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MED RESUMO PATOLOGIA - COMPLETO

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Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
FAMENE 
NETTO, Arlindo Ugulino. 
PATOLOGIA 
 
INTRODUÇÃO À PATOLOGIA 
(Profº Raimundo Sales) 
 
 O termo patologia significa, ao pé da letra, o estudo (logos) do sofrimento (pathos). A patologia é, portanto, um 
ramo da ciência que visa realizar uma ponte entre as ciências médicas básicas à prática clínica, estando voltada ao 
estudo das alterações estruturais e funcionais que ocorrem nas células, tecidos e órgãos decorrentes das doenças. 
 A patologia faz uso de técnicas moleculares, microbiológicas, imunológicas e morfológicas para explicar as 
causas e os motivos dos sinais e sintomas que os pacientes manifestam, fornecendo uma base racional para uma 
abordagem clínica e o tratamento. 
 O estudo da patologia está dividido em duas grandes correntes: 
• Patologia geral: aborda as reações básicas das células e dos tecidos aos estímulos anormais relacionados às 
doenças. 
• Patologia sistêmica (especial): examina as respostas específicas de órgãos e tecidos especializados a 
estímulos moderadamente definidos. 
 
 Os quatro aspectos das doenças que formam a base da patologia são as suas causas (etiologia), os 
mecanismos de seu desenvolvimento (patogenia), as alterações estruturais induzidas nas células e nos órgãos 
(alterações morfológicas) e as conseqüências funcionais das alterações morfológicas (significado clínico). 
• Etiologia ou causa: considera-se que existam duas classes principais de fatores etiológicos: intrínsecos ou 
genéticos, e adquiridos (ou seja, de forma infecciosa, nutricional, químico, físico). 
• Patogenia: se refere à sequência de eventos da resposta das células ou dos tecidos ao agente etiológico, 
desde o estímulo inicial até a expressão final da doença em si. 
• Alterações morfológicas: referem-se às alterações estruturais nas células ou nos tecidos que são 
característicos da doença ou levam ao diagnóstico do processo etiológico. 
• Desordens funcionais e manifestações clínicas: a natureza das alterações morfológicas e sua distribuição nos 
diversos órgãos o tecidos influencia a função normal e determina as características clínicas (sinais e sintomas), 
curso e prognóstico de uma doença. As interações célula-célula e célula-matriz contribuem de forma 
significativa para a resposta às lesões levando, em conjunto, à lesão tecidual e do órgão, que são tão 
importantes quanto o dano celular na definição dos padrões morfológicos e clínicos da doença. 
 
 
 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
1 
 
FAMENE 
NETTO, Arlindo Ugulino. 
PATOLOGIA 
 
LESÃO E MORTE CELULAR 
(Profº Raimundo Sales) 
 
 A lesão celular é decorrente de um intenso processo de estresse com o qual a célula não é capaz de lidar ou 
quando elas são expostas a agentes perniciosos. A lesão pode cursar por um estágio reversível até culminar na morte 
célula, caracterizada por sua completa inativação da célula. Essas alterações são discutidas nos seguintes tópicos: 
� Lesão celular reversível: é caracterizada, inicialmente, por alterações funcionais e morfológicas que podem ser 
reversíveis caso a fonte nociva seja retirada. A lesão celular reversível pode ser caracterizada por redução na 
quantidade de adenosina trifosfato (ATP) e edema celular causado por alterações na concentração de íons e 
influxo de água. 
� Lesão irreversível e morte celular: quadro causado pela progressão do dano, em que a lesão se torna 
irreversível e a célula não apresenta mais meios de se recuperar. Em outras palavras, lesão celular irreversível 
significa a morte celular. 
 
 
MECANISMO DE ADAPTAÇÃO CELULAR AO CRESCIMENTO E À DIFERENCIAÇÃO 
 As células respondem ao aumento da demanda e ao estímulo externo por meio da hiperplasia (aumento de 
número celular) ou da hipertrofia (aumento do volume celular), e respondem à redução de nutrientes e de fatores de 
crescimento pela atrofia (redução do volume celular). Em algumas situações, as células mudam de um tipo para outro 
diferente por meio do processo conhecido como metaplasia. 
 
HIPERPLASIA 
 A hiperplasia significa um aumento no número de células de um órgão ou tecido, geralmente resultando em um 
aumento do seu volume. Apesar de a hiperplasia e de a hipertrofia serem dois processos distintos, frequentemente 
ocorrem juntas e podem ser desencadeadas pelos mesmos estímulos externos (como o crescimento uterino induzido 
por hormônios durante a gravidez, por exemplo). 
 A hiperplasia ocorre se a população celular for capaz de sintetizar DNA, permitindo, assim, que ocorra mitose. 
Por outro lado, a hipertrofia envolve o aumento do volume celular sem que ocorra divisão celular. A hiperplasia pode 
ser fisiológica ou patológica: 
• Hiperplasia fisiológica: pode ser dividida ainda em dois tipos: (1) hiperplasia hormonal, a qual aumenta a 
capacidade funcional de um tecido quando é necessário (Ex: proliferação do epitélio glandular da mama 
feminina na puberdade e durante a gravidez); e (2) hiperplasia compensatória, na qual ocorre aumento da 
massa tecidual após dano ou ressecção parcial (como a regeneração as células hepáticas após lesão). A 
hiperplasia é geralmente causada pela produção local de fatores de crescimento, aumento dos receptores de 
fatores de crescimento nas células envolvidas no processo ou a ativação de determinadas vias intracelulares. 
Na hiperplasia hormonal, os próprios hormônios podem atuar como fatores de crescimento e desencadear a 
transcrição de vários genes celulares. A fonte dos fatores de crescimento na hiperplasia compensatória e os 
estímulos para sua produção não estão bem definidos. Admite-se que o aumento no volume tecidual após 
alguns tipos de perda celular ocorre tanto através da proliferação das células remanescentes como também 
através do desenvolvimento de novas células a partir de células-tronco. 
• Hiperplasia patológica: geralmente é causada pela estimulação excessiva das células alvo por hormônios ou 
por fatores de crescimento. A hiperplasia endometrial é um exemplo de hiperplasia hormonal anormal: quando 
o equilíbrio de estrogênio e a progesterona está alterado, ocorre um desenvolvimento anormal das glândulas 
endometriais, gerando um tipo de sangramento menstrual anormal. É importante saber, porém, que a 
hiperplasia patológica representa um solo fértil onde a proliferação cancerosa pode se instalar. Ex: Psoríase 
(surgimento de placas escamosas na pele de etiologia desconhecida); vírus de papiloma humano. 
 
HIPERTROFIA 
 A hipertrofia se refere a um aumento no tamanho das células, resultando em um aumento no tamanho geral do 
órgão ou tecido. É importante saber que o aumento celular não é causado por algum tipo de edema, mas à síntese de 
mais componentes estruturais. 
 Como foi mencionado anteriormente, as células capazes de se dividirem podem responder ao estresse, 
sofrendo tanto hiperplasia quando hipertrofia, enquanto as células que não se dividem (como as células do miocárdio) 
sofrem hipertrofia. A hipertrofia pode ser fisiológica (como a hipertrofia fisiológica induzida por hormônio que ocorre 
com o útero por meio do estrogênio e dos seios por meio da prolactina) e patológica, sendo causada pelo aumento da 
demanda funcional ou por estímulos hormonais específicos. 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
2 
 
 Os mecanismos da hipertrofia (como a cardíaca) envolvem muitas vias de transdução de sinais, levando à 
indução de vários genes que, por sua vez, estimulam a síntese de numerosas proteínas celulares. Os genes que são 
estimulados durante a hipertrofia incluem aqueles que codificam fatores de transcrição, fatores de crescimento (como o 
TGF-β), e agentes vasoativos (agonitas α-adrenérgicos, endotelina-1 e angiotensina II). Alguns tecidos apresentam 
sinais que desencadeiam essas mudanças em seus genes: desencadeadores mecânicos(como o estiramento), 
desencadeadores tróficos (como os fatores de crescimento polipeptídicos), etc. 
 
ATROFIA 
 Atrofia consiste na redução no tamanho da célula devido à perda de substancia celular, representando uma 
forma de resposta de adaptação celular que pode culminar em morte. A atrofia pode ser fisiológica (comum durante as 
fases iniciais do desenvolvimento) ou patológica (depende da causa e pode ser localizada ou generalizada). 
 As causas mais comuns de atrofia são: diminuição da carga (atrofia por desuso); perda da inervação (perda da 
ação trófica exercida por algum nervo); diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia, como o que ocorre com o 
cérebro na velhice, presumivelmente porque a aterosclerose reduz o seu suprimento sanguíneo); nutrição inadequada 
(marasmo); perda da estimulação endócrina; envelhecimento (atrofia senil); pressão (compressão de um tecido por um 
longo período de tempo). 
 Admite-se que os mecanismos bioquímicos responsáveis pela atrofia afetem o equilíbrio entre a síntese e a 
degradação de proteínas. O aumento na degradação de proteínas provavelmente desempenha um papel importante na 
atrofia. 
 
METAPLASIA 
 A metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo de célula 
adulta é substituída por outro tipo de célula adulta. A metaplasia mais comum 
é a do epitélio colunar para escamoso que pode ocorrer no trato respiratório 
em resposta a irritação crônica (como a causada pelo cigarro). Se as 
influências que predispõem à metaplasia persistem, elas podem induzir 
transformações malignas no epitélio metaplásico. 
 A metaplasia não resulta de uma alteração do fenótipo de uma célula diferenciada; ao contrário, é o resultado 
de uma reprogramação de células-tronco (stem cells ou células de reserva) que sabemos existir nos tecidos normais 
ou de células mesenquimatosas indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. Em uma alteração metaplásica, esses 
precursores celulares seguem uma nova via de diferenciação. A diferenciação de células-tronco em uma linhagem 
particular ocorre por meio de sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular 
no ambiente que cerca a célula. No caso das metaplasias, há uma desordem na sinalização feita por esses estímulos 
externos, desencadeando a origem de vias metaplásicas para as células tronco do tecido acometido por um fator 
irritante. 
 
OBS: O epitélio estratificado escamoso é um epitélio de revestimento encontrado nas mucosas (esôfago, vagina, colo 
do útero, etc) e na pele. A diferença é que nestes, o epitélio é queratinizado e naquele, não-queratinizado. Nas 
mucosas (como a oral), não há a presença da camada córnea (mais superficial), por isso, a sua transparência rosada 
característica. 
OBS²: O epitélio simples colunar ciliado dos brônquios pulmonares, como um exemplo de metaplasia, é substituído por 
um epitélio estratificado escamoso quando é submetido a um processo irritativo crônico (como o que faz o cigarro). 
Admite-se que esta troca de epitélio é uma forma de defesa do organismo, pois há uma troca de um tecido por outro 
mais resistente. O problema é a perda dos cílios dessa região, que por si só, servem de barreira física contra agentes 
invasores além de exercer uma função na retirada do muco produzido pelas células caliciformes do epitélio colunar. 
Admite-se ainda que esta desvio no desenvolvimento das células-tronco do epitélio pulmonar se deva aos efeitos que a 
nicotina e substancias homólogas exerça sobre estas células, induzindo-as a produzir um epitélio metaplásico. 
 
 As vezes áreas de fibrose pode gerar uma ossificação e, como consequência, uma metaplasia óssea. Um 
exemplo básico chama-se miosite ossificante: lesões em regiões de compartimento muscular pode gerar 
uma extravasamento demasiado de sangue, formando um hematoma. Esta coleção sanguínea pode passar 
por um processo de ossificação, caracterizando uma metaplasia óssea. 
 O esôfago é um tubo muscular revestido por epitélio estratificado escamoso não-queratinizado. Indivíduos que 
apresentam refluxo, expõem o epitélio esofagiano a um refluxo de pH muito baixo. Com o tempo, é possível 
encontrar ilhotas de tecido gástrico em toda extensão do esôfago (caracterizado um processo metaplásico). 
Este quadro é conhecido como esôfago de Barret. Como a metaplasia é um processo reversível, tratando-se 
o refluxo, trata-se este processo patológico. 
 
 
 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
3 
 
NEOPLASIA 
 A neoplasia (crescimento novo) é o termo que 
designa alterações celulares que acarretam um 
crescimento exagerado destas células, ou seja, 
proliferação celular anormal, sem controle e autônomia, 
na qual reduzem ou perdem a capacidade de se 
diferenciar, em consequência de mudanças nos genes 
que regulam o crescimento e a diferenciação celulares. 
A neoplasia pode ser maligna ou benigna. 
 No caso dos bronquios de um fumante crônico, 
depois de instalada a metaplasia, passa-se a 
desenvolver um tecido neoplásico acima desta camada 
metaplásica. A neoplasia, portanto, é um processo 
irreversível caracterizado por desenvolver carcinomas 
na região lesada. 
 
OBS3: O termo displasia é empregado tanto no sentido de lesão pré-cancerosa, como no sentido de má-formação (Ex: 
displasia óssea: falta de mineralização óssea). 
OBS4: A literatura consta como lesões reversíveis: hipertrofia, hiperplasia, atrofia, metaplasia e, em certos casos, a 
displasia. Apenas a neoplasia é uma formação irreversível do ponto de vista fisiológico. 
 
 
CAUSAS DAS LESÕES CELULARES 
 As causas das lesões celulares variam de causas como violento fator físico externo (como o que ocorre em 
acidentes automobilísticos) a causas endógenas (como mutações sutis que possa alterar alguma enzima vital, que 
altera toda uma função metabólica). Os principais estímulos nocivos podem ser listados a seguir: 
� Ausência de oxigênio (hipóxia). A carência do O2, molécula que funciona como último aceptor de elétrons da 
cadeia respiratória causa lesão celular justamente pela redução da respiração aeróbica oxidativa. A hipóxia 
deve ser diferenciada da isquemia, que é a perda do suprimento sanguíneo adequado devido à obstrução do 
fluxo arterial ou redução da drenagem venosa de um tecido. A isquemia compromete não apenas o suprimento 
de oxigênio, mas também de substratos metabólicos como a glicose. Consequentemente, tecidos isquêmicos 
são danificados mais rapidamente do que tecidos hipóxicos. Uma causa de hipóxia é a oxigenação inadequada 
do sangue devido à insuficiência cardiorrespiratória. Outra causa menos frequente é a perda da capacidade 
carreadora de oxigênio pelo sangue como o que ocorre na anemia (na qual ocorre anóxia sem isquemia) ou na 
intoxicação por monóxido de carbono. 
 
OBS5: Como veremos adiante, o mecanismo da lesão 
isquêmica está relacionada com eventos moleculares 
intracelulares que desencadeiam na lesão celular 
irreversível (morte celular): ao se formar um foco isquêmico 
(por trombo em pequenos vasos, por exemplo), todo o 
grupo celular irrigado por este vaso sofre com a carência de 
O2. Este é o fator determinante para o início das lesões: a 
célula sem O2, perde seu receptor final de elétrons na 
cadeia respiratória, passando a realizar, agora, respiração 
anaeróbica. A consequência mais alarmante é a carência 
energética: sem ATP, a bomba de Na+-K+ deixa de 
funcionar corretamente. Isto gera um maior influxo de Na+, 
Ca2+ (este é responsável por ativar enzimas intracelulares 
que podem destruir as organelas da própria célula) e, 
consequentemente, H2O, gerando um edema celular 
generalizado com a formação de focos calcificados, perda 
das microvilosidades e formação de bolhas (o que ainda é 
uma lesão reversível). Além disso, há uma carência de 
glicogênio e uma consequente diminuição do pH (devido ao 
uso da glicólise anaeróbica e a produção de lactatoe H+), o 
que acarreta na condensação da cromatina nuclear. Com o 
desenvolver deste processo, a célula chega a um ponto 
irreversível, em que ocorre a ruptura da membrana celular 
ou falência mitocondrial, gerando a morte celular. 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
4 
 
� Agentes físicos. estão inclusos traumas mecânicos, temperaturas extremas (queimaduras ou frio intenso), 
mudanças bruscas na pressão atmosférica, radiação, choque elétrico, etc. 
� Agentes químicos e drogas. Substancias químicas como a glicose ou o sal em concentrações hipertônicas 
podem causar lesão celular diretamente ou pela alteração da homeostasia eletrolítica das células. Até mesmo 
o oxigênio, em altas concentrações, pode ser altamente tóxico. Quantidades mínimas de agentes conhecidos 
como venenos (tais como arsênico, cianeto ou sais de mercúrio) podem destruir um grande número de células 
em poucos minutos ou horas e causar morte. Outras substancias, presentes no cotidiano, podem causar, 
gradativamente, morte celular: poluentes, inseticidas, monóxido de carbono, álcool e narcórticos, etc. 
� Reações imunológicas. Apesar de o sistema imunológico desempenhar uma função essencial de defesa contra 
agentes infecciosos, as reações imunológicas causam como conseqüências algumas lesões celulares. 
� Distúrbios genéticos. A lesão genética resulta em um defeito tão grave como uma malformação congênita 
associada a síndromes (como a Síndrome de Down), relacionada a distúrbios cromossômicos, ou tão sutil a 
ponto de reduzir a vida dos eritrócitos devido à substituição de um único aminoácido na cadeia da hemoglobina 
(como ocorre na anemia falsiforme). 
� Desequilíbrios nutricionais. Deficiências protéico-calóricas causam um número impressionante de mortes, 
especialmente na população de baixo poder aquisitivo. Problemas nutricionais podem ser causados pelas 
próprias pessoas, como no caso da anorexia nervosa ou da desnutrição auto-induzida. Ironicamente, excessos 
nutricionais também se tornam causas importantes de lesão celular. 
 
 
MECANISMOS DAS LESÕES CELULARES 
 Os mecanismos bioquímicos responsáveis pela lesão celular são complexos. Entretanto, existem vários 
princípios que são relevantes na maioria das lesões celulares: 
� A resposta celular a estímulos nocivos depende do tipo da lesão, sua duração e gravidade. 
� As consequências da lesão celular dependem do tipo, estado e grau de adaptação da célula danificada. O 
estado nutricional e hormonal da célula e suas necessidades metabólicas são importantes na resposta às 
lesões. 
� A lesão celular resulta de anormalidades funcionais e bioquímicas em um ou mais componentes essenciais: 
fosforilação oxidativa e produção de ATP; membranas celulares; síntese protéica; citoesqueleto; integridade do 
componente genético da célula. 
 
 
DIMINUIÇÃO DO ATP 
 A diminuição do ATP e a redução de sua síntese estão frequentemente associadas a lesões hipóxicas e 
químicas (tóxicas). Esta diminuição é extremamente maléfica à célula, uma vez que o fosfato de alta energia, na forma 
de ATP, é necessário para vários processos sintéticos e de degradação na célula: transporte de membrana, síntese 
protéica, lipogênese e reações de deacilação-reacilação, necessárias para as alterações que ocorrem com os 
fosfolipídeios. 
 A redução do ATP a menor que 5% a 10% dos níveis normais, tem efeito disseminados em muitos sistemas 
celulares críticos: 
� A atividade da bomba de sódio da membrana plasmática dependente de energia (Na+/K+ - ATPase) está 
reduzida. Uma falha nesse sistema causa acúmulo intracelular de sódio e perda de potássio da célula. Este 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
5 
 
sódio intracelular atrai a água do líquido intersticial, gerando edema celular e dilatação do retículo 
endoplasmático. 
� Se o suprimento de oxigênio para célula é reduzido, a fosforilação oxidativa fica dependente da glicólise 
anaeróbica para a produção de energia. Esta glicólise resulta, além de uma redução brusca dos depósitos de 
glicogênio celular, em um acúmulo de ácido lático e fosfato inorgânicos, reduzindo o pH intracelular, 
resultando na diminuição da atividade de muitas enzimas celulares além da condensação da cromatina 
nuclear. 
� A deficiência da bomba de Ca2+ resulta no influxo de cálcio, o qual, em excesso, passa a exercer efeito 
deletério para vários componentes celulares. 
� Com a diminuição prolongada do ATP, ocorre uma ruptura estrutural dos mecanismos de síntese protéica 
manifestada pelo deslocamento dos ribossomos do retículo endoplasmático granular e dissociação dos 
polissomos em monossomos. Finalmente, ocorre um dano irreversível às membranas mitocondriais e 
lisossomais, levando a necrose celular. 
 
DANO MITOCONDRIAL 
 As mitocôndrias tornam-se alvos importantes para virtualmente todos os tipos de estímulos nocivos, incluindo 
as toxinas e a hipóxia. Elas podem ser danificadas pelo aumento do Ca2+ no citosol, pelo estresse oxidativo, pela 
degradação dos fosfolipídios pelas vias da fosfolipase A2 e da esfingomielina, e pelos produtos de degradação dos 
lipídios derivados dessas reações, tais como os ácidos graxos livres e a ceramida. 
 A lesão mitocondrial geralmente causa a formação de um canal de alta condutância, chamado poro de 
transição de permeabilidade mitocondrial, na membrana mitocondrial interna. Apesar de ser reversível nos estágios 
iniciais, este poro torna-se permanente caso o estímulo nocivo persista. Como a manutenção do potencial de 
membrana é crítico para a fosforilação oxidativa da mitocôndria, o poro de transição de permeabilidade mitocondrial 
significa uma sentença de morte para a célula. O dano mitocondrial pode ainda estar associado ao extravasamento do 
citocromo C (componente integral da cadeia de transporte de elétrons) no citosol. 
 
FLUXO INTRACELULAR DE CÁLCIO E PERDA DA HOMEOSTASIA DO CÁLCIO 
 Os íons cálcio são importantes mediadores da lesão celular. A isquemia e certas toxinas causam um aumento 
inicial da concentração de cálcio no citosol devido ao influxo de Ca2+ através da membrana plasmática e liberação do 
Ca2+ das mitocôndrias e do retículo endoplasmático. 
 Esse aumento intracelular de Ca2+, por sua vez, ativa várias enzimas que possuem efeitos celulares deletérios 
em potencial: ATPases (reduzindo ainda mais os níveis de ATP), fosfolipases e as endonucleases. O aumento de 
níveis intracelulares Ca2+ também causa um aumento na permeabilidade mitocondrial e induz a apoptose. 
 
ACÚMULO DE RADICAIS LIVRES DERIVADOS DO OXIGÊNIO 
 As células geram energia reduzindo o oxigênio molecular em água. Durante este processo, pequenas 
quantidades de formas reativas do oxigênio parcialmente reduzidas são produzidas como um produto não desejado da 
respiração mitocondrial. Algumas dessas formas são radicais livres que danificam os lipídios, as proteínas e os ácidos 
nucléicos. Elas são chamadas de espécies reativas de oxigênio. Um desequilíbrio entre os sistemas de geração e 
eliminação de radicais livres causam um estresse oxidativo, condição que tem sido associada com a lesão celular 
vista em muitas condições patológicas. 
 Os radicais livres são espécies químicas que possuem um único elétron sem um par correspondente na órbita 
eletrosférica externa. A energia criada por essa configuração instável é liberada através de reações com moléculas 
adjacentes (como proteínas, lipídios, carboidratos ou ácido nucléicos). 
 Os radicais livres podem ser criados nas células de várias maneiras: 
� Absorção de energia radiante (como luz ultravioleta, raios X, radiações ionizantes); 
� Metabolismo enzimático de substancias químicas exógenas ou drogas; 
� As reações de redução-oxidação que ocorrem durante os processos metabólicos normais. 
� Metais de transição como o ferro e o cobre que doam ou aceitam elétrons livres durante as reações 
intracelulares e catalisama formação de radicais livres. 
� O óxido nítrico (NO), importante mediador químico gerado por células endoteliais, macrófagos, neurônios e 
outros tipos celulares. Ele pode atuar como radical livre e também pode ser convertido a um ânion altamente 
reativo, como em NO2 e NO3
-. 
 
 Os efeitos dessas espécies reativas são amplos, mas três reações são particularmente relevantes para a lesão 
celular: 
� Peroxidação lipídica das membranas; 
� Modificação oxidativa das proteínas; 
� Lesões no DNA. 
 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
6 
 
OBS6: As células desenvolvem múltiplos mecanismos para remover os radicais livres reduzindo, assim, o grau de 
lesão. Os principais sistemas enzimáticos e não-enzimáticos que contribuem para a desativação das reações de 
radicais livres incluem: 
� Antioxidantes que bloqueiam o início da formação dos radicais livres ou os inativa, cessando a lesão causada 
por eles. Exemplos incluem vitaminas lipossolúveis A e E, como o ácido ascórbico no citosol. 
� O próprio ferro e o cobre podem catalisar a formação de espécies reativas de oxigênio. 
� Uma série de enzimas que agem como sistema de recolhimento (eliminador) de radicais livres e que degradam 
peróxido de hidrogênio e ânion superóxido. 
 
DEFEITOS NA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA 
 A perda inicial da permeabilidade seletiva da membrana leva, finalmente, a um dano evidente da membrana, 
sendo uma característica consistente da maioria dos tipos de lesão celular. O dano à membrana pode afetar a 
mitocôndria, a membrana plasmática e outras membranas celulares. Nas células isquêmicas, os defeitos nas 
membranas podem resultar de uma série de eventos envolvendo a diminuição de ATP e a ativação das fosfolipases 
modulada pelo cálcio. 
 Vários mecanismos bioquímicos podem contribuir para o dano da membrana: disfunção mitocondrial; perda 
dos fosfolipídios de membrana; anormalidades do citoesqueleto; espécies reativas de oxigênio; produtos de 
degradação de lipídios; etc. 
 
TIPOS DE LESÕES CELULARES IRREVERSÍVEIS 
 Estímulos nocivos persistentes ou excessivos levam a célula a cruzar o limiar da lesão irreversível. A lesão 
irreversível, na maioria dos casos, está associada à morte celular. Esta morte pode ser causada, entre outros motivos, 
por rompimento da membrana celular, por edema lisossomal, por vacuolização das mitocôndrias com redução da 
capacidade de gerar ATP, etc. Estruturas laminares compostas de grandes massas de fosfolipídios (as figuras de 
mielina) derivadas das membranas danificadas das organelas e da membrana plasmática aparecem inicialmente 
durante o estágio reversível e se tornam mais pronunciadas nas células que sofreram dano irreversível. 
 Vale salientar também que, entre essas lesões irreversíveis, podemos destacar três lesões que acometem o 
núcleo celular, o que de forma indireta, interfere na maquinaria biológica da célula. São as seguintes: 
• Picnose celular: condensação generalizada do núcleo, o qual passa a apresentar um aspecto puntiforme. 
Além do encolhimento do núcleo, percebe-se um aumento da basofilia da cromatina. 
• Cariorréxis: fragmentação do núcleo e do material genético por ele abrigado. 
• Cariólise: dissolução do material genético, fazendo com que o núcleo apresente um aspecto pálido. É 
caracterizada por uma diminuição da basofilia da cromatina, alteração que possivelmente reflete a atividade da 
DNAse. 
 
 
 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
7 
 
MORTE CELULAR 
 Células que sofreram lesões irreversíveis invariavelmente sofrem alterações morfológicas que são 
reconhecidas como morte celular. Existem dois tipos de morte celular, a necrose e a apoptose, que diferem quanto a 
sua morfologia, mecanismos e papéis que desempenham nas doenças e fisiologia. Enquanto que a necrose é sempre 
um processo patológico, a apoptose ocorre em várias funções normais e não está necessariamente associada à lesão 
celular. Cabe ainda diferenciar a autólise das demais modalidades de morte celular. 
• Necrose: ocorre quando o dano às membranas é muito severo, de modo que as enzimas lipossômicas entram 
no citoplasma e digerem a célula e os componentes celulares extravasam. Admite-se que um tecido seja 
classificado como necrosado quando este representa apenas uma área restrita que se encontra circundando 
por tecido vivo, ou seja, um tecido necrosado se restringe a apenas uma área de necrose contida em um 
organismo vivo. É caracterizada ainda por causar inflamação no tecido circunjacente. Ex: o infarto do 
miocárdio gera uma área restrita de tecido morto no contexto de um organismo vivo. A necrose é sempre 
causada por um fator externo e patológico, como uma isquemia, por exemplo. 
• Apoptose: ocorre quando os estímulos nocivos danificam o DNA, o qual induz a dissolução nuclear sem perda 
total da integridade das membranas. A apoptose é, portanto, a via de morte celular que é induzida por um 
programa intracelular altamente regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que 
degradam seu DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas. A apoptose, diferentemente da necrose, é causada 
por fatores internos, caracterizados por uma auto-programação de destruição celular. As enzimas envolvidas 
com a apoptose são as chamadas caspases. Diferentemente da necrose, não causa inflamação. 
• Autólise: destruição da massa celular que ocorre post-mortem. 
 
NECROSE 
 Depois de instalada a isquemia e a carência de ATP, e depois que a célula tenha sofrido qualquer mecanismo 
de lesão irreversível, o tecido entra em necrose. A massa de células em necrose pode apresentar diversos padrões 
morfológicos: 
• Necrose coagulativa: acontece principalmente nos órgãos parenquimatosos (sólidos). Implica a preservação 
do contorno básico da célula por pelo menos alguns dias. Os tecidos afetados apresentam uma textura firme, 
de modo que as células que o compõem apresentem uma delimitação visível, uma vez que suas proteínas 
estruturais não sofreram ação de hidrolases. Presumivelmente, a lesão ou o aumento subsequente da acidose 
intracelular desnatura não somente as proteínas estruturais mas também as enzimas, bloqueando, assim, a 
proteólise celular. Ex: no infarto agudo do miocárdio, as células acidófilas, coaguladas, sem núcleo podem 
persistir por semanas. Finalmente, as células do miocárdio necrosadas são removidas por fragmentação e 
fagocitose dos restos celulares por leucócitos removedores e pela ação de enzimas lisossômicas proteolíticas 
trazidas pelos leucócitos que migram para a região. Este tipo de necrose é característica geral dos tecidos 
quando submetidos a morte por hipóxia, exceto as células que compõem o tecido nervoso. 
• Necrose liquefativa: neste tipo de necrose, independente da patogenia, a liquefação digere completamente as 
células mortas. O resultado final é a transformação do tecido em uma massa viscosa de odor e cor 
característica. Se o processo for iniciado por uma inflamação aguda, o material geralmente é um amarelo 
cremoso devido a presença de leucócitos mortos, sendo chamado de pus. Ex: é comum este tipo de necrose 
em certas infecções bacterianas focais ou fúngicas; por razões desconhecidas, a morte das células nervosas 
leva a este tipo de necrose. Abcessos cheios de secreção purulenta é exemplo de necrose liquefativa. 
• Necrose caseosa: do latim, caseus = queijo. É uma forma distinta de necrose coagulativa, encontrada mais 
frequentemente em focos de tuberculose. O termo caseosa é derivado da aparência macroscópica semelhante 
a queijo branco da área de necrose. Ao contrário da necrose de coagulação, a arquitetura está completamente 
destruída. 
• Esteatonecrose (necrose gordurosa): descreve áreas de destruição de gordura que ocorre tipicamente como 
resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas no parênquima pancreático e na cavidade peritoneal 
(comoo que ocorre na pancreatite aguda). Este extravasamento faz com que enzimas pancreáticas ativadas 
quebrem as membranas dos adipócitos e os ésteres de triglicerídios contidos nestas células. Os ácidos graxos 
liberados se combinam com o cálcio e produzem áreas brancas visíveis (saponificação) que permitem que o 
cirurgião e o patologista identifiquem as lesões (por eles chamados de lesões em pingo de vela). 
• Necrose gangrenosa: é causada por uma isquemia periférica e acomete, na maioria das vezes, os membros 
(como na diabetes; aterosclerose; Síndrome de Furnier, que é a gangrena perineal). A gangrena apresenta um 
odor forte e característico pois na região necrosada se desenvolvem bactérias Clostridium perfringens. Existem 
dois tipos de gangrena: a gangrena úmida (ocorre quando a necrose de coagulação é modificada pela ação 
de liquefação das bactérias e os leucócitos que são atraídos para a região) e a gangrena seca (ocorre quando 
predominam os fenômenos coagulativos). 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
1 
 
FAMENE 
NETTO, Arlindo Ugulino. 
PATOLOGIA 
 
INFLAMAÇÃO AGUDA 
(Profº Raimundo Sales) 
 
 A inflamação é uma reação complexa a vários agentes nocivos, como os microrganismos e células danificadas, 
geralmente necróticas, que consiste de respostas vasculares, migração e ativação de leucócitos e reações sistêmicas. 
A principal característica do processo inflamatório é, portanto, a reação dos vasos sanguíneos, que leva ao acúmulo de 
fluido e leucócitos nos tecidos extravasculares. 
 A resposta inflamatória está intimamente associada a um processo de reparo. O processo inflamatório é 
responsável por destruir, diluir ou isolar o agente nocivo, além de desencadear uma série de eventos que tentam curar 
e reconstruir o tecido danificado. Durante a fase de reparação, o tecido danificado é substituído por meio da 
regeneração de células parenquimatosas nativas, pelo preenchimento com tecido fibroso (cicatrização) ou, como é 
comum, por uma combinação desses dois processos. 
 A inflamação é fundamentalmente um mecanismo de defesa do organismo, cujo objetivo final é a eliminação da 
causa inicial da lesão celular e das conseqüências de tal lesão. Entretanto, a inflamação e o reparo podem ser 
potencialmente prejudiciais: a última fase do processo inflamatório consiste em lesão tecidual e necrose, o que não 
condiz em um resultado satisfatório. Por este motivo, existe o comércio farmacêutico dos medicamentos 
antiinflamatórios, os quais devem agir, preferencialmente, nesta última fase danosa, controlando as sequelas danosas 
da inflamação sem interferir em seus efeitos benéficos. 
 A resposta inflamatória consiste em dois componentes principais: uma reação vascular e uma reação celular 
(neutrófilos, monócitos, eosinófilos, basófilos e plaquetas). 
 A inflamação pode ser classificada ainda em aguda e crônica. A inflamação aguda se inicia rapidamente (em 
alguns segundos ou minutos) e tem uma duração relativamente curta, de alguns minutos a várias horas ou alguns dias. 
Suas principais características são a exsudação de fluido e proteínas plasmáticas (edema) e a migração de leucócitos, 
predominantemente de neutrófilos. A inflamação crônica tem uma duração maior e está histologicamente associada à 
presença de linfócitos e macrófagos, à proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tissular. Não é obrigado a 
evolução de uma inflamação aguda para uma fase crônica. 
 As reações vasculares e celulares da inflamação aguda e da crônica são mediadas por fatores químicos 
derivados de proteínas ou células plasmáticas e são produzidos ou ativados pelo estímulo inflamatório. Neste capítulo, 
será dada ênfase ao mecanismo da inflamação aguda. 
 
 
HISTÓRICO 
 Apesar de as características clínicas da inflamação serem descritas em papiros egípcios (datados de 
aproximadamente 3000 a.C.), Celso, um escritor romano do século I d.C., foi o primeiro a listar os quatro sinais 
cardinais da inflamação (Sinais Cardinais de Celso): rubor (hiperemia), tumor (edema), calor (aumento da 
temperatura local) e dor (algia). Esses sinais são tipicamente mais proeminentes na inflamação aguda do que na 
crônica. Um quinto sinal clínico (sinal de Virchow), a perda da função, foi posteriormente adicionado por Virchow. 
 Apenas no período do renascimento, em 1793, o cirurgião escocês John Hunter notou que a inflamação não é 
uma doença, mas uma resposta benéfica e inespecífica do organismo que tem o intuito de debelar a permanência do 
hospedeiro nocivo. 
 
 
NOÇÕES GERAIS SOBRE INFLAMAÇÃO AGUDA 
 Clinicamente, o a resposta inflamatória aguda é inespecífica, ou seja, para qualquer que seja o agente 
causador, o processo é esterotipado (podendo variar apenas de intensidade). A inflamação aguda é uma resposta 
rápida a um agente nocivo encarregada de levar mediadores da defesa do hospedeiro (leucócitos e proteínas 
plasmáticas) ao local da lesão. A inflamação aguda possui três fases principais: (1) alterações no calibre vascular, que 
levam a um aumento no fluxo sanguíneo; (2) alterações estruturais na microcirculação, que permitem que proteínas 
plasmáticas e leucócitos deixem a circulação; (3) emigração dos leucócitos da microcirculação, seu acúmulo no foco de 
lesão e sua ativação para eliminar o agente nocivo. 
1. Alteração vascular e do fluxo: são os primeiros sinais evidentes no foco inflamatório, no intuito de aumentar o 
fluxo sanguíneo local para aumentar, deste modo, a demanda de células inflamatórias. Esta fase é guiada, 
praticamente, pela liberação de histamina e serotonina. 
2. Aumento da permeabilidade vascular: a dilatação do vaso gera um aumento na permeabilidade vascular 
daquela região acometida pelo processo inflamatório. Além da ação da histamina e da serotonina, está fase é 
caracterizada pela ação das proteínas do complemento (C3a e C5a). 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
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3. Exsudação leucocitária: processo pelo qual os leucócitos (mais especificamente, nesta fase inicial, o 
polimorfonuclear neutrófilo) realizam a marginação, rolamento, adesão e diapedese (migração) para alcançar o 
tecido inflamado. Toda esta fase é guiada pela ação das selectinas, integrinas e fatores quimiotáticos. 
 
OBS: A inflamação aguda é, portanto, um evento vasculo-exsudativo. O extravasamento de fluido, proteínas e células 
sanguíneas dos sistema vascular para o tecido intersticial ou as cavidades corporais é chamado de exsudação. Um 
exsudato é um fluido inflamatório extravascular que possui alta concentração de proteínas e fragmentos celulares 
(aprensentando alta densidade). Por outro lado, um transudato é um fluido com pequeno teor protéico (sendo que a 
maior parte é composta por albumina) e de baixa densidade. Ele é essencialmente um ultrafiltrado do plasma 
sanguíneo através da parede vascular sem que haja um aumento na permeabilidade vascular. O edema significa um 
excesso de fluido no interstício ou nas cavidades serosas; ele pode ser um exsudato ou um transudato. O pus, ou 
exsudato purulento, é um exsudato rico em leucócitos (neutrófilos, em sua maioria), fragmentos de células mortas e, 
em muitos casos, microrganismos. 
 
ESTÍMULOS PARA A INFLAMAÇÃO AGUDA 
 As reações inflamatórias agudas são desencadeadas por vários estímulos: 
� Infecções e toxinas microbianas; 
� Trauma (contuso ou penetrante); 
� Agentes físicos e químicos (lesão térmica, queimaduras ou congelamento; radiação; etc) 
� Necrose tissular; 
� Corpos estranhos; 
� Reações imunológicas (também chamadas de reações de hipersensibilidade) 
 
 
ALTERAÇÕES VASCULARES 
 Por definição, a inflamação é 
a reposta de um tecido vivo 
vascularizado a uma agressão. No 
caso da inflamação aguda, seriam os 
fenômenos vasculares que 
acontecem nas primeiras horas da 
inflamação. Já que os dois principais 
mecanismos da defesa do hospedeirocontra os microrganismos (anticorpos 
e leucócitos) se encontram 
normalmente na corrente sanguínea, 
os fenômenos vasculares 
desempenham um papel de extrema 
importância na inflamação aguda. 
 As alterações vasculares da inflamação aguda acontecem por meio dos seguintes fenômenos: 
• Alterações no fluxo e calibre vasculares (alterações hemodinâmicas): essas alterações se iniciam logo 
após a lesão e se desenvolvem em graus variáveis dependendo de sua gravidade. As alterações são as 
seguintes: vasodilatação (o que leva a um aumento focal do fluxo sanguíneo, gerando o calor e o rubor) 
induzida por fatores como a histamina, serotonina, leucotrienos e neuropeptídeo substância P; aumento da 
viscosidade sanguínea (devido a maior presença de hemácias na região); acúmulo de leucócitos 
(especialmente neutrófilos) na região. 
• Aumento da permeabilidade vascular (extravasamento vascular): o aumento da permeabilidade vascular, 
levando ao extravasamento de fluido rico em proteínas (exsudato) para o tecido extravascular, é uma 
característica fundamental da inflamação aguda. A vasodilatação (que aumenta o espaço entre as células 
endoteliais) e a perda de proteínas do plasma (reduzindo a pressão osmótica no fluido intravascular e 
aumentando no fluido intersticial) são dois fatores que acarretam no extravasamento acentuado de fluido dos 
vasos, levando ao seu acúmulo no interstício, caracterizando o edema. 
• Exsudação leucocitária: são os eventos celulares que compõem a inflamação aguda. Os leucócitos são as 
células da linhagem branca sanguíena, ou seja: linfócitos, monócitos (que em nível intersticial, passa a ser 
chamado de macrófago), polimorfonucleares (neutrófilos, acidófilos e basófilos). A primeira célula a se envolver 
no processo inflamatório agudo é o polimorfonuclear neutrófilo. Os eventos celulares serão detalhados logo a 
seguir. 
 
OBS²: Modelo de Starling. Sabe-se que o sangue que chega na microcirculação pelo lado arterial (arteríolas) 
apresenta cerca de 32 mmHg em pressão oncótica, sendo maior que a pressão hidrostática do fluido intersticial. Neste 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
3 
 
momento, a tendência do líquido vascular é de sair do vaso. Já na região venosa da microcirculação (vênulas), como a 
pressão oncótica é muito menor que a pressão hidrostática, a tendência do líquido é voltar à luz do vaso. O restante 
que não retornou, é drenado pela circulação linfática. 
 
EVENTOS CELULARES (EXTRAVASAMENTO DE LEUCÓCITOS E FAGOCITOSE) 
 Uma das funções mais essenciais da inflamação é o 
encaminhamento de leucócitos à área lesada e a ativação que 
desempenham suas funções normais de defesa do hospedeiro. 
A sequência de eventos na jornada dos leucócitos do lúmen 
vascular para o tecido intersticial (extravasamento ou 
exsudação leucocitária: mecanismo pelo qual os 
polimorfonucleares deixam o capilar para atingir o foco 
inflamatório), pode ser dividida nas seguintes etapas: 
1. No lúmen, por meio da emissão de moléculas 
sinalizadoras pelas células endoteliais, os 
polimorfonucleares passam pelas seguintes etapas: 
marginação, rolamento (processo induzido pelas 
selectinas, que garantem uma maior eficácia neste 
processo) e adesão ao endotélio (mediado pelas 
integrinas). Vale salientar que o endotélio vascular 
normalmente não prende as células circulantes nem 
impede sua passagem. Porém, na inflamação, o 
endotélio precisa ser ativado para permitir que ele se 
ligue aos leucócitos, sendo este o passo inicial para que 
depois eles saiam dos vasos; 
2. Trasmigração (diapedese) através do endotélio; 
3. Migração nos tecidos intersticiais em direção ao 
estímulo quimiotático. 
 
 
MARGINAÇÃO, ROLAMENTO, ADESÃO E TRANSMIGRAÇÃO LEUCOCITÁRIA 
 No sangue que flui normalmente através das vênulas, os eritrócitos estão confinados a uma coluna axial 
central, deslocando os leucócitos na direção da parede vascular. Como logo no início da inflamação ocorre uma 
diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo (estase), as condições hemodinâmicas mudam e aumenta o número de 
leucócitos na periferia do fluxo, próximo à superfície vascular. Esse processo de acúmulo dos leucócitos é chamado de 
marginação. Subsequentemente, os leucócitos, inicialmente uma pequena quantidade seguida de um grande aumento 
desse número, vão rolando aos saltos pelo endotélio, aderindo transitoriamente a ele (processo chamado de 
rolamento) e finalmente param em um determinado ponto, onde aderem firmemente (processo chamado de adesão). O 
endotélio pode ficar virtualmente coberto de leucócitos, o que é chamado de pavimentação. 
 A adesão leucocitária e a 
transmigração são reguladas 
principalmente pela ligação de 
moléculas de adesão complementares 
no leucócito e na superfície endotelial, 
e pelos mediadores químicos 
(quimiotoxinas e determinadas 
citocinas) que afetam esses processos 
modulando a expressão na superfície 
ou a avidez dessas moléculas de 
adesão. Os receptores de adesão 
envolvidos pertencem a quatro famílias 
moleculares: as selectinas (P-
selectina, E-selectina); a superfamília 
das imunoglobulinas (ICAM-1 e VCAM-
1); as integrinas (glicoproteínas como 
a Mac-1 e VLA-4); e as glicoproteínas 
semelhantes à mucina (como o 
heparan sulfato). 
 
 
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QUIMIOTAXIA 
 Após o extravasamento, os leucócitos migram nos tecidos em direção ao local da lesão por um processo 
chamado de quimiotaxia, cuja definição mais simples é a locomoção ao longo de um gradiente químico gerado por 
mediadores produzidos no processo inflamatório. 
 Tanto substancias exógenas quanto endógenas podem agir como quimiotáticos. Os agentes exógenos mais 
comuns são os produtos bacterianos (como os peptídeos que possuem o N-formil-metionina terminal; outros são de 
natureza lipídica). Agentes quimiotáticos endógenos, que serão abordados detalhadamente mais adiante, incluem 
vários mediadores químicos, como: componentes do sistema complemento (ver OBS³ mais adiante), especialmente o 
C5a e C3a; produtos da via da lipoxigenase, especialmente o leucotrieno B4 (LTB4); e citocinas, especialmente as que 
pertencem à família das quimiocinas (como o IL-8, por exemplo). 
 Todos os agentes quimiotáticos mencionados se unem a receptores específicos ligados à proteína G (GPCRs), 
que atravessam a membrana sete vezes, na superfície dos leucócitos. Os sinais iniciados por esses receptores 
resultam no recrutamento das proteínas G e na ativação de várias moléculas efetoras, incluindo a fosfolipase C (PLCγ) 
e a fosfoinositol-3 cinase (PI3K). A PLCγ e a PI3K atuam no fosfolipídio inositol da membrana e geram mensageiros 
lipídicos secundários que aumentao o cálcio citosólico e ativam pequenas GTPases (da família Rac/Rho/cdc42), 
responsáveis, entre outras funções, por induzir a polimerização da actina do citoesqueleto celular. Desta maneira, os 
leucócitos são capazes de se locomover estendendo pseudópodes até o foco inflamatório. 
 
OBS³: O sistema complemento é um grupo de 20 proteínas (e os produtos de suas clivagens) que são encontradas 
em maior concentração no plasma. Este sistema será mais detalhado na seção Mediadores Químicos da Inflamação. 
Dentre as proteínas, existem as chamadas C5 e C3, que são clivadas em C5b e C5a, e C3b e C3a. As proteínas C5a e 
C3a são anáfilotoxinas que promovem fenômenos vasculares (induzindo a liberação de histamina, realizando 
vasodilatação) além de serem fortes agentes quimiotáticos para neutrófilos, monócitos, eosionófilos e basófilos. 
OBS4: O ácido úrico (produto do metabolismo das purinas) é um cristal que tem a capacidade de ativar o sistema 
complemento. Isso significa que o ácido úrico é capaz de desencadear todo aquele processo da cascata de ativação 
das proteínas do complemento, inclusive a função quimiotática de alguns de seus produtos, recrutando células 
inflamatóriaspara a região. Como os polimorfonucleares não apresentam uricases, eles não são capazes de destruir 
este cristal, o qual passa a se depositar gradativamente no organismo, geralmente nas regiões articulares e 
tendinosas, caracterizando o quadro clínico conhecido como atrite gotasa (ou, simplesmente, gota). 
 
ATIVAÇÃO LEUCOCITÁRIA 
 Mircorganismos, produtos de células necróticas, complexos antígeno-anticorpo e citocinas, incluindo os fatores 
quimiotáticos, induzem várias respostas nos leucócitos que são parte de suas funções de defesa (neutrófilo e 
monócito/macrófago) e são incluídos sob a rubrica de ativação linfocitária. A ativação leucocitária resulta de várias vias 
de sinalização iniciadas nos leucócitos, gerando um aumento na concentração de Ca2+ no citosol e na ativação de 
enzimas como a proteíno-cinase C e a fosfolipase A2. As respostas funcionais induzidas na ativação dos leucócitos 
incluem: 
� Produção de metabólitos do ácido araquidônico (resultante da ativação da fosfolipase A2 e do cálcio 
intracelular). 
� Desgranulação e secreção de enzimas lisossomais e ativação do surto oxidativo; 
� Secreção de citocinas, que amplificam e regulam as reações inflamatórias; 
� Modulação das moléculas de adesão leucocitária. 
 
OBS5: Os leucócitos apresentam vários receptores de superfície que estão envolvidos em sua ativação: receptores 
Toll-like (desempenham um papel essencial na resposta celular aos lipopolissacarídeos bacterianos e nucleotídios); 
vários receptores ligados à proteína G que atravessam a membrana sete vezes e reconhecem os microrganismos e 
alguns mediadores produzidos em reposta a infecções e lesão tecidual; receptores expressos por células fagocíticas 
para as citocinas que são produzidas durante a resposta imunológica; receptores para as opsoninas que promovem a 
fagocitose de microrganismos cobertos por diversas proteínas e encaminham os sinais que ativam a fagocitose. 
 
FAGOCITOSE 
 A fagocitose e a liberação de enzimas pelos neutrófilos e macrófagos são responsáveis pela eliminação de 
agentes nocivos, constituindo, assim, dois dos maiores benefícios derivados do acúmulo de leucócitos no foco 
inflamatório. A fagocitose envolve três etapas distintas, mas relacionadas entre si: 
• Reconhecimento e ligação: apesar de os neutrófilos e os macrófagos serem capazes de capturar bactérias e 
materiais estranhos sem a ligação de receptores específicos, a fagocitose de microrganismos e células mortas 
é tipicamente iniciada pelo reconhecimento das partículas por receptores expressos na superfície dos 
leucócitos (como os receptores de manose, açúcar que constitui moléculas encontradas na parede celular das 
bactérias). A eficácia da fagocitose é extremamente aumentada quando o organismo está opsonizado por 
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proteínas específicas (opsoninas, como o C5a e C3a) para as quais as células fagocitárias expressam 
receptores de alta afinidade. 
• Captura: a ligação de uma partícula ao receptor de um leucócito fagocitário inicia o processo de fagocitose: 
extensões do citoplasma (pseudópodes) se estendem em torno da partícula até engolfá-la em um fagossomo 
criado pela membrana plasmática da célula. 
• Morte e degradação: a destruição do microrganismo é desempenhada em grande parte por mecanismos 
dependentes de oxigênio. A fagocitose estimula o surto de consumo de oxigênio, glicogenólise, aumento da 
oxidação da glicose e a produção de intermediários reativos do oxigênio (espécies reativas do O2). Depois que 
os microrganismos são mortos, eles são degradados dentro dos fagolisossomos pelas hidrolases armazenadas 
nos lisossomos. 
 
 
TÉRMINO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA 
 É de se esperar que um sistema de defesa do hospedeiro tão potente, com sua capacidade inerente de causar 
dano tecidual, precise de um controle rígido para minimizar o dano. Em parte, a inflamação diminui simplesmente 
porque os seus mediadores têm uma meia-vida curta, são degradados após serem liberados e são produzidos em 
surtos rápidos, somente enquanto o estímulo persiste. Além disso, vários sinais que atuam ativamente para terminar a 
reação são produzidos (como os derivados do ácido araquidônico, lipoxinas antiinflamatórias). 
 
 
MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO 
 Os mediadores se originam de proteínas plasmáticas ou de células envolvidas no processo inflamatório. Os 
mediadores derivados do plasma (como as proteínas do complemento, as cininas, etc) estão presentes no plasma na 
forma de precursores que devem ser ativados, geralmente por meio de uma série de clivagens proteolíticas. Os 
mediadores derivados de células normalmente estão armazenados em grânulos intracelulares que precisam ser 
secretados (como a histamina nos grânulos dos mastócitos) ou são sintetizados de novo (prostaglandinas, citocinas) 
em resposta a um estímulo. 
 A produção de mediadores ativos é desencadeada por produtos microbianos ou por proteínas do hospedeiro, 
tais como as proteínas do complemento. A maioria dos mediadores desempenha sua atividade biológica ligando-se, 
inicialmente, a receptores específicos nas células alvo. Já outros, possuem atividade enzimática direta (como as 
proteases lisossomais). 
 Um mediador pode, por si só, estimular a liberação de outros mediadores pelas células-alvo. Uma vez ativados 
e liberados pelas células, a maioria desses mediadores têm uma meia vida curta. 
 
OBS6: A maioria dos mediadores tem o potencial para causar efeitos danosos. 
 
AMINAS VASOATIVAS 
 As duas aminas, histamina e serotonina, são especialmente importantes pois são armazenadas nas células, 
estando entre os primeiros mediadores a serem liberados durante a inflamação. 
• Histamina: está distribuída por todos os tecidos, sendo que os mastócitos são sua fonte principal. A histamina 
pré-formada está presente nos grânulos dos mastócitos e é liberada pela desgranulação dessas células em 
resposta a vários estímulos: lesão física como trauma, frio ou calor; reações imunológicas envolvendo a ligação 
de anticorpos aos mastócitos; pelos fragmentos do complemento chamados de anafilatoxinas (C3a e C5a); 
proteínas leucocitárias que liberam histamina; neuropeptídeos (como a substancia P); e citocinas (IL-1 e IL-8). 
• Serotonina (5-hidroxitriptamina): é um mediador vaso-ativo pré-formado com ações semelhantes às da 
histamina. Está presente nas plaquetas e nas células enterocromafins. A liberação de serotonina (e histamina) 
das plaquetas é estimulada quando ocorre a agregação plaquetária após o contato com colágeno, trombina, 
difosfato de adenosina (ADP) e complexo antígeno-anticorpo. 
 
PROTEÍNAS PLASMÁTICAS 
• Sistema complemento: é um conjunto de 20 proteínas (e seus produtos de clivagem) encontradas em maior 
concentração no plasma. É um sistema que atua tanto na resposta imune inata quanto na adquirida. As 
proteínas do complemento estão presentes no plasma na sua forma inativa, e são numeradas de C1 a C9. 
Muitas delas, quando ativadas, tornam-se proteínas proteolíticas que clivam outras proteínas do complemento, 
formando, assim, uma cascata capaz de gerar enorme amplificação enzimática. A etapa crítica no 
desenvolvimento das funções biológicas do complemento é a ativação do terceiro (e mais abundante) 
componente, o C3. A clivagem de C3 pode ser feita por três vias: a via clássica, que é desencadeada por 
fixação de C1 a um complexo antígeno-anticorpo (IgM e IgG); a via alternativa, que pode ser desencadeada 
por moléculas da superfície bacteriana, polissacarídios complexos, veneno de cobra e outras substâncias, na 
ausência de anticorpos; e a via da lecitina, na qual a lecitina plasmática que liga manose se une a 
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carboidratos nos microrganismos e ativa C1 diretamente. Independente da via envolvida nas etapas iniciais da 
ativação do complemento, todas levamà formação de uma enzima ativa chamada C3 convertase, que quebra 
a C3 em dois fragmentos funcionalmente distintos: C3a e C3b. O C3a é liberado e o C3b se liga 
covalentemente à célula ou molécula onde o complemento está sendo ativado. O C3b, então, liga a fragmentos 
gerados anteriormente para formar a C5 convertase, que cliva C5 em C5a e C5b. O fragmento C5b 
remanescente se liga aos componentes posteriores (C6 – 9), culminando com a formação do chamado 
complexo de ataque à membrana (MAC, composto de várias moléculas de C9). 
Além da lise celular por meio do MAC, tem-se ainda os efeitos dos fragmentos proteolíticos formados pela 
ativação desse sistema: 
� Fenômenos vasculares. C3a, C5a e, em menor extensão, C4a, são produtos da clivagem dos 
componentes correspondentes do complemento que estimulam a liberação de histaminas pelos 
mastócitos, aumentando, assim, a permeabilidade vascular e causando vasodilatação. Por esta ação, 
elas são chamadas de anafilatoxinas (por terem efeitos semelhantes aos mediadores do mastócitos 
envolvidos na reação anafilática). O C5a também ativa a via da lipoxigenase do metabolismo do ácido 
araquidônico nos neutrófilos e monócitos. 
� Adesão, quimiotaxia e ativação dos leucócitos. O C5a (e o C3a) é um agente quimiotático potente para 
os neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos. 
� Opsonização e fagocitose. O C3b e o produto de sua clivagem (iC3b), quando fixados a parede 
bacteriana, agem como opsoninas que facilitam a fagocitose por neutrófilos e macrófagos, os quais 
apresentam receptores de superfície para esses fragmentos do complemento. 
 
• Sistema das cininas: o sistema das cininas gera peptídeos vasoativos a partir de proteínas plasmáticas. A 
ativação deste sistema resulta na liberação da bradicinina, um nonapeptídeo vasoativo que aumenta a 
permeabilidade vascular e causa contração do músculo liso, dilatação de vasos sanguíneos e dor quando 
injetada na pele. 
• Sistema da coagulação: este sistema e a inflamação são processos que estão intimamente relacionados. O 
sistema da coagulação está dividido em duas vias (a via intrínseca e a via extrínseca) que convergem, 
culminando na formação da fibrina. A trombina, enzima que cliva fibrinogênio, é a principal ligação entre o 
sistema da coagulação e a inflamação. 
 
METABÓLITOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO: PROSTAGLANDINAS, LEUCOTRIENOS E LIPOXINAS 
 Quando as células são ativadas por diversos estímulos, os lipídios em suas membranas são rapidamente 
remodelados para gerar mediadores lipídicos biologicamente ativos, os quais funcionam como sinais intracelulares ou 
extracelulares que afetam diversos processos biológicos, incluindo a inflamação e a homeostasia. 
 O ácido araquidônico é um ácido graxo poliinsaturado contendo 20 átomos de carbono (ácido 5,8,11,14-
eicosatetraenóico) derivado da dieta ou da conversão do ácido graxo essencial, ácido linoléico. Ele não se encontra 
livre na célula, mas na forma esterificada de fosfolipídio de membrana, sendo liberado desta forma quando sofre a ação 
da fosfolipase A2, que pode ser ativada por fatores físicos, químicos e mecânicos ou por outros mediadores (como a 
C5a). Os metabólitos do ácido araquidônico (também chamados de eicosanóides) são sintetizados por duas classes 
de enzimas: as cicloxigenases (gerando prostaglandinas e tromboxanos) e as lipoxigenases (leucotrienos e 
lipoxinas). Estes eicosanóides se unem aos receptores ligados à proteína G de vários tipos celulares e podem mediar 
virtualmente cada passo da inflamação. 
 A cicloxigenase e a lipoxigenase produzem mediadores diferentes a partir do ácido araquidônico: 
• Via da cicloxigenase: iniciada por duas enzimas diferentes (COX-1: constitutivamente expressa; e a COX-2: 
enzima cuja produção é induzida pelo processo inflamatório; admite-se ainda a COX-3: presente no centro 
termoregulador do hipotálamo), leva a geração das prostaglandinas. As mais importantes no processo 
inflamatório são PGE2, PGD2, PGF2α, PGI2 (prostaciclina) e a TxA2 (tromboxano). Note que o número indicado 
em cada representação significa o número de ligações duplas no composto. 
� O TxA2, um potente agente de agregação plaquetária e vasoconstrictor, é instável e rapidamente 
convertido na sua forma inativa (TxB2). 
� A prostaciclina (PGI2) é um vasodilatador e um potente inibidor da agregação plaquetária; também 
potencializa o aumento da permeabilidade e o efeito quimiotático de outros mediadores. 
� As prostaglandinas também estão envolvidas na patogenia da dor e da febre. A PGE2 causa 
hiperalgesia, pois torna a pele sensível ao estímulos dolorosos. 
� A PGD2, junto a PGE2 e PGF2α, causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade das vênulas pós-
capilares, potencializando, assim, o edema. 
 
OBS5: Vale salientar, entretanto, que a COX-1 é responsável não somente pela produção de prostaglandinas 
envolvidas na inflamação, mas também atua na homeostasia (como no balanço hidroeletrolítico nos rins e do tônus 
vascular basal). Por outro lado, a COX-2 só estimula a produção de prostaglandinas envolvidas na reação inflamatória. 
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 
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Os antiinflamatórios não-esteroidais agem no intuito de inibir essas duas enzimas, ou seja, são inibidores da 
cicloxigenase (como a aspirina). Seria interessante, portanto, o uso de inibidores seletivos da COX-2, para evitar a 
inibição da COX-1, importante no processo de homeostasia. 
 
• Via da lipoxigenase: os produtos iniciais são gerados por três lipoxigenases diferentes que só estão presentes 
em algumas células. A 5-lipoxigenase (5-LO) é a enzima predominante nos neutrófilos. Os leucotrienos, além 
de potentes agentes quimiotáticos e ativadores das respostas dos neutrófilos, são muito mais potentes do que 
a histamina com relação ao aumento da permeabilidade vascular e broncoespasmo. 
 
FATOR DE ATIVAÇÃO DAS PLAQUETAS (PAF) 
 O PAF é outro mediador bioativo derivado dos fosfolipídios que exerce suas ações através de um receptor 
ligado a uma única proteína G e seus efeitos são regulados por uma família de PAF acetil-hidrolases. Vários tipos 
celulares, incluindo plaquetas, basófilos (e mastócitos), neutrófilos, monócitos/macrófagos e células endoteliais, podem 
produzir PAF. 
 Além da estimulação das plaquetas, o PAF causa vasoconstrição e broncodilatação. Ele também causa um 
aumento da adesão leucocitária no endotélio (aumentando a agregação dos leucócitos mediadas pelas integrinas), 
quimiotaxia, desgranulação e surto oxidativo. Assim, o PAF pode desencadear a maioria dos principais acontecimentos 
da inflamação. 
 
CITOCINAS E QUIMIOCINAS 
 As citocinas são proteínas produzidas por vários tipos celulares (principalmente linfócitos e macrófagos 
ativados, mas também células do endotélio) que modulam a função de outros tipos celulares. 
• Fator de Necrose Tumoral (TNF) e Interleucina-1 (IL-1): são duas principais citocinas que participam do 
processo inflamatório. Elas são produzidas principalmente pelos macrófagos ativados. A secreção de TNF e IL-
1 pode ser estimulada por endotoxina e outros produtos microbianos, complexos imunes, lesão física e vários 
tipos de estímulos inflamatórios. No endotélio, eles induzem a síntese de moléculas de adesão endotelial e 
mediadores químicos, incluindo outras citocinas e quimiocinas, fatores de crescimento, eicosanóides e óxido 
nítrico (NO). A IL-1 e o TNF (assim como o IL-6) induzem as respostas sistêmicas da fase aguda associadas a 
infecções ou traumas (como febre, perda de apetite, sono de ondas lentas, etc). 
• Quimiocinas: são uma família de proteínas pequenas que agem primariamente como quimiotáticos para tipos 
específicos de leucócitos. As quimiocinas exercem sua atividade ligando-se a receptores transmembrana 
ligados à proteína G. 
 
ÓXIDO NÍTRICO 
 O NO, um mediador pleiotrópico da inflamação, foi descoberto como um fator liberado pelas célulasendoteliais 
que causava vasodilatação, relaxando o músculo liso vascular, e foi, consequentemente, chamado de fator de 
relaxamento derivado do epitélio (FRED). O NO é sintetizado a partir da L-arginina pela enzima óxido nítrico sintase 
(NOS) e desempenha um papel importante nos componentes vascular e celular das reações inflamatórias. Ele é um 
potente vasodilatador devido a sua ação no músculo liso vascular. Além disso, o NO reduz a agregação plaquetária. 
Assim, a produção de NO é um mecanismo compensatório endógeno que reduz as respostas inflamatórias. Ocorrem 
anormalidades na produção endotelial de NO na aterosclerose, no diabetes e na hipertensão. 
 
RADICAIS LIVRES DERIVADOS DO OXIGÊNIO 
 Os radicais livres derivados do oxigênio podem ser liberados pelos leucócitos no meio extracelular após a 
exposição a microrganismos, quimiocinas e complexos imunes, ou após uma provocação fagocitária. A liberação 
desses potentes radicais livres pode ser danosa para o hospedeiro. Elas estão implicados nas seguintes reações: 
� Lesão à célula endotelial com o consequente aumento da permeabilidade vascular; 
� Inativação de antiprotease; 
� Lesão de outros tipos de célula. 
 
NEUROPEPTÍDIOS 
 Os neuropeptídios, assim como as aminas vasoativas e os eicosanóides discutidos anteriormente, participam 
na deflagração e propagação da resposta inflamatória. Os pequenos peptídeos, como a substância P e a neurocinina 
A, pertencem a uma família de neuropeptídeos traquicininas produzidas no sistema nervoso central e periférico. 
 A substância P tem muitas funções biológicas, incluindo a transmissão de sinais dolorosos, regulação da 
pressão sanguínea, estimulação da secreção pelas células endócrinas e aumento da permeabilidade vascular. 
 
 
 
 
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EFEITOS SISTÊMICOS DA INFLAMAÇÃO 
 Os efeitos sistêmicos da inflamação ocorrem por decorrência das reatividades dos fatores exógenos 
agressores com os mecanismo de defesa do corpo como também por liberação das próprias citocinas endógenas, bem 
como o produto do seu metabolismo. Os efeitos sistêmicos incluem, entre outros: 
• Febre causada pela liberação de IL-1, IL-2, IL-6 e Fator de Necrose Tumoral (FNT), considerados agente 
pirogênicos endógenos. IL-1 e FNT interagem com receptores vasculares nos centros termoreguladores do 
hipotálamo, induzindo a ação da cicloxigenase-3 (COX-3), que quebra ácido araquidônico em prostaglandina 
E2 (PGE2), resultando na estimulação dos nervos autonômicos, vasoconstricção dos vasos cutâneos e 
retenção de calor na forma de febre. 
• Leucocitose que ocorre devido a dois fatores: (1) liberação acelerada de células medulares, induzida por IL-1 
e FNT; e (2) proliferação dos precursores na medula óssea por fatores estimulantes de colônia (FEC); 
• Elaboração de proteínas de fase aguda pelo fígado (por exemplo: proteína C reativa, amilóide A) induzida pela 
liberação de IL-1, FNT e IL-6; 
• Outras reações de fase aguda como sonolência, perda de apetite, hipotensão e lipólise. 
 
 
RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA 
� Resolução completa: o próprio processo inflamatório foi capaz de destruir o agente nocivo e, por conseguinte, o 
processo foi atenuado por substâncias cujas funções se remetem para tais fins (como o NO). Neste caso, o 
exsudato que eventualmente surgiu na região do foco inflamatório é reabsorvido e a área lesada é restaurada. 
Este caso, portanto, ocorre normalmente quando a lesão é limitada, de curta duração ou quando houver pouca 
destruição tissular e as células parenquimatosas danificadas podem ser regeneradas. 
� Cicatrização pela substituição do tecido conjuntivo: ocorre após uma destruição tecidual considerável, quando 
a lesão inflamatória envolve tecidos incapazes de ser regenerar, ou quando existe um abundante exsudato de 
fibrina. 
� Formação de abscesso: coleção localizada de secreção purulenta, células necrosadas, neutrófilos e o 
microrganismo morto que desencadeou o processo. 
� Progressão tecidual a inflamação crônica: a transição de aguda para crônica ocorre quando não há uma 
resolução da resposta inflamatória aguda devido à persistência do agente nocivo ou a alguma interferência 
com o processo normal de cicatrização. 
 
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FAMENE 
NETTO, Arlindo Ugulino. 
PATOLOGIA 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
(Professor Ivan Rodrigues) 
 
 A inflamação crônica é considerada um tipo de inflamação prolongada (semanas ou meses depois da 
instalação da inflamação aguda) na qual a destruição tissular e a tentativa de reparar os danos ocorrem 
simultaneamente. 
 Para se entender a instalação da 
chamada fase crônica da inflamação, 
devemos descrever os possíveis destinos 
do processo inflamatório agudo: 
� Resolução completa 
� Cicatrização pela substituição do 
tecido conjuntivo 
� Formação de abscesso (coleção 
localizada de secreção purulenta, 
constituída de tecido destruído, 
células inflamatórias e bactérias 
piogênicas) 
� Progressão tecidual a inflamação 
crônica. Isso pode se seguir à 
inflamação aguda, ou a reposta 
pode ser crônica praticamente 
desde o início. A transição de 
aguda para crônica ocorre quando 
não há uma resolução da resposta 
inflamatória aguda devido à 
persistência do agente nocivo ou a 
alguma interferência com o 
processo normal de cicatrização. 
 
 Apesar de poder ser a continuação de uma inflamação aguda, como descrito anteriormente, a inflamação 
crônica frequentemente começa de maneira insidiosa como uma reação pouco intensa, geralmente assintomática. Este 
último tipo de inflamação crônica é a causa de dano tecidual em algumas das doenças humanas mais comuns e 
debilitantes, como a artrite reumatóide, aterosclerose, tuberculose e as doenças pulmonares crônicas. 
 
CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO 
 Enquanto que o processo inflamatório agudo se caracteriza por eventos vasculares, formação de edema e 
presença marcante de neutrófilos no foco inflamatório, o processo inflamatório crônico apresenta particularidades que 
divergem da inflamação aguda: 
� É desencadeado por um processo inflamatório agudo prévio não eficiente, de modo que o agente agressor 
ainda persista, desencadeando os mediadores que promovem a instalação da inflamação crônica; 
� Os focos inflamatórios são caracterizados por infiltrados celulares mononucleares: linfócitos, macrófagos 
(chegam com cerca de 24 – 48h depois de instalado o processo inflamatório) e plasmócitos. Os eosinófilos, 
mastócitos e neutrófilos só surgem caso o agente agressor persista no processo lesivo. As concentrações de 
neutrófilos são muito menores quando comparadas às da inflamação aguda; 
� Proliferação de fibroblastos e vasos sanguíneos (angiogênese); 
� Aumento do tecido conjuntivo com deposição de colágeno e tecido fibrosado; 
� Destruição tissular: o processo inflamatório, ao tentar debelar o agente agressor, passa a destruir por meio de 
suas enzimas o tecido da região onde o processo se instalou. 
� É um processo específico (diferentemente da inflamação aguda que, mais primitiva filogeneticamente, é 
inespecífica) e mais sofisticado (envolvendo apresentações antigênicas e mais outras reações características 
da resposta imune adaptativa). 
 
CAUSAS DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 A inflamação crônica surge nas seguintes situações: 
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� Nas infecções persistentes por determinados microrganismos, como o bacilo da tuberculose, o Treponema 
pallidum (causador da sífilis) e determinados vírus, fungos e parasitas. 
� A exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos e nocivos, sejam eles endógenos ou exógenos. Um 
exemplo de agente exógeno é a sílica, material não-degradável que, quando inalado por longos períodos,causa uma doença pulmonar inflamatória conhecida como silicose. A aterosclerose é considerada uma doença 
inflamatória crônica da parede arterial induzida por componentes endógenos (lipídios tóxicos do plasma). 
� Auto-imunidade (como é o caso das doenças auto-imunes). Nessas doenças, os auto-antígenos desencadeiam 
uma reação imunológica que se autoperpetua, causando lesão tecidual e inflamação crônicas. Como exemplo: 
artrite reumatóide e o lúpus eritematoso. 
 
INFILTRADO CELULAR MONONUCLEAR 
 O macrófago é a célula dominante na inflamação crônica (enquanto que na inflamação aguda, é o 
polimorfonuclear neutrófilo), sendo acompanhado, logo então, por linfócitos e plasmócitos. 
 
MACRÓFAGOS 
 Os macrófagos são um dos componentes do sistema fagocitário mononuclear. Este consiste de células 
intimamente relacionadas que se originam na medula óssea, incluindo monócitos sanguíneos e macrófagos tissulares. 
De uma forma geral, os monócitos e os macrófagos são a mesma célula, porém os monócitos estão localizados no 
sangue, ao passo em que os macrófagos, nos tecidos: os macrófagos são derivados dos monócitos do sangue 
periférico que foram induzidos a migrar através do endotélio por agentes químicos (C5a, fibrinopeptídios, citocinas, 
FCDP – fator de crescimento derivado de plaquetas, etc). 
Eles estão difusamente espalhados no tecido conjuntivo ou localizados em órgãos como o fígado (células de 
Kupffer), baço, linfonodos, sistema nervoso central (micróglia), alvéolos pulmonares e ossos (osteoclastos). A meia 
vida dos monócitos sanguíneos é de cerca de 1 dia, enquanto um macrófago tissular sobrevive por vários meses ou 
anos. 
 Como discutido anteriormente, os monócitos começam a migrar para os tecidos extravasculares logo no início 
da inflamação aguda e, em 48 horas, podem constituir o tipo celular predominante. O extravasamento dos monócitos 
também é governado por moléculas de adesão e mediadores químicos quimiotáticos e de ativação. Quando o monócito 
chega ao tecido extravascular, tranforma-se em uma célula fagocitária maior, o macrófago. 
 Os macrófagos podem ser ativados por uma variedade de estímulos, incluindo as citocinas (INF-γ, por 
exemplo) secretadas pelos linfócitos T ativados e pelas células NK. Os macrófagos ativados secretam uma variedade 
de produtos biologicamente ativos que, se não controlados, resultam na lesão tecidual e fibrose características da 
inflamação crônica. Estes produtos agentes nocivos como os microrganismos e iniciam o processo de reparação, além 
de serem responsáveis por boa parte da lesão tecidual na inflamação crônica (uma vez que a destruição tecidual é 
uma das principais características da inflamação crônica). 
 
OBS1: A presença de neutrófilos no foco inflamatório significa que o agente agressor que desencadeou a inflamação 
aguda ainda persiste no processo nocivo. 
 
LINFÓCITOS 
 Os linfócitos são mobilizados tanto 
nas reações imunológicas humorais quanto 
celulares, e até mesmo nas reações 
inflamatórias não-imunológica. Em algumas 
reações inflamatórias crônicas intensas, o 
acúmulo de linfócitos, plasmócitos e células 
apresentadoras de antígenos pode assumir 
as características morfológicas dos órgãos 
linfóides, especialmente dos linfonodos, até 
mesmo com centros germinativos bem 
desenvolvidos. Esse padrão de 
organogênese linfóide é geralmente vista na 
sinóvia de paciente com atrite reumatóide 
de longa duração. 
 Os linfócitos e macrófagos 
interagem de maneira bidirecional e essas reações desempenham um papel importante na inflamação crônica. Os 
macrófagos apresentam os antígenos via MHC aos linfócitos T e produzem citocinas (como a IL-12) que estimulam a 
resposta que será desencadeada por estas células T. Os linfócitos ativados produzem citocinas e uma delas, o IFN-γ, é 
o principal ativador dos macrófagos. 
 
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OBS²: A interação macrófago/linfócito é de extrema importância não só para os processos de resposta imunológica 
(celular). Mas também para o processo de patogênese dos granulomas. Os linfócitos ativados secretam linfocinas: fator 
quimiotático monocitário; fator inibidor da migração de macrófagos; fator ativador de macrófagos (IFN-γ e IL-4). Os 
macrófagos ativados secretam monocinas: IL-1 e TNF; fatores de crescimento de vasos, fibroblastos e fibrose; 
espécies reativas do oxigênio. 
 
PLASMÓCITOS 
 Os plasmócitos são células originadas da diferenciação dos linfócitos B. Naquela forma, a célula é capaz de 
secretar anticorpos que agem como opsoninas para auxiliar o reconhecimento e fagocitose do microrganismo que 
persiste no estímulo nocivo. 
 O plasmócito representa uma das principais células da inflamação crônica. Seu núcleo é excêntrico (chamado 
pelos citologistas como em roda de carroça), com citoplasma basófilo e um complexo de Golgi bastante desenvolvido 
que aparece nos cortes histológicos como um halo claro próximo ao núcleo. 
 É muito comum nas conhecidas osteomielites crônicas. 
 
EOSINÓFILOS 
 Os eosinófilos são abundantes nas reações imunológicas mediadas pela IgE e nas infecções parasitárias. Eles 
possuem grânulos que contêm proteína básica principal, uma proteína altamente catiônica que é tóxica para os 
parasitas mas também causa lise das células epiteliais dos mamíferos. 
 
MASTÓCITOS 
 Os mastócitos estão amplamente distribuídos no tecido conjuntivo e participam tanto da reação inflamatória 
aguda quanto da crônica. Elas expressam na superfície o receptor que liga a porção Fc da IgE (FcεRI). Nas reações 
agudas, a IgE ligada aos receptores Fc das células reconhece os antígenos de maneira específica e as células sofrem 
desgranulação e liberam mediadores, como a histamina e os produtos da oxidação do ácido araquidônico. Esse tipo de 
resposta ocorre durante as reações anafiláticas a alimentos, picada de insetos ou drogas. 
 
OBS3: Cortes histológicos mostrando a inflamação crônica pulmonar apresentam diferenças claras entre cortes 
mostrando a inflamação aguda pulmonar. Na primeira, demonstra-se algumas características histológicas: (1) coleção 
de células crônicas; (2) destruição do parênquima (os alvéolos normais são substituídos por espaços revestidos de 
epitélio cubóide); (3) substituição por tecido conjuntivo; (4) o interstício torna-se mais espesso, com proliferação de 
fibroblastos que liberam colágeno (ganhando características histológicas de órgãos linfóides). Já na segunda, ou seja, 
na inflamação aguda (broncopneumonia aguda), vê-se que os neutrófilos enchem os espaços alveolares e os vasos 
sanguíneos estão congestionados. 
OBS4: A pneumonia intersticial pelo vírus Influenza e a sinovite crônica da artrite reumatóide são exemplo de 
processos inflamatórios que já se iniciam com aspecto crônico, sem ser necessário a instalação prévia de inflamação 
aguda. 
OBS5: Imunidade humoral x Imunidade celular: 
• Imunidade humoral: tipo de resposta imune adquirida cujos anticorpos produzidos estão localizados livres no 
plasma. A função deste tipo de resposta é a mesma desempenhada pelos anticorpos: neutralização do 
antígenos (ligação íntima do anticorpo com o antígeno fazendo com que este perca sua constituição espacial 
elementar, eliminando a sua antiga afinidade por um receptor alvo), opsonização (facilitação da fagocitose), 
citotoxicidade dependente de anticorpo e ativação do sistema complemento (responsável por realizar a lise de 
microrganismos, fagocitose de microrganismos opsonizados com fragmentos do complemento e inflamação), 
sendo este ativado mediante o anticorpo ou não. 
• Imunidade celular: A imunidade mediada por células (IMC) é a função efetora dos linfócitos T e atua como um 
mecanismo de defesa contra os microrganismos que sobrevivem dentro dos macrófagos ou que infectam 
células não-fagocíticas. Assim como a resposta humoral, a resposta celular é um tipo de imunidade específica 
(imunidade

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