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Indicadores_Nutricionais_e_Qualidade_de_Vida

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RESUMO
Introdução: Possíveis associações entre medidas objetivas do estado nutricional e qualidade de vida (QV) podem assegurar estratégias para melhoria do
bem-estar em portadores de doença renal crônica (DRC). Objetivo: Verificar a existência de associação de indicadores nutricionais e nível de QV em
portadores de DRC submetidos a hemodiálise (HD). Método: Foram estudados 103 pacientes. Os indicadores nutricionais avaliados foram: ingesta calórica
por diário alimentar de 3 dias, consumo protéico estimado pelo Equivalente Protéico do Aparecimento do Nitrogênio (PNA), índice de massa corporal (IMC)
e circunferência muscular do braço (CMB). Para a medida do nível de QV foi utilizado o instrumento Medical Outcomes Study Questionaire 36-Item Short
Form Health Survey (SF-36). Foram comparadas as pontuações geradas pelo SF-36 em função de IMC e CMB categorizados, e calculada a correlação
linear entre pontuações do SF-36 e indicadores nutricionais, em modelo ajustado para variáveis demográficas, laboratoriais e clínicas. Resultados:
Pacientes do sexo feminino classificadas como desnutridas quando comparadas com não-desnutridas, de acordo com IMC, apresentaram pontuações
menores referentes à dimensão Estado Geral de Saúde (41,5 vs. 62,6; p=0,028). Entre os homens o PNA se correlacionou com a dimensão Dor (r=0,391,
p=0,008) e, entre as mulheres, com Dor (r=0,369, p=0,038), Vitalidade (r=0,445, p=0,011), Limitação por Aspectos Emocionais (r=0,408, p=0,021) e as
pontuações resumidas em Componentes Físico (r=0,494, p=0,004) e Mental (r=0,365, p=0,040) de QV. Conclusões: Houve associação de desnutrição e
PNA com aspectos físico e mental de QV em mulheres em HD regular. (J Bras Nefrol 2006;28(2):57-64)
Descritores: Doença renal crônica. Hemodiálise. Qualidade de vida. Nutrição. 
ABSTRACT
Introduction: Possible associations between objective nutritional measurements and quality of life (QoL) can ensure strategies to improve the well-being
in chronic kidney disease (CKD) patients on hemodialysis (HD). Objective: To verify the existence of association of nutritional markers with QoL level in
CKD patients on HD. Method: We studied a sample of 103 patients. The evaluated nutritional markers were: energy intake by the 3-day food diary method,
protein consumption estimated by the Protein Equivalent of Total Nitrogen Appearance (PNA), body mass index (BMI), and the mid-arm muscle
circumference (MAMC). The Medical Outcomes Study Questionnaire 36-Item Short Form Health Survey (SF-36) was used to measure the QoL level. We
compared SF-36 scores according to BMI and MAMC categories, and calculated linear correlation between SF-36 scores and nutritional markers, using a
model adjusted for demographic, clinical and laboratory data. Results: Malnourished women compared to non-malnourished according to BMI presented
lower score due to General Health dimension (41.5 vs 62.6; p=0.028). Among men, PNA was correlated with Pain (r=0.391, p=0.008), and, among women,
with Pain (r=0.369, p=0.038), Vitality (r=0.445, p=0.011), Role-emotional (r=0.408, p=0.021) and the score summarized into Physical (r=0.494, p=0.004) and
Mental (r=0.365, p=0.040) Components of QoL. Conclusions: There was association of malnutrition and PNA with physical and mental aspects of QoL in
women on regular HD. (J Bras Nefrol 2006;28(2):57-64)
Keywords: Chronic kidney disease. Hemodialysis. Quality of life. Nutrition. 
Associação de Indicadores Nutricionais com Qualidade de
Vida em Pacientes Portadores de Doença Renal Crônica em
Hemodiálise
Association of Nutritional Markers With Quality of Life in Chronic
Kidney Disease Patients on Hemodialysis
Paulo Roberto Santos1, Milena Rodrigues Coelho2, Natália Paula Gomes3,Clara Emanuelle 
Paula Josué4
1Nefrologista responsável pela Unidade de Diálise da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, Especialista em
Administração Hospitalar pela Universidade Estadual do Ceará, Mestre em Medicina Clínica pela Universidade
Federal do Ceará, Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará; 2Nutricionista da Unidade
de Diálise da Santa Casa de Misericórdia de Sobral; 3Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal do
Ceará–Campus de Sobral; 4Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará–Campus de Sobral.
Artigo Original
Recebido em 17/03/06 / Aprovado em 08/05/06
Endereço para correspondência:
Paulo Roberto Santos
Unidade de Diálise e Transplante Renal da Santa Casa de Misericórdia de Sobral
Rua Major Franco, s/n
62020-580 Sobral, CE
Tel: 88 3677-1969
Email: prsantos@fortalnet.com.br
Nutrição e Qualidade de Vida58
INTRODUÇÃO
A nutrição desempenha papel central na
abordagem das doenças renais. Entre elas, a doença renal
crônica (DRC), em seus vários estágios, impõe desafios
clínicos diretamente ligados ao estado nutricional. A
uremia decorrente da DRC avançada provoca um estado
inflamatório ativado que predispõe a desnutrição1. Além
disso, restrições dietéticas, perda de aminoácidos no
período intra-dialítico, anorexia, intercorrências infec-
ciosas favorecem anormalidades nutricionais2. Desnutri-
ção é um dos principais fatores de risco de morte entre
hemodialisados3-5. 
A relação entre nutrição e rim também ocorre no
contexto mais amplo das medidas preventivas: alto índice
de massa corporal é um forte e modificável fator de risco
para DRC6.
Atualmente, ao lado de medidas objetivas (labo-
ratoriais, antropométricas) visando a detecção de distúr-
bios clínicos ocasionados pela DRC, preconiza-se a moni-
torização da qualidade de vida percebida pelos pacientes
mantidos em hemodiálise7. Com a melhora da sobrevida,
a busca por melhor qualidade de vida tem se tornado um
dos principais objetivos da terapia dialítica crônica.
Também relevante é a utilidade do nível de qualidade
como indicador prognóstico de morbi-mortalidade8-10. 
A associação entre qualidade de vida e condição
nutricional na DRC tem sido abordada em trabalhos inter-
nacionais11-13, porém faltam estudos acerca dessa asso-
ciação em pacientes brasileiros. Vale ressaltar que estudo
com esta temática detectou pacientes obesos submetidos a
hemodiálise como tendo pior qualidade de vida e maior
risco de morbidade e mortalidade14. Até pouco tempo
apenas a desnutrição era identificada como fator de risco
entre hemodialisados.
A correlação entre avaliações objetivas que
abrangem fatores modificáveis, tais como estado nutri-
cional, e avaliações subjetivas de aspectos de grande inte-
resse, como qualidade de vida, auxilia na estratégia de
intervenções prioritárias pela equipe de saúde.
O presente estudo teve como objetivo verificar a
existência de associação de variáveis objetivas referentes
ao estado nutricional e nível de qualidade de vida em
portadores de DRC submetidos a hemodiálise.
MÉTODO
O estudo é de coorte transversal com amostra formada a
partir da população constituída pelos 141 indivíduos que se
encontravam em tratamento hemodialítico no mês de março de
2005 na Unidade de Diálise da Santa Casa de Misericórdia de
Sobral, Ceará.
Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: ser
portador de DRC; tempo maior do que 3 meses em hemodiálise;
idade superior a 18 anos; aceitação espontânea para participar
do estudo. Foi utilizado único critério de exclusão: vivência por
qualquer período de tempo como transplantado renal.
Da população foram incluídos 103 pacientes. Foram
excluídos 21 indivíduos com tempo em hemodiálise inferior a 3
meses, 4 por terem vivenciado um período como transplantados,
6 por demonstrarem não entender os itens do instrumento
utilizado na pesquisa para medida do nível de qualidade de vida,
3 por terem menos de 18 anos de idade. Quatro pessoas se
recusaram a participar do estudo.
A coleta de dados foi realizada durante o mês de março
de 2005 e constou da coleta do perfil demográfico, clínico,
laboratorial, de indicadores nutricionais e da aplicaçãodo
instrumento Medical Outcomes Study Questionaire 36-Item
Short Form Health Survey (SF-36) como formulário para
medida do nível de qualidade de vida. 
Os dados demográficos e clínicos foram: sexo, idade,
raça, escolaridade, renda familiar, atividade de trabalho, etiolo-
gia da doença renal, tempo de manutenção em hemodiálise e
presença de co-morbidades. A fonte desses dados foram os
registros da Unidade de Diálise. A etiologia da doença renal
correspondeu a critério clínico, como encontrado nos registros,
e não a diagnóstico histológico. Em relação a presença de co-
morbidades, foi escolhido o índice de Khan15 que considera a
idade do paciente e nove co-morbidades (diabetes mellitus,
infarto agudo do miocárdio, angina pectoris, insuficiência car-
díaca congestiva, cirrose hepática, doença pulmonar obstrutiva,
colagenoses, fibrose pulmonar, neoplasia visceral) para classi-
ficação em 3 grupos de risco: baixo (grau 0), médio (grau 1) e
alto risco (grau 2).
Os dados laboratoriais constaram de hemoglobina,
creatinina, albumina, produto cálcio-fósforo e índice de KT/V.
Os resultados laboratoriais apresentados corresponderam à
média dos resultados dos meses de janeiro, fevereiro e março de
2005. Todos os exames laboratoriais, referentes aos três meses
citados, foram realizados pelo mesmo laboratório. O índice de
KT/V apresentado foi calculado pela fórmula de Daugirdas II16,
e como os demais resultados laboratoriais, correspondeu à
média de três resultados.
O estado nutricional dos participantes foi avaliado por
nutricionista treinada, de forma privativa, em consultório exis-
tente no âmbito da Unidade de Diálise. Após sessão de diálise
foram obtidas as seguintes medidas antropométricas: peso
corporal, estatura, prega cutânea tricipital (PCT) em milímetros
com utilização de adipômetro de Lange e circunferência do braço
(CB) em centímetros no braço contralateral a fístula arterio-
venosa funcionante (no caso de fístula arteriovenosa em ambos
os braços, foi utilizado o braço direito). Para o cálculo da Circun-
ferência Muscular do Braço (CMB) foi utilizada a fórmula:
CMB(cm)=CB(cm) – 0,314 x PCT(mm). O resultado da CMB
foi comparado ao normograma definido para a população normal
por Frisancho17 e a classificação do estado nutricional foi obtido
em função da percentagem do ideal pela fórmula: Percentagem
de adequação da CMB(%)=(CMB em mm dividido pelo valor no
percentil 50 em mm) x 100, tendo como faixa de normalidade
110 a 90% do ideal. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi
59J Bras Nefrol Volume XXVIII - nº 2 - Junho de 2006
calculado pela razão entre o peso (peso seco) e quadrado da
estatura. Para a classificação do estado nutricional em função do
IMC foram considerados o limite inferior de 18,5 e superior de
24,9 kg/m2 para definição de normalidade.
O registro alimentar de três dias (um dia em que o
paciente se submetia a hemodiálise e dois dias sem o proce-
dimento) foi a técnica utilizada pela nutricionista para esti-
mativa de ingesta calórica em kcal/kg/dia.
A ingesta protéica em g/kg/dia foi estimada pelo cálculo
do Equivalente Protéico do Aparecimento do Nitrogênio
(PNA)18 e correspondeu à média de 3 resultados referentes aos
meses de janeiro, fevereiro e março de 2005.
O instrumento SF-36 utilizado para medida da qualidade
de vida é do tipo genérico, criado por Ware e Sherbourne19,
originalmente na língua inglesa norte-americana. No Brasil, teve
sua tradução e validação cultural realizada por Ciconelli20. O
instrumento é constituído de 36 itens, fornecendo pontuação em
oito dimensões da qualidade de vida: Capacidade Funcional (CF),
Limitação por Aspectos Físicos (AF), Dor (DF), Estado Geral de
Saúde (SG), Vitalidade (VIT), Aspectos Sociais (AS), Aspectos
Emocionais (AE), Saúde Mental (SM); e em dois aspectos resu-
midos como Componente Físico Resumido (CFR) e Componente
Mental Resumido (CMR). A pontuação dos componentes
resumidos deriva de média ponderada. O CFR é determinado
principalmente pelas dimensões CF e AF, mas também por DF,
SG e VIT. Para a pontuação do CMR a dimensão SM tem maior
peso, seguido em ordem decrescente por AE, AS, VIT, SG. A
pontuação varia de 0 (pior resultado) a 100 (melhor resultado).
Os dados demográficos e clínico-laboratoriais serão
apresentados como média ± desvio-padrão para as variáveis
contínuas, e como percentagem para variáveis categóricas. 
As pontuações geradas pelo SF-36, através de um
sistema próprio do instrumento, serão apresentadas para cada
das oito dimensões e dois componentes resumidos como média
± desvio-padrão.
As médias foram comparadas pelo teste t de Student e
de Mann-Whitney para as variáveis sem distribuição normal. As
proporções foram comparadas pelo teste do qui-quadrado, e
quando indicado pelos testes de Fisher e da Razão de
Verossimilhança. 
Para análise da associação entre estado nutricional e
qualidade de vida foram: 
(1) comparadas as pontuações geradas pelo instrumento
SF-36 em função de IMC e CMB categorizados como
desnutridos e não-desnutridos, sem ajuste e com ajuste (por
análise de variância) para idade, tempo em diálise, co-
morbidade, albumina, hemoglobina e KT/V;
(2) realizada correlação linear entre as variáveis
contínuas independentes (ingesta calórica, PNA, IMC, CMB) e
as pontuações geradas pelo SF-36. A correlação linear foi
realizada de duas maneiras: sem ajuste e com ajuste para idade,
tempo em diálise, co-morbidade, albumina, hemoglobina e
KT/V através da análise de regressão linear múltipla.
O programa Sigma Stat for Windows 2.0, 1999 (SSPS
Inc., Chicago, EUA) foi utilizado para todas as análise
estatísticas.
A significância estatística foi estabelecida em 5%
(p<0,05).
RESULTADOS
A amostra de 103 pessoas foi constituída por 61
(59,2%) homens e 42 (40,8%) mulheres, com média de
idade de 43,4 ± 15,4 anos. Cinqüenta e três (51,5%)
pacientes eram pardos, 41 (39,8%) brancos e 9 (8,7%)
negros. O tempo de escolaridade foi menor do que 4 anos
para 75 (72,8%) participantes e maior para 28 (27,2%). A
renda familiar era inferior/igual e superior a 1 salário
mínimo, respectivamente, para 78 (75,7%) e 25 (24,3%)
pessoas. Noventa (87,3%) indivíduos não possuíam ativi-
dade de trabalho; enquanto que 13 (12,7%) trabalhavam. 
As principais causas de DRC foram: glomeru-
lonefrite em 44 indivíduos (42,7%) e hipertensão em 35
(34,0%). As demais causas foram distribuídas entre
Tabela 1. Perfil demográfico, clínico e laboratorial de 103 pacien-
tes em programa regular de hemodiálise na Unidade de Diálise
da Santa Casa de Misericórdia de Sobral-CE, 2005.
N (%) Média ± DP
Sexo
Masculino 61 (59,2)
Feminino 42 (40,8)
Idade 43,4 ± 15,4
Raça
Pardos 53 (51,5)
Brancos 41 (39,8)
Negros 9 (8,7)
Tempo de escolaridade
Menor do que 4 anos 75 (72,8)
4 anos ou mais 28 (27,2)
Renda familar
Até 1 salário mínimo 78 (75,7)
> 1 salário mínimo 25 (24,3)
Atividade de trabalho
Possui 13 (12,7)
Não possui 90 (87,3)
Doença de base
Glomerulonefrite 44 (42,7)
Hipertensão 35 (34,0)
Diabetes 7 (6,8)
Doença policística 5 (4,8)
Lupus 4 (3,9)
Pielonefrite crônica 4 (3,9)
Nefropatia obstrutiva 4 (3,9)
Tempo em hemodiálise
(meses) 48,6 ± 45,8
Co-morbidade*
Baixo risco 78 (75,7)
Médio risco 17 (16,5)
Alto risco 8 (7,8)
Variáveis laboratoriais
Creatinina (mg/dl) 14,0 ± 3,7
Hemoglobina (g/dl) 10,0 ± 1,4
Albumina (g/dl) 4,3 ± 0,4
Produto cálcio-fósforo (mg2/dl2) 54,7 ± 12,1
KTV 1,4 ± 0,3
*Índice de Khan
Nutrição e Qualidade de Vida60
diabetes (N=7, 6,8%), doença policística do adulto (N=5,
4,8%), lúpus eritematoso sistêmico (N=4, 3,9%), pielo-
nefrite crônica (N=4, 3,9%) e nefropatia obstrutiva (N=4,
3,9%). O tempo médio de manutenção em terapia hemo-
dialítica foi de 48,6 ± 45,8 meses. Quanto a co-morbi-
dades, 78 (75,7%) sujeitos foram classificados como de
baixo risco (grau 0), 17 (16,5%) como médio risco (grau
1) e 8 (7,8%) apresentavamalto risco (grau 2) pelo índice
de Khan. 
Quanto aos dados laboratoriais, as médias de
creatinina, hemoglobina, albumina, produto cálcio-fós-
foro e índice de KT/V foram, respectivamente: 14,0 ± 3,7
mg/dl, 10,0 ± 1,4 g/dl, 4,3 ± 0,4 g/dl, 54,7 ± 12,1 mg2/dl2
e 1,4 ± 0,3. 
O perfil demográfico, clínico e laboratorial da
amostra é mostrado na Tabela 1.
Em ordem decrescente, as médias das pontuações
referentes a qualidade de vida nas diversas dimensões
englobadas pelo instrumento SF-36, foram: 70,3 ± 25,8
para AS; 63,5 ± 23,9 para SM; 58,7 ± 24,1 para CF; 57,2
± 45,7 para AE; 56,4 ± 26,5 no que se refere à DF; 54,0 ±
22,8 para VIT; 42,3 ± 43,2 para AF e 42,2 ± 22,8 para SG.
As médias das pontuações resumidas em Componentes
Físico (CFR) e Mental (CMR) foram, respectivamente:
49,9 ± 20,4 e 61,2 ± 23,7, como mostra a Tabela 2.
Quanto aos indicadores nutricionais, as médias de
ingesta calórica e protéica (estimada pelo PNA) foram,
respectivamente: 33,1 ± 11,2 kcal/kg/dia e 1,2 ± 0,4
g/kg/dia. A média do IMC foi de 21,4 ± 3,2 kg/m2 e não
diferiu na comparação entre os sexos. A distribuição em
relação ao IMC categorizado, de acordo com os limites de
normalidade, foi de 73 (70,9%) normais, 19 (18,4%)
abaixo e 11 (10,7%) acima do normal, sem diferença
entre os sexos. Quanto a distribuição em função da CMB
categorizada, de acordo com a faixa considerada de
normalidade, havia 42 (40,8%) normais, 57 (55,3%)
abaixo e 4 (3,9%) acima do normal. De acordo com a
classificação pela CMB houve diferença estatisticamente
significante na comparação entre homens e mulheres
(p<0,001), como mostra a Tabela 3.
Não houve diferença entre as pontuações do SF-36
em função das categorias desnutridos (< 18,5 kg/m2) e
não-desnutridos (≥ 18,5 kg/m2) pelo IMC no modelo sem
ajuste e sem divisão pelo sexo. Entre os pacientes do sexo
Tabela 2. Pontuações referentes a oito dimensões e dois com-
ponentes de qualidade de vida de 103 pacientes em programa
regular de hemodiálise na Unidade de Diálise da Santa Casa de
Misericórdia de Sobral-CE, 2005.
Dimensões e componentes de 
qualidade de vida Média ± DP
Capacidade funcional 58,7 ± 24,1
Limitação por aspectos físicos 42,3 ± 43,2
Dor 56,4 ± 26,5
Estado geral da saúde 42,2 ± 22,8
Vitalidade 54,0 ± 22,8
Aspectos sociais 70,3 ± 25,8
Limitação por aspectos emocionais 57,2 ± 45,7
Saúde mental 63,5 ± 23,9
Componente Físico Resumido 49,9 ± 20,4
Componente Mental Resumido 61,2 ± 23,7
Tabela 3. Indicadores nutricionais de 103 pacientes em programa regular de hemodiálise na Unidade de Diálise da Santa Casa de
Misericórdia de Sobral-CE, 2005.
Total Homens Mulheres p
N=103 N=61 N=42
Ingesta calórica (kcal/kg/dia)
Média ± DP 33,1 ± 11,2 31,9 ± 10,6 34,7 ± 12,0 0,241
Ingesta protéica (g/kg/dia)
Média ± DP 1,2 ± 0,4 1,2 ± 0,4 1,3 ± 0,4 0,118
IMC1 (kg/m2)
Média ± DP 21,4 ± 3,2 21,7 ± 3,0 21,1 ± 3,4 0,909
Classificação pelo IMC2
N (%)
Abaixo do normal 19 (18,4) 10 (16,4) 9 (21,4) 0,063
Normal 73 (70,9) 48 (78,7) 25 (59,6)
Acima do normal 11 (10,7) 3 (4,9) 8 (19,0)
Classificação pela CMB3
N (%)
Abaixo do normal 57 (55,3) 46 (75,4) 11 (26,2) <0,001
Normal 42 (40,8) 15 (24,6) 27 (64,3)
Acima do normal 4 (3,9) 0 4 (9,5)
1IMC=índice de massa corporal 2Pontos de corte=18,5 e 24,9 kg/m2 3CMB=circunferência muscular do braço; pontos de corte=110 e
90% do ideal
61J Bras Nefrol Volume XXVIII - nº 2 - Junho de 2006
feminino, sem ajuste, foram encontradas menores (piores)
pontuações entre as desnutridas em relação às dimensões
SG (p=0,016), AS (p=0,016) e CFR (p=0,033). Após
ajuste para as variáveis idade, tempo em diálise, co-
morbidade, albumina, hemoglobina e KT/V, apenas a
diferença referente à dimensão SG (p=0,028) permaneceu
estatisticamente significante. Em relação aos homens, não
houve diferença entre as médias. A comparação de todas
as pontuações geradas pelo SF-36 com modelo ajustado é
mostrada na Tabela 4.
Na comparação das pontuações do SF-36 em
função das categorias desnutridos (< 90% do ideal) e não-
desnutridos (≥ 90% do ideal) pela CMB, houve diferença
entre as médias referentes a SM entre os homens
(p=0,046) e mulheres (p=0,027), porém após ajuste a
diferença não foi detectada nem em homens (p=0,053)
nem em mulheres (p=0,272), como exposto na Tabela 4.
Pela correlação linear sem ajuste e sem divisão
pelo sexo, houve correlação linear e negativa entre CMB
e a dimensão AS (r=-0,220, p=0,038) de qualidade de
vida, correlação positiva entre ingesta calórica e quatro
dimensões de qualidade de vida [AF (r=0,233, p=0,028),
DF (r=0,212, p=0,046), SG (r=0,234, p=0,027), AE
(r=0,232, p=0,028)] e CFR (r=0,310, p=0,003), e também
positiva entre PNA e AF (r=0,226, p=0,036), DF
(r=0,243, p=0,019) e CFR (r=0,214, p= 0,040). Após
ajuste para as variáveis idade, tempo em diálise, co-
morbidade, albumina, hemoglobina e KT/V, apenas o
PNA obteve correlação linear e positiva com a dimensão
DF (r=0,285, p=0,008) e CFR (r=0,305, p=0,004). Na
análise da correlação, em função do sexo, o PNA entre
homens se correlacionou positivamente com DF
(r=0,391, p=0,008), e entre as mulheres o PNA se
correlacionou da mesma forma com DF (r=0,369,
Tabela 4. Comparação (com ajuste para idade, tempo em diálise, co-morbidade, albumina, hemoglobina e KT/V) de pontuações
referentes ao nível de qualidade de vida em função de IMC e CMB de 103 pacientes em programa regular de hemodiálise na Unidade
de Diálise da Santa Casa de Misericórdia de Sobral-CE, 2005.
QV Classificação pelo IMC Classificação pela CMB 
< 18,5 kg/m2 ≥ 18,5 kg/m2 p < 90% do ideal ≥ 90% do ideal p 
Total CF 58,8 ± 23,7 60,6 ± 25,3 0,788 59,0 ± 23,1 59,2 ± 25,0 0,974
N=103 AF 39,0 ± 41,8 59,3 ± 46,4 0,129 36,8 ± 40,4 47,4 ± 45,1 0,253
DF 64,0 ± 22,8 55,9 ± 27,4 0,194 55,6 ± 26,2 59,6 ± 27,5 0,484
SG 41,2 ± 21,9 49,1 ± 27,7 0,338 40,4 ± 23,2 45,3 ± 22,9 0,325
VIT 53,2 ± 22,7 61,2 ± 21,4 0,200 57,0 ± 22,5 52,7 ± 22,7 0,381
AS 69,6 ± 26,6 77,1 ± 21,1 0,373 69,8 ± 27,3 72,0 ± 24,6 0,688
AE 70,8 ± 45,3 56,7 ± 44,9 0,210 58,4 ± 46,9 60,3 ± 43,3 0,847
SM 63,0 ± 25,0 69,0 ±19,8 0,376 59,0 ± 23,2 75,3 ± 20,0 0,100
CFR 48,7 ±19,7 58,3 ± 22,3 0,090 50,2 ± 20,9 50,6 ± 20,2 0,931
CMR 60,6 ± 23,8 69,5 ± 21,7 0,157 61,6 ± 24,2 63,0 ± 23,0 0,795
Homens CF 55,7 ± 27,4 59,7 ± 22,2 0,466 56,7 ± 23,3 60,1 ± 22,8 0,715
N=61 AF 39,7 ± 43,9 50,0 ± 50,0 0,983 33,9 ± 45,5 43,9 ± 44,2 0,746
DF 58,1 ± 21,7 53,4 ± 27,1 0,404 52,5 ± 24,3 54,6 ± 27,2 0,381
SG 31,8 ± 25,1 41,0 ± 21,6 0,601 36,1 ± 19,7 49,2 ± 25,8 0,268
VIT 53,5 ± 27,4 52,8 ± 21,8 0,926 60,3 ± 20,6 50,1 ± 22,6 0,142
AS 62,1 ±18,9 69,1 ± 26,1 0,213 67,7 ± 28,6 68,4 ± 24,2 0,608
AE 61,8 ± 48,8 51,4 ± 45,7 0,911 59,4 ± 43,7 50,3 ± 46,8 0,433
SM 63,4 ± 21,4 63,6 ± 26,2 0,961 59,2 ± 25,2 75,0 ± 22,9 0,053
CFR 48,9 ± 26,5 48,4 ± 19,6 0,951 48,1 ± 22,8 48,7 ± 19,7 0,621
CMR 60,2 ± 24,5 59,2 ± 23,7 0,818 57,0 ± 23,5 65,6 ± 23,3 0,163
Mulheres CF 57,4 ± 26,1 64,4 ± 24,5 0,437 55,8 ± 25,0 60,5 ± 26,2 0,764
N=42 AF 37,9 ± 39,1 66,6 ± 45,0 0,303 38,4 ± 38,2 58,3 ± 48,0 0,895
DF 68,6 ± 23,8 59,8 ± 27,9 0,771 58,6 ± 23,4 63,4 ± 28,7 0,891
SG 41,5 ± 22,6 62,6 ± 22,4 0,028 53,6 ± 28,6 43,2 ± 21,4 0,723
VIT 53,7 ± 24,4 67,2 ± 14,3 0,307 60,8 ± 21,9 55,1 ± 23,7 0,936
AS 70,4 ± 27,8 88,7 ± 14,7 0,340 70,9 ± 27,1 83,1 ± 23,6 0,960
AE 77,7 ± 44,1 64,8 ± 43,2 0,735 60,8 ± 43,9 83,3 ± 38,9 0,647
SM 62,2 ± 23,5 73,3 ± 18,6 0,311 59,3 ± 22,3 76,6 ±19,3 0,272
CFR 49,1 ± 20,1 65,6 ± 16,5 0,126 51,4 ± 20,2 56,6 ± 21,2 0,918
CMR 62,8 ± 24,2 76,7 ± 17,4 0,355 61,5 ± 23,3 76,0 ± 21,1 0,605
QV=qualidade de vida; IMC=Índice de massa corporal; CMB=Circunferência muscular do braço; CF=Capacidade Funcional;
AF=Limitação por Aspectos Físicos; DF=Dor; SG=Estado Geral de Saúde; VIT=Vitalidade; AS=Aspectos Sociais; AE=Limitação por
Aspectos Emocionais; SM=Saúde Mental; CFR=Componente Físico Resumido;CMR=Componente Mental Resumido
Nutrição e Qualidade de Vida62
p=0,038), VIT (r=0,445, p=0,011), AE (r=0,408,
p=0,021), CFR (r=0,494, p=0,004), como também CMR
(r=0,365, p=0,040). A Tabela 5 mostra as correlações
obtidas com modelo ajustado. 
DISCUSSÃO
Como documentado neste e em estudo prévio21,
existe importante rebaixamento do nível de qualidade de
vida entre portadores de DRC em hemodiálise. Na
comparação realizada por Mittal et al.22 a DRC dialítica
compromete mais intensamente a qualidade de vida do
que outras doenças crônicas como insuficiência cardíaca,
doença pulmonar obstrutiva crônica, artrite reumatóide e
angina pectoris.
Apesar do baixo nível socioeconômico da
amostra, proveniente de unidade de diálise localizada no
sertão da região nordeste, as médias de ingesta calórica e
protéica encontravam-se dentro do preconizado. Vale
ressaltar que um dos dias do inquérito alimentar incluía
dia de terapia, no qual a alimentação costuma ser balan-
ceada e servida pela unidade. Mesmo nos dias de não
procedimento dialítico, grande parcela dos pacientes con-
some a refeição fornecida pela unidade por residirem em
albergue mantido pela instituição. Entre levantamentos
nacionais23-25, existe discrepância no perfil de adequabi-
lidade em relação a ingesta protéico-calórica, provavel-
mente pela dependência de conjunturas regionais e pró-
prias de cada unidade.
As médias satisfatórias de albumina sérica e
KT/V, ao lado da ingesta protéico-calórica adequada, aju-
Tabela 5. Correlação linear (com ajuste para idade, tempo em diálise, co-morbidade, albumina, hemoglobina e KT/V) entre indicadores
nutricionais e pontuações referentes ao nível de qualidade de vida de 103 pacientes em programa regular de hemodiálise na Unidade
de Diálise da Santa Casa de Misericórdia de Sobral-CE, 2005.
QV Calorias PNA IMC CMB
kcal/kg/dia g/kg/dia kg/m2 cm 
r p r p r p r p
Total CF 0,065 0,556 0,199 0,065 -0,022 0,842 0,039 0,722
N=103 AF 0,055 0,619 0,226 0,036 0,006 0,954 0,009 0,929
DF 0,163 0,139 0,285 0,008 -0,023 0,834 -0,084 0,447
SG 0,169 0,125 0,095 0,384 -0,122 0,268 -0,005 0,960
VIT 0,128 0,248 0,191 0,077 -0,028 0,800 -0,019 0,864
AS -0,11 0,284 0,061 0,574 -0,158 0,152 -0,166 0,132
AE 0,092 0,403 0,189 0,081 0,007 0,950 -0,058 0,597
SM 0,052 0,641 0,078 0,470 -0,164 0,137 -0,154 0,162
CFR 0,155 0,161 0,305 0,004 -0,047 0,671 -0,013 0,902
CMR 0,057 0,605 0,174 0,108 -0,089 0,422 -0,117 0,289
Homens CF -0,069 0,653 0,037 0,810 0,024 0,874 0,034 0,825
N=61 AF 0,129 0,399 0,212 0,163 0,126 0,411 0,155 0,311
DF 0,225 0,138 0,391 0,008 -0,118 0,439 -0,093 0,545
SG 0,096 0,529 0,052 0,736 -0,021 0,892 0,218 0,151
VIT 0,103 0,503 0,027 0,860 0,165 0,278 0,086 0,573
AS -0,149 0,329 0,031 0,839 0,022 0,888 0,036 0,814
AE 0,206 0,175 0,022 0,885 0,068 0,659 0,137 0,369
SM 0,048 0,755 -0,003 0,987 -0,078 0,612 -0,089 0,562
CFR 0,152 0,318 0,271 0,072 0,027 0,860 0,119 0,436
CMR 0,100 0,515 0,024 0,874 0,057 0,711 0,071 0,642
Mulheres CF 0,216 0,236 0,349 0,050 -0,035 0,851 -0,037 0,841
N=42 AF -0,053 0,774 0,333 0,062 -0,095 0,605 -0,105 0,569
DF 0,044 0,811 0,369 0,038 0,052 0,779 0,058 0,754
SG 0,189 0,300 0,289 0,109 -0,203 0,264 -0,077 0,675
VIT 0,077 0,674 0,445 0,011 -0,167 0,361 -0,136 0,457
AS -0,090 0,626 0,050 0,784 -0,199 0,274 -0,277 0,125
AE -0,042 0,818 0,408 0,021 -0,032 0,864 -0,174 0,341
SM 0,037 0,841 0,218 0,231 -0,217 0,232 -0,250 0,167
CFR 0,114 0,535 0,494 0,004 -0,104 0,571 -0,069 0,708
CMR -0,018 0,923 0,365 0,040 -0,163 0,374 -0,254 0,161
QV=qualidade de vida; PNA=Equivalente protéico do aparecimento do nitrogênio; IMC=Índice de massa corporal; CMB=Circunferência
muscular do braço; CF=Capacidade Funcional; AF=Limitação por Aspectos Físicos; DF=Dor; SG=Estado Geral de Saúde;
VIT=Vitalidade; AS=Aspectos Sociais; AE=Limitação por Aspectos Emocionais; SM=Saúde Mental; CFR=Componente Físico
Resumido; CMR=Componente Mental Resumido
63J Bras Nefrol Volume XXVIII - nº 2 - Junho de 2006
dam a explicar a pequena percentagem de pacientes com
IMC abaixo da normalidade. Perfil semelhante ao nosso é
apresentado pela amostra de pacientes nordestinos de
Pernambuco25, distinto da maioria obesa encontrada em
estudo sulista24 e a maioria desnutrida de unidade
amazonense23.
Porém, quando analisamos a condição de eutrofia
em função da CMB, a maioria apresentou valores abaixo
da normalidade, sendo a desnutrição mais predominante
entre os homens. A desnutrição protéica, como estimada
pela CMB, costuma ser mais intensa em homens do que
em mulheres em hemodiálise26. Seria a CMB um indi-
cador mais sensível para detectar desnutrição entre hemo-
dialisados? Teoricamente, o acúmulo de líquidos como
ocorre nos portadores de DRC poderia tornar menos
sensível o IMC em detectar desnutrição, e teria menores
reflexos sobre a medida da CMB. Porém, uma grande
desvantagem de se preconizar a medida da CMB como
indicador nutricional é a grande dependência do exami-
nador. Estima-se que o coeficinete de variação na medi-
ção da CMB por pessoas diferentes, igualmente treinadas,
é de cerca de 33%27. Recentemente, pesquisadores brasi-
leiros demonstraram o poder prognóstico da CMB em
relação a mortalidade entre hemodialisados28. 
Em nosso estudo, associação entre nível de
qualidade de vida e desnutrição só ocorreu entre pacientes
do sexo feminino e em relação a classificação pelo IMC.
Mulheres classificadas como desnutridas pelo IMC
apresentaram menor pontuação referente ao Estado Geral
de Saúde. Importante notar que o IMC se associou com a
dimensão Estado Geral de Saúde que pertence tanto ao
Componente Físico como Mental de qualidade de vida.
Entre os indicadores nutricionais, apenas o PNA
demonstrou associação com nível de qualidade de vida, e
de maneira distinta em função do sexo. Quanto a
totalidade da amostra, o PNA se associou com as dimen-
sões AF e DF e ao CFR. Na divisão da amostra, em fun-
ção do sexo, persistiu a correlação entre PNA e DF em
ambos os sexos. Entre as mulheres, o PNA se correlacio-
nou linear e positivamente com várias dimensões de qua-
lidade de vida tanto do aspecto físico (DF, VIT) como
mental (AE), e inclusive com as pontuações resumidas
em Componentes Físico e Mental. A correlação foi posi-
tiva, significando que quanto menor a ingesta protéica,
menor a pontuação, ou seja, pior nível de qualidade de
vida. 
O resultado das correlações foi diferente após
ajuste por fatores de confusão, indicando a importância
do controle dessas variáveis nos estudos sobre nutrição,
assim como qualidade de vida, que são fortemente
influenciadas por idade, tempo em diálise, co-morbi-
dades, grau de anemia, adequação dialítica.
Não há como concluir com o presente estudo o
papel distinto que a desnutrição e o PNA possam ter na
associação com a qualidade de vida em mulheres. Porém,
é indicativo o fato de evidências recentes de que alguns
marcadores tenham grau diferente de importância na
dependência do sexo, por exemplo, a maior associação do
KT/V com mortalidade entre pacientes do sexo
feminino29. 
Por se tratar de estudo transversal, não se pode
demonstrar relações de causa e efeito. A correlação que se
mostrou positiva indica que maior ingesta calórica está
associada a maiores (melhores) pontuações do nível de
qualidade de vida de modo expressivo entre as mulheres.
Se a maior ingesta calórica proporciona melhor qualidade
de vida, ou se o paciente com melhor qualidade de vida
ingere mais, permanece como uma questão a ser abordada
em estudos prospectivos, intervencionais, já em andamento
em nossa unidade. Talvez, uma ingesta protéica adequada
possa beneficiar, particularmente, a qualidade de vida de
mulheres portadoras de DRC submetidas a hemodiálise.
Por fim, a maior limitação do estudo decorre da
própria complexidade da desnutrição. Nenhum indicador
isolado é suficiente para classificação do estado nutricio-nal, tornando necessário que se analise os indicadores em
conjunto. Sendo assim, associações entre nível de quali-
dade de vida e indicadores isolados devem ser interpre-
tadas com prudência. A realização de novos estudos
nacionais sobre o tema é a única maneira de evitar gene-
ralizações precipitadas.
CONCLUSÕES
A desnutrição classificada pelo IMC e a ingesta
protéica estimada pelo cálculo do PNA se correla-
cionaram particularmente entre as mulheres tanto com
aspectos fisicos como mentais de qualidade de vida.
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