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Princípios da Relação de Consumo

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Saiba Mais Aula 07 – Empresa e Relação com Consumidor 
 
 
 
Princípios da Relação de Consumo 
 
 
a) Vulnerabilidade do consumidor. É a espinha dorsal da proteção ao consumidor, 
sobre o qual se assenta toda a linha filosófica do movimento. É induvidoso que o 
consumidor é a parte mais fraca das relações de consumo; apresenta ele sinais de 
fragilidade e impotência diante do poder econômico. Há reconhecimento universal 
no que tange a essa vulnerabilidade. Nesse sentido já se manifestou a ONU e sob 
esse enfoque o tema é tratado em todos os países ocidentais. No Brasil, a 
Constituição Federal reconhece claramente essa situação de hipossuficiência, ao 
declarar que o Estado promoverá a defesa do consumidor, de um lado assumindo a 
postura de garantidor, e, de outro, outorgando tutela a quem, filosoficamente, 
reconhece carecedor de proteção. 
 
b) Boa –fé . Espera-se das duas partes envolvidas na relação de consumo a boa fé no 
pacto firmado entre elas, ou seja, que não se negocie utilizando de torpeza e 
engano consciente em relação à outra parte. A má-fé vicia o negócio realizado e 
acarreta as indenizações pertinentes pelos danos causados as partes prejudicadas. 
 
c) Transparência. Os contratos devem ser firmados entre o consumidor e o fornecedor 
de forma mais clara e direta possível, sem entrelinhas que conduzam à confusão de 
uma das partes. O Código de Defesa do Consumidor estabelece, nesses casos, a 
condução de entendimentos sempre favorável ao consumidor. 
 
d) Presença do Estado. O princípio da presença do Estado nas relações de consumo 
é, de certa forma, corolário do princípio da vulnerabilidade do consumidor, pois, se 
há reconhecimento da situação de hipossuficiência, de fragilidade e desigualdade 
de uma parte em relação à outra, está claro que o Estado deve ser chamado para 
proteger a parte mais fraca, por meio legislativo e administrativo, de sorte a garantir 
o respeito aos seus interesses. 
 
e) Harmonização de interesses. Interessa às partes, ou seja, aos consumidores e 
fornecedores, o implemento das relações de consumo, com o atendimento das 
necessidades dos primeiros e o cumprimento do objeto principal que justifica a 
existência do fornecedor: fornecer bens e serviços. Colima-se, assim, o equilíbrio 
 
entre as partes. Por outro lado, a proteção ao consumidor deve ser compatibilizada 
com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, em face da 
dinâmica própria das relações de consumo, que não podem ficar obsoletas e 
entravadas, em nome da defesa do consumidor. Novos produtos e novas 
tecnologias são bem-vindos, desde que seguros e eficientes. 
 
f) Coibição de abusos. Deve-se garantir não só a repressão aos atos abusivos, como 
a punição de seus autores e o respectivo ressarcimento, mas também a atuação 
preventiva tendente a evitar a ocorrência de novas práticas abusivas, afastando-se 
aquelas que podem causar prejuízos aos consumidores, como a concorrência 
desleal e a utilização indevida de inventos e criações industriais. A coibição 
preventiva e eficiente dessas práticas representará o desestímulo dos potenciais 
fraudadores. A contrario sensu, a ausência de repressão, ou mesmo o 
afrouxamento, representará impunidade, e, pois, estímulo. 
 
g) Incentivo ao autocontrole. Apesar do Estado interpor-se como mediador nas 
relações de consumo, procurando evitar e solucionar os conflitos de consumo, não 
deve, por outro lado, deixar de incentivar que tais providências sejam tomadas 
pelos próprios fornecedores, mediante a utilização de mecanismos alternativos por 
eles próprios criados e custeados. Essa é a solução ideal e significa modernização 
das relações de consumo. De três maneiras pode-se dar o autocontrole. Em 
primeiro lugar, pelo eficiente controle da qualidade e segurança de produtos 
defeituosos no mercado, o que refletirá na diminuição ou eliminação de atritos com 
o consumidor. Em segundo lugar, a prática de recall, ou seja, a convocação dos 
consumidores de bens produzidos em série e que contenham defeitos de 
fabricação que possam atentar contra a vida e a segurança dos usuários, arcando o 
fornecedor com as despesas de substituição das peças defeituosas. Há o 
reconhecimento do defeito, mas ao mesmo tempo ele é sanado pelo próprio 
fabricante, sem prejuízo ou custo para o consumidor1. E, em terceiro lugar, pela 
criação, pelas empresas, de centros ou serviços de atendimento ao consumidor, 
resolvendo diretamente a reclamação ou queixa apresentada contra seu produto ou 
serviço. 
 
 
stica utilizou-se largamente do recall, notando-se que a partir de 1991, cresceu enormemente no País o 
número de convocações dirigidas aos consumidores, por montadoras nacionais e estrangeiras, o que 
pode ter ocorrido tanto pela conscientização do fabricante como pelo efeito da vigência do CDC. 
 
h) Conscientização do consumidor e do fornecedor. Se o que se busca é o equilíbrio 
nas relações de consumo, para que se atendam às necessidades do consumidor e 
o interesse do fornecedor, sem grande conflituosidade, é natural que a maior 
conscientização das partes no que toca aos seus direitos e deveres conduzirá 
fatalmente a esse objetivo. Pode-se adiantar que, quanto maior for o grau de 
conscientização das partes envolvidas, menor será o índice de conflito nas relações 
de consumo. Por conscientização entende-se a educação, formal e informal, para o 
consumo, bem como a informação do consumidor e do fornecedor.

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