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RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

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A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO SEGUNDO A 
OBRA "PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL" DE SÉRGIO CAVALIERI 
FILHO 1 
Antonio Filho 
Fabrício Sizo 
Felipe Marques 
Gabriella Siqueira 
Matheus Lima 
Rafael Ledo2 
 
1. INTRODUÇÃO 
Este trabalho visa, através da analise da doutrina de Sérgio Cavalieri Filho, resumir e 
explicar como evoluiu a responsabilidade no direito de consumo até a chegada do Código de 
Defesa do Consumidor, as problemáticas que enfrentou e a fragilidade não tutelada pela qual 
passava o consumidor. Também será promovido o entendimento dos princípios e 
particularidades deste mesmo assunto em tais relações, assim como suas excludentes. 
Cabe deixar claro que o grupo decidiu se utilizar de outras opiniões, além da do 
doutrinador sugerido, para poder ter uma análise mais completa e um entendimento sem 
unilateralidade de opinião, o que proporcionou uma organização de explicação que, mediante 
conversação e discussão, fora considerada mais didática e completa para a elaboração do 
resumo requerido. 
2. DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
2.1. Da problemática 
Ao longo dos anos o direito brasileiro passou por inúmeras transformações quanto a 
responsabilidade civil entre relações de consumo. Ora, como sabemos, anteriormente as 
relações de consumo eram geridas e decididas a luz do código civil brasileiro, que gerava 
certas injustiças e se provava insuficiente para, sozinho, julgar a crescente demanda e 
complexidade das novas relações de consumo, já que tais relações não eram mais compostas 
1 Trabalho apresentado como critério de 2ª avaliação da disciplina Direito Civil III, na turma 0102013- manhã. 
2 Discentes do Curso de Direito da Universidade Federal do Pará, turma 0102013 – manhã. 
1 
 
 
de um consumidor e um fornecedor, mas de toda uma cadeia pela qual passava o produto até 
chegar as mãos do consumidor final. 
Sérgio Cavalieri deixa claro em seu livro que, com o passar dos anos, a 
responsabilidade civil vem se tornando cada vez mais complexa, pelo aumento dos 
participantes na transação da mercadoria, como dito anteriormente, que dificulta achar o 
responsável por determinado tipo de dano. Contudo, o avanço tecnológico também vem 
auxiliando no número de casos, uma vez que um simplório erro em todo o gigantesco 
processo industrial poderá acarretar problemas para todos os consumidores do produto, sendo 
que algumas dessas empresas, no período atual, possuem um mercado consumidor global. 
2.2. Das mudanças no Código de Defesa do Consumidor 
Antigamente, quanto se tentava tratar as relações de consumo, falava-se muito de 
culpa ou dolo para gerar responsabilização de uma das partes, isto é, havia uma clara 
necessidade de se provar a culpa do fornecedor para caracterizar sua responsabilidade no dano 
causado ao consumidor final. Deste modo, por muito tempo as relações de consumo 
avançaram de maneira defeituosa, causando certo medo por partes dos consumidores, que, 
como pondera Sérgio Cavalieri, passaram a tratar o consumo como uma aventura, pois 
praticamente não havia como responsabilizar alguém por danos gerados por falhas na 
mercadoria ou serviço, de tal forma que, quando o consumidor comprava um produto, estava 
incorrendo em uma presunção de risco. 
O direito brasileiro evoluiu até chegar na adoção da Teoria do Risco (que será 
explicada posteriormente), de tal modo que a culpa por parte do fornecedor da mercadoria ou 
serviço passou a ficar em segundo plano, importando sua conduta e como ela esta interligada 
no dano final gerado, isto é, no nexo de causalidade que existe entre sua conduta e o fator 
gerador de insatisfação por parte do consumidor. Assim, a responsabilidade objetiva direta 
passou a integrar nosso sistema judiciário, impetrado pelo CDC, adotando a culpa presumida, 
que dentre várias outras proteções ao consumidor, trouxe também a inversão do ônus da 
prova, como pondera Carlos Roberto Gonçalves (2013, p. 18). 
2.3. Das partes e do objeto da relação 
Dos membros da relação de consumo, devemos primeiramente entender o que é o 
consumidor. Ora, o CDC em seu artigo 2° define consumidor, tal como o faz Antônio 
2 
 
Benjamim, o definindo como uma pessoa física ou jurídica que compra o produto para uso 
final, caindo dentro do conceito colocado pelo CDC também, que define como pessoa física 
ou jurídica que compra o produto como destinatário final. 
Agora, quando tratamos do fornecedor, que é a segunda parte dessa relação, podemos 
ter uma multiplicidade de relação, já que poderá existir um fornecedor primário, que cria o 
produto ou serviço, assim como um fornecedor final que o vende para o consumidor. Ora, o 
CDC define o fornecedor em seu artigo 3°, deixando claro as disposições que o definem, 
artigo este que permite que sejam fornecedores, desde a empresa multinacional que 
originariamente cria aquele produto próprio que será comercializado, pessoa jurídica e 
estrangeira, até o autônomo que vende em âmbito municipal, sendo pessoa física e nacional. 
 No que tange o objeto da relação é aquilo que fora pago pelo consumidor ao 
fornecedor final, que não teve o resultado que devia, o que gerou o início da responsabilidade 
civil entre o consumidor e o fornecedor responsável. O objeto é tratado nos parágrafos 
primeiro e segundo do CDC, onde fica claro que pode existir na forma de bem e serviços. 
Ora, mas sabemos em estudos passados que os Bens podem existir em forma móvel e imóvel, 
como trata os artigos 82, 83 e 84 do Código Civil. Assim, o objeto da responsabilidade civil 
em relações de consumo poderá ser um bem móvel, imóvel ou um serviço prestado. 
3. TEORIA DO RISCO DA EMPRESA 
Consiste nos novos rumos tomados pelo direito brasileiro pós Código de Defesa do 
consumidor. Ora, como sabemos, por muito tempo o consumidor assumiu os riscos da compra 
de bens e serviços sozinho, sem ter a segurança da qualidade pelo que estava pagando. É certo 
que nem sempre o problema será gerado por negligência ou dolo do fornecedor, mas isso não 
justifica que a parte vulnerável da relação, consumidor, tenha que arcar com as consequências 
sozinho. 
Tal princípio trata da pressuposição de responsabilidade por parte do fornecedor, de 
danos que poderão ser gerados pelo seu produto, para consumidores, mesmo que o defeito 
deste produto não tenha sido causado por dolo do fornecedor, já que este, ao entrar no 
fornecimento de mercadorias está aceitando adquirir esta responsabilidade por mero nexo de 
causalidade, entre sua conduta e o resultado gerador do processo. 
3 
 
Sérgio Cavalieri pondera os pontos acima e deixa claro que em nenhum modo a 
responsabilidade deve ser colocada toda sobre um membro da relação de consumo, mas sim 
distribuída solidariamente entre todos os membros da relação, isto é, desde o fornecedor 
primário até o consumidor. Contudo, como deverá arcar pelo resultado gerado pelo seu 
produto, o fornecedor primário poderá se utilizar do preço para compensar a distribuição de 
responsabilidade, uma vez que, como pondera o doutrinador, se o benefício da relação de 
consumo é distribuído de maneira solidária, a responsabilidade também deverá ser assim. 
4. PRINCÍPIO DO PRODUTO IDEAL OU QUALIDADE DO PRODUTO 
 Fica claro que posteriormente ao momento em que se constitui a situação na qual se 
inicia a responsabilidade civil, há a produção do bem ou serviço propriamente disso. É 
evidente que nenhuma empresa deseja ser responsabilizada por dano e obrigada a pagar 
indenizações por problemas causados por falhas em seus objetos de transação, de modo que 
acabam por assegurar certa segurança durante a fabricação. Contudo, o direito brasileiro atual 
não considera issoo suficiente, de modo que, a luz do princípio do produto ideal assegura, 
pelas vias administrativas, penais e cíveis, a punibilidade para os fornecedores que não 
garantirem as condições de qualidade e segurança determinados. 
Ora, o princípio em questão é então uma espécie de dever legal de que o produto não 
cumprirá apenas a função para qual foi criado, mas também de assegurar qualidade e 
segurança do produto, tanto em sua comercialização quanto na utilização final pelo 
consumidor. Entendemos então, que tal princípio tem um caráter preventivo, de modo a 
assegurar proteção ao consumidor nos produtos que comprar, diminuindo o risco de acidente 
e a incidência processos por falhas no produto. 
5. TEORIA DO RISCO EMPRESARIAL 
Sérgio Cavalieri aponta que houve um processo de modificação no entendimento das 
relações de consumo entre o comprador e o fornecedor, com o advento do código do 
consumidor, transferindo assim a responsabilidade e o risco para o fornecedor, ou em casos de 
solidariedade o próprio distribuidor ou revendedor quando não for conhecido o real fabricante 
do produto. Essa modificação de pensamento fez com que a teoria da responsabilidade 
objetiva nas relações de consumo passasse a ser imperiosa em casos de acidente -no sentido 
geral -, alcançando tanto o produto e o serviço que foi/é fornecido, estabelecendo assim, 
4 
 
através do Código do consumidor, a teoria do risco da empresa subjugada a teoria do risco do 
consumidor, que até então era utilizada. 
O conceito apresentado pelo supracitado doutrinado quanto ao risco empresarial está 
relacionado ao próprio fim que se busca, pois compreende-se a existência de lucros e 
prejuízos, portanto, em circunstâncias que atentam em perda para o fornecedor, este deve 
responder pelos eventuais vícios, possíveis danos ou defeitos que foram provenientes da sua 
logística, independente da comprovação de culpa por parte do consumidor. Sérgio Cavalieri 
completa salientando que é dever da empresa estar atenta e obedecer as normas técnicas de 
seguranças que são exigidas por órgãos fiscalizadores e a utilização da lealdade dento das 
relações, seja perante os bens e serviços ofertados, seja perante os consumidores finais. 
Sérgio Cavalieri assevera que é necessário a atenção para a justiça distributiva, 
devendo repartir entre todos os elementos da sociedade os riscos inerentes a atuação, desta 
forma, relembra que não é possível exigir do consumidor que arque com todos os ônus da 
relação comercial, em relação ao acidente ou deixar sem indenização quando não fora dele o 
equívoco. 
Cavalieri elenca uma série de princípios que devem regimentar essa relação de 
cuidado e responsabilidade do fornecedor, chamada de sobre-estrutura jurídica 
multidisciplinar que atua em outras áreas do direito que possuem a relação de consumo como 
base. A) Princípio da reparação integral por danos materiais e morais, não devendo 
inclusive constar em contratos a limitação de indenização ao consumidor. B) Princípio da 
prevenção, prezar por evitar a ocorrência de novos danos insuportáveis, existe um cuidado 
quanto a utilização e circulação de produtos que aduzem a periculosidade ou nocividade, 
desta forma, com base na própria legislação do CDC, a empresa que por ventura recair nessa 
questão deve informar aos órgãos competentes e consumidores sobre o fato. C) Principio da 
informação, está vinculado ao da prevenção, pois é necessário que o produto ou serviço 
comercializado indique todos as suas características, composição e necessidades para evitar 
possíveis danos. Sendo para Cavalieri um elemento de extrema importância a informação na 
relação de consumo, porém o risco quanto ao produto em si quando ser inerente a sua 
estrutura, não poderá ser remetido ao fornecedor, salvo na ausência de informação. D) 
Principio da segurança, para Sérgio Cavalieri é o princípio mais importante da relação de 
consumo, pois é nele que está estruturado a responsabilidade civil. Pois na falta da observação 
5 
 
dessa característica existirá o direito objetivo de indenizar, pois o risco por si só não gera 
obrigação, mas a ausência dos elementos seguradores é que será o elemento de conexão entre 
a o risco e a obrigação de reparar. 
6. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO 
6.1. Responsabilidade de Profissionais Liberais 
Através da doutrina idealizada por Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, a atuação do 
código de consumidor em tal relação, deve ser vista não pela tela da responsabilidade 
objetiva, sem a necessidade de comprovação do dano pelo consumidor, mas através da 
responsabilidade subjetiva, ou seja, pela necessidade de comprovação da culpa perante a 
circunstância possivelmente danosa em desfavor do consumidor. 
No mesmo sentido, Sérgio Cavalieri ensina com base no § 4º do art. 14 do CDC que os 
profissionais liberais – aqueles que atuam livremente, com autonomia e sem subordinação, 
ex.: advogados, médicos, engenheiros, dentistas etc. - são regulados pelas regras do código do 
consumidor, e devem atuar com atenção aos princípios inerentes a relação de consumo, 
contudo, no que tange a prestação de serviços e responsabilidade, não respondem de forma 
objetiva, devendo, portanto, a comprovação da culpa. 
 6.2. Prazo prescricional 
A doutrina de Pablo Stolze e Roldofo Pamplona, traz o período de possibilidade de 
ajuizamento da ação reparatória da Responsabilidade civil, sendo de 5 anos a partir da data do 
conhecimento do dano e autoria. Salienta também, que por ser regra especial, o prazo 
estabelecido pelo Código civil de 3 anos será suplantado pelos 5 anos do Código de Defesa do 
Consumidor. 
7. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DE PRODUTO OU SERVIÇO 
 Tal tópico refere ao elemento que simboliza defeito que interfira na qualidade seja do 
produto ou do serviço. Nesse sentido, ocorrerá quando não observado por todos os entes que 
participam do processo logístico de vendas o cuidado na manutenção e armazenamento do 
produto, recairá em responsabilidade objetiva e solidária conforme preleciona o art. 18 do 
CDC. 
6 
 
 O CDC utiliza uma nomenclatura para espécie de bens que não é utilizado pelo Código 
Civil; duráveis e não duráveis, dando, portanto, o direito do consumidor de pleitear pela 
reparação e também a substituição do produto referente às partes viciadas, facilitando assim, o 
auxílio ao consumidor. 
 Na circunstância que for verificado o vício ou defeito o consumidor deverá ser sanado 
em até 30 dias, caso não, poderá exigir de forma alternativa: a) substituição do produto da 
mesma espécie em condições de uso. b) reparação do valor utilizado com correção monetária 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou c) abatimento proporcional do preço em outro 
produto. Salienta Pablo Stolze que o direito de pedir a reclamação de vícios aparente em bens 
duráveis e não duráveis decairá em 90 para os duráveis e 30 para os não-duráveis. 
8. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR 
 Quanto ao tema, o autor expõe que a legislação pátria disciplina o assunto referente a 
responsabilização do fornecedor pelo fato do produto e do serviço primordialmente nas 
disposições encontradas nos artigos 12 e 14 do Código de Defesa do Consumidor. Dessa 
forma, o citado diploma legal introduz o entendimento de que o fabricante, o produtor, o 
construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.Para a caracterização da responsabilidade objetiva, não se requer que ocorra culpa ou 
dolo, bastando a conduta, o dano e o nexo de causalidade, lógica característica da Teoria da 
Responsabilidade Objetiva, sustentando que qualquer problema relativo à nocividade ou 
periculosidade dos produtos e serviços oferecidos ao consumidor, quer seja no que tange a 
vícios, quer diga respeito a defeito, resolve-se com base na responsabilidade objetiva do 
fornecedor. Sendo assim, o autor destaca que em todas as hipóteses de exclusão da 
responsabilidade do fornecedor mencionadas no CDC, o fundamento consubstancia-se na 
inexistência do nexo causal. 
 Neste ínterim, no que tange ao segmento específico da exclusão da responsabilidade do 
fornecedor, temos que o mesmo encontra abrigo mais explicitamente na redação do parágrafo 
3°, incisos I e II do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, onde encontramos 
7 
 
asseverado que o fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar que, 
tendo prestado o serviço, o defeito inexiste, ou se incorre culpa exclusiva do consumidor ou 
de terceiro. 
 Posteriormente, Sergio Cavalieri destaca que, a revelia de uma interpretação strictu 
sensu do CDC, conforme cada vez mais observado, a posição dos doutrinadores e da 
jurisprudência pátria tem convergido no sentido de aceitar as hipóteses de caso fortuito e força 
maior também como excludentes de responsabilização do fornecedor. Dessa forma, além da 
inexistência do suposto defeito apontado e da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro 
expressamente previstas nos incisos I e II do § 3º do artigo 14 do CDC, se ocorrer manifesta a 
existência de que o dano adveio de caso fortuito ou força maior, temos também uma situação 
jurídica de ausência de responsabilidade por parte do fabricante, produtor, construtor e 
importador por força doutrinária e jurisprudencial. 
 Diante dessa divergência, Sérgio Cavaliere posiciona-se inicialmente distinguindo caso 
fortuito interno de caso fortuito externo, sendo o primeiro entendido como o fato 
imprevisível, e por isso inevitável ocorrido no momento da fabricação do produto ou da 
realização do serviço; por sua vez o segundo pode ser compreendido como aquele fato que 
não guarda nenhuma relação com a atividade do fornecedor, absolutamente estranho ao 
produto ou serviço, via de regra, ocorrido em momento posterior ao da sua fabricação ou 
formulação. Nessa venha, segundo o autor, excluem a responsabilidade do fornecedor a força 
maior e o caso fortuito em sua modalidade externa, tendo a força maior efeito excludente por 
ser fato externo a produção, que ocorre depois do produto ou serviço ser lançado no mercado, 
não importando em defeito e o caso fortuito externo por não guardar relação alguma com o 
produto ou com o serviço. 
 
9. CONCLUSÃO 
 Após a análise da obra e de compreender a extensão e complexidade referente ao tema 
da responsabilidade civil nas relações de consumo, vale destacar a enorme importância do 
assunto diante da pujança das relações consumeris dentro do cotidiano social. Nessa venha, 
temos que o desenvolvimento do modelo econômico capitalista acrescido das transformações 
introduzidas pela conjuntura da pós-modernidade, implicaram num progressivo aumento das 
taxas de produção de bens e oferecimentos de serviços, moldando um novo comportamento 
maximizador do consumo, bem como de sua complexidade. Estes fenômenos obviamente 
8 
 
apresentam-se ás Ciências Jurídicas com grande relevo no sentido de dinamizarem novas 
formas de compreender e de exigirem novos dispositivos legais e jurisprudenciais a fim de 
regular essas relações, sempre sob a guarda principiológica do Direito Civil. 
 Dada essa importância, o renomado autor nos trás uma compreensão ampla e eficaz do 
assunto, iluminando o entendimento doutrinário tanto em relação ao tema em si, como 
também na seara dos dissídios jurídicos envolvendo a matéria tanto na esfera intelectual 
quanto no campo casuístico. Desse modo a produção de Sérgio Cavaliei Filho mostra-se 
obrigatória para o bom entendimento do assunto da responsabilidade civil no que tange as 
relações de consumo. 
 
 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 
2012. 
BENJAMIM, Antonio Herman V; FILOMENO, José Geraldo Brito et al. Código Brasileiro 
de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do Anteprojeto. 9 ed. rev., atual., e ampl. 
Rio de Janeiro: Forense, 2007. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil: 
Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
 
 
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