
à ré 
à rédea curta 
a respeito de 
à retaguarda 
à revelia (de) 
a rigor 
a rir 
à risca 
à roda (de) 
a rodo 
à saciedade 
à saída 
às apalpadelas 
às armas ! 
à saúde de 
às ave-marias 
às avessas 
às bandeiras 
despregadas 
às barbas de 
às boas 
às cambalhotas 
a tiro 
à toa 
à-toa 
a toda 
a toda a brida 
a toda força 
a toda hora 
à tona (de) 
a toque de caixa 
à traição 
a três por dois 
à tripa forra 
a trote 
à última hora 
à uma (hora) 
à unha 
à vaca-fria 
a valer 
à valentona 
a vapor 
a vela 
a velas pandas 
à venda 
avião a jato 
à Virgem 
à vista (de) 
à vista desarmada 
à vista disso 
à volta (de) 
à vontade 
à-vontade 
à vossa disposição 
a zero 
à zero hora 
bater à porta 
beber à saúde de 
cara a cara 
cheirar a perfume 
cheirar a rosas 
condenado à morte 
dar à estampa 
dar à luz 
dar a mão à palmatória 
dar tratos à bola 
dar vazão à 
de alto a baixo 
de cabo a rabo 
de fora a fora 
de mais a mais 
de mal a pior 
de parte a parte 
de ponta a ponta 
descer à sepultura 
de sol a sol 
de uma ponta à outra 
26
 
 
 
a gosto 
à grande 
a grande distância 
a granel 
à guisa de 
à imitação de 
à inglesa 
a instâncias de 
à italiana 
à janela 
a jato 
a joelhadas 
a juros 
a jusante 
a lápis 
à larga 
a lenha 
à livre escolha 
a longa distância 
a longo prazo 
a lufadas 
à Luís XV 
a lume 
à luz 
à Machado de Assis 
a mais 
a mando de 
à maneira de 
à mão 
à mão armada 
à mão direita 
à mão esquerda 
à máquina 
à margem (de) 
à marinheira 
a marteladas 
à matroca 
à medida que 
a medo 
a meia altura 
a meia distância 
à meia-noite 
a meio pau 
a menos 
à mercê (de) 
à mesa 
à mesma hora 
a meu ver 
à mexicana 
à milanesa 
à mineira 
à míngua (de) 
às carradas 
às carreiras 
às catorze (horas) 
às cegas 
às centenas 
às cinco (horas) 
às claras 
às costas 
às de vila-diogo 
às dez (horas) 
às dezenas 
às direitas 
a distância 
à distância de 
às doze horas 
às duas (horas) 
às dúzias 
a seco 
a seguir 
à semelhança de 
às encobertas 
a sério 
a serviço 
às escâncaras 
às escondidas 
às escuras 
às esquerdas 
a sete chaves 
às expensas de 
às falas 
às favas 
às gargalhadas 
às lágrimas 
às léguas 
às mancheias 
às margens de 
às marteladas 
às mil maravilhas 
às moscas 
às nove (horas) 
às nuvens 
à sobremesa 
à socapa 
às ocultas 
às oito (horas) 
à solta 
à sombra (de) 
a sono solto 
às onze (horas) 
às ordens (de) 
a socos 
dia a dia 
em que pese a 
exceção à regra 
face a face 
falar à razão 
faltar à aula 
fazer as vezes de 
folha a folha 
frente a frente 
gota a gota 
graças às 
hora a hora 
ir à bancarrota 
ir à forra 
ir às compras 
ir às do cabo 
ir às nuvens 
ir às urnas 
jogar às feras 
lado a lado 
mandar às favas 
mãos à obra 
marcha à ré 
meio a meio 
nem tanto ao mar, nemtanto 
à terra 
palmo a palmo 
para a frente 
passar à frente 
passo a passo 
perante as 
pôr à mostra 
pôr à prova 
pôr as mãos à cabeça 
pôr fim à vida 
quanto às 
recorrer à polícia 
reduzir à expressão mais 
simples 
reduzir a zero 
sair àrua 
saltar à vista 
terra a terra 
tirar à sorte 
todas as vezes 
uma à outra 
umas às outras 
valer a pena 
voltar à carga 
voltar à cena 
voltar às boas 
27
 
 
 
EXPRESSÕES QUE EXIGEM ATENÇÃO ESPECIAL 
 
Apresentamos, a seguir, lista de expressões cujo uso ou repetição deve ser 
evitado, indicando com que sentido devem ser empregadas e sugerindo 
alternativas vocabulares a palavras que costumam constar com excesso dos 
expedientes oficiais. 
à medida que/na medida em que 
À medida que (locução proporcional) – à proporção que, ao passo que, conforme: 
Os preços deveriam diminuir à medida que diminui a procura. Na medida em que 
(locução causal) – pelo fato de que, uma vez que: Na medida em que se 
esgotaram as possibilidades de negociação, o projeto foi integralmente vetado. 
Evite os cruzamentos – bisonhos, canhestros – *à medida em que, *na medida 
que... 
a partir de 
A partir de deve ser empregado preferencialmente no sentido temporal: A 
cobrança do imposto entra em vigor a partir do início do próximo ano. Evite repeti-
la com o sentido de ‘com base em’, preferindo considerando, tomando-se por 
base, fundando-se em, baseando-se em. 
ambos/todos os dois 
Ambos significa ‘os dois’ ou ‘um e outro’. Evite expressões pleonásticas como 
ambos dois, ambos os dois, ambos de dois, ambos a dois. Quando for o caso de 
enfatizar a dualidade, empregue todos os dois: Todos os dois Ministros assinaram 
a Portaria.. 
anexo/em anexo 
O adjetivo anexo concorda em gênero e número com o substantivo ao qual se 
refere: Encaminho as minutas anexas. Dirigimos os anexos projetos à Chefia. Use 
também junto, apenso. A locução adverbial em anexo, como é próprio aos 
advérbios, é invariável: Encaminho as minutas em anexo. Em anexo, dirigimos os 
projetos à Chefia. Empregue também conjuntamente, juntamente com. 
ao nível de/em nível (de) 
A locução ao nível tem o sentido de à mesma altura de: Fortaleza localiza-se ao 
nível do mar. Evite seu uso com o sentido de em nível, com relação a, no que se 
refere a. Em nível significa ‘nessa instância’: A decisão foi tomada em nível 
Ministerial; Em nível político, será difícil chegar-se ao consenso. A nível (de) 
constitui modismo que é melhor evitar. 
assim 
Use após a apresentação de alguma situação ou proposta para ligá-la à idéia 
seguinte. Alterne com: dessa forma, desse modo, diante do exposto, diante disso, 
conseqüentemente, portanto, por conseguinte, assim sendo, em conseqüência, 
em vista disso, em face disso. 
28
 
 
 
 
através de/por intermédio de 
Através de quer dizer de lado a lado, por entre: A viagem incluía deslocamentos 
através de boa parte da floresta. Evite o emprego com o sentido de meio ou 
instrumento; nesse caso empregue por intermédio, por, mediante, por meio de, 
segundo, servindo-se de, valendo-se de: O projeto foi apresentado por intermédio 
do Departamento. O assunto deve ser regulado por meio de decreto. A comissão 
foi criada mediante portaria do Ministro de Estado. 
bem como 
Evite repetir; alterne com e, como (também), igualmente, da mesma forma. Evite o 
uso, polêmico para certos autores, da locução bem assim como equivalente. 
cada 
Este pronome indefinido deve ser usado em função adjetiva: Quanto às famílias 
presentes, foi distribuída uma cesta básica a cada uma. Evite a construção 
coloquial foi distribuída uma cesta básica a cada. 
causar 
Evite repetir. Use também originar, motivar, provocar, produzir, gerar, levar a, 
criar. 
constatar 
Evite repetir. Alterne com atestar, apurar, averiguar, certificar-se, comprovar, 
evidenciar, observar, notar, perceber, registrar, verificar. 
dado/visto/haja vista 
Os particípios dado e visto têm valor passivo e concordam em gênero e número 
com o substantivo a que se referem: Dados o interesse e o esforço demonstrados, 
optou-se pela permanência do servidor em sua função. Dadas as circunstâncias... 
Vistas as provas apresentadas, não houve mais hesitação no encaminhamento do 
inquérito. Já a expressão haja vista, com o sentido de uma vez que ou seja 
considerado, veja-se, é invariável: O servidor tem qualidades, haja vista o 
interesse e o esforço demonstrados. Haja visto (com -o) é inovação oral brasileira, 
evidentemente descabida em redação oficial ou outra qualquer. 
de forma que, de modo que/de forma a, de modo a 
De forma (ou maneira, modo) que nas orações desenvolvidas: Deu amplas 
explicações, de forma que tudo ficou claro. De forma (maneira ou modo) a nas 
orações reduzidas de infinitivo: Deu amplas explicações, de forma (maneira ou 
modo) a deixar tudo claro. São descabidas na língua escrita as pluralizações orais 
vulgares *de formas (maneiras ou modos) que... 
deste ponto de vista 
Evite repetir; empregue também sob este ângulo, sob este aspecto, por este 
prisma, desse prisma, deste modo, assim, destarte. 
29
 
 
 
 
 
detalhar 
Evite repetir; alterne com particularizar, pormenorizar, delinear, minudenciar. 
devido a 
Evite repetir; utilize igualmente em virtude de, por causa de, em razão de, graças 
a, provocado por. 
dirigir 
Quando empregado com o sentido de encaminhar, alterne com transmitir, mandar, 
encaminhar, remeter, enviar, endereçar. 
“disruptivo” 
Aportuguesamento do inglês disruptive (de disrupt: ‘desorganizar, destruir, 
despedaçar’), a ser evitado dada a existência de inúmeras palavras com o mesmo 
sentido em português (desorganizador, destrutivo, destruidor, e o bastante 
próximo, embora pouco usado, diruptivo). Acrescente-se, ainda, que, por ser de 
uso restrito ao jargão de economistas e sociólogos, o uso dessa palavra confunde 
e não esclarece em linguagens mais abrangentes. 
“ele é suposto saber” 
Construção tomada de empréstimo ao inglês he is supposed to know, sem 
tradição no português. Evite por ser má tradução. Em português: ele deve(ria) 
saber, supõe-se que ele saiba. 
em face de 
Sempre que a expressão em face de equivaler a diante de, é preferível a regência 
com a preposição de; evite, portanto, face a, frente a. 
enquanto 
Conjunção proporcional equivalente a ao passo que, à medida que. Evitar a 
construção coloquial enquanto que. 
especialmente 
Use também principalmente, mormente, notadamente, sobretudo, nomeadamente, 
em especial, em particular. 
inclusive 
Advérbio que indica inclusão; opõe-se a exclusive. Evite-se o seu abuso com o 
sentido de ‘até’; nesse caso utilize o próprio até ou ainda, igualmente, mesmo, 
também, ademais. 
informar 
30
 
 
 Alterne com comunicar, avisar, noticiar, participar, inteirar, cientificar, 
instruir, confirmar, levar ao conhecimento, dar conhecimento; ou perguntar, 
interrogar, inquirir, indagar. 
 
 
 
nem 
Conjunção aditiva que significa ‘e não’, ‘e tampouco’, dispensando, portanto, a 
conjunção e: Não foram feitos reparos à proposta inicial, nem à nova versão do 
projeto. Evite, ainda, a dupla negação não nem, nem tampouco, etc. *Não pôde 
encaminhar o trabalho no prazo, nem não teve tempo para revisá-lo. O correto é 
...nem teve tempo para revisá-lo. 
no sentido de 
empregue também com vistas a, a fim de, com o fito (objetivo, intuito, fim) de, com 
a finalidade de, tendo em vista ou mira, tendo por fim. 
objetivar/ter por objetivo 
Ter por objetivo pode ser alternado com pretender, ter por fim, ter em mira, ter 
como propósito, no intuito de, com o fito de. Objetivar significa antes ‘materializar’, 
‘tornar objetivo’ (objetivar idéias, planos, o abstrato), embora possa ser empregado 
também com o sentido de ‘ter por objetivo’. Evite-se o emprego abusivo 
alternando-o com sinônimos como os referidos. 
onde 
Como pronome relativo significa em que (lugar): A cidade onde nasceu. O país 
onde viveu. Evite, pois, construções como “a lei onde é fixada a pena” ou “o 
encontro onde o assunto foi tratado”. Nesses casos, substitua onde por em que, 
naqual, no qual, nas quais, nos quais. O correto é, portanto: a lei na qual é fixada 
a pena, o encontro no qual (em que) o assunto foi tratado. 
operacionalizar 
Neologismo verbal de que se tem abusado. Prefira realizar, fazer, executar, levar a 
cabo ou a efeito, pôr em obra, praticar, cumprir, desempenhar, produzir, efetuar, 
construir, compor, estabelecer. É da mesma família de agilizar, objetivar e outros 
cujo problema está antes no uso excessivo do que na forma, pois o acréscimo dos 
sufixos -izar e -ar é uma das possibilidades normais de criar novos verbos a partir 
de adjetivos (ágil + izar = agilizar; objetivo + ar = objetivar). Evite, pois, a repetição, 
que pode sugerir indigência vocabular ou ignorância dos recursos do idioma. 
opinião/“opinamento” 
Como sinônimo de parecer, prefira opinião a opinamento. Alterne com parecer, 
juízo, julgamento, voto, entendimento, percepção. 
opor veto (e não apor) 
31
 
 
 Vetar é opor veto. Apor é acrescentar (daí aposto, (o) que vem junto). O 
veto, a contrariedade são opostos, nunca apostos. 
pertinente/pertencer 
Pertinente (derivado do verbo latino pertinere) significa pertencente ou oportuno. 
Pertencer se originou do latim pertinescere, derivado sufixal de pertinere. Esta 
forma não sobreviveu em português; não empregue, pois, formas inexistentes 
como “no que pertine ao projeto”; nesse contexto uso no que diz respeito, no que 
respeita, no tocante, com relação. 
posição/posicionamento 
Posição pode ser alterado com postura, ponto de vista, atitude, maneira, modo. 
Posicionamento significa disposição, arranjo’, e não deve ser confundido com 
posição. 
relativo a 
Empregue também referente a, concernente a, tocante a, atinente a, pertencente 
a, que diz respeito a, que trata de, que respeita. 
ressaltar 
Varie com destacar, sublinhar, salientar, relevar, distinguir, sobressair. 
pronome “se” 
Evite abusar de seu emprego como indeterminador do sujeito. O simples emprego 
da forma infinitiva já confere a almejada impessoalidade: “Para atingir esse 
objetivo há que evitar o uso de coloquialismo” (e não: Para atingir-se ... Há que se 
evitar...). É cacoete em certo registro da língua escrita no Brasil, dispensável 
porque inútil. 
tratar (de) 
Empregue também contemplar, discutir, debater, discorrer, cuidar, versar, referir-
se, ocupar-se de. 
viger 
Significa vigorar, ter vigor, funcionar. Verbo defectivo, sem forma para a primeira 
pessoa do singular do presente do indicativo, nem para qualquer pessoa do 
presente do subjuntivo, portanto. O decreto prossegue vigendo. A portaria vige. A 
lei tributária vigente naquele ano (...). 
 
32
 
 
 
VÍRGULA 
 
 A vírgula é o sinal de pontuação que indica pequena pausa na leitura. 
Usa-se a vírgula: 
 
1. Para separar palavras da mesma classe gramatical. 
Ex.: Cheguei, vi, observei e não gostei. 
Amor, fortuna, ciência, somente isso não traz felicidade. 
2. Para separar os vocativos. 
Ex.:Recordem, alunos, as correções. 
Meus filhos, combatei vibrantemente a prepotência. 
3. Para separar o aposto do termo fundamental. 
Ex.: Brasília, Capital da República, foi fundada em 1960. 
4. Para separar certas palavras e expressões explicativas, retificativas, tais como: 
por exemplo, ou melhor, ou antes, isto é, por assim dizer, além disso, aliás, com 
efeito, então, outrossim etc. 
Ex.: O político era muito respeitado, ou antes, muito temido. 
Eles gastaram R$500,00, isto é, tudo o que tinham. 
A mercearia comercializou meia saca de feijão, ou seja, 30kg. 
Obs.: A locução conjuntiva ou seja é invariável, não apresenta variação de plural. 
5. Para separar orações coordenadas assindéticas. 
Ex.:Nascemos nas lágrimas, vivemos no sofrimento, morremos na dor. 
É homem rico, simpático, inteligente. 
Cheguei, vi, venci. 
6. Antes de todas as conjunções coordenativas (exceto e e nem). 
Ex.:leda queria falar, mas não podia. 
Não chore, que será pior. 
Cumprimos nossa obrigação, logo nada temos a temer. 
Quer chova, quer faça sol, iremos a Criciúma. 
7. Para separar orações coordenadas pela conjunção e, quando os sujeitos forem 
diferentes. 
Ex.: A mulher aceita o homem por amor ao casamento, e o homem 
tolera o matrimônio por amor à mulher. 
Os primeiros têm efeitos, e os segundos, conseqüências. 
9. Antes de e e nem repetidos, quer por ênfase, quer por enumeração. 
Ex.: “Ele fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles.” 
(Padre Antônio Vieira) 
Não recebi mais dela nem carta, nem recado, nem telefonema, nem 
nada. 
Observações: 
a) A conjunção nem dispensa a vírgula quando liga orações, palavras ou 
expressões de pequena extensão. 
Ex.: Elisabete não ouve nem fala. 
Nem meu primo nem eu freqüentamos esse clube. 
Sendo outra a extensão, todavia: 
Ex.: João não casa, nem deixa que a noiva com outro se case. 
33
 
 
 O garoto não dormia, nem deixava que os pais dormissem. 
b) A conjunção ou, quando liga palavras curtas, sem qualquer caráter enfático, 
dispensa a vírgula. 
Ex.:A boa ou má fortuna não o alteraram. Os mendigos pediam 
dinheiro ou comida? 
Só se houver ênfase poderá haver vírgula. 
Ex.: Os mendigos pediam dinheiro, ou comida? 
c) Das conjunções adversativas (mas, porém, todavia, contudo etc.), só mas 
aparece obrigatoriamente no começo da oração; as demais podem vir no início ou 
no meio dela. No primeiro caso, põe-se a vírgula antes da conjunção; no segundo, 
a conjunção deve aparecer entre vírgulas. 
Ex.: Ficarei com a casa, mas não posso pagá-la à vista. 
Ficarei com a casa, não posso, porém, pagá-la à vista. 
d) Entre as orações (em casos como nos exemplos acima) pode-se empregar o 
ponto e vírgula em vez da vírgula. 
Ex.: Ficarei com a casa; porém não posso pagá-la à vista. 
Ficarei com a casa; não posso, porém, pagá-la à vista. 
 e) É facultativo, dependendo de ênfase ou não, o emprego da vírgula 
depois das conjunções que principiem períodos. 
Ex.: Muitos alunos são displicentes. Todavia, nem todos chegam à 
aula atrasados. 
Isso jamais aconteceu em nossa cidade. Portanto vamos 
festejar. 
10. Para separar o adjunto adverbial anteposto. 
Ex.: Do nosso lugar, toda a cidade podia ser vista. 
Depois de algum tempo, os convidados chegaram. 
Se, no entanto, ao adjunto se segue imediatamente o verbo com o sujeito 
posposto, dispensa-se a vírgula. 
Ex.:Do nosso lugar podia ser vista toda a cidade. 
Depois de algum tempo chegaram os convidados. 
Adjuntos adverbiais de pequeno corpo costumam dispensar a vírgula, que só deve 
aparecer em casos de ênfase. 
Ex.: Cedo chegaram os viajantes. 
Aqui, trabalha-se muito. 
11. Para separar adjetivos que exercem função predicativa. 
Ex.:Sereno e tranqüilo, caminhou o condenado à forca. 
Não esperava que ele, inteligente e culto, dissesse tamanha 
asneira. 
12. Para separar objetos pleonásticos ou termos repetidos. 
Ex.: Amigos sinceros, já não os há. 
Os pobres de espírito, ignoro-os. 
Obs.: Omite-se a vírgula quando não se deseja dar ênfase ao objeto. 
Ex.: As rosas fê-Ias Deus para as mãos pequeninas de Bianca. 
13.Para separar termos deslocados de sua posição normal da oração. 
Ex.: As laranjas, você chegou a comprar? 
De mim, elas gostam? 
14. Para separar o nome da localidade, nas datas. 
Ex.: Brasília, 12 de janeiro de 1997. 
34
 
 
 
15. Para indicar a omissão de uma palavra (geralmente verbo) ou de um 
grupo de palavras. 
Ex.: Cristina ficou alegre; eu, muito triste. 
O espírito busca luz; o coração, o amor. 
16. Para separar orações reduzidas de gerúndio, de particípio e de infinitivo. 
Ex.: Chegando o diretor, avise-me imediatamente! 
Terminada a conferência, foi-nos oferecido um jantar. 
Para chegar lá, faltavam-me apenas dois quilômetros. 
17. Para separar orações adverbiais intercaladas. 
Ex.: Eu, para não ser indelicado, calei-me.A estrada, disse-nos o guarda, está alagada. 
18. Para separar orações principais e coordenadas do tipo: 
Ex.:Nossa economia, insistia, melhora sensivelmente. 
Nossas exportações, dizia o ministro, aumentaram 
consideravelmente no ano que passou. 
19. Para separar orações adverbiais e substantivas quando antepostas à principal. 
Ex.:Embora estivesse muito cansado, compareci à reunião. 
Se tudo correr bem, iremos a Madri ano que vem. 
Obs.:Quando a oração adverbial estiver posposta à principal, só é recomendável o 
uso da vírgula em dois casos: 
a) se a oração principal possui certa extensão. 
Ex.: O ar poluído das grandes cidades, como São Paulo, corrói a vida 
das pessoas, embora algumas não percebam a curto prazo. 
b) se a oração principal estiver seguida de qualquer outra. 
Ex.: Devemos escolher para esposa a mulher que escolheríamos 
para amigo, se ela fosse homem. 
20. Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas. 
Ex.: A beleza, que é fonte do amor, é também a fonte das maiores 
desgraças deste mundo. 
Obs.: As orações adjetivas explicativas podem ser eliminadas sem prejuízo do 
sentido da oração principal. 
21. Depois de oração subordinada adjetiva restritiva (principalmente quando os 
verbos se seguem um ao outro). 
Ex.:A mobilidade que sobeja na mocidade, falece na velhice. 
Obs.:Quer no meio, quer no fim do período, a oração adjetiva restritiva não vem 
separada por vírgula; não se pode excluí-la do período. 
Ex.: O homem que esteve aqui ontem virá outra vez amanhã. 
Os pecadores que se arrependerem serão perdoados. 
22.Para destacar palavras ou expressões isoladas. 
Ex.: Ação, não palavras, é o de que precisamos. 
23.Para separar palavras repetidas que têm função superlativa. 
Ex.: A parede da casa era branquinha, branquinha! 
24. Para separar os elementos paralelos de um provérbio. 
Ex.:Tal pai, tal filho. 
Nem sábado sem sol, nem moça sem amor. 
Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso. 
35
 
 
 25. Depois do sim e do não, usados como resposta, no início da frase. 
Ex.: Sim, vou a Brasília. 
Não, é impossível satisfazer o seu desejo. 
Atenção! Constitui erro grave e imperdoável o emprego da vírgula entre o 
sujeito e o verbo e entre o verbo e seus complementos. 
Ex.: Luis mereceu o prêmio. (E não: Luís, mereceu o 
prêmio.) 
Você quer tomar vinho? (E não: Você quer tomar, 
vinho?) 
O Diretor resolve... (E não: O Diretor, resolve...) 
Em rigor, é redundância o uso de vírgula antes de etc., pois et coetera significa e 
outras coisas. 
Ex.: Comprei selos, papel, lápis e outras coisas. 
A abreviatura etc. só deve ser empregada para coisas; constitui erro dizer: Pedro, 
Paulo, João etc. De modo algum se justifica a repetição da abreviatura. 
Ex.: Compramos tomates, bananas etc. etc. 
Observem a colocação das vírgulas: 
Acrescenta § 6.º ao art. 478 da Consolidação das Leis do Trabalho. 
O disposto no § 1.º do art. 55 da Constituição... 
Exigências relativas à legitimidade de iniciativa exclusiva contidas no art. 61, 
caput, combinado com o art. 96, inciso II, alínea b, do Projeto de Lei n.º 1.640-A, 
de 1989. 
Nas ementas: 
Estabelece o Dia Universal da Liberdade, comemorado a 4 de junho, e dá outras 
providências. 
Dispõe sobre a organização da seguridade social, institui plano de custeio e dá 
outras providências. 
Institui contribuição social, cria o Fundo de Investimento Social - FINSOCIAL, e dá 
outras providências. 
36
 
 
 
CONCORDÂNCIA NOMINAL 
 
 
1. Definição 
É a concordância do adjetivo com o substantivo. 
2. Regra geral 
O adjetivo concorda com o substantivo em gênero e número 
Ex.: Rios imensos. Águas claras. 
3. Regras especiais 
a) Adjetivo referente a dois ou mais 
substantivos do mesmo gênero vai para 
o plural, ou concorda com o mais 
próximo. 
 
Exército e povo brasileiros. 
Exército e povo brasileiro. 
Marinha e Aviação brasileiras. 
Marinha e Aviação brasileira. 
b) Adjetivo referente a dois ou mais 
substantivos de gênero diferente vai 
para o masculino plural, ou concorda 
com o mais próximo. 
 
Se o adjetivo estiver colocado antes do 
substantivo, concordará com mais 
próximo. 
 
Marinha e Exército brasileiros. 
Marinha e Exército brasileiro. 
Exército e Marinha brasileiros. 
Exército e Marinha brasileira. 
 
Majestosos rios e florestas. 
Majestosas florestas e rios. 
c) Um substantivo no plural pode ser 
qualificado por dois ou mais adjetivos no 
singular. 
 
Os povos francês e brasileiro. As 
bandeiras inglesa e americana. 
d) Os numerais cardinais, usados como 
ordinais, ficam invariáveis. 
 
Página dois (isto é, segunda). Casa vinte 
e um (vigésima primeira). 
e) Se o adjetivo se refere a sujeito 
representado por mais de um 
substantivo do mesmo gênero, o adjetivo 
conserva o gênero e vai para o plural. 
Marta e Maria são estudiosas. 
Pedro e Mário são estudiosos. 
Notei Marta e Maria preocupadas. 
f) Se o adjetivo se refere a sujeito 
representado por mais de um 
substantivo de gênero diferente, vai para 
o masculino plural. 
Pedro e Marta são estudiosos. 
Marta e Pedro são estudiosos. 
 
Notei Mário e Pedro preocupados. 
Notei Pedro e Marta preocupados. 
 
 
 
 
 
37
 
 
 
CONCORDÂNCIA VERBAL 
 
 
É a concordância do verbo com o sujeito. 
O verbo concorda com o sujeito em pessoa e número. 
 
Ex.: O aluno chegou. Os alunos chegaram. 
O jovem Alexandre conquistou a Índia. 
 
Sujeito composto e anteposto, o verbo 
vai para o plural. 
O céu e a Terra passarão. 
Sujeito composto e anteposto, de 
pessoas diferentes, o verbo vai para o 
plural, na pessoa que tiver 
predominância. 
— a primeira sobre as outras 
— a segunda sobre a terceira pessoa. 
Eu, tu e ele iremos ao jogo. 
Tu e ele ireis ao jogo. 
Sujeito composto e posposto, verbo no 
plural, ou concordando com o mais 
próximo. 
Passarão o céu e a Terra. 
Passará o céu e a Terra. 
Sujeito composto ligado pelas 
alternativas ou... ou, nem... nem, o verbo 
vai para o plural ou para o singular. 
Se houver exclusão de um deles, será 
obrigatório o singular 
Nem a fome, nem a sede o abateram. 
Nem a fome, nem a sede o abateu. 
 
Ou Manoel ou Joaquim será o artilheiro 
do campeonato. 
Sujeito representado pelo pronome 
indefinido quem, o verbo vai para a 
terceira pessoa do singular, ou concorda 
com a pessoa do sujeito da oração 
anterior. 
Não fui eu quem riu. 
Não fui eu quem ri. 
Sujeito representado por um pronome 
indefinido no singular, seguido de nós, 
de vós, de vocês, o verbo vai para o 
singular. 
Se o indefinido estiver no plural, o verbo 
concordará com nós, vós,vocês, ou com 
o indefinido. 
Qual de nos acertou o problema? Qual 
de vós acertou o problema? 
Qual de vocês acertou o problema? 
 
Quais de nós iremos (ou irão)? 
Quais de vós ireis (ou irão)? 
Quais de vocês irão? 
Sujeito representado pela expressão um 
dos que, uma das que, o verbo vai para 
o singular ou para o plural. 
Se a referência só for possível a um 
único ser, o verbo ficará no singular. 
Sou um dos que mais anima. 
Sou uma das que mais animam. 
 
O rio Tietê é um dos rios paulistas que 
atravessa o Estado. 
Sujeito representado por um substantivo, 
precedido das expressões cerca de, 
mais de, menos de, perto de, o verbo 
concorda com o substantivo. 
Mais de um avião sobrevoou o local. 
Mais de dez aviões sobrevoaram o local.
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Sujeito do verbo ser, representado por 
tudo, nada, isto, aquilo, ou um 
substantivo no singular, o verbo ser 
pode concordar com o predicativo no 
plural. 
Tudo eram lembranças do colégio. 
A vida não serão flores apenas. 
 
O verbo ser, usado impessoalmente 
(sem sujeito) concorda, normalmente, 
com o predicativo. 
Eram sete horas. 
São 31 de dezembro. 
O verbo fazer, usado em expressões

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