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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I – Introdução a ciência dos materiais Câmara de Materiais e Processos Construtivos Aula 03 Disciplina: Materiais de Construção Civil I 1 Objetivos • melhor compreensão • base científica • avaliação das propriedades • desenvolvimento ao longo do tempo durabilidade fadiga deformação lenta Princípio básico O comportamento do material depende da microestrutura Níveis de estudo • Sub-atômico (Å) – estrutura do átomo – microscopia eletrônica de tunelamento – não utilizado em MCC • Atômico (nm - mm) – moléculas, cristais – difração de raios X • Nível de cristalização • Tipo de cristal – microscopia eletrônica de varredura Usando um microscópio de tunelamento, pesquisadores da IBM conseguiram arranjar átomos de ferro (cones azuis) depositados sobre uma superfície de cobre (em vermelho), formando uma espécie de curral atômico. Níveis de estudo • Microscópico (mm-mm) – fases, partículas – microscópios ótico e de varredura - MEV – ensaios físicos (porosimetria) • Macroscópico (>mm) – todo o material – ensaios mecânicos Gerdau – análise de microestrutura e fratura de metais MEV Ciência dos Materiais Nível Macroscópico (Resistência à tração direta): (SAVASTANO Jr, 1992) Ciência dos Materiais Nível Macroscópico (Resistência à Compressão): Ciência dos Materiais Nível Macroscópico (Flexão com deformação controlada): (Caldas e Silva, 2002) Ciência dos Materiais Nível Microscópico (superfície polida): 0 2 4 6 Energy (keV) 0 500 1000 1500 2000 Counts C O Na Mg Al Si S Cl K Ca Matriz escória com fibra de coco e análise de EDS do ponto 1 da figura abaixo (SAVASTANO Jr, 2000) Ciência dos Materiais Nível Microscópico (superfície fraturada): Matriz de cimento portland reforçada com 4% de fibras de sisal (SAVASTANO Jr, 2000) Ponto 1 – fibra arrancada da matriz Pontos 2 e 3 – fibra rompida A Escala das Características Estruturais Microestrutura do Concreto Vazios Etringita Hidróxido de cálcio Modelos Atômicos 15 Interação atômica (Forças interatômica) R ep u ls ão A tr aç ão DISTÂNCIA INTERATOMICA Força de atração Força de repulsão Soma das forças Adaptado a partir do VAN VLACK, 1970. – Existe uma determinada distancia entre átomos em que a a soma das forças de atração e repulsão é igual a ZERO; – Este é o ponto de mínima energia potencial, equilíbrio da ligação química; – Forças de atração obedecem a Lei de Coulomb Os átomos exercem interação sobre os outros As moléculas: Em muitas substâncias, os átomos são agrupados em agregados de dois átomos ou mais. Tal agregado de átomos é chamado de molécula. Em uma molécula, os átomos componentes permanecem unidos por forças chamadas ligações químicas. Molécula = composto de partículas de 2 ou mais átomos quimicamente ligados um ao outro. Gases, as moléculas estão afastadas. As ligações atômicas: Átomos com a camada periférica completa: gases raros ou inertes, são muito estáveis. Estabilidade permanente - átomo contenha 8 elétrons na última camada (2 no caso do hélio). Alguns minerais (Ex.: ouro) são compostos por apenas um elemento. Maioria das substâncias é composta por diversos elementos formando um composto químico estável. As propriedades químicas dos átomos são função da última camada de elétrons. O tipo de ligação química entre os elementos é determinado pelos elétrons do nível de valência, que definem a afinidade química dos elementos. As ligações atômicas Metais são elementos eletropositivos. Liberam facilmente os elétrons da camada periférica. Metalóides são eletronegativos. Designação dos elementos químicos que apresentam algumas, mas não todas, as propriedades físicas de um metal. Têm tendência a completar a sua última camada periférica. O número de elétrons cedido pelos metais = número absorvido pelos metalóides, define o número de ligações ou valências. Mono, bi, tri, valentes = 1, 2, 3, ... valências. As ligações entre os átomos, podem ocorrer por: Abandono de elétrons, de um átomo em benefício de outro.(metal para metalóide). Utilização em comum de elétrons periféricos para completar a última camada (metalóide para metalóide); ligação por covalência, estável e freqüente nos materiais plásticos. As ligações atômicas Ligações primárias (fortes): •Ligação iônica; •Ligação covalente; •Ligação metálica. Ligações secundárias – forças de van der Walls •Moléculas polares; •Dipolos induzidos; •Pontes de hidrogênio. Transferência ou compartilhamento de elétrons. São ligações relativamente mais fracas. Ligação iônica Busca o arranjo estável por compartilhamento. Forças coulombianas (recebendo e doando elétrons). A atração dá-se em todas as direções (não é direcional). Atração entre íons de carga elétrica contrária (íons positivos- cátions e íons negativos-ânions). Composto iônico - substância composta cujos componentes apresentam cargas elétricas. Quando submetidos a esforços mecânicos que ultrapassam sua capacidade resistente, normalmente se comportam de maneira frágil, isto é, apresentam-se pouco dúcteis, com baixas deformações até a ruptura. Ligação iônica Exemplo: Na+ e o Cl- formam o NaCl, cloreto de sódio (sal de cozinha), sólido cristalino. Um íon Na+ é envolvido por vários íons Cl- e assim inversamente. Na Cl Na + Cl - + - Ligação iônica – atração eletrostática perda de elétrons + ganho de elétrons - – não direcional – forte – solúveis (solv. polares) – Tem afinidade com a água • Exemplo: CaCl2, NaCl – estrutura da molécula orientada pelo tamanho do íon Materiais iônicos possuem baixa condutividade elétrica, devido a ao fato da transferência de carga elétrica ser dada pelo movimento de íons inteiros, os quais não se movem tão facilmente como os elétrons. Não direcional – Um Na+ atrairá qualquer Cl- vizinho igualmente em todas as direções. Ligação covalente A ligação ocorre por meio de uma aproximação muito intensa entre dois elementos químicos que vão se ligar, de maneira que alguns elétrons da última camada de valência de um dos átomos circundam o núcleo do outro átomo e vice- versa. Elétrons compartilhados Os elementos não perdem nem ganham elétrons, mas sim os compartilham. Ex: Molécula de Oxigênio (O2) Ligação covalente • Covalente – Ligações fortes – elétrons compartilhados – Direcional Elétrons compartilhados Exemplo: polímeros; Cerâmicas: carbeto de silício (SiC) e nitreto de silício (Si N4); Diamantes. Ligação covalente Diamante: O átomo de carbono tem 4 elétrons na camada de valência, que são compartilhados com 4 átomos adjacentes, forma reticulado tridimensional todo ligado por pares covalentes. Desta forma, cada átomo de carbono está ligado covalentemente a outros quatro átomos de carbono, originando uma estrutura rígida a três dimensões. Somente átomos de carbono Diamante O diamante é constituído por uma rede de tridimensional de átomos de carbono fortemente unidos por ligação covalente. Ligação covalente Grafite: Tanto o grafite como o diamante são constituídos por estruturas cristalinas de átomos de carbono – C – apenas diferindo na estrutura que apresentam.No grafite os átomos de carbono ligam-se a outros três, formando camadas (daí a potencialidade deste material para deslizar). Grafite Diamante Estrutura bidimensional Ligações metálicas Átomos de baixa valência liberam seus elétrons formando uma nuvem de elétrons ao redor dos átomos. Os elétrons de valência não estão associados a algum átomo em particular. As ligações são não-direcionais, pois os átomospresos na nuvem de elétrons não são fixados em única posição. Um caso particular da ligação covalente é a ligação metálica. Nela os elétrons compartilhados entre os íons metálicos são livres, isto é, uma “nuvem” de elétrons percorre a estrutura do material equilibrando as ligações. Os elétrons livres dão aos metais sua elevada condutibilidade elétrica e térmica e boa ductibilidade. Ligações metálicas Estruturas formadas por íons positivos e elétrons “livres”que fazem o papel de íons negativos aparecendo forças elétricas coulombianas de atração. A ligação metálica pode ser considerada como uma atração entre íons positivos e elétrons livres. Exemplo: cobre Ligações metálicas – elétrons livres (“nuvem”) • posicionamento dos íons influenciado apenas pelo seu tamanho • propriedades plásticas, elétricas e térmicas – exemplo: metais Devido ao seu caráter eletropositivo, muitos metais (como o ferro) estão sujeitos a corrosão. Forças de Van der Waals Ligação secundária fraca, mas que também contribui para a atração interatômica. Se originam de dipolos elétricos, são conseqüência da assimetria da molécula. O centro de carga positiva não coincide com o centro de carga negativa, originando o dipolo. São forças de atração que não envolvem cargas individuais ou transferência de elétrons. Existem entre todos os íons e átomos de um sólido, mas podem estar obscurecidas pelas ligações fortes presentes. São importantes para determinar a tensão superficial em sólidos. Forças de Van der Waals (a) Nas moléculas assimétricas ocorre um desbalanceamento elétrico denominado polarização. (b) Este desbalanceamento produz um dipolo elétrico com uma extremidade positiva e outra negativa. (c) Os dipolos resultantes originam forças de atração secundárias entre as moléculas. A extremidade positiva de um dipolo é atraída pela negativa de outro. Fluoreto de hidrogênio Forças de Van der Waals Ocorre pela atração de cargas opostas; São ligações secundárias, não unem átomos, aglutinam moléculas; Os elétrons não são transferidos e a atração depende da distribuição assimétrica da carga; Essa assimetria é denominada efeito dipolo; - + - + Ligação secundária H F H F ----- ++++ É um tipo atração intermolecular, ou seja entre moléculas. Não existe transferência ou compartilhamento de elétrons como nas ligações químicas. Forças de Van der Waals Pontes de hidrogênio: Caso particular de atração por moléculas polares, em que a carga positiva do núcleo do átomo de hidrogênio de uma molécula é atraída pelos elétrons de valência de átomos de moléculas adjacentes. Uma molécula polar é uma molécula em que as polaridades das ligações individuais não se cancelam. Exemplo: água (molécula polar) Forças de Van der Waals • Ligações secundárias (fracas) • Não formam moléculas, mas as interligam • Facilmente quebradas • Sua quebra separa as moléculas, não as rompe • pontes de hidrogênio – átomos muito negativos formam “pontes” entre moléculas. Ex: H2O • efeitos dipolo – moléculas polarizadas (+ e -) direcionam seus pólos com cargas contrárias, ligando as moléculas Ligação Energia (GPa) Exemplo Covalente 1,000 Diamante Iônica 30 - 100 Sais e cerâmicas Metálicas 30 - 150 Metais Pontes de hidrogênio 8 Gelo Van der Vaals 2 Polietileno Energia de ligação: energia mínima requerida para criar ou quebrar a ligação Estruturas dos sólidos: De que depende? • Formas com que os átomos se organizam • Classificação dos tipos de organização: molecular cristalina vítrea Arranjos atômicos Os arranjos das estruturas moleculares, que formam a microestrutura da matéria são diferentes a cada fase ou estado. Sólidos = as moléculas estão muito próximas, mantêm-se no lugar pelas forças de atração e coesão. Pode-se obter um líquido a partir de um sólido, pela diminuição das forças de atração ou de coesão. Um gás é obtido pela supressão da quase totalidade das forças de atração ou de coesão. Arranjos atômicos Nos sólidos a disposição geométrica regular das moléculas no conjunto da massa caracteriza o estado cristalino. Disposição irregular das moléculas caracteriza o estado amorfo. Um corpo cristalizado é anisotrópico, isto é, as suas propriedades variam segundo a direção em que são medidas. Os metais possuem estrutura cristalina. Sólidos cristalinos • ordem • simetria • repetição de formas geométricas – tipo de ligação química – tamanho dos íons • estáveis • planos de clivagem – preferenciais de ruptura • anisotrópicos • iônicos ou covalentes – alto ponto de fusão – resistentes – duros CÉLULA UNITÁRIA (unidade básica repetitiva da estrutura tridimensional) Célula Unitária Os átomos são representados como esferas rígidas ESTRUTURA CRISTALINA DOS METAIS • Como a ligação metálica é não-direcional não há restrições quanto ao número e posições dos vizinhos mais próximos. • Então, a estrutura cristalina dos metais têm geralmente um número grande de vizinhos e alto empacotamento atômico. • Três são as estruturas cristalinas mais comuns em metais: Cúbica de corpo centrado, cúbica de face centrada e hexagonal compacta. SISTEMA CÚBICO SIMPLES Apenas 1/8 de cada átomo cai dentro da célula unitária, ou seja, a célula unitária contém apenas 1 átomo. Essa é a razão que os metais não cristalizam na estrutura cúbica simples (devido ao baixo empacotamento atômico) Parâmetro de rede a EST. CÚBICA DE CORPO CENTRADO Para a estrutura ccc o número de coordenação é 8 1/8 de átomo 1 átomo inteiro Sólidos cristalinos • moleculares – moles – baixo ponto de fusão – > expansão térmica – > nível de cristanilidade, > resistência mecânica – Ex: polietileno de alta e baixa densidade polietileno Exemplos de arranjos cristalinos > acomodação dos íons, > densidade > no de planos cristalinos, > no de planos de clivagem Estruturas cúbicas de face centrada e hexagonal compacta: > fatores de empacotamento (78 e 74%) Sólidos vítreos ou amorfos • ausência de: –ordem – simetria –ponto de fusão definido • balanço elétrico mal configurado • isotrópicos • menos estáveis • Ex. Pozolanas e vidros Cadeia básica: Si O Modificadores: – Ca, Na, Fe, Al, .. cfme. Zachariesen Sólidos vítreos ou amorfos Pozolana – cinza volante Fases, soluções e dispersões • Fase: – parte homogênea – superfícies definidas – sistema heterogêneo – Ex. clínquer Portland • Solução – sistema homogêneo – soluto (dissolvido) – solvente (o que dissolve) • Dispersão – solução de 2 fases • gel • pasta • emulsão substâncias imiscíveis • espumas Importância dos Defeitos • porosidade – fator água/cimento – fator água/gesso • fissuras • falhas cristalinas – Principal causa de problemas em metais • < Rmec, > deform., > reatividade, > corrosão 0 0.25 0.5 0.75 1 0 5 10 15 20 25 Volume de Poros (%) R e s is tê n c ia R e la ti v a (Neville, 1983)
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