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P R O F E S S O R E D G A R D A U D O M A R M A R X N E T O N O V E M B R O D E 2 0 1 3 ALIMENTOS CAUSA JURÍDICA • Parentesco • Casamento ou união estável CAUSA JURÍDICA ALIMENTOS NO DIREITO DE FAMÍLIA: tratamento indistinto quanto à origem: Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. “O legislador de 2002 não se preocupou em distinguir os alimentos se originários das relações de parentesco, como aqueles destinados aos descendentes ou ascendentes ou do rompimento da sociedade conjugal ou da extinção da união estável". (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2009, v. 5, p. 529). NECESSIDADE X POSSIBILIDADE Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los sem desfalque do necessário ao seu sustento. NECESSIDADE = não ter bens suficientes E não poder prover o próprio sustento. POSSIBILIDADE = poder fornecê-los sem o desfalque do necessário ao próprio sustento. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO • Necessidade • Possibilidade • Proporcionalidade CÓDIGO CIVIL Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia ALIMENTOS TRANSITÓRIOS Para ex-cônjuge: EMENTA: SEPARAÇÃO JUDICIAL. ALIMENTOS PARA A EX- ESPOSA. TEMPORARIEDADE.- A pensão alimentícia para a ex-mulher, ainda jovem, deve ser concedida por tempo razoável para que a mesma possa se inserir no mercado de trabalho, pois, "o instituto dos alimentos foi criado para socorrer os necessitados, e não para fomentar a ociosidade ou estimular o parasitismo. Eles se dão "pietatis causa, ad necessitatem", não "ad utilitatem", e, muito menos, "ad voluptatem". (TJMG - 6ª CÂMARA CÍVEL - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0145.04.155555-1/002 - Relator: Des. ERNANE FIDÉLIS - Data do julgamento: 25.10.2005) Para filha: APELAÇÃO CÍVEL – FILHA – MAIORIDADE – CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL – EXERCÍCIO DA PROFISSÃO CONDICIONADO À REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO, PELO PERÍODO DE SEIS MESES – FIXAÇÃO DE ALIMENTOS TRANSITÓRIOS – CESSAÇÃO FUTURA DO ENCARGO ALIMENTAR – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA PLEITEADA NAS RAZÕES RECURSAIS (TJMG – Apelação Cível n. 1.0079.04.175002-1/002, 2ª Câmara Cível, Rel. Des. Brandão Teixeira, j. 04/08/2009) ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES • Dever recíproco entre os cônjuges • Não decorrente do parentesco • Independe de o regime de bens • Não configuração da obrigação no casamento inexistente CASAMENTO NULO OU ANULÁVEL • Alimentos até trânsito em julgado da anulatória • Casamento putativo • Obrigação subsiste para cônjuge de má fé (Washington de Barros e Sílvio Rodrigues) • Extinção com trânsito em julgado da anulatória RUPTURA DA “COMUNIDADE CONJUGAL” • Sob o mesmo teto • Inadimplemento da obrigação de assistência • Cabimento excepcional de pedido de alimentos SEPARAÇÃO DE FATO • Animus revertendi • Abandono do lar e culpa • Princípio da ruptura A QUESTÃO DA CULPA Art. 1.694. (...) §1º. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. DECISÃO DO TJMG ANTES DA EC 66, SEM DISCUTIR CULPA: ANÁLISE DO CASO CONCRETO E PROPORCIONALIDADE EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA. SEPARAÇÃO. LITIGIOSA. CULPA. PARTILHA DE BENS. ALIMENTOS. Entende-se que nos dias atuais já se mostra de grande consideração a irrelevância de se aferir CULPA na separação judicial. Para que discutir CULPA, se o amor, o respeito, o carinho, a admiração e a fidelidade que nutriam o casal se perdeu na rotina da convivência. Além de não ter sentido, é totalmente desnecessário quando demonstrada a insuportabilidade da vida conjugal. É facultado ao magistrado remeter as partes para as vias ordinárias, se constatado o conflito quanto à partilha, podendo estas a qualquer tempo, requerer, em juízo de família sucessivo, a partilha dos bens com espeque na legislação pertinente. O critério objetivo para a fixação da pensão alimentícia, que deve ser livremente apreciado pelo julgador de acordo com as peculiaridades do caso concreto e o princípio da proporcionalidade, busca o equilíbrio entre as necessidades do alimentado e a capacidade econômica do al imentante. (TJMG - 5ª CÂMARA CÍVEL - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0694.08.045139-6/001 – Rel. DESª. MARIA ELZA – j. 11/02/2010) PRINCÍPIO DA RUPTURA NA SEPARAÇÃO ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 66: LEADING CASE DO STJ O abandono da discussão de culpa na dissolução da s o c i e d a d e c o n j u g a l , b a s t a n d o c o n f i g u r a r - s e a insuportabilidade da vida em comum já havia sido consagrado no STJ, desde 2002: SEPARAÇÃO. Ação e reconvenção. Improcedência de ambos os pedidos. Possibilidade da decretação da separação. Evidenciada a insuportabilidade da vida em comum, e manifestado por ambos os cônjuges, pela ação e reconvenção, o propósito de se separarem, o mais conveniente é reconhecer esse fato e decretar a separação, sem imputação da causa a qualquer das partes. Recurso conhecido e provido em parte. (STJ. Quarta Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, REsp 467184/SP, j. 05/12/2002) EMENDA CONSTITUCIONAL N. 66/2010 E A EXTINÇÃO OU MANUTENÇÃO DA SEPARAÇÃO NO TJMG PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N°1.0220.08.010761-2/001, Rel. Des. ALBERTO VILAS BOAS, j. 28/06/2011): Em relação à parte da sentença que imputou ao réu a culpa pela separação, é cediço que deve prevalecer a saudável tendência de se adotar a separação conjugal pelo princípio da ruptura objetiva do matrimônio à apuração da motivação causal da separação judicial, ainda mantida pelo legislador. Saliento, por necessário, que por medida de economia processual, determinei, nesta instância recursal e em duas ocasiões distintas (f. 263 e 267), a intimação das partes para se manifestarem sobre o interesse de se divorciarem em face da superveniência da EC n. 66/2010, que deu nova redação ao art. 226, § 6º, da CR. Como somente a varoa se pronunciou quanto a sua vontade de se divorciar do varão (f. 277/278), tendo este se mantido silente sobre o tema nas duas ocasiões, entendo não ser possível a decretação do divórcio nestes autos, pois coaduno da tese que a EC n. 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial; apenas a eliminou como requisito do divórcio a separação judicial. 2ª CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N°1.0028.10.001401-9/001, REL. DES. AFRÂNIO VILELA, REL. DO ACÓRDÃO DES. RONEY OLIVEIRA, J. 22/03/2011) EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA - Ação de Separação Litigiosa proposta antes do adventoda EC nº 66/2010, que deu nova redação ao §6º do art. 226, da CF. Citação e audiência realizadas quando já em vigor o novo e simplificado divórcio, imotivado e com dispensa dos prazos de separação de fato ou de direito. Convivência da nova ordem constitucional com a antiga separação, ainda não escoimada da legislação civil e processual civil. Possibilidade de a separação, após a citação, ser convertida em divórcio direto, via emenda conjunta dos cônjuges à inicial, ou por mútuo consenso, reduzido a termo em audiência preliminar de conciliação, em que foi prolatada, pelo juiz, decisão homologatória do acordo de conversão. Sentença confirmada. Recurso a que se nega provimento. 2ª CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N°1.0028.10.001401-9/001, REL. DES. AFRÂNIO VILELA, REL. DO ACÓRDÃO DES. RONEY OLIVEIRA, J. 22/03/2011) V.V. APELAÇÃO CÍVEL - SEPARAÇÃO JUDICIAL - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 6 6 / 2 0 1 0 - A B O L I Ç Ã O D O I N S T I T U T O - I N O C O R R Ê N C I A - DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO DO TEMA - LIBERDADE DE REGULAMENTAÇÃO PELO LEGISLADOR ORDINÁRIO - DIVÓRCIO - DECRETO DIRETO - ARTIGO 1580 DO CC - LAPSO TEMPORAL - INOBSERVÂNCIA - SENTENÇA REFORMADA. A emenda constitucional nº: 66/2010 não aboliu a separação judicial do ordenamento jurídico pátrio, limitando-se à desconstitucionalização do tema, conferindo ao legislador ordinário liberdade para sua regulamentação, em consonância com os reclamos da sociedade pós-moderna. Deve ser reformada a sentença que converte a ação de separação judicial em divórcio, sem observância do lapso temporal exigido pelo artigo 1580 do Código Civil. (Des. Afrânio Vilela) 3ª CÂMARA CÍVEL: (AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 1.0702.10.044765-6/001, REL. DES. ALBERGARIA COSTA, J. 13/01/2011) AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. CONVERSÃO DA AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL EM DIVÓRCIO. POSSIBILIDADE. NOVA ORDEM JURÍDICA. EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 66. Após a Emenda Constitucional n.º 66 de 2010, a dissolução conjugal opera-se com o divórcio, sem que seja necessária a prévia separação judicial por mais de um ano ou a comprovada separação de fato por mais de dois anos.E inexistindo oposição dos cônjuges, cabível a conversão da ação de separação judicial em divórcio pelo magistrado, de forma a regularizar a situação perante a nova ordem constitucional, em nome da economia processual e instrumentalidade das formas.Recurso conhecido e não provido. 4ª CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N°1.0487.06.021825-1/001, REL. DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES, J. 20/01/2011) Apelação Cível - Direito de Família - Separação Judicial Litigiosa - Conversão em Divórcio - Emenda Constitucional nº 66/2010 - Possibilidade - Regime de Comunhão Parcial - Artigos 1.658 e 1.659 do Código Civil - Bens Adquiridos Após a Separação de Fato - Incomunicabilidade - Litigância de Má-Fé - Não Configurada.- Embora permaneçam, ainda, no Código Civil, alguns dispositivos que tratam da separação judicial (artigos 1.571 e 1.578), a partir da edição da Emenda Constitucional nº 66/2010, não há mais a possibilidade de se buscar o fim da sociedade conjugal por meio deste instituto, mas, tão somente, a dissolução do casamento pelo divórcio.- Verificando que o bem objeto do litígio foi adquirido após a separação de fato do casal, e, considerando o disposto nos artigos 1.658 e 1.659 do Código Civil, que tratam do regime da comunhão parcial de bens, não há que se falar em partilha.- O abuso do direito de demandar resta configurado, apenas, quando patente a vontade de causar prejuízo à parte contrária. 4ª CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N°1.0295.08.021505-2/001, REL. DES. HELOISA COMBAT, J. 31/03/2011). APELAÇÃO CÍVEL - SEPARAÇÃO JUDICIAL - DECLARAÇÃO DE CULPA - AUSÊNCIA DE INTERESSE JURÍDICO - ROMPIMENTO DA VIDA EM COMUM - PARTILHA DE BENS - MOMENTO POSTERIOR - POSSIBILIDADE - ALIMENTOS - AUSÊNCIA DE PEDIDO EM MOMENTO OPORTUNO.- Caracterizada a hipótese de separação judicial autorizada pelo art. 1572, § 1º do CCB/02, estando demonstrada a impossibilidade de manutenção da vida em comum, descabe a declaração de culpa de um dos consortes pelo rompimento do vínculo. O reconhecimento da culpa, no caso concreto, não acarretará qualquer benefício para o cônjuge supostamente inocente, inexistindo interesse jurídico nesse provimento.- A separação judicial pode ser decretada sem que ocorra a partilha dos bens que, diante da existência de controvérsia sobre a delimitação do patrimônio, pode ser postergada para momento posterior à sentença.- Recurso não provido. Obs. Voto da Des. Combat: “Inicialmente destaco que tenho externado entendimento segundo o qual o instituto da separação continue válido após o advento da EC nº 66/10, como uma alternativa para aqueles que não pretendam a dissolução do vínculo matrimonial, mas apenas o fim da sociedade conjugal e que, por motivos pessoais, simplesmente não optem pelo divórcio ou vislumbrem a possibilidade de reconciliação; é incontestável que a alteração constitucional passou a permitir o divórcio direto, sem estabelecimento de qualquer requisito para tanto. 5ª CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N°1.0515.08.034477-0/001, REL. DES. MAURO SOARES, J. 25/08/2011). DIREITO DE FAMÍLIA. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 66/2010. APLICABILIDADE IMEDIATA. ALIMENTOS. CRITÉRIOS FIXAÇÃO. Com o advento da emenda constitucional n. 66/2010, o sistema dual (separação e divórcio) de rompimento do vínculo legal da sociedade conjugal, de matizes indiscutivelmente religiosas, foi suplantado em nosso ordenamento, cedendo espaço ao sistema único, mais condizente com o Estado laico aqui adotado. Deste modo, data vênia às posições contrárias, a partir da modificação supra foi extirpada de nosso ordenamento a figura da separação, existindo, tão somente, o divórcio, que não mais apresenta como requisito prévio a separação de fato por mais de 2 (dois) anos ou a decretação da separação judicial. Destarte, considerando-se tais assertivas e em atendimento aos princípios da celeridade e da economia processual, deve ser decretado o divórcio, ainda que o pedido inicial da ação seja de separação, posto que as normas constitucionais são autoaplicáveis. O critério jurídico para se fixar o montante que deve ser pago a título de pensão alimentícia é a conjugação proporcional e razoável da possibilidade econômica do requerido e da necessidade do requerente, nos termos do que prescreve o artigo 1.694 do Código Civil de 2002. Neste diapasão, demonstrada a necessidade da requerente e a capacidade dos obrigados, hão de serem fixados os alimentos proporcionalmente. 6ª CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N°1.0024.10.150966-9/001, REL. DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS, J. 19/07/2011) EMENTA: A regra trazida ao nosso ordenamento jurídico pela EC nº. 66/2010 não tem o condão de revogar as disposições legais que tratam da separação e da separação de corpos, não obstante não se possa negar que, realmente, esse último instituto tenha, de fato, perdido algumas de suas implicações a partir da vigência daquela. - Sentença que não aprecia todos os pedidos formulados na inicial pelo autor é nula pelo vício de ser infra petita. • 7ª CÂMARA CÍVEL: (TJMG - REL. DES. WANDER MAROTTA – APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0672.07.245243-2/004 - J. 31/01/2012) DIVÓRCIO CONSENSUAL - PROVA DE CULPA IRRELEVANTE NO CASO CONCRETO - FIXAÇÃO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA. Com o advento da Emenda Constitucional nº 66, em vigor a partir de 14/7/2010, suprimiram-se as disposições sobre a separação judicial, tornando inócua, em princípio, a discussão sobre o preenchimento do requisito temporal ou da culpa de um dos cônjuges para a decretação do divórcio, embora possa ser considerada na fixação ou deferimento de pensão alimentícia. Os alimentos devem ser arbitrados com razoabilidade,observados os mesmos parâmetros estabelecidos para sua fixação, ou seja, as possibilidades do alimentante e as necessidades do alimentando, valendo destacar que a obrigação de sustentar os filhos cabe a ambos os pais na medida de suas possibilidades. Em se tratando de pensão alimentícia é imprescindível que seja observada não apenas possibilidade econômica do alimentante, mas, e ainda, a necessidade da alimentada. 8ª CÂMARA CÍVEL: (APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0699.08.086809-3/001, REL. DES. BITENCOURT MARCONDES, REL. P/ ACÓRDÃO DES. FERNANDO BOTELHO, J. 26/05/2011) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - SEPARAÇÃO JUDICIAL - DIVÓRCIO - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 66/10. 1 - Este novo direito, ainda que incidental ao presente julgamento, não produz ausência de direito, razão porque não me parece, respeitosamente, que o pedido fático do caso presente incorra em impossibilidade jurídica, a desmerecer enfrentamento meritório. 2 - Indispensável a aplicação meritória da Emenda Constitucional nº 66 ao caso presente, o que obriga análise, de fundo, do recurso interposto, nos termos, exatamente, do art. 462/CPC. V.V.P. APELAÇÃO CÍVEL. SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA. PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 66/10. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA IMEDIATA. CARÊNCIA SUPERVENIENTE DA AÇÃO. OFERTA DE ALIMENTOS. BINÔMIO ALIMENTAR. MANUTENÇÃO. EXTINGUIR, DE OFÍCIO, A AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL C/C PARTILHA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. I - A separação judicial não é mais possível em nosso ordenamento jurídico devido à promulgação da Emenda Constitucional nº 66/10, norma de eficácia imediata, razão pela qual deve ser extinta a ação, por impossibilidade jurídica superveniente da demanda. II - Não obstante a extinção da ação de separação e, via de consequência, prejudicada a partilha de bens do casal, o mesmo não acontece em relação à oferta de alimentos, considerando a existência do cúmulo objetivo de ações. II - Respeitado o binômio necessidade/possibilidade, o valor fixado em sentença deve ser mantido, porquanto atende às necessidades do alimentando e às possibilidades de quem tem o dever alimentar. INTUITU PERSONAE X FAMILIAE • Direito de acrescer POR ESCRITURA PÚBLICA • Mesma eficácia da decisão judicial DIVÓRCIO E ALIMENTOS NO TJMG (ANTES DA EC 66/2010) EMENTA: AÇÃO DE ALIMENTOS. DIVÓRCIO. ROMPIMENTO DO VÍNCULO. DESCABIMENTO DO PEDIDO DE VERBA ALIMENTAR. DIREITO NÃO RESSALVADO. Findo o casamento, com o rompimento dos vínculos legais entre os cônjuges pelo divórcio, e inexistindo qualquer ressalva na separação judicial ou na conversão em divórcio quanto aos alimentos, rompidos ficam todos os liames entre os cônjuges, marido e mulher - que não são parentes - não subsistindo assim o dever de mútua assistência própria do casamento. Daí que, independente da possibilidade ou não de dispensa ou renúncia aos alimentos, não tem a ex-mulher legitimidade para reclamar do ex-marido o pagamento de pensão alimentícia. Recurso provido. (Número do processo: 1.0687.06.043698-1/001(1), Relator: Des. JOSÉ FRANCISCO BUENO, j. 28/05/2009) EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA - ALIMENTOS - DIVÓRCIO DIRETO - ROMPIMENTO DE TODOS OS VÍNCULOS ENTRE OS CÔNJUGES - DESCABIMENTO DO PEDIDO - RECURSO IMPROVIDO. Decretado o divórcio, opera-se o rompimento dos vínculos legais entre os cônjuges, descabendo à mulher receber alimentos se tal direito não veio estipulado ou ressalvado na separação judicial ou na conversão em divórcio. (Número do processo: 1.0456.06.040573-9/001(1), Relator: Des. CARREIRA MACHADO, j. 10/06/2008) DIVÓRCIO E ALIMENTOS NO TJMG (APÓS A EC 66/2010) DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO DE ALIMENTOS - PRETENSÃO FORMULADA POSTERIORMENTE A EXTINÇÃO DO VÍNCULO CONJUGAL - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1 - A extinção do vínculo conjugal põe fim ao dever de assistência mútua existente entre os cônjuges, implicando, assim, improcedência da pretensão alimentar pleiteada pela ex-esposa tão somente após o divórcio. 2 - Recurso não provido. (8ª CÂMARA CÍVEL - Rel. Des. EDGARD PENNA AMORIM - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0313.07.230486-5/001 – j. 27/01/2011) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE ALIMENTOS - DIVÓRCIO ANTERIOR AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO - PROVA - CESSAÇÃO DO DEVER DE MÚTUA ASSISTÊNCIA - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL - PROVIMENTO. (5ª CÂMARA CÍVEL - Rel. Des. BARROS LEVENHAGEN - APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0153.08.076286-4/001 – j. 13/01/2011) 6ª CÂMARA CÍVEL , Rel. Des. Antônio Sérvulo, APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0701.09.284555-4/001, j. 29.06.2010. ALIMENTOS ENTRE EX- CÔNJUGES: PARA O STJ, EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIOS 16/09/2012 A emancipação da mulher pode ser considerada uma das maiores conquistas sociais dos últimos tempos. A Constituição de 1988 trouxe para a prestação de alimentos entre cônjuges e companheiros o reflexo da nova sociedade, em que a mulher ganhou isonomia de tratamento e maior espaço para sua independência financeira. Antes confinada às tarefas domésticas, a mulher passou a exercer, com liberdade e independência, papéis- chave na sociedade. O artigo 1.694 do Código Civil de 2002 estabelece a obrigação recíproca (podendo recair tanto sobre homens quanto sobre mulheres), observando-se para sua fixação a proporção das necessidades daquele que pede e dos recursos do que é obrigado – o chamado binômio necessidade-possibilidade. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem dado atenção à questão dos alimentos para ex- cônjuges, considerando a obrigação uma exceção à regra, incidente apenas quando configurada a dependência do outro ou a carência de assistência alheia. Quando ainda era outra a sociedade brasileira, a legislação assegurava alimentos em qualquer circunstância. A pensão alimentar aparecia obrigatoriamente nos processos de desquite e, depois de 1977, nas separações e divórcios. No processo, buscava-se até mesmo o responsável pelo fracasso do casamento. E isso era determinante na fixação do valor dos alimentos. “A mulher da atualidade não é mais preparada culturalmente apenas para servir ao casamento e aos filhos, mas tem consciência de que precisa concorrer no mercado de trabalho e contribuir para a manutenção material da família.” A análise é do advogado e professor de direito de família Rolf Madaleno. Diretor nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), ele afirma que doutrina e jurisprudência vêm construindo entendimento de que os alimentos entre cônjuges são cada vez mais raros. No STJ, muitos precedentes são claros ao definir que os alimentos devidos entre ex-cônjuges serão fixados por tempo certo, a depender das circunstâncias fáticas próprias da hipótese sob discussão. Em 2008, a Terceira Turma consolidou a tese de que, “detendo o ex-cônjuge alimentando plenas condições de inserção no mercado de trabalho, como também já exercendo atividade laboral, quanto mais se esse labor é potencialmente apto a mantê-lo com o mesmo status social que anteriormente gozava ou, ainda, alavancá-lo a patamares superiores, deve ser o alimentante exonerado da obrigação” (REsp 933.355). Prazo certo O raciocínio dos julgadores do STJ é o da efetiva necessidade e conspira contra aqueles que, mesmo exercendo ou tendo condições de exercer atividade remunerada, insistem em manter vínculo financeiro em relação ao ex-cônjuge, por este ter condição econômica superior à sua. Ao julgar um recurso oriundo do Rio de Janeiro, em 2011, a Terceira Turma reafirmou que o prazo fixado para o pagamento dos alimentos deve assegurar ao cônjuge alimentando tempo hábil para sua inserção, recolocação ou progressão no mercado de trabalho, que lhe possibilite manter pelas próprias forças status social similar ao período do relacionamento (REsp 1.205.408).No STJ, o recurso era do ex-marido. Ele queria a exoneração da obrigação de pagar quatro salários mínimos à ex-mulher, que já se prolongava por dez anos. Para tanto, argumentou que passou a viver nova união, em que foi gerada uma filha com necessidade de cuidados especiais (síndrome de Down), o que lhe exigia maior capacidade financeira. Disse, também, que a ex-mulher era arquiteta autônoma e que não precisaria do recebimento de pensão para sobreviver. Necessidade-possibilidade Ao avaliar o caso, a ministra Nancy Andrighi reconheceu a possibilidade de os valores dos alimentos serem alterados, ou a obrigação extinta, ainda que não houvesse mudança na situação econômica dos ex-cônjuges. Não sendo os alimentos fixados por determinado prazo, o pedido de desoneração, total ou parcial, poderá dispensar a existência da variação necessidade-possibilidade, quando demonstrado o pagamento de pensão por período suficiente para que o alimentando reverta a condição desfavorável que detinha, no momento da fixação desses alimentos. Trata-se, portanto, de alimentos temporários. Para a ministra, o alimentando não pode deixar de agir e deixar ao alimentante a obrigação eterna de sustentá-lo. “Decorrido esse tempo razoável, fenece para o alimentando o direito de continuar recebendo alimentos, pois lhe foram asseguradas as condições materiais e o tempo necessário para o seu desenvolvimento pessoal, não se podendo albergar, sob o manto da Justiça, a inércia laboral de uns, em detrimento da sobrecarga de outros”, advertiu a ministra. A Turma decidiu desonerar o ex-cônjuge da obrigação e condenou a ex-mulher ao pagamento de custas e honorários. Obrigação perene No mesmo julgamento, a ministra Andrighi, advertiu, no entanto, que a obrigação é perene quando a incapacidade para o trabalho for permanente ou quando se verificar a impossibilidade prática de inserção no mercado de trabalho. Aí incluídas as hipótese de doença própria ou quando, em decorrência de cuidados especiais que algum dependente comum sob sua guarda apresente, a pessoa se veja impossibilitada de trabalhar. Tempo hábil Naquela sessão, processo similar foi decidido com base no mesmo entendimento, a fim de exonerar ex- marido de pensão paga por mais de dez anos. Ele sustentava que tinha se casado novamente e que assumira a guarda do filho em comum. Disse que a ex-mulher trabalhava como funcionária pública, com renda média de R$ 3 mil. Na sentença, o pedido foi negado. A segunda instância também entendeu que não houve variação negativa na condição econômica do ex-marido e negou o recurso. “Não se evidencia a existência de uma das exceções à regra da temporalidade dos alimentos devidos a ex- cônjuge, que são a impossibilidade prática de inserção no mercado de trabalho ou a incapacidade física ou mental para o exercício de atividades laborais”, afirmou a ministra Andrighi. A Turma concluiu que a ex-esposa teve “tempo hábil para que melhorasse sua condição socioeconômica” e atendeu ao recurso do ex-marido (REsp 1.188.399). Para o professor Rolf Madaleno, é difícil imaginar que uma pessoa vá enriquecer recebendo apenas uma pequena percentagem daquilo que o outro precisa na íntegra para sua subsistência (em geral, de 15% a 20%). “No entanto, o enriquecimento sem causa está presente quando efetivamente a pessoa que ganha pensão alimentícia já está trabalhando ou formou novo relacionamento e ainda assim segue percebendo os alimentos”, explica. Exoneração Nesses casos, deve ser proposta ação de exoneração de alimentos. A Terceira Turma também já enfrentou o tema e definiu que a sentença que extingue a obrigação não retroage à data da citação. O caso, de Minas Gerais, foi julgado em 2008. O relator, ministro Sidnei Beneti, entendeu que efeitos da ação de exoneração de alimentos apenas têm incidência a partir do trânsito em julgado da decisão (REsp 886.537). A decisão favoreceu a ex-mulher, que pediu judicialmente o pagamento de alimentos atrasados, no total de R$ 5 mil. O ex- marido opôs embargos à execução alegando que, como ele estava desempregado e não recebia mais salário, não poderia pagar a pensão. Além disso, argumentou que, em agosto de 1998, ingressou com ação de exoneração de alimentos e o pedido foi julgado procedente, desobrigando-o do pagamento. O tribunal estadual deu razão ao ex-marido, mas ela recorreu ao STJ. Segundo o relator, no caso da ação de exoneração não houve notícia de liminar ou antecipação de tutela que liberasse o ex- marido do dever de pagar as prestações de pensão alimentícia. Em diversos precedentes, o STJ também definiu que a desoneração da obrigação de alimentos não pode ser pedida por meio de habeas corpus, mas em ação própria. “A obrigação alimentar, sua redução ou desoneração não podem ser discutidas no âmbito do habeas corpus; só no juízo cível, mediante ação própria, é possível fazê-lo”, afirmou o ministro Ari Pargendler no julgamento do RHC 21.514, em 2007. A falta de pagamentos de obrigação alimentar é causa de prisão civil do devedor. Desaparecimento da necessidade Em seu Curso de Direito de Família, o professor Rolf Madaleno explica que a falta do exercício da ação de cobrança das prestações vencidas e não pagas não importa na automática exoneração do direito alimentar. O professor admite, no entanto, que o fato pode representar forte indicativo do desaparecimento da necessidade alimentar do credor. “Não é crível que possa o credor deixar de cobrar os alimentos essenciais à sua sobrevivência, devendo a discussão acerca da manutenção dos alimentos ser aferida em demanda específica de revisão ou de exoneração alimentar”, diz ele. Em 2011, ao julgar o HC 187.202, a Terceira Turma afastou a possibilidade de prisão de um homem executado pela ex- mulher por dívidas de alimentos. A relatora, ministra Andrighi, constatou que o direito não foi exercitado ao longo de mais de 30 anos. “A necessidade não se mostra tão premente assim”, concluiu. Em 1987, o casal havia firmado acordo de partilha pelo qual a ex-mulher renunciaria aos alimentos com o pagamento de certa quantia, pelo ex-marido. No período de mais de 20 anos, houve vários pagamentos que alcançariam a quantia de R$ 1.660.900. Considerando que a obrigação do acordo não havia sido integralmente cumprida, a mulher ajuizou ação de cobrança de alimentos. A ministra destacou que “não se pode deixar de considerar que a credora de alimentos, além de receber substanciais valores a título de cumprimento de acordo de partilha de bens e renúncia de alimentos”, fez a cobrança da pensão alimentícia após mais de 30 anos de inércia. A relatora ainda ressaltou que a discussão sobre a manutenção dos alimentos não poderia ser feita em habeas corpus. Benefícios indiretos O artigo 1.708 do Código Civil de 2002 diz que “com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos”. Seguindo essa norma, a Terceira Turma desobrigou um homem de pagar despesas de IPTU, água, luz e telefone de imóvel habitado pelos seus filhos e pela ex-mulher, que já vivia com novo companheiro (REsp 1.087.164). Na origem, o ex-marido pediu a exoneração do pagamento de alimentos à ex-esposa. O Tribunal local atendeu ao pedido, mas manteve a obrigação de pagamento das despesas da casa. No STJ, o recurso atacou esse ponto. A ministra Andrighi ponderou que “a desoneração de alimentos prestados a ex-cônjuge, por força da constituição de novo relacionamento familiar da alimentada, abrange tanto os alimentos pagos em dinheiro como aqueles prestados diretamente, por meio de utilidades ou gêneros alimentícios”. Os ministros entenderam que a beneficiária principal dos pagamentosera a proprietária do imóvel, sendo o benefício aos filhos apenas reflexo. “Os benefícios reflexos que os filhos têm pelo pagamento dos referidos débitos da ex-cônjuge são absorvidos pela obrigação materna em relação à sua prole, que continua a existir, embora haja pagamento de alimentos pelo pai”, afirmou a ministra, destacando que a obrigação de criar os filhos é conjunta. Renúncia Apesar de não constar expressamente em lei, está pacificado pela jurisprudência que os alimentos entre adultos (ex-cônjuges e ex-conviventes) são renunciáveis. O tema foi analisado em junho deste ano, quando a Terceira Turma, por maioria, definiu que não há direito à pensão alimentícia por parte de quem expressamente renunciou a ela em acordo de separação caracterizado pelo equilíbrio e pela razoabilidade da divisão patrimonial (REsp 1.143.762). No caso, uma mulher que renunciou formalmente aos alimentos teve rejeitado na Justiça paulista o direito de produzir provas de que havia recebido do ex-marido R$ 50 mil por um período de dez meses após a separação, até que ele cessou o pagamento. Ela reivindicava a continuidade porque, a seu ver, ao assumir o encargo, mesmo diante da renúncia, o ex-cônjuge teria desistido da liberação acordada. Contudo, o processo foi extinto, sem resolução de mérito, antes da fase de produção de provas. O juiz entendeu que, em razão de a mulher ter dispensado os alimentos, a interrupção do pagamento feito por liberalidade do ex-companheiro não lhe traria nenhum prejuízo. No STJ, o entendimento que prevaleceu foi o do ministro Massami Uyeda, que divergiu da relatora, ministra Andrighi. Afora a força jurídica da renúncia, feita por escritura pública, os fatos demonstrariam que a ex-companheira teve motivos suficientes para renunciar, pelo que recebeu na divisão patrimonial. E esses fatos – a renúncia e a razoabilidade do patrimônio recebido –, segundo Uyeda, tornavam dispensável o prosseguimento do processo, pois não poderiam vir a ser contestados. Alimentos transitórios Os chamados alimentos transitórios são largamente aplicados pela jurisprudência e recomendados pela doutrina, no sentido de assegurar a subsistência material por certo tempo e não mais, como era no passado, por tempo ilimitado. São cabíveis quando o alimentando for pessoa com idade, condições e formação profissional que lhe possibilitem a provável inserção (ou reinserção) no mercado de trabalho. A tese foi definida pela Terceira Turma no julgamento de outro recurso especial, analisado em 2010 (REsp 1.025.769). De acordo com o professor Rolf Madaleno, é prática jurisprudencial fixá-los por um ou dois anos ou até a partilha dos bens. “Existem estudos ingleses comprovando que uma mulher que deixa o mercado de trabalho em função do casamento precisa de dez anos para voltar a receber aquilo que recebia ao deixar de trabalhar”, conta. O ministro Marco Buzzi, integrante da Quarta Turma do STJ, em seu livro Alimentos Transitórios: uma obrigação por tempo certo, afirma que os alimentos são devidos apenas para que o alimentando tenha tempo de providenciar sua independência financeira. “Atualmente, não mais se justifica impor a uma das partes integrantes da comunhão desfeita a obrigação de sustentar a outra, de modo vitalício, quando aquela reúne condições para prover a sua própria manutenção”, pondera o ministro Buzzi. A conclusão foi a mesma da ministra Andrighi. Ao atingir a autonomia financeira, “o ex- cônjuge se emancipará da tutela do alimentante – outrora provedor do lar –, que será então liberado da obrigação, a qual se extinguirá automaticamente”. O processo teve origem em Minas Gerais. O casamento durou cerca de 20 anos e, para embasar o pedido de alimentos, a ex-esposa alegava ter deixado seu emprego a pedido do marido, médico, que prometera proporcionar-lhe elevado padrão de vida. Considerando que a ex-mulher tinha 51 anos e era apta ao trabalho, a segunda instância definiu a pensão alimentícia pelo prazo de dois anos, contados do trânsito em julgado, sem adotar índice algum de atualização monetária. No STJ, ela pretendia afastar o prazo predeterminado da pensão mensal e instituir o reajuste das parcelas pelo salário mínimo. Autossustento A ministra relatora refletiu sobre a dificuldade do julgador de avaliar a real necessidade dos alimentos. Para ela, há um “fosso fático entre a lei e o contexto social”, que exige do juiz a análise de todas as circunstâncias e peculiaridades no processo, para concluir pela capacidade ou não de autossustento daquele que pleiteia alimentos. “A realidade social vivenciada pelo casal ao longo da união deve ser fator determinante para a fixação dos alimentos”, afirmou. A decisão estabeleceu também que, ao conceder alimentos, o julgador deve registrar expressamente o índice de atualização monetária dos valores. Diante da ausência dessa previsão no caso analisado, o STJ seguiu sua jurisprudência para fixar o valor em número de salários mínimos, convertidos pela data do acórdão. Fazendo menção à boa-fé objetiva, a relatora afirmou que a fixação de alimentos conforme especificada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais adota caráter motivador para que o alimentando busque efetiva recolocação profissional, e não permaneça indefinidamente à sombra do conforto material propiciado pelos alimentos prestados pelo ex-cônjuge, antes provedor do lar. Alimentos compensatórios O professor Madaleno destaca que a jurisprudência e a doutrina vêm construindo a figura jurídica dos alimentos compensatórios, cuja instituição é regulada em outros países e assegura alimentos para aquele cônjuge que trabalhe ou não, mas cujo padrão de vida pode sofrer brusca queda na comparação com o estilo de vida proporcionado durante o casamento pela maior remuneração do outro cônjuge. De acordo com o jurista, sua aplicação tem maior escala de incidência, em especial, nos regime de separação de bens e notadamente quando a esposa se dedicou exclusivamente à família, não tendo renda própria ou tendo renda que é insuficiente para manter seu status social. O STJ ainda não apreciou essa matéria. ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS: DOUTRINA BRASILEIRA FAVORÁVEL Maria Berenice Dias: “Produzindo o fim do casamento desequilíbrio econômico entre o casal, em comparação com o padrão de vida de que desfrutava a família, cabível a fixação de alimentos compensatórios. (...) Faz jus a tal verba o cônjuge que não perceber bens, quer por tal ser acordado entre as partes, quer em face do regime de bens adotado no casamento, que não permite a comunicação dos aquestos”. (Manual de Direito das Famílias. 8ª ed., São Paulo: RT, 2011, p. 548) Rolf Madaleno: “A finalidade da pensão compensatória não é a de cobrir as necessidades de subsistência do credor, como acontece com a pensão alimentícia regulamentada pelo artigo 1.694 do Código Civil e sim, corrigir o desequilíbrio existente no momento do divórcio, quando o juiz compara o status econômico de ambos os cônjuges e o empobrecimento de um deles em razão da dissolução da sociedade conjugal, podendo a pensão compensatória consistir em uma prestação única, por determinados meses ou alguns anos, como pode abarcar valores mensais e sem prévio termo final”. (Curso de Direito de Família. 4ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 956-957) ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS NA JURISPRUDÊNCIA: DECISÕES FAVORÁVEIS AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS. CABIMENTO. Considerando que os litigantes estão separados de fato e estando o requerido na posse exclusiva dos bens do casal, em especial do microônibus, detendo maior capacidade de exploração econômica,sendo ele quem, desde aquela data, usufrui do rendimento amealhado, mostra-se correta a fixação em favor da agravada de alimentos compensatórios, até que se efetive a partilha de bens. (TJRS – 8ª Câmara Cível – Agravo de Instrumento nº 70046238671 – Rel. DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL – j. 16.02.2012). AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL E PARTILHA. ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS. OBRIGAÇÃO EM VALOR FIXADO PELO JUÍZO A QUO PARA REMUNERAR A SEPARANDA EM DECORRÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO EXERCIDA PELO VARÃO. Correta a decisão que estabeleceu uma espécie de indenização provisória pela exploração do patrimônio comum enquanto não ultimada a partilha de bens, conforme precedentes da Corte. (TJRS - 8ª Câmara Cível – Agravo de Instrumento nº70034501189, Rel. Des. ALZIR FELIPPE SCHMITZ – j. 29.04.2010) ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS NA JURISPRUDÊNCIA: DECISÕES CONTRÁRIAS MANDADO DE SEGURANÇA. FAMÍLIA. ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO ATIVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. MÉRITO. - FUNÇÃO COMPENSATÓRIA DOS ALIMENTOS. MANUTENÇÃO DO PADRÃO SOCIAL DA VIDA CONJUGAL. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS PARA FINS TAIS. INDENIZAÇÃO POR USO EXCLUSIVO DE BENS COMUNS. DESVIRTUAMENTO DOS FINS DA VERBA ALIMENTAR. PRETENSÃO A SER BUSCADA POR MEIOS PRÓPRIOS. MAJORAÇÃO OPERADA INDEVIDAMENTE. - SEGURANÇA CONCEDIDA. (TJSC - Grupo de Câmaras de Direito Civil – Rel. Des. Henry Petry Junior - Mandado de Segurança n. 2011.038328-3 – j. 09.03.2012) EMENTA: Agravo de Instrumento. Ação de ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS entre excônjuges. Expedição de ofícios. Apuração da capacidade contributiva do alimentante. Manutenção. Prestação provisória arbitrada. Descabimento. O sigilo de informações bancárias e fiscais, que é regra, pode ser suspenso em ações da espécie, no interesse da apuração das possibilidades do devedor de ALIMENTOS. Segundo a orientação jurisprudencial, encerrado o vínculo jurídico entre os cônjuges pelo DIVÓRCIO, sem que tenha havido ressalva em torno da fixação de ALIMENTOS, não cabe à mulher posteriormente postular tal direito, especialmente quando não comprovada sua necessidade. Recurso provido em parte. (TJMG - 4ª CÂMARA CÍVEL – Rel. Des. Almeida Melo - AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL N° 1.0338.09.095931-7/001 – j. 21/10/2010) ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS NO DIREITO COMPARADO Os autores brasileiros se basearam (pelas referências bibliográficas em que se ampararam) na figura da prestación compensatoria, regulada pelo art. 97 do Código Civil espanhol, que determina, na ocasião do divórcio, seja compensada a perda de pretensões a pensões, mediante outros bens patrimoniais, criando-se uma espécie de compensação das expectativas de aposentadoria para o cônjuge que não trabalha e não receberá bens, por não haver aquestos a partilhar ou devido ao regime de separação escolhido pelas partes (LACRUZ, Berdyo, SANCHO, Rebullida. Derecho de Familia. Barcelona, 1982, p. 260). A prestación compensatoria do Direito Espanhol, por sua vez, inspirou-se na compensação de amparo (Wertausgleich von Anwartschaften oder Aussichten auf eine Versorgung), prevista no §1587 do BGB, que cuida da compensação das expectativas (Anwartschaften) e previsões (Aussichten) de obtenção de um amparo fundadas em idade e na incapacidade para o exercício da profissão ou incapacidade para o trabalho, do cônjuge sem capacidade laborativa, pelo período de duração do casamento e necessariamente estabelecida no momento do divórcio – nunca depois (CAMPOS, Míriam de Abreu Machado e. Família no Direito Comparado: divisão das expectativas de aposentadoria entre cônjuges. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 165 e passim). LEI 5.478/68 Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita. Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor. CÓDIGO CIVIL Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos. Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. EX-CÔNJUGE. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. ALTERAÇÃO DO BINÔMIO POSSIBILIDADE DO ALIMENTANTE E NECESSIDADE DO ALIMENTADO. COMPROVAÇÃO. SÚMULA 07 DO STJ. 1. "Em linha de princípio, a exoneração de prestação alimentar, estipulada quando da separação consensual, somente se mostra possível em uma das seguintes situações: a) convolação de novas núpcias ou estabelecimento de relação concubinária pelo ex-cônjuge pensionado, não se caracterizando como tal o simples envolvimento afetivo, mesmo abrangendo relações sexuais; b) adoção de comportamento indigno; c) alteração das condições econômicas dos ex-cônjuges em relação às existentes ao tempo da dissolução da sociedade conjugal" (REsp 111.476/MG, Rel. Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ 10.05.1999). 2. A verificação do binômio necessidade do alimentado/possibilidade do alimentante recai no revolvimento de material fático-probatório, procedimento incabível de ser feito na via especial, a teor da Súmula 07 desta Corte Superior. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1159453/DF, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 21/02/2011) • Restauração da pensão suspensa • Recuperação da pensão perdida ALIMENTOS ENTRE COMPANHEIROS ALIMENTOS ENTRE COMPANHEIROS • Do concubinato à união estável • A posição das uniões homoafetivas LEI 8.971/94 Art. 1º A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade. Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou viúva. LEI 9.278/96 Art. 7° Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência material prevista nesta Lei será prestada por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos. Parágrafo único. Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família. EMENTA: APELAÇÃO - UNIÃO ESTÁVEL - RECONHECIMENTO - PENSÃO ALIMENTÍCIA - AUSÊNCIA DE PROVAS DE SEUS PRESSUPOSTOS - ALIMENTOS INDEVIDOS - RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO "IN SPECIE". - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, traduzida na convivência pública, notória, contínua, duradoura e firmada com o objetivo de constituição de família. - A mulher perfeitamente apta para o trabalho, não faz jus ao recebimento de pensão alimentícia, máxima se não comprova sua dependência econômica em relação ao companheiro, haja vista não ser presumida a obrigação alimentar entre protagonista da união estável. (Apelação Cível 1.0024.11.202993-9/001, Rel. Des. (a) Belizário de Lacerda, 7ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 14/05/2013, publicação da súmula em 17/05/2013) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DE FAMÍLIA - DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL - ALIMENTOS - EX-COMPANHEIRA - DEVER DE ASSISTÊNCIA MÚTUA - PROVA DA NECESSIDADE - AUSÊNCIA - MULHER QUE SE ENCONTRAEM IDADE PRODUTIVA - FILHO MENOR - FIXAÇÃO - ATENDIMENTO AO TRINÔMIO "PROPORCIONALIDADE- POSSIBILIDADE-NECESSIDADE. 1. Os alimentos devidos pelo ex-cônjuge se baseiam no dever de "mútua assistência", que se prolonga para além do rompimento do vínculo conjugal, quando há fundada necessidade de quem os pleiteia, que, por motivos alheios a sua vontade, não possui condições de se manter por suas próprias expensas. 2. Incumbe, àquele que pleiteia a pensão alimentícia, a demonstração da necessidade, configurada na impossibilidade de arcar com sua própria subsistência (art. 333, I do CPC). 3. Mulher que se encontra em idade produtiva. Necessidade não comprovada. 4. Respeitada a proporcionalidade do encargo fixado em benefício do filho do casal, em observância às necessidades do alimentando e à possibilidade do alimentante, deve ser mantido o valor fixado em sentença. 5. Recursos não providos. (Apelação Cível 1.0701.11.018680-9/001, Rel. Des.(a) Áurea Brasil, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 25/04/2013, publicação da súmula em 03/05/2013) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL - DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DA EX-COMPANEHIRA COMPROVADA - ALIMENTOS JÁ FIXADOS EM AÇÃO PRÓPRIA - CONTINUIDADE DA SITUAÇÃO DE DEPENDENTE DO PLANO DE SAÚDE. - EX-COMPANHEIRA PORTADORA DE DOENÇA GRAVE (CÂNCER DE MAMA). - Comprovada a dependência econômica da ex-companheira, bem como que está acometida por doença grave, tem-se que deve ser mantida como dependente do autor, titular do plano de saúde. - Agravo retido não provido, uma vez não caracterizado o cerceamento de defesa. - Apelação não conhecida em parte. - Apelo parcialmente provido, na parte conhecida. (Apelação Cível 1.0035.10.014925-7/001, Rel. Des.(a) Heloisa Combat, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 25/04/2013, publicação da súmula em 30/04/2013) EMENTA: FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. SEPARAÇÃO APÓS QUATORZE ANOS DE CONVIVÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE PROVA OBJETIVA DE ATIVIDADE REMUNERADA DA EX-COMPANHEIRA. PENSÃO MENSAL DEVIDA. - Não se pode recusar alimentos provisórios à ex-companheira que conviveu com o agravante por mais de quatorze anos, especialmente quando não há prova idônea de que exerça atividade remunerada e que apta a permitir sua subsistência. V.V. AGRAVO DE INSTRUMENTO - ALIMENTOS PROVISÓRIOS - PEDIDO DE FIXAÇÃO - EX-COMPANHEIRA - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE PROVAS DA NECESSIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. Para a fixação dos alimentos não basta apenas demonstrar a condição positiva do alimentante, mas, também, a necessidade do alimentando. Deve ser mantida a decisão que indeferiu a fixação de verba alimentar à ex-companheira, em caráter provisório, quando ainda precárias as provas da real e efetiva necessidade da autora.> (Agravo de Instrumento Cv 1.0704.12.007738-0/001, Rel. Des.(a) Armando Freire, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 16/04/2013, publicação da súmula em 25/04/2013) MULHER QUE RENUNCIOU A ALIMENTOS NÃO CONSEGUE MANTER PENSÕES PAGAS POR LIBERALIDADE DO EX-COMPANHEIRO 15/06/2012 Não há direito à pensão alimentícia por parte de quem expressamente renunciou a ela em acordo de separação caracterizado pelo equilíbrio e pela razoabilidade da divisão patrimonial. O entendimento majoritário é da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para a qual essa circunstância impede o direito tanto na dissolução do casamento quanto no caso de união estável. Uma mulher que renunciou formalmente aos alimentos do ex- companheiro teve na Justiça paulista rejeitado o direito de produzir provas do recebimento de valores por dez meses após a separação. Ela reivindicava a continuidade dos pagamentos porque, a seu ver, ao assumir o encargo, mesmo diante da renúncia, ele desistiu da liberação acordada. O casal, que viveu junto por aproximadamente oito anos, desfez a união estável por escritura pública, em que foi dividido o patrimônio e registrada a renúncia expressa da mulher a alimentos. Mesmo assim, o ex-companheiro teria pago R$ 50 mil por dez meses, ditos como pensão, até o dia em que interrompeu o pagamento. A mulher entrou com ação para que a pensão voltasse a ser paga, apesar da renúncia. Sustentou que seu ex-companheiro havia reconhecido a obrigação de ajudá-la. Contudo, o processo foi extinto, sem resolução de mérito, antes da fase de produção de provas. O juiz entendeu que, em razão de a mulher ter dispensado os alimentos, a interrupção do pagamento pelo ex-companheiro não lhe traria nenhum prejuízo adicional. Inconformada, ela recorreu, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve a decisão, ao entendimento de que, no momento da separação, a mulher havia admitido que teria condições para o próprio sustento. Para o tribunal local, a liberalidade do homem ao fornecer pensão, mesmo sem necessitar, não o obriga a fazê-lo para sempre. Controvérsia No STJ, a relatora do recurso especial, ministra Nancy Andrighi – cuja posição ficou vencida –, destacou que o possível acordo verbal que teria resultado nos pagamentos não é o principal no caso. A afirmação foi feita pela mulher, mas negada pelo ex-companheiro, gerando controvérsia. As alegações não foram comprovadas nas outras instâncias, já que a sentença extinguiu o processo sem a resolução do mérito. A ministra afirmou que, em princípio, a renúncia impossibilita o pleito de novos alimentos. Quando a mulher renunciou ao recebimento, deixou de ter o direito de discutir a respeito da obtenção de novas pensões. “Mas não impossibilita que a parte a quem a renúncia beneficie os preste por liberalidade”, disse. O ex-companheiro podia conceder, por vontade própria, o benefício. Fosse durante alguns momentos de necessidade, fosse para sempre. “Tudo depende de prova”, destacou. Por outro lado, no entendimento da ministra, uma pessoa que perdeu o direito ao benefício, por algum motivo, pode recuperá-lo a partir de novo compromisso das partes, seja ele escrito, verbal ou pelo “comportamento reiterado das partes, que pela sua repetição venha a indicar uma intenção duradoura de instaurar uma nova relação jurídica”. Para a ministra Andrighi, o compromisso assumido voluntariamente pelo ex- companheiro, se comprovado, teria sido gerado por “boa-fé objetiva pós- contratual”. Ou seja, após a separação, a manutenção do pagamento mensal de R$ 50 mil, mesmo com a renúncia da mulher, seria, pelo menos em princípio, uma forma de amparar os interesses de ambos os parceiros. Ela entende ser possível chegar a essa conclusão a partir da “existência do comportamento reiterado, dos motivos desse comportamento, do seu conteúdo, da sua duração, das promessas a ele inerentes, enfim, de todas as circunstâncias fáticas dos pagamentos alegadamente feitos” pelo ex- companheiro. Segundo a ministra, é impossível afirmar o ocorrido sem que a mulher tenha o direito de comprovar suas alegações. Razão pela qual votou no sentido de permitir à mulher produzir a prova necessária. Entendimento vencedor O entendimento que prevaleceu, contudo, foi o do ministro Massami Uyeda, que divergiu da relatora. Ele, junto com os outros três ministros que integram a Terceira Turma, negou provimento ao recurso. Ao acompanhar a divergência, o ministro Sidnei Beneti destacou que, afora a força jurídica da renúncia, feita por escritura pública, os fatos demonstram que a ex-companheira teve motivos suficientes para renunciar, pelo que recebeu na divisão patrimonial. E esses fatos – a renúncia e a razoabilidade do patrimônio recebido –, a seu ver, tornavam dispensável o prosseguimento do processo, pois não poderiam vir a ser contestados. Qualquer fato subjacente a esses levaria ao fracasso do recurso, diante da incidência da súmula 7 doSTJ, segundo a qual não é permitida a reanálise de fatos e provas. Para a maioria dos ministros, também não houve ofensa aos dispositivos apontados como violados a permitir a análise do recurso pelo STJ. Segundo o entendimento divergente, em caso de renúncia a alimentos futuros, por escritura pública, que ponha fim a união estável, a orientação a ser seguida é a de extinção do processo sem julgamento do mérito. ALIMENTOS PARA OS FILHOS MENORES ALIMENTOS PARA OS FILHOS MENORES • Dever de sustento e obrigação alimentar • Alimentos gravídicos (Lei 11.804/2008) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO COM PRETENSÃO DE REVISÃO DE ALIMENTOS. FILHA MENOR. FIXAÇÃO DO MONTANTE. PROPORCIONALIDADE. CAPACIDADE DO ALIMENTANTE E NECESSIDADE DO ALIMENTADO. São devidos alimentos, nos moldes do art. 1695 do Código Civil, quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. Para a fixação de alimentos, o Magistrado deve avaliar os requisitos estabelecidos pela lei, considerando-se a proporcionalidade entre a necessidade do alimentando e a possibilidade de pagamento pelo requerido a fim de estabilizar as micro relações sociais. (Apelação Cível 1.0145.10.021925-5/004, Rel. Des.(a) Fernando Caldeira Brant, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 02/05/2013, publicação da súmula em 16/05/2013) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS - INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA E NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - FILHOS MAIORES DE IDADE - NECESSIDADE NÃO COMPROVADA - EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA - EX-CÔNJUGE - PESSOA IDOSA COM PROBLEMAS DE SAÚDE - PERCEPÇÃO DE RENDIMENTOS PARCOS - IMPOSSIBILIDADE EM PROVER A PRÓPRIA SUBSISTÊNCIA - NECESSIDADE EM RECEBER ALIMENTOS. - Inexiste cerceamento de defesa se a ausência de especificação de provas e apresentação de alegações finais ocorreu por inércia da própria parte. - O entendimento do MM. Juízo a quo de que o advogado incorreu em error in procedendo ao protocolar peça de exceção de incompetência junto aos autos da ação principal, não deve ser confundido com negativa de prestação jurisdicional - A obrigação dos pais em prestar alimentos aos filhos menores decorre do exercício do poder familiar, persistindo enquanto presente a menoridade, mas podendo alcançar a situação de maioridade, como obrigação derivada do parentesco, desde que demonstrada a necessidade do alimentado em continuar a perceber a pensão e sua impossibilidade em prover seu sustento próprio. - Embora a maioridade dos filhos não seja causa "pura e simples" para a exoneração da obrigação alimentar, nesta hipótese transfere-se ao alimentado o ônus de demonstrar a necessidade da manutenção dos alimentos e a impossibilidade de prover seu sustento por esforço próprio. - Diante da prova de que ambos os filhos são capazes de se sustentarem, devem, com relação a eles, serem extintos os alimentos. - Se a prova dos autos, por outro lado, demonstra que, mesmo exercendo atividade econômica, a ex-cônjuge, devido a sua idade e estado de saúde, é incapaz de prover sua própria subsistência, deve ser mantido, com relação a ela, a prestação alimentícia. (Apelação Cível 1.0024.11.170680-0/001, Rel. Des.(a) Versiani Penna, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/05/2013, publicação da súmula em 16/05/2013) EMENTA: AÇÃO DE GUARDA - PEDIDO FEITO PELO GENITOR - PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - ANÁLISE DO CASO CONCRETO - PEDIDO IMPROCEDENTE - ALIMENTOS - DEVER DE SUSTENTO INERENTE AO PODER FAMILIAR - OBRIGAÇÃO QUE SE IMPÕE - RECURSO DESPROVIDO. - Sendo a guarda um instituto que visa à proteção dos interesses da criança, esta deve ficar com aquele que tiver melhor condição de propiciar o seu bom desenvolvimento. Nessa orientação, e tendo em vista a robusta prova dos autos, defere-se a guarda dos menores, no caso sub examine, à genitora/apelada. - 'Deixando pai e filho de conviverem sob o mesmo teto e não sendo o genitor o seu guardião, passa a dever-lhe alimentos', em decorrência do dever de sustento inerente ao poder familiar. - Recurso desprovido. (Apelação Cível 1.0024.08.006160-9/001, Rel. Des.(a) Eduardo Andrade, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 30/04/2013, publicação da súmula em 09/05/2013) STJ – TERCEIRA TURMA – REL. MIN. NANCY ANDRIGHI – RESP 1218510/SP – J. 27/09/2011 PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ALIMENTOS. CURSO SUPERIOR CONCLUÍDO. NECESSIDADE. REALIZAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. O advento da maioridade não extingue, de forma automática, o direito à percepção de alimentos, mas esses deixam de ser devidos em face do Poder Familiar e passam a ter fundamento nas relações de parentesco, em que se exige a prova da necessidade do alimentado. 2. É presumível, no entanto, - presunção iuris tantum -, a necessidade dos filhos de continuarem a receber alimentos após a maioridade, quando frequentam curso universitário ou técnico, por força do entendimento de que a obrigação parental de cuidar dos filhos inclui a outorga de adequada formação profissional. 3. Porém, o estímulo à qualificação profissional dos filhos não pode ser imposto aos pais de forma perene, sob pena de subverter o instituto da obrigação alimentar oriunda das relações de parentesco, que tem por objetivo, tão só, preservar as condições mínimas de sobrevida do alimentado. 4. Em rigor, a formação profissional se completa com a graduação, que, de regra, permite ao bacharel o exercício da profissão para a qual se graduou, independentemente de posterior especialização, podendo assim, em tese, prover o próprio sustento, circunstância que afasta, por si só, a presunção iuris tantum de necessidade do filho estudante. 5. Persistem, a partir de então, as relações de parentesco, que ainda possibilitam a percepção de alimentos, tanto de descendentes quanto de ascendentes, porém desde que haja prova de efetiva necessidade do alimentado. 6. Recurso especial provido. FILHA MAIOR E FORMADA, FAZENDO PÓS- GRADUAÇÃO, NÃO TEM DIREITO A PENSÃO ALIMENTÍCIA 21/03/2013 A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) exonerou um pai do pagamento de pensão alimentícia para a filha de 27 anos, formada em direito e com pós-graduação em andamento. A Turma, seguindo voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, entendeu que a filha – maior de idade, em perfeita saúde física e mental e com formação superior – deveria ter buscado o seu imediato ingresso no mercado de trabalho, não mais subsistindo para seu pai a obrigação de lhe prover alimentos. Pensão reduzida Em fevereiro de 2010, o pai ajuizou ação de exoneração de alimentos. Alegou que estava sendo obrigado pela Justiça a pagar pensão de 15 salários mínimos a sua filha maior de idade e formada em direito. O juízo de primeira instância julgou procedente o pedido. A filha apelou da sentença. O Tribunal de Justiça proveu parcialmente o recurso para manter a pensão no valor de dez salários mínimos. Sacrifício Inconformado, o pai recorreu ao STJ sustentando que sempre cumpriu a obrigação alimentar, porém sua situação financeira não mais permite o pagamento sem sacrifício do sustento próprio e de seus outros filhos. Alegou que sua filha, naquele momento, já estava formada havia mais de dois anos e deveria prover seu próprio sustento. Contudo, o tribunal estadual manteve a pensão alimentícia no valor de dez salários mínimos. Segundo ele, em nenhum momento a filha demonstrou que ainda necessitava da pensão, tendo a decisão do tribunal presumido essa necessidade. Porém, com a maioridade civil, essa presunção não seria mais possível. Por fim, argumentouque a pensão não pode nem deve se eternizar, já que não é mais uma obrigação alimentar absoluta e compulsória. Estudo em tempo integral A filha, por sua vez, afirmou que a maioridade não extingue totalmente a obrigação alimentar e que não houve alteração do binômio possibilidade-necessidade, pois necessita dos alimentos para manter-se dignamente. Além disso, alegou que o pai tem amplas condições de arcar com a pensão. Argumentou que a exoneração requer prova plena da impossibilidade do alimentante em fornecer alimentos e de sua desnecessidade para a manutenção do alimentando. Disse que, embora tenha atingido a maioridade e concluído curso superior, não possui emprego e permanece estudando, já que frequenta curso de pós-graduação em processo civil. Por fim, afirmou que utiliza seu tempo integralmente para seu aperfeiçoamento profissional e necessita, mais do que nunca, que seu pai continue a pagar a pensão alimentícia. Solidariedade Ao analisar a questão, o ministro Luis Felipe Salomão destacou que os alimentos decorrem da solidariedade que deve haver entre os membros da família ou parentes, visando a garantir a subsistência do alimentando. Para isso, deve ser observada sua necessidade e a possibilidade do alimentante. “Com efeito, durante a menoridade, quando os filhos estão sujeitos ao poder familiar – na verdade, conjunto de deveres dos pais, inclusive o de sustento –, há presunção de dependência dos filhos, que subsiste caso o alimentando, por ocasião da extinção do poder familiar, esteja frequentando regularmente curso superior ou técnico, todavia passa a ter fundamento na relação de parentesco, nos moldes do artigo 1.694 e seguintes do Código Civil”, acrescentou o relator. O ministro citou ainda precedentes do STJ que seguem o mesmo entendimento do seu voto. Em um deles, ficou consignado que “os filhos civilmente capazes e graduados podem e devem gerir suas próprias vidas, inclusive buscando meios de manter sua própria subsistência e limitando seus sonhos – aí incluídos a pós-graduação ou qualquer outro aperfeiçoamento técnico-educacional – à própria capacidade financeira”. A exoneração de alimentos determinada pela Quarta Turma terá efeitos a partir da publicação do acórdão. ENTRE DEMAIS PARENTES • Maioridade e cessação do dever alimentar • S 358-STJ: “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.” EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS - MAIORIDADE - BINÔMIO NECESSIDADE/ POSSIBILIDADE - INCAPACIDADE DO ALIMENTANDO DE PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - RECURSO IMPROVIDO. - Incumbe ao beneficiário da pensão alimentícia que atingiu a maioridade a prova da necessidade do pensionamento. Não comprovada a manutenção do estudo e a necessidade do pensionamento em favor do filho, a extinção do encargo é medida que se impõe. - Recurso improvido. (Apelação Cível 1.0434.09.017405-4/001, Rel. Des.(a) Barros Levenhagen, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/05/2013, publicação da súmula em 16/05/2013) ORDEM DOS ALIMENTOS ENTRE PARENTES Àqueles unidos pelos laços de parentesco, sejam eles ascendentes descendentes ou, ainda, colaterais, impõe-se o dever recíproco de socorro, mas é imprescindível observar-se a ordem de prioridade de chamamento à prestação alimentícia legalmente delimitada: 1º) pais e filhos (art. 1.696 do CC/02); 2º) ascendentes, na ordem de proximidade (art. 1.696 do CC/ 02); 3º) descendentes, na ordem de sucessão (art. 1.697 do CC/02); 4º) irmãos, germanos ou unilaterais (art. 1.697 do CC/02) – ou por adoção, considerado o princípio da igualdade. ALIMENTOS ENTRE PARENTES NO STJ "Na ausência ou na impossibilidade do parente mais próximo, os de grau imediato serão chamados para suprir as necessidades do alimentando, respeitada a capacidade econômica daqueles. Na insuficiência, os parentes de grau imediato serão chamados a concorrer com os devedores prioritários, na proporção dos respectivos recursos. Como se vê, a natureza conjunta e divisível da obrigação de prestar alimentos fundados no parentesco lastreia-se no fato de que cada devedor obriga-se de forma autônoma em relação ao credor de alimentos, observada a equação da capacidade de prestar e a correspondente necessidade do credor de alimentos." (STJ - Terceira Turma - Relatora: Min. NANCY ANDRIGHI - REsp 1170224/SE - Data do julgamento: 23/11/2010 - DJe 07/12/2010) ALIMENTOS ENTRE PARENTES NO STJ HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS. TIOS E SOBRINHOS. DESOBRIGAÇÃO. DOUTRINA. ORDEM CONCEDIDA. I - A obrigação alimentar decorre da lei, que indica os parentes obrigados de forma taxativa e não enunciativa, sendo devidos os alimentos, reciprocamente, pelos pais, filhos, ascendentes, descendentes e colaterais até o segundo grau, não abrangendo, conseqüentemente, tios e sobrinhos. II - O habeas corpus, como garantia constitucional contra a ofensa à liberdade individual, não se presta à discussão do mérito da ação de alimentos, que tramita pelas vias ordinárias, observando o duplo grau de jurisdição. III - Posicionando-se a maioria doutrinária no sentido do descabimento da obrigação alimentar de tio em relação ao sobrinho, é de afastar-se a prisão do paciente, sem prejuízo do prosseguimento da ação de alimentos e de eventual execução dos valores objeto da condenação. (STJ – Quarta Turma – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira - HC 12079/BA – j. 12/09/2000) ALIMENTOS ENTRE PARENTES E PREJUDICIALIDADE CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE ALIMENTOS PROPOSTA CONTRA O AVÔ PATERNO - RESPONSABILIDADE SUCESSIVA DOS AVÓS - ANTERIORES AÇÕES PROPOSTAS CONTRA O PAI - JUÍZO DIVERSO - IMPOSSIBILIDADE - CONFLITO IMPROCEDENTE. Já que a responsabilidade dos avós em prestar alimentos aos netos deve ser reconhecida no caso da impossibilidade dos pais em arcar com a pensão de forma integral, sendo a obrigação sucessiva e não solidária, deve a ação de alimentos proposta contra o avô paterno ser processada e julgada perante o mesmo juízo que processar e julgar as ações intentadas contra o pai da menor, em vista da prejudicialidade das demandas anteriores ao conhecimento dessa ação, o que impõe a rejeição do conflito suscitado pelo juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Araguari. (TJMG - 8ª CÂMARA CÍVEL - CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA N° 1.0000.07.463011-2/000 - Relatora: Desª. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO – j. 06.03.2008) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. PRELIMINAR DE VÍCIO INSANÁVEL. SENTENÇA "EXTRA PETITA". Havendo manifestação judicial fora das pretensões formuladas pela parte autora, impõe-se o reconhecimento de que a sentença é "extra petita", e, por conseguinte, há de ser decretada sua nulidade. É o que ocorre quando assestada ação de alimentos contra o avô paterno, o julgador decide a lide como se fosse revisional de alimentos ajuizada contra o pai do alimentando. (Apelação Cível 1.0049.10.001272-0/001, Rel. Des.(a) Peixoto Henriques, 7ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 14/05/2013, publicação da súmula em 17/05/2013) DIREITO DE FAMÍLIA - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS - AÇÃO DIRECIONADA CONTRA O AVÔ PATERNO - CONCURSO DE OUTROS PARENTES - NÃO OBSERVAÇÃO - RECURSO DESPROVIDO. - Os avós só estão obrigados a prestar alimentos aos netos, se demonstrada a inexistência ou impossibilidade dos pais de fazê- lo; sendo, ainda, indispensável que aqueles que integram o mesmo grupo na relação de parentesco sejam igualmente responsabilizados. (Agravo de Instrumento Cv 1.0024.12.341739-6/001, Rel. Des.(a) Moreira Diniz, 4ª CÂMARACÍVEL, julgamento em 02/05/2013, publicação da súmula em 08/05/2013) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE ALIMENTOS - GENITORA IMPOSSIBILITADA DE SUPORTAR SOZINHA TODAS AS DESPESAS DO FILHO - PAI INADIMPLENTE - PRISÃO DECRETADA - OBRIGAÇÃO DO AVÔ PATERNO DE COMPLEMENTAR A PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA - FIXAÇÃO DA PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA - VALOR ADEQUADO - CRITÉRIOS - OBSERVÂNCIA. A obrigação de prestar alimentos não repousa apenas na relação pai e filho, mas entre os filhos, genitores, avós e ascendentes em grau superior. Assim, subsiste a obrigação do avô de complementar essa obrigação, se demonstrada a impossibilidade dos pais em prestá-la adequadamente. Contudo, o parágrafo primeiro, do artigo 1.694 do Código Civil de 2002, determina que os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades dos reclamantes e dos recursos da pessoa obrigada. Demonstrada nos autos a capacidade do réu de prestar alimentos ao neto, deve a pensão ser fixada de modo que possibilite, por um lado, o complemento das necessidades básicas do alimentando e, por outro, o afastamento do risco de comprometer a própria subsistência do alimentante. Para tanto, o valor equivalente a 1/2 (meio) salário mínimo, como fixado na r. sentença, afigura-se razoável e suficiente. (Apelação Cível 1.0024.12.064442-2/001, Rel. Des.(a) Armando Freire, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 02/04/2013, publicação da súmula em 11/04/2013) EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE ALIMENTOS PROPOSTA CONTRA AVÓ PATERNA - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS INTENTADA CONTRA O GENITOR AINDA EM TRÂMITE - PREJUDICIALIDADE. A obrigação dos avós não é solidária, mas sucessiva, verificando-se efetivamente que a ação de alimentos contra a avó paterna tem caráter subsidiário à ação contra o pai da postulante, aquela deve ser julgada no mesmo juízo desta, sob pena de prejudicialidade. (Conflito de Competência 1.0000.12.052428-5/000, Rel. Des.(a) Fernando Caldeira Brant, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 04/04/2013, publicação da súmula em 10/04/2013) ESTATUTO DO IDOSO – LEI 10.741/2003 CAPÍTULO III Dos Alimentos Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil. Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores. Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737, de 2008) Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social. ENTRE COLATERAIS Código Civil: Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS. TIOS E SOBRINHOS. DESOBRIGAÇÃO. DOUTRINA. ORDEM CONCEDIDA. I - A obrigação alimentar decorre da lei, que indica os parentes obrigados de forma taxativa e não enunciativa, sendo devidos os alimentos, reciprocamente, pelos pais, filhos, ascendentes, descendentes e colaterais até o segundo grau, não abrangendo, conseqüentemente, tios e sobrinhos. II - O habeas corpus, como garantia constitucional contra a ofensa à liberdade individual, não se presta à discussão do mérito da ação de alimentos, que tramita pelas vias ordinárias, observando o duplo grau de jurisdição. III - Posicionando-se a maioria doutrinária no sentido do descabimento da obrigação alimentar de tio em relação ao sobrinho, é de afastar-se a prisão do paciente, sem prejuízo do prosseguimento da ação de alimentos e de eventual execução dos valores objeto da condenação. (HC 12.079/BA, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 12/09/2000, DJ 16/10/2000, p. 312) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS - ALIMENTOS PROVISIONAIS - IRMÃOS UNILATERAIS - FALECIMENTO DO GENITOR - INVENTÁRIO EM ANDAMENTO - NECESSIDADE DO MENOR - BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE - MAJORAÇÃO. 1. Segundo estabelece o artigo 1.694 e seu § 1º do CC/02, podem os parentes, cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitam para viver, de modo compatível com sua condição social, devendo os alimentos ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. 2. A despeito de considerar que a obrigação alimentar atinente aos parentes colaterais não alberga vida de luxo, certo é que deve atender à necessidade do alimentado para uma sobrevivência digna, razão pela qual o valor fixado a título de pensão alimentícia deverá ser majorado, em atendimento ao binômio necessidade/possibilidade. 2. Recurso provido parcialmente. (Agravo de Instrumento Cv 1.0024.08.278414-1/002, Rel. Des.(a) Teresa Cristina da Cunha Peixoto, 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/02/2012, publicação da súmula em 17/02/2012) DIREITO DE FAMÍLIA - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS PROVISIONAIS - PARENTESCO COLATERAL - TIO - OBRIGAÇÃO EXCLUÍDA . - O fato de ser sucinta a decisão, não a caracteriza como desprovida de fundamentação, a não justificar a decretação de sua nulidade. - Os tios não são obrigados, na forma do art. 1.697 do Código Civil, a prestar alimentos aos sobrinhos, eis que a obrigação somente se estende aos parentes colaterais de segundo grau. - Recurso provido. (Agravo de Instrumento 1.0024.09.521270-0/001, Rel. Des.(a) Barros Levenhagen, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 27/08/2009, publicação da súmula em 09/09/2009) AFINIDADE • Não, como regra • Posições doutrinárias isoladas FAMÍLIA - ALIMENTOS - ENTEADA - MERA LIBERALIDADE - SUSPENSÃO A QUALQUER TEMPO - PARENTESCO POR AFINIDADE - OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA E COMPLEMENTAR EM RELAÇÃO AOS PARENTES CONSANGUINEOS. (Apelação Cível 1.0702.07.343818-7/002, Rel. Des.(a) Vanessa Verdolim Hudson Andrade, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 30/10/2007, publicação da súmula em 29/11/2007) DIREITO DE FAMÍLIA - ALIMENTOS - PEDIDO FEITO PELA ENTEADA - ART. 1.595 DO CÓDIGO CIVIL - EXISTÊNCIA DE PARENTESCO - LEGITIMIDADE PASSIVA. O Código Civil atual considera que as pessoas ligadas por vínculo de afinidade são parentes entre si, o que se evidencia pelo uso da expressão ""parentesco por afinidade"", no parágrafo 1º. de seu artigo 1.595. O artigo 1.694, que trata da obrigação alimentar em virtude do parentesco, não distingue entre parentes consangüíneos e afins. (Apelação Cível 1.0024.04.533394-5/001, Rel. Des.(a) Moreira Diniz, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 20/10/2005, publicação da súmula em 25/10/2005) GUARDA E TUTELA • Obrigação do responsável • Patrimônio do menor • Contra os demais parentes SUSPENSO MANDADO DE PRISÃO EXPEDIDO CONTRA AVÓS QUE NÃO PAGARAM PENSÃO ALIMENTÍCIA 11/06/2012 O ministro Antonio Carlos Ferreira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deferiu o pedido liminar em habeas corpus impetrado pela defesa de um casal de idosos para suspender mandado de prisão expedido contra eles por falta de pagamento de pensão alimentícia ao neto. Em novembro de 2009, o neto ajuizou ação de alimentos alegando não cumprimento das obrigações pelo pai. Os avós sustentaram impossibilidade de pagamento, mas o juízo fixou os alimentos no valor de um salário mínimo. Então, em julho de 2010, foi ajuizada execução de alimentos e os avós intimados a pagar o valor devido, sob pena de prisão civil. Eles impetraram habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que negou o pedido, sob o fundamento de não ser
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