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15
CAPÍTULO 14 
CONCEITOS BÁSICOS DE PESQUISAi 
 
 
 
Nesta obra apresentamos alguns dos recursos estatísticos 
empregados em pesquisas. Os exemplos desenvolvidos a título de 
ilustração, sempre associados a pesquisas realizadas, dão margem a um 
questionamento essencial: O que é uma pesquisa? Esta pergunta pode ser 
assim desdobrada: Quais as etapas de uma pesquisa? Quais os conceitos 
que necessitamos para compreender como se realiza uma pesquisa? 
 
Segundo Cervo & Bervian (1983), “pesquisa é uma atividade voltada 
para a solução de problemas, através do emprego de procedimentos 
científicos" (p. 50). Seqüencialmente, iremos definindo e exemplificando os 
outros conceitos envolvidos no planejamento, execução e análise de 
pesquisas. 
 
A pesquisa começa com a formulação de um problema, solucionado 
tentativamente sob a forma de uma hipótese. Na hipótese, relacionamos 
variáveis - tudo que pode variar quantitativa ou qualitativamente. O 
pesquisador coleta os dados de campo a fim de determinar se sua hipótese 
é provavelmente verdadeira ou falsa. A coleia dos dados remete à seleção 
de uma amostra, de acordo com determinada estratégia. A amostra 
selecionada é então estruturada segundo um plano de pesquisa, cujos 
resultados serão analisados por meio das Estatísticas Descritiva e 
lnferencial. Os resultados discutidos dão margem a conclusões e sugestões, 
que irão despertar o interesse por novas investigações. 
 
No presente capítulo, detalharemos cada um dos conceitos aqui 
mencionados, procurando clarificá-los por meio de exemplos; a 
compreensão destes conceitos auxiliará no entendimento dos capítulos 
referentes à Estatística lnferencial. 
 
Cabe observar que a pesquisa não precisa necessariamente 
envolver a coleta de dados em campo. Pode ser feita em termos teóricos, 
por meio da consulta bibliográfica ou do estudo histórico, nos quais se 
recorre a documentos. 
 
O problema 
 
Uma pesquisa começa com a formulação de um problema, ou seja, 
um questionamento, uma dúvida dentro do campo de conhecimentos, 
qualquer que este seja: Psicologia, Educação, Biologia, Medicina, etc. A 
 16
título de exemplo, tomemos um assunto bastante estudado e discutido 
atualmente: a Aids, suas causas, formas de contágio e possibilidades de 
cura. Como, até o presente momento, nos falta informação acerca de como 
curar essa doença, configura-se aí um problema, que pode ser assim 
formulado: Qual a maneira mais eficaz de curar a Aids, ou seja, qual dentre 
os tratamentos atualmente disponíveis é capaz de eliminar o vírus causador 
da doença? Um problema se apresenta sempre que procuramos relacionar 
variáveis. No exemplo em questão, estamos falando de métodos de 
tratamento (uso do AZT, do interferon, etc.) e de resposta ao tratamento 
(tempo e qualidade da sobrevida). A partir dessa relação entre variáveis é 
que vamos formular as hipóteses a serem testadas por meio da pesquisa. 
 
Hipóteses 
 
Abordemos um outro assunto de pesquisa: a possibilidade de 
alterações na sexualidade da mulher histerectomizada, tendo em vista a alta 
incidência desta cirurgia, atualmente, em nosso meio. Resultados 
contraditórios a respeito da influência do nível socioeconômico no 
ajustamento psico-sexual pós-histerectomia levaram Loureiro & Bunchaft 
(1991-1994) a empreender um estudo comparativo entre as classes baixa e 
média em relação a este ajustamento. O problema, que é geralmente 
formulado sob a forma de uma pergunta, foi o seguinte: "Existem alterações 
na sexualidade, após a histerectomia, em função da classe social?" 
 
A resposta a esta pergunta, denominada hipótese - que é aquilo que 
esperamos encontrar após a coleta de dados -, foi a seguinte: "Mulheres de 
classe baixa estão mais propensas a apresentarem alterações em sua 
sexualidade após a histerectomia do que as de classe média, devido ao fato 
de que, no primeiro grupo, as mulheres têm menos informações sobre este 
tipo de cirurgia do que no segundo". Ao destacar o termo esperamos, 
pretendemos enfatizar que a hipótese é estabelecida antes de se sair em 
campo; a hipótese constitui apenas uma proposta para responder ao 
problema, calcada em informações teóricas e empíricas revisadas. Outra 
definição de hipótese é de que ela é uma "afirmação comprovável de uma 
relação potencial entre duas (ou mais) variáveis" (Mc Guigan, 1976, p. 53). 
 
Variáveis independente, dependente e estranha 
 
Uma variável, como o próprio nome indica, é algo que muda de 
valor, que varia, é "tudo que pode assumir diferentes valores numéricos” 
(Idem, p. 17). A formulação mais simples de uma hipótese é relacionando 
apenas duas variáveis, chamadas de Variável Independente (V.I.) e Variável 
Dependente (V.D.). A V.I. é controlada pelo pesquisador, seja pela sua 
manipulação intencional, seja pela seleção ou mensuração dos valores a 
 17
serem introduzidos no estudo. Como exemplos de V.I. temos os 
medicamentos escolhidos para tratamento, as estratégias psicoterápicas, a 
intensidade de estímulos luminosos, as características de personalidade, o 
nível de instrução, etc. A V.D., que se espera ser influenciada pela V.I., 
pode ser qualquer característica do organismo que possamos observar no 
sujeito, como a remissão de sintomas da Aids, a "melhoria" decorrente da 
psicoterapia, a aprendizagem de determinado assunto, a mudança de 
atitude em relação ao aborto, etc. 
 
Na pesquisa que estamos utilizando como exemplo sobre a 
influência do nível socioeconômico nas alterações da conduta sexual pós-
histerectomia, temos: V.I. - nível socioeconômico e V.D. - alterações na 
sexualidade. Como optamos por comparar os níveis socioeconômicos baixo 
e médio, a V.I. apresenta dois níveis (ou variações): baixo e médio. A 
hipótese assim formulada nos levaria a coletar os dados selecionando dois 
grupos de sujeitos, um de classe baixa e o outro de classe média. 
 
Cabe mencionar aqui dois dos principais cuidados a serem tomados 
quando da seleção da(s) amostra(s): a) selecionar os sujeitos de modo que 
eles formem urna amostra probabilística (é aquela em que se conhece a 
probabilidade de que cada sujeito seja selecionado), cujas vantagens e 
desvantagens serão discutidas no capítulo 15; b) dividir a amostra inicial de 
sujeitos em sub-grupos, de modo que sejam mantidas constantes todas as 
variáveis que possam influir na V.D., com exceção, é claro, da V.I. Esta 
constância de condições é um dos princípios de pesquisa mais importantes, 
o que nos leva a introduzir o conceito de Variável Estranha (V.E.). Esta é 
qualquer variável, com exceção da V.I., que pode influir nos resultados 
obtidos na V.D. A falta de um controle efetivo das V.E. leva à contaminação 
da pesquisa, cujos resultados não podem ser conclusivos. 
 
Analisemos um exemplo: 
 
Ainda em relação ao estudo sobre as alterações na sexualidade 
decorrentes da histerectomia, suponhamos que o pesquisador tenha 
selecionado dois grupos de mulheres histerectomizadas, um de classe 
baixa e o outro de classe média, sem atentar para a influência da variável 
idade. É possível que mulheres de classe baixa sejam mais velhas do que 
as de classe média, presumindo-se que a falta de conhecimento sobre esse 
tipo de cirurgia e/ou a precariedade de recursos financeiros das primeiras as 
leve a adiar a histerectomia. Neste contexto, a idade está atuando como 
uma V.E., pois influi indevidamente na V.D. sexualidade. Os resultados das 
pesquisas não seriam confiáveis, pois não se saberia se as diferenças entre 
os dois grupos seriam devidas à classe social (V.I.) ou à idade (V.E.) dos 
sujeitos. 
 18
Planos de pesquisa 
 
A utilização de planos de pesquisa é uma das estratégias usadas 
para controlar as variáveis estranhas, especialmente as ligadas ao sujeito, 
como sexo, idade, nível de escolaridade, características de personalidade, 
etc. Existem diversos tipos de planos, porém veremos nesta seção apenas 
aqueles mais utilizados em Psicologia e Educação: o plano de amostras 
independentes, o plano de amostrascorrelacionadas e o plano fatorial. 
 
O plano de amostras independentes, freqüentemente denominado 
nos livros de língua inglesa e mesmo em nosso meio de Completely 
Randomized Design (CRD), é aquele em que os grupos são formados de 
modo totalmente aleatório. Quando esse tipo de plano não controla 
adequadamente as variáveis estranhas, o pesquisador pode: 1) formar 
blocos nos quais os sujeitos são homogêneos quanto às variáveis estranhas 
em questão, utilizando para o emparelhamento dos indivíduos a própria 
V.D. ou variável(is) muito relacionada(s) à V.D. - é o plano de amostras 
emparelhadas Randomized Block Design (RBD); 2) utilizar os mesmo 
indivíduos nas várias condições ou medidas do estudo, situação em que 
cada indivíduo serve como seu próprio controle - o que é denominado plano 
intra-sujeito (RBD); ou 3) introduzir a V.E. como V.I(s), o que permite não só 
que se controle a V.E. em questão, como amplia a validade externa do 
estudo pois, ao lidarmos com duas (ou mais) V.I., poderemos generalizar os 
resultados obtidos na amostra para uma população mais ampla; trata-se, 
aqui, do plano fatorial. Vamos detalhar um pouco mais e fornecer exemplos 
para cada tipo de plano. 
 
Para ilustrar o uso do plano de amostras independentes, tomemos o 
estudo comparativo entre mulheres histerectomizadas das classes sociais 
média e baixa. Para controlar a V.E. idade, poderíamos estabelecer que só 
serão avaliadas as alterações na sexualidade em mulheres com idades, na 
época da cirurgia, variando de 25 a 45 anos. Poderia ocorrer, porém, que a 
maioria das mulheres de classe baixa tivesse sua idade concentrada em 
torno de 40 anos, enquanto as mulheres de classe média tivessem se 
submetido à cirurgia quando tinham cerca de 30 anos. Podemos então 
afirmar que a V.E. idade é equivalente nos dois grupos? O preceito básico 
do pesquisador é o seguinte: manter constantes todas as variáveis que 
podem afetar a sua variável dependente, com exceção da variável em cujo 
efeito o pesquisador está interessado. Esse preceito está sendo seguido? 
Com base nos conceitos que já explanamos, o leitor certamente já 
compreendeu que não. 
 
Os planos de amostras emparelhadas e intra-sujeito são subdivisões 
do plano de amostras correlacionadas. Este é denominado na língua inglesa 
 19
de Randomized Blocks Design, abreviado pela sigla RBD. Ele fornece 
maior respaldo à suposição do pesquisador de que os grupos são 
equivalentes em relação às variáveis que podem afetar a variável 
dependente, com exceção da variável independente. Examinemos um 
exemplo desse tipo de planejamento: 
 
Penna (1988) realizou um estudo visando comparar os 
desenvolvimentos cognitivo e emocional de crianças entre seis e 24 meses, 
que freqüentavam creches em regime de externato, e crianças assistidas 
exclusivamente por suas próprias mães (ou seja, aquelas cujas mães 
cuidam delas em tempo integral). Foram listadas as principais variáveis que 
poderiam afetar o desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças nessa 
faixa de idade: a) a idade da criança; b) a idade dos pais; c) o tipo de lar, 
intacto ou não; d) a posição da criança na constelação familiar; e) o nível 
socioeconômico da família; f) as condições fisico-materiais do lar e/ou 
creche (espaço físico, brinquedos disponíveis, etc.); e g) as condições para 
a formação do vínculo afetivo (apego) entre o bebê e sua própria mãe e/ou 
a figura da atendente, na creche. As variáveis estranhas foram controladas 
tomando-se os seguintes cuidados: todos os bebês provinham de lares 
intactos, com pais entre 18 e 35 anos e eram o primeiro ou o segundo filho 
do casal. 
 
Selecionou-se, em relação a cada criança de creche, uma que era 
cuidada apenas pela mãe, mas que apresentava dados equivalentes à 
primeira quanto ao nível socioeconômico, idade, condições fisico-materiais 
e para a formação de vínculo. Foram, assim, formados blocos, cada um 
abrangendo dois sujeitos - um de creche e um com cuidados exclusivos da 
mãe - emparelhados quanto às variáveis acima mencionadas. Dessa 
maneira a autora pôde ficar mais segura de que as variáveis dos sujeitos 
tinham sido adequadamente controladas, sendo os dois grupos 
equivalentes em todos os aspectos, com exceção da variável independente. 
 
Quando os mesmos sujeitos são utilizados nos vários tratamentos - 
plano intra-sujeito - o controle das variáveis estranhas é obtido 
automaticamente, por assim dizer, já que se trata de um mesmo indivíduo 
(são eliminadas as diferenças individuais referentes aos tratamentos). Os 
grupos são equivalentes em todas as situações e medidas, pois são as 
mesmas pessoas que, com exceção de alguma peculiaridade situacional, 
apresentam as mesmas características em todas as ocasiões. 
 
Por exemplo, em pesquisa já apresentada no Capítulo 4 (problema 
resolvido 4.6.), referente às medidas de tendência central, o pesquisador 
estudou ganhos relativos à informação profissional, comparando a leitura de 
uma monografia completa e uma reduzida. Nesse contexto, foi aplicado 
 20
previamente (pré-teste) a todos os sujeitos um questionário que avaliava 
seu nível de informação profissional. Após a leitura da monografia, os 
mesmos alunos responderam ao mesmo questionário (pós-teste), de modo 
a se verificar as mudanças ocorridas quanto ao grau de conhecimento das 
profissões. Como os alunos serviram como seu próprio controle, supõe-se 
que as variáveis que poderiam afetar o nível de informação profissional 
foram completamente controladas. 
 
Para finalizar, abordaremos o plano fatorial, que difere dos planos já 
apresentados em um aspecto essencial. Ao contrário dos planos anteriores, 
apropriados para a investigação de uma única variável independente, o 
plano fatorial possibilita o estudo do efeito de duas ou mais V.I.(s), assim 
como da interação entre elas. 
 
Para ilustrar o plano fatorial, consideremos a investigação realizada 
por Tassinari Pinto et alii (1977). As autoras se propuseram a averiguar se 
estudantes de Psicologia apresentam menor índice de conformismo que os 
de Letras e Educação; investigaram também se esse fenômeno é mais 
intenso ao final do curso do que em seu princípio. As variáveis 
independentes estudadas foram então: a) o curso, cujos níveis (ou 
variações) foram três - Psicologia, Letras e Educação; b) o tempo do curso, 
subdividido em seu início (1o ou 2o períodos de créditos) e seu final (8o, 9o 
ou 10o períodos de créditos). As combinações dessas duas V.I. podem ser 
melhor visualizadas por meio do quadro I: 
 
 
O quadro mostra que existem seis combinações possíveis dos níveis 
das V.I.s Cada combinação é representada por um quadrado ou célula, 
assim: (1) Psicologia e início do curso; (2) Letras e início do curso; (3) 
Educação e início do curso; (4) Psicologia e final do curso; (5) letras e final 
do curso; e (6) Educação e final do curso. 
 
Como temos um estudo fatorial com duas V.I.s, em que a primeira - 
curso - apresenta três níveis - Psicologia, letras e Educação e a segunda - 
tempo - se subdivide em dois níveis (início e final), as variáveis seriam 
representadas simbolicamente: 3 x 2. O número de algarismos mostra o 
 21
número de V.1.s (ou fatores) do plano fatorial, e o valor de cada algarismo 
indica o número de níveis de cada V.I. 
 
Exercícios resolvidos 
 
14.1. Moysés e colaboradores estudaram a influência do apoio incondicional 
fornecido ao sujeito - com base na Psicologia Humanista - na auto-estima. 
Foram formados dois grupos, de 15 sujeitos cada, sorteados de uma 
listagem de crianças que participaram de atividades recreativas no 1o 
Centro Integrado de Assistência à Criança. Os sujeitos se situavam na faixa 
etária de sete a 14 anos, eram de ambos os sexos, de nível socioeconômico 
baixo, freqüentando escolas públicas de 1o grau e havia a mesma 
quantidade de brancos e negros em cada grupo. Durante 12 semanas os 
dois grupos foram submetidos aos tratamentos, sendo no primeiro grupo 
usada a Valorização Pessoal (apoio incondicionalao aluno) e, no segundo, 
os Jogos (placebo). A medida de auto-estima foi feita sob a forma de uma 
auto-avaliação, utilizando-se o Questionário de Auto-Estima de Miller, 
adaptado por Moysés. Os autores não constataram aumento significativo na 
auto-estima dos sujeitos submetidos ao tratamento de Valorização Pessoal, 
em comparação com os submetidos aos Jogos. 
 
Pede-se: 
 
a) Formular o problema; 
b) Formular a hipótese; 
c) Determinar a variável independente e seus níveis; 
d) Identificar a variável dependente; 
e) Identificar as variáveis estranhas controladas pelos 
pesquisadores; 
f) Determinar o plano de pesquisa empregado. 
 
Resposta: 
 
a) O questionamento, o problema do pesquisador, poderia ser 
formulado da seguinte maneira: “Qual a influência do apoio incondicional 
fornecido ao sujeito em sua auto-estima?"" 
 
b) A suposição do pesquisador, apesar de não ser explicitada no 
resumo do estudo, é de que "alunos que são valorizados, utilizando-se o 
apoio incondicional, têm sua auto-estima aumentada em relação a alunos 
que não o são". 
 
 22
c) A variável independente, que está influindo em alguma coisa (na 
variável dependente), é o apoio incondicional. Foi fornecido a um grupo e 
não ao outro, assim os níveis da V.1. são: fornecido e não-fornecido. 
 
d) O apoio incondicional influiria na auto-estima dos alunos sendo 
esta, portanto, a variável dependente do estudo. 
 
e) O pesquisador procurou controlar as seguintes variáveis 
estranhas que poderiam afetar a V.D. auto-estima, contaminando os 
resultados da pesquisa: faixa etária; sexo; nível socioeconômico; nível de 
escolaridade e raça. 
 
f) Como se trata de duas amostras que nada têm a ver uma com a 
outra, denominamos o plano utilizado de plano de amostras independentes. 
 
14.2. Bonamigo & Bristoli procuraram relacionar o uso de histórias infantis à 
prontidão para a alfabetização. Consideram que se uma criança, antes de 
entrar na escola, manusear livros ilustrados e ouvir muitas histórias, 
apresentará uma melhor prontidão para a alfabetização do que aquela que 
não recebe esta estimulação. Como sujeitos foram utilizadas 24 crianças 
com idades entre quatro anos e três meses e sete anos e oito meses, de 
ambos os sexos, de um bairro pobre de Porto Alegre, sem contato 
sistemático com qualquer tipo de instituição pré-escolar ou escolar. 
 
O Teste ABC - utilizado para detectar o índice de maturidade para o 
aprendizado da leitura e da escrita em crianças em idade escolar - foi 
aplicado individualmente nas crianças que atenderam à convocação. Os 24 
sujeitos que se voluntarizaram foram designados para dois grupos, com 
base nos pontos obtidos no teste, de modo que ambos se equivalessem em 
termos de maturidade para a alfabetização. O programa de treinamento 
(fornecido apenas a um grupo, o experimental) consistiu em as crianças 
ouvir histórias, comentando-as com os colegas, em pequenos grupos. 
Encerrado o treinamento, o Teste ABC foi novamente aplicado em todas as 
crianças, que não tiveram, nesse meio tempo, nenhum contato sistemático 
com atividades escolares. O grupo que não foi submetido ao treinamento 
não apresentou alterações em seus resultados no teste ABC. A comparação 
entre o pré e o pós-teste do grupo treinado revelou que o treinamento atuou 
de alguma forma sobre os sujeitos, embora a mudança não tenha sido 
relevante. Pede-se que você: 
 
a) Formule o problema e a hipótese do pesquisador; 
b) Identifique a variável independente e seus níveis; 
c) Identifique a variável dependente; 
d) Justifique o emprego do plano de pesquisa adotado no estudo. 
 23
Resposta: 
 
a) Para o questionamento - “Existe efeito de um programa de 
histórias infantis sobre a prontidão para a alfabetização?" - os autores 
supõem que o efeito é positivo, ou seja, “este tipo de programa favorece a 
prontidão para a alfabetização" (que é a hipótese). 
 
b) A variável independente foi o programa de histórias infantis, dado 
a um grupo (grupo experimental) mas não ao outro (grupo de controle). 
 
c) A variável dependente é a prontidão para a alfabetização, ou seja, 
o índice de maturidade para o aprendizado da leitura e da escrita em 
crianças em idade escolar. 
 
d) Os pesquisadores utilizaram o plano de amostras emparelhadas, 
sendo usada como variável de emparelhamento a própria variável 
dependente: este procedimento foi adotado porque a variável estranha, que 
poderia contaminar o estudo com maior intensidade, seria a própria 
prontidão prévia para a alfabetização. 
 
14.3. Carvalho Neto e Pontes Neto (1984) procuraram verificar se havia 
diferenças nas atitudes de alunos da 5a série de 1o grau para com a 
matemática, quando variavam o controle e o sexo do professor. O controle 
do professor era conceituado como negativo ao caracterizar um nível 
inadequado de interação professor-aluno, ocorrendo o oposto com o 
controle positivo. As atitudes dos alunos frente à matemática foram 
verificadas por meio das respostas dadas aos itens da Escala de Atitudes 
em relação à Matemática, de autoria de Ragazzi. Os 80 alunos da 5a série 
do 1o grau foram distribuídos em quatro grupos de igual tamanho, sendo 20 
submetidos a professores do sexo masculino, com controle positivo; 20 a 
professores do sexo masculino, com controle negativo; 20 a professores do 
sexo feminino, com controle positivo e 20 a professores do sexo feminino, 
com controle negativo. Cada grupo de 20 alunos - 10 do sexo masculino e 
10 do sexo feminino - foi extraído de forma aleatória de duas salas de aula 
distintas, correspondentes a duas escolas, sendo uma de nível 
socioeconômico médio (particular) e a outra de nível socioeconômico baixo 
(pública). 
 
Pede-se: 
 
a) Formular o problema e a hipótese do estudo; 
b) Identificara variável independente e a variável dependente; 
c) Explicitar as variáveis estranhas controladas pelo pesquisador; 
d) Justificar o emprego do plano fatorial; 
 24
e) Representar simbolicamente as variáveis do plano fatorial. 
 
Resposta: 
 
a) Ao problema - existem diferenças nas atitudes dos alunos frente à 
matemática, atribuíveis ao tipo de controle utilizado pelo professor de 
matemática e ao sexo do mesmo, assim como interação entre esses dois 
aspectos? - seguem-se as seguintes hipóteses: 
 
- O controle positivo por parte do professor, expresso pela interação 
professor-aluno adequada, leva a uma atitude mais favorável frente à 
matemática que o controle negativo; 
 
- A atitude do aluno frente à matemática é influenciada pelo sexo de 
seu professor; 
 
- O tipo de controle e o sexo do professor influem, conjuntamente, na 
atitude do aluno em relação à matemática. 
 
b) As variáveis independentes são o tipo de controle (positivo e 
negativo), e o sexo do professor (masculino e feminino), que afetam a 
variável dependente atitude do aluno frente à matemática. 
 
c) O pesquisador controlou o sexo e o nível socioeconômico dos 
alunos. 
 
d) O plano fatorial se justifica, pois os pesquisadores pretendem 
investigar a influência concomitante de duas variáveis independentes. 
 
e) As variáveis do plano fatorial podem ser expressas 
matematicamente pela representação 2 x 2, pois dispomos de duas 
variáveis independentes, cada uma abrangendo dois níveis. 
 
Exercícios propostos 
 
Em relação aos resumos de pesquisas que se seguem, pede-se que 
você: 
 
a) Formule o problema e a hipótese; 
b) Identifique a V.I. e a V.D.; 
c) Verifique qual(is) a(s) V.E.(s) controlada(s) pelo pesquisador; 
d) Determine o plano de pesquisa empregado. 
 
 25
14.4. Alencar investigou os efeitos de um programa Educacional no 
desenvolvimento intelectual de escolares com privação cultural. De um total 
de 30 crianças submetidas a um programa pré-escolar visando ao 
desenvolvimento intelectual, da linguagem, da percepto-motricidade e da 
criatividade, foram sorteadas seis crianças, três do sexo masculino e três do 
sexo feminino. Estas seis crianças foramcomparadas a outras seis do 
grupo de controle, escolhidas por apresentarem equivalência em termos de 
idade, sexo, condições de habitação, salário dos pais e número de irmãos, 
mas que não tiveram acesso ao programa pré-escolar. Tanto as crianças do 
grupo submetido ao programa pré-escolar como as do grupo de controle 
responderam, periodicamente, a testes de inteligência, verificando-se 
resultados nitidamente superiores do primeiro grupo em relação ao 
segundo. 
 
14.5. Moraes (1981) pesquisou a influência de um programa de 
Alfabetização Musical - com canções e rimas folclóricas - no nível de 
aprendizagem musical de crianças da (da) 1a série do 1o grau. O estudo 
envolveu 63 alunos da 1a série do 1o grau, todos não-repetentes, 
procedentes do nível socioeconômico baixo e dentro da faixa etária de sete 
a oito anos, formando três grupos. O primeiro grupo trabalhou com folclore 
rural, o segundo com folclore urbano e o terceiro foi simplesmente 
acompanhado. Não foram constatadas diferenças significativas na 
aprendizagem musical, atribuíveis ao programa. 
 
14.6. O Children's Apperception Test (CAT) é uma técnica projetiva do tipo 
aperceptivo que compreende dez pranchas representando cenas 
particularmente significativas para a Psicologia infantil. Pode ser 
apresentado com figuras de animais (CAT-A) ou com seres humanos (CAT-
H). Jacquemin & Martins (1976) procuraram verificar se o CAT-H pode ser 
considerado como forma paralela do CAT-A quanto aos aspectos 
quantitativos e qualitativos dos relatos das crianças frente às pranchas. 
Aplicado o Teste das Matrizes progressivas de Raven (que avalia a 
inteligência), foram selecionadas apenas crianças com resultado igual ou 
superior à média. Quanto à escolaridade, foram selecionadas apenas 
crianças com idades correspondentes à 1a e 2a séries do 1o grau. Foram 
formados, assim, dois grupos com 24 crianças cada, semelhantes quanto 
ao número de indivíduos de cada sexo. Na primeira fase, um grupo 
respondeu ao CAT-A e o outro ao CAT-H, invertendo-se o processo na 
segunda fase. 
 
14.7. Rodrigues & Alencar (1983) investigaram a influência do sexo, da 
série cursada (4a, 5a e 6a) e do nível socioeconômico na expressão criativa. 
A amostra foi constituída por 312 alunos cursando a 4a, 5a e 6a séries do 1o 
grau do turno diurno, em escolas da rede oficial, selecionados por sorteio 
 26
dentre os alunos presentes em salas de aula no dia da coleta de dados. 
Aplicada a Bateria Torrance de Pensamento Criativo, constatou-se um 
desempenho superior por parte dos alunos do sexo feminino, das 5a e 6a 
séries e de nível socioeconômico médio, além de interação entre sexo e 
nível socioeconômico, no sentido de superioridade do sexo feminino na 
classe baixa e do masculino na classe média. 
 
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 Extraído de: BUNCHAFT, Guenia e KELLNER, Sheilah Rubino de Oliveira. Estatística sem 
mistérios. Petrópolis: Vozes, 1998.

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