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1) possibilidade de citação por correios no processo de execução: no CPC/1973 era vedada a citação pelo correio no processo de execução autônomo. A prática demonstrou, todavia, que essa proibição levava à falta de efetividade da execução, até porque, nos dias de hoje, é frequente que a penhora acabe por privilegiar bens de maior liquidez, como o dinheiro depositado em aplicações financeiras, ações ou títulos negociados no mercado, dispensando a atuação física do oficial de justiça. O NCPC, em boa hora, permite a citação pelo correio no processo de execução, a fim de proporcionar maior celeridade, especialmente nos casos em que o executado se encontra fora da comarca, seção ou subseção judiciária em que tramita a execução, dispensando a burocrática expedição de carta precatória. 2) possibilidade de o juiz determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes: excelente inovação, aplicável tanto à execução judicial quanto de título extrajudicial, inclusive no que concerne ao devedor de alimentos e sem prejuízo da possibilidade de protesto do título judicial após o prazo para pagamento voluntário, que também está prevista no projeto. Uma vez garantida ou extinta a execução, ou efetuado o pagamento, deverá ser cancelada a inscrição. Quem está no mercado formal e encontrar o acesso ao crédito dificultado poderá se apressar em indicar bens a serem penhorados ou em pagar o valor executado. Entretanto, a medida não será eficaz para aquele que já se encontra com o nome negativado por outro motivo. 3) cobrança de cotas condominiais documentalmente comprovadas podem agora ser objeto de execução direta: no CPC/1973, a cobrança de cotas condominiais ensejava um processo de conhecimento, pelo procedimento sumário, ao passo que no NCPC será possível sua execução direta, fundada em título extrajudicial. Boa inovação, na medida em que, na prática, a margem para defesa do réu esta bastante restrita e poderá ser dirimida agora em eventuais embargos à execução. 4) exigência de que o demonstrativo do débito indique o índice de correção, a taxa de juros, a periodicidade de eventual capitalização e a especificação de desconto: se o executado deve, em caso de alegar excesso de execução, indicar o valor que entende devido de forma pormenorizada, o exequente também deve atender a tal exigência, até mesmo para que a parte contrária possa compreender como chegou ao valor que está executando. É mais uma boa inovação, mas que poderá ser utilizada como argumento em eventual manobra protelatória do executado, sob o pretexto de que a planilha apresentada pelo exequente não atende às exigências legais. 5) exigência de se indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos ao executado que alegar maior gravosidade: o princípio da menor gravosidade não significa que a execução não deva causar consequências desfavoráveis ao executado, nem pode acarretar o desprezo à efetividade do processo executivo. Tal princípio refere-se apenas à vedação do excesso, impedindo que o exequente tome medidas excessivamente gravosas ao executado por simples capricho, sem delas extrair maior proveito. A exigência de que o executado indique outros meios mais eficazes ou menos gravosos é muito bem-vinda, servindo para inibir eventuais alegações meramente protelatórias. 6) fixação dos honorários advocatícios liminares em dez por cento na execução por quantia certa: no sistema do CPC/1973, os honorários advocatícios são liminarmente fixados pelo juiz de forma equitativa, o que por vezes acarreta distorções. No NCPC, o juiz deverá obrigatoriamente fixá-los em 10%, o que poderá ser elevado a até 20% quando rejeitados os embargos à execução. Trata-se de inovação que visa proteger a remuneração do advogado, mas que, ainda assim, pode produzir distorções. Em execuções multimilionárias, os honorários de 10% poderão ser excessivos. Por outro lado, nas execuções de valor reduzido, ínfima será a remuneração do advogado. 7) afastamento da impenhorabilidade relativamente aos rendimentos superiores a cinquenta salários mínimos mensais: esta é, sem dúvida, uma das mais importantes e bem-vindas inovações do NCPC. Há, atualmente, um exagero de bens impenhoráveis no CPC/1973. Não se compreende que o executado, auferindo remuneração expressiva e que lhe garanta um padrão de vida elevado, não possa ter parte dela afetada para o pagamento de dívidas objeto de execução. Essa inovação foi trazida ao NCPC ao final da tramitação legislativa no Senado e há grande expectativa se será mantida ou se sofrerá veto presidencial. Isso porque, por ocasião da reforma promovida pela Lei 11.382/2006 ao CPC/1973, proposta semelhante, para admitir a penhora de até 40% do total recebido mensalmente acima de vinte salários mínimos, sofreu veto presidencial. A justificativa foi de que, embora razoável, “a tradição jurídica brasileira é no sentido da impenhorabilidade, absoluta e ilimitada, da remuneração”, pelo que seria conveniente “opor veto ao dispositivo para que a questão volte a ser debatida pela comunidade jurídica e pela sociedade em geral”. Vamos ficar na torcida para que, dessa vez, não ocorra o veto e essa novidade seja prestigiada na versão final do NCPC. 8) possibilidade de penhora de veículo por termo nos autos: tradicionalmente, os veículos eram penhorados por diligência do oficial de justiça, que deveria localizar o bem, o que atualmente não mais se justifica. No NCPC, é possível penhorá-lo por simples termo nos autos, com anotação da restrição através do sistema eletrônico Renajud, disponibilizado pelo Denatran. É possível, inclusive, determinar não apenas a restrição à transferência do veículo por esse sistema, mas até mesmo impedir sua circulação. 9) detalhamento da disciplina da penhora on line: o NCPC aprimora a disciplina da penhora on line, estabelecendo que a indisponibilidade ocorrerá sem ciência prévia do ato ao executado, com prazo de 24 horas para a instituição financeira cancelar eventual valor bloqueado em excesso. O executado terá cinco dias para comprovar que o bloqueio recaiu sobre valores impenhoráveis ou excessivos. Qualquer ordem posterior de cancelamento ou de transferência dos valores bloqueados para conta vinculada ao juízo da execução também terá que ser cumprida em 24 horas. 10) possibilidade de liquidação forçada das quotas ou ações penhoradas: no NCPC, o juiz poderá, após penhoradas as quotas ou ações do executado, determinar à sociedade que apresente balanço especial, ofereça as quotas ou ações aos demais sócios e, em caso de ausência de interessados, proceda à sua liquidação, depositando-se o dinheiro apurado em conta vinculada ao juízo da execução. Tudo isso sem prejuízo de, em caso de excessiva onerosidade, recorrer-se ao tradicional leilão judicial das quotas ou ações, ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores. 11) penhora de frutos e rendimentos: o antigo (e pouco usado) usufruto de móvel ou imóvel do CPC/1973 – que, curiosamente, assemelha-se muito mais à anticrese do Código Civil (art. 1.506) que ao usufruto – é substituído no NCPC pela previsão da penhora de frutos e rendimentos, em disciplina que, em linhas gerais, não se alterou substancialmente. A vantagem é que, tratando-se de penhora, e não mais de meio de pagamento ao credor, a medida poderá ser deferida pelo juiz em fase inicial da execução. 12) avaliação de veículos ou de outros bens por meio de pesquisas em órgãos oficiais ou anúncios de venda: uma das chaves para o sucesso da execução é sua desburocratização e, aqui, essa inovação é muito bem-vinda. Veículos possuem valor de avaliação muito bem conhecidos – independentemente de intervenção do oficial de justiça ou de um avaliador judicial – em tabelas divulgadas em revistas especializadas e em órgãos como a FIPE. Outros bens também podem possuir valores conhecidos em tabelas de preços específicas, bastando tal consulta parase promover a sua adequada avaliação. 13) preferência pelo leilão por meio eletrônico e divulgação pela rede mundial de computadores: o leilão judicial deve se adequar às modernas ferramentas de comunicação para atrair o maior número possível de interessados. Atualmente, a melhor forma para isso é contar com a rede mundial de computadores, tanto para a divulgação do leilão – que poderia ter muito mais visibilidade, que a publicação esporádica em jornais, se realizada em uma página própria para este fim – quanto para a sua efetiva realização, possibilitando que pessoas dele participem a distância, algo especialmente importante em um país de dimensões continentais e também nas grandes cidades, com todas as suas dificuldades de deslocamento. 14) definição de critérios para se estabelecer o que é preço vil: um bem não pode ser leiloado por preço vil, mas este sempre foi um conceito de difícil definição na prática. No NCPC, o preço vil será aquele inferior ao mínimo estipulado pelo juiz, de acordo com as peculiaridades do bem levado a leilão. Na sua ausência, será considerado vil o preço inferior à metade do valor da avaliação. Espera-se que, com a definição de tais critérios, eventuais discussões sobre a questão possam ser rapidamente resolvidas. 15) novas condições para a aquisição do bem em leilão em prestações: umas das maiores dificuldades para conseguir número satisfatório de interessados no leilão é que, em regra, o bem deve ser arrematado à vista, afastando expressivo número de pessoas que não possuem tais recursos. O NCPC visa a facilitar a aquisição do bem em prestações, reduzindo o valor mínimo à vista de 30% para 25% e estipulando que o restante poderá ser parcelado em até 30 meses, garantido por caução idônea ou, quando de tratar de imóvel, por hipoteca do próprio bem arrematado. O prazo de 30 meses é, porém, ainda bastante reduzido para bens imóveis em geral, de sorte que teria sido interessante se o NCPC tivesse regulado, por exemplo, a hipótese de apresentação de carta de crédito emitida por instituição financeira idônea, o que permitiria o financiamento por prazos muito mais alongados e até mesmo com uma entrada à vista, pelo arrematante, inferior a 25%. 16) substituição dos antigos embargos à arrematação pela ação autônoma: no NCPC, não há mais previsão dos embargos à arrematação, que deram lugar à ação autônoma. Sua disciplina, porém, é ainda bastante confusa e causa insegurança ao arrematante. Um dos dispositivos prevê que, assinado o auto, “a arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado ou a ação autônoma de que trata o § 4º deste artigo”. Entretanto, o § 4º prevê que “a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada por ação autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como litisconsorte necessário”. Afinal, em que casos haverá ou não a invalidação? E, embora o NCPC permita ao arrematante desistir da arrematação com a devolução imediata do depósito no prazo da contestação na ação anulatória, qual o prazo (decadencial) para seu ajuizamento? E, se quando isso ocorrer, o exequente já tiver levantado o depósito realizado pelo arrematante, como se procederá se o arrematante quiser desistir da arrematação? Todas essas são questões muito sérias, que causam insegurança jurídica ao arrematante e, claro, reduzem o número de interessados no leilão e, ainda pior, minimizam o preço que poderá ser obtido com a alienação forçada de bens penhorados devido ao risco assumido. Neste ponto, falhou o NCPC: era preciso, em definitivo, dar ao arrematante a garantia de que a compra do Estado é o meio mais seguro de aquisição e que não pode ser desfeita, nesse ou em qualquer outro processo, salvo por vício muito grave do próprio procedimento licitatório, suscitado em prazo exíguo, a fim de que proporcionasse maior segurança jurídica. 17) vedação ao levantamento de importância em dinheiro ou de liberação de bens apreendidos durante o plantão judiciário : essa, na verdade, não é uma inovação da execução propriamente dita, mas uma restrição a que sejam concedidas determinadas providências consideradas irreversíveis durante o plantão judiciário. Alguns casos de abuso têm sido reportados e sem qualquer razão de urgência que justificasse tais medidas, mas talvez a vedação não possa ser compreendida de forma tão rígida, sem margem para exceções. O tempo e a prática jurídica dirão melhor sobre tal questão, impondo-se, em caso de eventual afastamento, fundamentação qualificada do juiz que conceder a providência. 18) créditos sobre o bem leiloado recairão sobre o produto da arrematação: com vistas a conferir maior segurança jurídica ao arrematante, estabelece o NCPC – embora tal orientação já fosse contemplada ao tempo do CPC/1973 nos editais de leilão – que eventuais créditos sobre o bem leiloado (dívidas de condomínio, impostos, multas) recairão sobre o produto da arrematação, sendo entregue o bem ao arrematante livre e desembaraçado. A ressalva, não expressa no dispositivo, é se os créditos ultrapassarem o valor da arrematação, caso em que continuarão a recair sobre o bem pela diferença não paga. 19) prescrição intercorrente: o NCPC traz, para a execução civil, o mesmo regime da prescrição intercorrente da Lei de Execuções Fiscais. Não sendo localizados bens penhoráveis do executado, a execução ficará suspensa por um ano, assim como o prazo prescricional. Decorrido um ano, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente. Caso o juiz verifique que tal prescrição se operou, ouvirá as partes e poderá, de ofício extinguir a execução. Curiosamente, nas disposições finais, previu-se que o termo inicial do prazo da prescrição intercorrente para as execuções em curso seria a data de vigência do NCPC. Seria possível interpretar que, no CPC/1973, não há prescrição intercorrente na execução civil? 20) possibilidade de penhora on line fundada em decisão liminar: ficou para o final um ponto que não é inovação – o CPC/1973 também admite tal providência –, mas precisa ser mencionado porque se correu o risco de inaceitável retrocesso no NCPC. Na versão do projeto aprovada na Câmara dos Deputados, vedava-se o bloqueio e a penhora de dinheiro ou de outros ativos financeiros para fins de efetivação de decisão liminar, o que comprometeria severamente a efetividade da execução desses provimentos jurisdicionais, mesmo se estivessem fundados em urgência. Tal ponto foi objeto de crítica, em artigo escrito com outros três colegas que compartilham essa coluna. Felizmente, o Senado Federal afastou tal proibição, restabelecendo o regime atual, que admite a penhora on line em tal circunstância. Como se vê, há um número considerável de mudanças no processo de execução, ainda que, do ponto de visto estrutural, permaneça essencialmente o mesmo do CPC/1973. Serão essas alterações pontuais – a maioria delas, admita-se, bem-vindas – suficientes para debelar a crise da execução no Brasil? Essa é a pergunta a ser respondida nos próximos anos. 21) Inovações no âmbito da execução dos títulos extrajudiciais (Livro III do Projeto) Fraude à execução A proposta exarada no NCPC, no art. 716, é o resultado jurisprudencial formado acerca do art. 593, do CPC, 54 versando, principalmente, à proteção ao terceiro de boa-fé. O artigo 749 do Projeto Substitutivo do Senado expressa, claramente, em seus cinco incisos, haver fraude à execução, nos casos em que o vendedor dispõe do bem objeto da hipoteca judiciária ou de ato de constrição judicial, uma vez tendo eles sido submetidos a registro público, ou mesmo quando o bem tiver sido averbado no registro de imóveis, no registro de veículos ou no registro de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade, na pendência de ajuizamento da execução. Desse modo, a fraude pode ocorrer antes ou depois da penhora, desde que exista registro públicocomprobatório erga omnes do gravame judicial, em qualquer das hipóteses. A distinção entre a alienação do bem penhorado e fraude à execução prevista no art. 593, II, CPC vigente, é abordada no NCPC no art. 749, parágrafo único, pelo qual, nos casos em que não haja registro do bem, o terceiro adquirente tem o ônus da prova de que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem. 22) Desconsideração da personalidade jurídica O Projeto enfrenta o problema da desconsideração da personalidade jurídica, de modo a permitir o redirecionamento da execução iniciada contra a sociedade, a fim de alcançar bens particulares dos sócios. No Código de Processo Civil atual inexiste procedimento específico para o caso, o que, com frequência, enseja conflitos nem sempre conduzidos e solucionados a contento. Uma das novidades do Projeto do Novo Código de Processo Civil é, justamente, o estabelecimento da forma procedimental a ser observada na tramitação do pedido de aplicação da responsabilidade extraordinária prevista no art. 50 do Código Civil. Em primeiro lugar, estatui que não se pode admitir a responsabilidade do sócio senão depois de observado o procedimento legal, editado para o incidente de desconsideração da personalidade jurídica (Projeto, art. 719, § 4º). Por sua vez, os arts. 62 a 65, colocados na Parte Geral da codificação projetada, preveem o cabimento do incidente “em qualquer processo ou procedimento”, deixando clara sua admissibilidade tanto no processo de conhecimento como no de execução. Fica, também, evidenciada a desnecessidade de uma ação separada para a definição da possibilidade de ser desconsiderada a personalidade jurídica. Tudo se resolve em mero incidente instaurado dentro do processo já existente, antes ou depois da sentença. Após a instrução probatória, o incidente será resolvido por decisão interlocutória impugnável por meio de agravo de instrumento. Nesse ponto, há que se ressaltar, nas lições de Humberto Theodoro Junior, que assegurados são o contraditório e a ampla defesa, uma vez que a penhora dos bens particulares do sócio somente acontecerá após o julgamento do incidente, sem que, entretanto, tenha-se que aguardar o trânsito em julgado da sentença, uma vez que o recurso é desprovido do caráter suspensivo. Sendo assim, para evitar o desvio de bens e a frustração da medida, poderá o exequente se valer das medidas acautelatórias urgentes cabíveis (arresto, indisponibilidade de ativos financeiros existentes em nome do executado, para posterior penhora etc.), bem como se valer do ato de averbação em registro público para conhecimento de terceiros, acerca do ajuizamento da execução e eventuais atos de constrição. Enfim, para mais ampla tutela dos interesses do exequente, permite o Projeto, mesmo antes da citação e penhora, a averbação em registro público para conhecimento de terceiros, do ato de ajuizamento da execução e dos eventuais atos de constrição (Projeto, art. 723, IV). 23) Nulidade de execução Embora a nulidade de execução (arts. 586 e 618) encontre respaldo no Codex vigente, a doutrina é pacífica ao reconhecer que se trata de matéria a ser conhecida pelo juiz ex officio, como bem explicita o art. 727, parágrafo único do Projeto 166/10.81 24) Ordem legal de preferência para a penhora Ainda na execução por quantia certa, o Projeto contém dispositivo que, de forma expressa, esclarece não ter caráter absoluto a ordem legal de preferência para a penhora, de modo a permitir sua alteração pelo juiz “de acordo com as circunstâncias do caso concreto” (art. 760, § 1º). 25) Penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira O Projeto disciplina de forma mais detalhada o procedimento da apelidada penhora on line, assim entendida aquela que recai sobre saldo de depósito bancário ou sobre aplicação financeira. Faz, de início, a necessária distinção entre a medida cautelar de bloqueio ou indisponibilidade dos ativos financeiros do executado, que serão atingidos sempre no limite do “valor indicado na execução” (art. 778, caput), e a medida constritiva principal ou definitiva, que é a penhora (art. 778, § 5º). O devedor poderá comprovar que a conta bancária é alimentada apenas por salários, vencimentos e outras verbas remuneratórias legalmente impenhoráveis. Ou como segunda hipótese, poderá, por exemplo, o devedor empresário demonstrar que, no saldo bancário bloqueado, está todo o seu capital de giro (ou grande parte dele), de sorte que a sua penhora virá a impedir a solução de seus compromissos inadiáveis com a folha de pagamento dos empregados, com os recolhimentos dos tributos e encargos sociais do mês, com os fornecedores etc. Existindo outros bens penhoráveis, será o caso de preferi-los, para não inviabilizar a continuidade da empresa. Poder-se-á, entre outras penhoras, optar pela de parte do faturamento, em proporção que não prive a empresa dos recursos necessários para mantê-la em funcionamento, segundo o regime previsto no art. 789 do Projeto; ou até mesmo poder-se-á dirigir a penhora para toda a empresa, dentro das cautelas do art. 786 do Projeto. Em face da função social atribuída à empresa, a execução haverá de preservá-la em atividade, sempre que possível, zelando assim pela realização forçada do direito do exequente pela maneira menos onerosa para o executado (CPC, art. 620). 24) Abolição do usufruto como meio expropriatório e o aprimoramento das formas de alienação dos bens penhorados Atribuído à execução por quantia certa o objetivo de expropriar bens do devedor para satisfação do direito do credor (CPC, art. 646; Projeto, art. 749), o Código vigente prevê quatro modalidades de expropriação (art. 647). O Projeto refaz esse elenco, reduzindo-o a três, quais sejam, adjudicação; alienação; apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou estabelecimento e de outros bens. A adjudicação, como forma de transferência forçada do bem penhorado ao exequente ou outras pessoas, não sofreu maiores alterações no Projeto. Merece destaque, porém, alguns acréscimos relativos à observância do contraditório e à oportunidade para se requerer a adjudicação. O § 1º do art. 799, nesse sentido, ordena que, após o requerimento de adjudicação por algum legitimado (o executado é o primeiro deles, mas não o único), “será dada ciência ao executado, na pessoa de seu advogado”. Proceder-se-á, também à intimação dos demais interessados na forma da lei, segundo o mesmo dispositivo. A intimação, em todos os casos, deverá ser promovida de modo a permitir tempo hábil à manifestação do interessado. Observar-se-á, após a intimação, a exemplo do leilão ou da venda por iniciativa particular, o prazo mínimo de cinco dias, antes de se deferir a adjudicação. Para Humberto Theodoro Junior, um dispositivo interessante e esclarecedor do Projeto é o artigoart. 801, segundo o qual não ocorre preclusão do direito do exequente a requerer a adjudicação. Mesmo que, de início, tenha optado pelas formas expropriatórias de alienação do bem penhorado, se estas afinal se frustrarem “será reaberta oportunidade para requerimento de adjudicação”. Em tal caso será lícito o pedido de nova avaliação, se se suspeitar que o preço da oferta pública está defasado com o de mercado (Projeto, art. 801, in fine). Finalmente, o Projeto procura superar as dificuldades técnicas e práticas do usufruto judicial, como forma expropriatória, substituindo-o pela figura da “apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou estabelecimento e de outros bens” (art. 750, III). É fácil compreender que é muito mais prático e menos oneroso fazer incidir a penhora diretamente sobre os frutos, do que constituir em direito real de usufruto, para que o credor, como usufrutuário, possa extrair a renda que irá resgatar o crédito exequendo. Foi essa a simplificação expropriatóriaidealizada pelo Projeto, com o fito de ocupar o lugar do usufruto judicial, que, na verdade, nunca se logrou aplicar, com eficiência, na vida forense. 25) Eliminação da praça como meio expropriatório O Código em vigor, segundo longa tradição do direito processual brasileiro, prevê duas modalidades de hasta pública para praticar a expropriação executiva: (i) a praça, para os bens imóveis, e (ii) o leilão, para os móveis (CPC, art. 686, IV). O Projeto elimina essa dicotomia, para adotar apenas o leilão, que se pretende seja praticado de forma eletrônica ou presencial (art. 802, II). Aponta, outrossim, para o caráter preferencial do meio eletrônico (art. 804, § 1º). 26) Objetivação do “preço vil” na arrematação Tal como já prevê o Código em vigor (art. 692), o Projeto não permite que na hasta pública o bem penhorado seja arrematado por “preço vil” (art. 809, caput). Entretanto, nos ensinamentos de Humberto Theodoro Junior, sempre foi um problema de difícil definição jurisprudencial o de conceituar e estimar, in concreto, quando o lance formulado no leilão deva ser qualificado como representativo de preço vil. Optando por uma solução pragmática, o Projeto qualifica como vil “o preço inferior a cinquenta por cento do valor de avaliação” (art. 809, parágrafo único). Reconhecendo, contudo, que circunstâncias particulares do caso concreto podem aconselhar a adoção de outro parâmetro, o dispositivo aludido ressalva a hipótese de o juiz fixar outro limite de preço mínimo a ser observado na alienação judicial. É claro, portanto, que o padrão de cinquenta por cento funcionará apenas como regra geral, que, por isso mesmo, poderá ser alterado para mais ou para menos por decisão judicial. A deliberação, porém, haverá de ser tomada antes do leiloamento e figurará no respectivo edital, para que não haja surpresa para os interessados. Eliminação dos embargos à arrematação As nulidades ou vícios da execução que possam comprometer a eficácia da arrematação serão arguidas e solucionadas como incidente processual dentro do próprio procedimento executivo, sem necessidade de instauração de uma ação própria, como são os atuais embargos à arrematação. Mas, segundo o Projeto, esta forma sumária do incidente somente prevalecerá “enquanto não for expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega” (art. 826, § 2º). É necessário lembrar que a carta de arrematação é necessária quando o bem licitado é imóvel para servir de título a ser transcrito no Registro Imobiliário. Para as coisas móveis, há apenas uma ordem judicial, endereçada ao depositário, para que entregue ao interessado o bem arrematado (Projeto, art. 803, § 2º). Igual regime se observa também em relação à adjudicação (Projeto, art. 800, § 1º). Quando a carta de arrematação ou a ordem de entrega já houverem sido expedidas, não será mais admitida sua invalidação dentro do processo executivo. O vício invalidante terá de ser argüido em ação autônoma, “na qual o arrematante figurará como litisconsorte necessário” (Projeto, art. 826, § 3º). 27) Embargos do devedor O Projeto, entre outras medidas, simplifica a defesa do executado, quando esta verse sobre “incorreção da penhora ou da avaliação”. Essas arguições podem ser incluídas nos embargos do devedor, conforme prevê o art. 838, inc. II. Não é, porém, obrigatório que tal defesa só se faça por meio da referida ação incidental. A situação é a mesma da nulidade do título executivo, que tanto pode figurar nos embargos (art. 838, I), como em arguição avulsa (art. 727, parágrafo único). A respeito da nulidade, o juiz está, até mesmo, autorizado, a pronunciar-se de ofício, como esclarece o último dispositivo. Não há necessidade de embargos nem mesmo de requerimento da parte. Nessa perspectiva, o art. 838, § 4º, do Projeto dispõe que “a incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por simples petição”. Aliás, é muito frequente que tais vícios ocorram quando já ultrapassado o prazo de manejo dos embargos. Assim, necessariamente, teriam que ser enfrentados em incidente de impugnação interna do próprio procedimento executivo. 28) Ausência de embargos e violação do direito fundamental à tutela jurisdicional Pelo estabelecido no § 2º, do art. 839, do texto original do Projeto do Senado 166/10,188 perderia o direito de se utilizar de uma ação autônoma contra o credor, com a finalidade de “discutir o crédito”, o devedor que não embargasse a execução, no prazo legal de quinze dias. Nesse passo, entende Humberto Theodoro Júnior que o inicialmente proposto, atentava, de forma sumária e radical contra o direito da parte de ver apreciado seu direito em juízo, sem nunca tê-lo submetido ao julgamento do Poder Judiciário. A ausência de embargos do executado ocasiona a preclusão da possibilidade de se controverter o título executivo tão somente mediante embargos. A preclusão atinge a faculdade processual e não o direito material que eventualmente se pode fazer valer em juízo. A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma afirmação de ameaça ou lesão a direito – e esse é o significado mais básico do direito fundamental de ação como direito à tutela jurisdicional (art. 5º, XXXV, CF/88), salvo pela ocorrência de coisa julgada. Entendeu Humberto Theodoro Júnior ter havido, na versão originária do Projeto do Senado 166/10, um atentado à garantia constitucional do acesso à justiça (CF, art. 5º, inciso XXXV: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”), pelo fato de o seu § 2º, do artigo 839, gerar contradição com esse enunciado fundamental, ou seja, esse mesmo dispositivo colide internamente com a Parte Geral do Anteprojeto, eis que este seria ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e os princípios fundamentais estabelecidos na Carta Magna de 88. Humberto Theodoro Júnior ainda explica que há que se trazer à lembrança que os embargos não se constituem nem em única forma nem simples resistência do réu a pedido do autor, mas, sim, uma ação de conhecimento que o devedor pode, ou não, manejar, de acordo com suas conveniências pessoais. Segundo o ilustre jurista supra, enquanto não prescrita a pretensão do devedor, não pode a lei processual privá-lo de direito fundamental de postular a tutela jurisdicional de cognição, pelas vias ordinárias. Nessa toada, a ausência da ação de embargos não pode extirpar um direito fundamental basilar constitucionalmente consagrado, como é o direito de ação, que, in casu, nunca chegou a ser exercitado, ou mesmo, nunca ter sido objeto de solução dentro do processo de execução, via incidente adequado. Por ser inconstitucional ao afrontar o direito fundamental de ação como direito à tutela jurisdicional, o § 2º, do art. 839, do Projeto foi suprimido pelas alterações apresentadas no relatório-geral do Senador Valter Pereira, no artigo 874. Para a jurisprudência do STJ, “(...) o ajuizamento da ação executiva não impede que o devedor exerça o direito constitucional de ação para ver declarada a nulidade do título ou a inexistência da obrigação, seja por meio de embargos (CPC, art. 736), seja por outra ação declaratória ou desconstitutiva”. Considerações finais Embora ainda haja grande apego às fórmulas de atos processuais construídos conforme as tendências de mera expropriação, o Processo de Execução no Projeto do NCPC traz notáveis avanços, especialmente, na execução por quantia certa em que a penhora de dinheiro tem preferência sobre qualquer outra espécie e a facilitação da realização de tal penhora. Processo de Execução e Ação Monitória no NOVO CPC! Uma das análises sobre o Novo CPC recai sobre o Processo de Execução. Gostaria de propor alguns textos sobre o Novo CPC neste BLOG. Afinal, a partir do ano que vem, advogados estarão submetidos a um novo regramento. Portanto, se tratará de “advocacia hoje”. Estou elaborando o meu novo livro de Prática ProcessualCivil pela Editora Saraiva. Está sendo totalmente reformulado com base no Novo CPC. Olha, tem muitas mudanças e isso vai mexer com seu dia a dia viu! Nesta postagem gostaria de compartilhar um pouco sobre as mudanças no setor de recuperação de crédito, uma das áreas promissoras para o período de crise financeira que vivemos. Todos os clientes que atendo, sobretudo, do setor industrial ou comercial, falam de “queda nas vendas”. É 30% numa loja, é 20% no supermercado, é 40% numa escola. Isso, logicamente, vai gerar possíveis atuações de advogados no segmento de gestão de crédito e, por isso, conhecer as mudanças no processo de execução e até nas ações monitórias, é importante. Sobre o PROCESSO DE EXECUÇÃO, em linhas gerais, podemos dizer que o Novo CPC organiza de forma mais adequada o processo de execução de títulos extrajudiciais e a fase de cumprimento de sentença, inclusive, contemplando nesta última as diversas espécies de cumprimento de sentença, tratando, por exemplo, do cumprimento de dívida alimentícia diferente do cumprimento de dívida da Fazenda Pública, o que gerará melhor aplicabilidade nos institutos envolvidos. No atual CPC o cumprimento de sentença tem uma regra genérica e a sua aplicabilidade em situações específicas, como a que envolve dívidas de alimentos, acabava sendo subsidiariamente tratada pela “execução de alimentos”. Agora, cada coisa no seu lugar! Confira isso no índice do seu Novo CPC! No mais, observando o todo, a mudança no Processo de Execução recai muito mais sobre a redação e a inclusão de novos assuntos do que propriamente a mudança dos institutos. E isso se justifica pelo fato de que a mais recente mudança no atual CPC ocorreu justamente nesta parte do código, não se justificando que fosse então alterado de forma mais contundente nesta mudança de código e, por isso, a tendência foi a manutenção do que havia sido recentemente alterado. Entretanto, alguns acertos foram necessários. Do ponto de vista prático, há quatro temas que precisam ser comentados: - valor de honorários advocatícios, - regras de impenhorabilidade, - bloqueio de movimentação financeira, - preço vil na hasta pública. - valor dos honorários advocatícios – artigo 827 do Novo CPC – juiz deve fixar de pronto ao despachar a inicial o valor de 10% de honorários advocatícios. Tal valor deverá ser reduzido pela metade no caso de pronto pagamento efetuado pelo devedor, portanto, reduzido para 5% de honorários advocatícios para o caso de pronto pagamento, quando o devedor cumpre com o dever de pagar o débito em juízo no prazo fixado. Por outro lado, no caso de rejeição ou improcedência de embargos à execução o valor dos honorários advocatícios deve ser elevado para 20%, será dobrado. O mesmo ocorrerá se os embargos não forem opostos e isso gerar trabalho para o advogado do credor em busca de bens e constrição patrimonial no processo de execução. Neste caso a mudança é significativa no que tange ao aumento da verba no caso de rejeição dos embargos à execução ou ao final da execução no caso de não oposição dos embargos levando em conta o trabalho realizado pelo advogado. É o que dispõe o parágrafo segundo do artigo 827, acrescido em relação ao conteúdo do artigo 652 A do atual CPC que nada tratava do assunto. O advogado ao atender seu cliente “devedor” terá que alertá-lo muito bem sobre tais riscos, evitando, inclusive, propor embargos meramente protelatórios, descabidos ou aventureiros sem antes avisar o cliente expressamente. Antes, propor embargos à execução não geraria ônus maior a título de honorários, agora isso mudo. E o cliente deve ser alertado de forma transparente para que ele compreenda os riscos. Imagina-se que a intenção do legislador, neste caso, foi privilegiar a não oposição e o não enfrentamento do pedido de pagamento. Está alinhado com os princípios do Novo CPC focados na duração razoável do processo, da boa fé processual e ainda na autocomposição e conciliação que podem indiretamente ser percebidos da leitura dos artigos 4º, 5º e 6º do Novo CPC. - regras de impenhorabilidade – artigo 833 do Novo CPC – as regras estão praticamente iguais em relação ao código atual (artigo 649), com alguns acréscimos na sua parte final incluindo algumas hipóteses já contempladas pela jurisprudência, nos seus parágrafos (verifique em seu Novo CPC). O artigo 833, inciso IV trata da impenhorabilidade de “salário e vencimentos” destinados a sustento do devedor ou de sua família (o rol é exemplificativo). O inciso X trata da impenhorabilidade de “poupança” de até 40 salários mínimos. A principal mudança está no parágrafo segundo do referido artigo: “o disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independente de sua origem, bem como as importâncias excedentes a 50 salários mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no artigo 528, 8º, e 529, 3º” (estes artigos tratam do cumprimento de sentença de prestação de alimentos). A mudança com maior impacto na prática está em mencionar “prestação alimentícia, independente de sua origem”. Portanto, não somente os alimentos indicados no direito de família terão tal privilégio, o que se estenderá também aos alimentos oriundos do dever de reparar os danos causados previstos na responsabilidade civil (artigos 948 e 950 do CC), chamados de indenizativos. Igualmente, veja que o conteúdo do artigo 529, 3º, do Novo CPC, prevê a hipótese de possibilidade de penhora de até 50% dos vencimentos do devedor de alimentos. O valor dos alimentos devidos no respectivo mês mais a penhora relativa a débitos alimentares anteriores não poderá exceder 50% dos vencimentos do devedor. A penhora do excedente de 50 salários mínimos mensais não terá, no meu singelo ponto de vista, aplicação prática relevante. Quem ganha mais de 50 salários mínimos por mês no Brasil? Entretanto, sobre os tópicos acima, imagina-se que isso privilegiará e muito a posição de credores de verbas alimentares e por isso considero ser a mudança mais significativa na prática. Além disso, outras mudanças devem ser pontuadas: o caput de tal artigo deixou de apontar a palavra “absolutamente”. Isso é significativo e tem reflexo nas demais mudanças. O inciso XII trouxe uma hipótese interessante de penhorabilidade de créditos oriundos de unidades imobiliárias, quando vinculados à incorporação imobiliária, em relação a execuções da própria obra. O parágrafo primeiro amplia a hipótese de execução de dívida relativa ao próprio bem ou àquela contraída para sua aquisição. No mesmo sentido, o parágrafo terceiro trata da possibilidade relativa da penhora de equipamentos e utensílios profissionais para pagamento de dívidas relativas à aquisição de tais bens, à alimentos, à dívidas de natureza trabalhista ou previdenciária. - bloqueio de movimentação financeira – artigo 854 do Novo CPC – há grandes mudanças e ou acréscimos no instituto e pretende certamente favorecer a posição do credor. Logo no caput revela o Novo CPC que a requerimento do exequente será feita a penhora de dinheiro ou aplicações financeiras “sem dar ciência prévia ao executado”. Isso permitirá que os atos sejam praticados sem movimentação processual que permita ao devedor evitar o bloqueio de suas contas, resgatando antecipadamente valores de forma diária (que é algo extremamente comum nos dias de hoje). Mas, a principal mudança na prática está no parágrafo 1º, determinando que o juiz em 24 horas deverá efetuar o desbloqueio de eventuais valores bloqueados de forma excessiva, ou seja, independente de manifestação do devedor com pedido neste sentido. Atualmente, o devedor, ao descobrir o bloqueio, percebia o excesso e tinha que providenciar um pedido no processo nesse sentido, o que muitas vezes demorava demais e prejudicava, inclusive, seu direito de propriedade sobre os valores excedentes. Agora, a correção deverá ocorrer de ofício,evitando abusos e prejuízos ao devedor. - preço vil em hasta pública – artigo 891 do Novo CPC – aqui a mudança também é significativa, pois define de modo objetivo o que vem a ser o preço vil, o que não ocorria no artigo 692 do CPC atual. Considera-se preço vil aquele menor do que o valor fixado pelo juiz e constante do edital, ou então, na omissão disso, o preço inferior a 50% do valor da avaliação do bem. Certamente, evitará discussões processuais acerca da alienação judicial nos processos de execução. Na AÇÃO MONITÓRIA também há mudanças significativas. Houve ampliação dos artigos e ampliação da aplicabilidade desse meio de recuperação de créditos, conforme se depreende da comparação do artigo 700 do Novo CPC com o artigo 1102 A e seguintes do atual CPC. - foi ampliado o leque de obrigações que podem ser exigidas por meio da ação monitória, não restando dúvida agora de que não recai apenas sobre dívidas pecuniárias, sendo possível exigir por meio de ação monitória outras obrigações, como as de fazer, por exemplo; - a prova escrita agora pode ser obtida a partir de uma prova oral reduzida a termo na forma do artigo 381 do Novo CPC, ou seja, através do mecanismo de produção antecipada de provas, sendo essa a mudança mais significativa, pois contratos verbais poderão ser levados ao juízo por ação monitória e não mais apenas por ação de cobrança pelo rito comum; - foram definidos os requisitos da petição inicial, a partir do tipo de obrigação que se pretende cobrar: indicação da importância exigida com cálculo, o valor da coisa reclamada, ou prova do conteúdo econômico perseguido, sendo que tais requisitos devem refletir diretamente no valor da causa; - está prevista a hipótese de transformar a monitória em processo de conhecimento pelo rito comum ao invés de imediata extinção da ação, ou seja, no famoso despacho de “emende-se a inicial” veremos possível despacho mudando o rito do procedimento, o que está de acordo com a celeridade que se pretende com o novo CPC; - torna-se possível propor ação monitória contra a Fazenda Pública; - a citação pode ser feita por qualquer meio, ou seja, por carta, por edital e por Oficial de Justiça, etc.; Além disso, o mandado de pagamento/entrega/fazer/não fazer deverá ser cumprido em 15 dias, com honorários advocatícios de 5%. Os embargos devem ser opostos, se o caso, em 15 dias, sendo que não é preciso garantir o juízo e podendo ser alegada qualquer matéria como tese de embargos. Torna- se possível deduzir pedindo contraposto, na modalidade de reconvenção. Havendo má fé a punição prevista é de 10% sobre o valor postulado. Então, é isso. Acredito que agora podemos refletir sobre estes assuntos e nos preparar para o Novo CPC. Em breve, nosso livro pela Editora Saraiva, tratará deste e de todos os demais temas sobre o Novo CPC!
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