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Capítulo III – EMPUXO DE TERRA 1. GENERALIDADES Empuxo de terra é a ação produzida pelo maciço terroso sobre as obras com ele em contato. A determinação do valor do empuxo de terra é fundamental na análise e projeto de obras como: a. Muros de arrimo – empuxo ativo sobre o muro. b. Cortinas de estacas-pranchas – empuxo ativo e passivo (ficha) na cortina. c. Construções de subsolos – empuxo no repouso sobre as paredes de um edifício. d. Encontros de pontes – empuxo passivo. É um dos temas mais intricados da Mecânica dos Solos. Todas as teorias propostas admitem hipóteses simplificadoras que não expressam totalmente a realidade dos solos. O empuxo geralmente é calculado por uma faixa de largura unitária da estrutura de ar- rimo, não se considerando as forças que atuariam sobre as superfícies laterais dessa faixa. A magnitude do empuxo depende: ▪ Desnível vencido pela estrutura de arrimo; ▪ Tipo e das características do solo; ▪ Deformação sofrida pela estrutura; ▪ Posição do nível de água; ▪ Inclinação do terrapleno, etc. O valor do empuxo de terra, assim como a distribuição de tensões ao longo do ele- mento de contenção, depende da interação solo-elemento estrutural durante todas as fases da obra. O empuxo atuando sobre o elemento estrutural provoca deslocamentos horizontais que, por sua vez, alteram o valor e a distribuição do empuxo, ao longo das fases construtivas da obra. Os termos ativo e passivo são usualmente em- pregados para descrever as condições limites de equilíbrio correspondente ao empuxo do solo de retroaterro contra a face interna (tardoz1) do muro de arrimo ou contenção. A figura, ao lado, mostra a variação de empuxos em função do deslocamento. A pressão horizontal diminui ou aumenta, conforme o muro aproxima-se ou afasta-se do maciço de terra. 1 Face tosca da cantaria que fica para o interior da parede. 2. COEFICIENTES DE EMPUXO Consideremos uma massa semi-infinita de solo e calculemos a pressão vertical v em uma profundidade z: A relação entre h e v em repouso é chamado de k, que é o coeficiente de empuxo. Se a solicitação imposta ao solo envolver deformações laterais de compressão ou de extensão, o equilíbrio é alterado e o solo se afasta da condição de repouso. Dependendo da magnitude das deformações laterais, o estado de tensões no solo po- de situar-se entre as condições de repouso e de ruptura. Quando a solicitação levar a uma condição de tensões com a circunferência de Möhr tangenciando a envoltória, a resistência ao cisalhamento disponível do solo passa a ser integralmente mobilizada e o elemento atinge o estado de equilíbrio plástico ou equilíbrio limite. Terzaghi mediu o valor da força necessária para manter o anteparo estático, denomi- nado de “empuxo em re- pouso” (Eo), denominou a força sobre o anteparo no momento da ruptura, de “empuxo ativo” (Ea), afastando o anteparo da massa de solo e a força empurrando o anteparo contra a massa de areia até a ruptura de “empuxo passivo” (Ep). 2.1 EMPUXO NO REPOUSO Estados de Equilíbrio Plástico: O estado de repouso corresponde à pressão exercida pelo solo de retroaterro sobre um muro de contenção rígido e fixo, ou seja, que não sofre movi- mentos na direção lateral. No repouso: 2.2 EMPUXO ATIVO O estado ativo ocorre quando o muro sofre movi- mentos laterais suficientemente grandes no sentido de se afastar do retroaterro. 2.3 EMPUXO PASSIVO De forma análoga, o estado passivo corresponde à movimentação do muro de encontro ao retroaterro. Para o caso ativo, a trajetória de tensões corresponde a um descarregamento da ten- são lateral (redução da tensão principal menor σ3), enquanto, para o caso passivo, a trajetória pode ser associada a um carregamento lateral (aumento da tensão principal maior σ1). As teorias clássicas sobre empuxo de terra foram formuladas por Coulomb (1773) e Rankine (1856), sendo desenvolvidas por Poncelet, Culmann, Rebhann, Krey, Caquot, Ohde, Terzaghi, Brinch Hansen e outros. 3. TEORIA DE RANKINE Rankine baseou-se na hipótese de que uma ligeira deformação no solo é suficiente para provocar uma total mobilização da resistência de atrito, produzindo o estado ativo se o so- lo sofre expansão e passivo se sofre compressão. solo k0 solo k0 argila pré - aden- sada areia natural areia solta areia compacta argilas pastosas água 0,7 a 0,75 0,5 0,4 0,6 a 0,75 1,0 1,0 areias argilas solos compactados 0,4 a 0,8 0 a 1,0 0,5 a 1,0 Autor: H. P. CAPUTO Autor: M. VARGAS 3.1 HIPÓTESES FUNDAMENTAIS I. Terrapleno homogêneo; II. Superfície plana; III. Válida a Teoria de Möhr; IV. Sem pressão de percolação; V. Movimento livre do anteparo; VI. Não há atrito entre solo e muro. Equação de Möhr: √ , onde ( ) 3.2 SOLOS NÃO COESIVOS c = 0 3.2.1 ESTADO ATIVO ̅̅ ̅̅ se afasta do terrapleno ̅̅ ̅̅ – Anteparo ̅̅̅̅ – Superfície de ruptura ( ) EMPUXO ATIVO TOTAL ÁREA ABD PONTO DE APLICAÇÃO a partir da base DIREÇÃO – horizontal SENTIDO – contra a contenção 3.2.2 ESTADO PASSIVO ̅̅ ̅̅ se desloca contra o terrapleno ̅̅ ̅̅ – Anteparo ̅̅̅̅ – Superfície de ruptura ( ) EMPUXO PASSIVO TOTAL ÁREA ABD PONTO DE APLICAÇÃO a partir da base DIREÇÃO – horizontal SENTIDO – contra a contenção Donde: kp > k0 > ka 3.3 CIRCUNFERÊNCIA DE MÖHR SUPERFÍCIE INCLINADA DO TERRAPLENO (i) √ √ √ √ PONTO DE APLICAÇÃO a partir da base DIREÇÃO – paralelo à superfície (i) SENTIDO – contra a contenção 3.4 SOLOS COESIVOS √ , onde ( ) 3.4.1 ESTADO ATIVO √ √ √ Para √ √ √ √ EMPUXO ATIVO TOTAL ∫ ( ) ( ) √ Para √ √ Talude vertical estável sem anteparo com 0º ( ) 3.4.2 ESTADO PASSIVO √ √ EMPUXO PASSIVO TOTAL ∫ ∫ ( √ ) √ COM SOBRECARGA UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDA ( ) √ √ SOLOS PERMEÁVEIS => PRESSÃO TOTAL = Págua + Psolo com peso específico submerso SOLOS POUCO PERMEÁVEIS => PRESSÃO TOTAL = Psolo com peso específico saturadoCOEFICIENTES DE EMPUXO ATIVO E PASSIVO DE ACORDO COM ϕ ϕ Ka Kp 0º 1,00 1,00 10º 0,70 1,42 20º 0,49 2,04 25º 0,41 2,47 30º 0,33 3,00 35º 0,27 3,69 40º 0,22 4,40 45º 0,17 5,83 50º 0,13 7,55 60º 0,07 13,90 3.5 EXERCÍCIOS 3.5.1 O muro de arrimo da figura está suportando um solo de peso específico igual a 16 kN/m3 e com um coeficiente de empuxo ativo igual a 1/3. Pelo Método de Rankine, qual será o valor total do em- puxo ativo sobre este muro? Solução: peso específico do solo = 16 kN/m³; altura do muro h = 6 m; ka = 0,333 3.5.2 Calcular, pelo método de Rankine, o valor do empuxo ativo sobre o muro. Solução: peso específico do solo = 16 kN/m³; altura do muro h = 6 m; ka = 0,333 Solução: 1. Altura equivalente de terra: 2. Pressão no topo do muro: 3. Pressão na base do muro: ( ) ( ) 4. Valor do empuxo: 4. TEORIA DE COULOMB
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