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9 CITOPLASMA Vamos agora discutir a parte interna da célula, ou seja, quais são os principais processos e reações que acontecem dentro da célula. Começaremos pelo citoplasma. O citoplasma pode ser dividido em dois componentes: citosol e organelas. O citosol é a parte líquida do citoplasma que banha as organelas, constituindo sendo local de muitas reações químicas importantes. Possui entre 75% e 90% de água e vários componentes dissolvidos como glicose, aminoácidos, nucleotídeos, ácidos graxos, proteínas, lipídeos, ATP e diversas escórias. Você já pensou que a nossa alimentação é formada por células de outros organismos? Ou seja, botamos para dentro do nosso corpo DNA e proteínas de cenoura, de batata, de vaca e etc. Além disso, ainda ingerimos gordura e glicogênio encontrado nas células animais e amido nas células vegetais. Tudo isso será digerido pelo nosso sistema digestório e absorvido. Então, o nosso sistema cardiovascular se encarrega de distribuir os produtos dessa digestão para todas as nossas células. E são esses produtos da digestão de células de outros organismos que são encontrados dentro das nossas células. As organelas são estruturas especializadas com forma característica e que desempenham funções celulares específicas. Cada tipo de organela tem seu conjunto característico de enzimas que executam reações específicas. O número e os tipos de organelas variam nas diferentes células dependendo da função desempenhada pela célula. Existem dois tipos de organelas, as não-membranosas e as membranosas. As organelas não-membranosas não têm membrana e estão em contato direto com o citosol como, por exemplo, o citoesqueleto, os centrossomas e os ribossomas. Por outro lado, as organelas membranosas são circundadas por membrana que delimita um espaço interno, separando seu interior do citosol como, por exemplo, o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi, os lisossomas, os peroxissomas e as mitocôndrias. O CITOESQUELETO O citoesqueleto é uma malha formada por três tipos de filamentos protéicos que se estendem por todo o citosol. São classificados segundo o diâmetro, sendo eles os microfilamentos, os filamentos intermediários e os microtúbulos. As figuras a seguir mostram em (a) os três tipos de filamentos do citoesqueleto juntos em uma célula e em (b) os três tipos de filamentos separados e ampliados. 10 Os microfilamentos são os mais finos do citoesqueleto e possuem duas funções gerais: movimento e manutenção da forma celular. Em relação ao movimento, os microfilamentos participam da contração muscular, da divisão do citoplasma no final da divisão celular, da locomoção das células como ocorre durante a saída de glóbulos brancos da circulação e os movimentos executados durante o processo de fagocitose. Os microfilamentos também dão sustentação mecânica para as microvilosidades que são projeções microscópicas da membrana plasmática abundantes nas superfícies das células epiteliais que revestem o intestino delgado. Os filamentos intermediários são mais grossos que os microfilamentos e ajudam a ancorar organelas e o núcleo no interior da célula. Os microtúbulos são os mais grossos componentes do citoesqueleto. São tubos ocos, longos e não ramificados, compostos principalmente por uma proteína chamada tubulina. Uma organela chamada centrossoma serve de local para a montagem dos microtúbulos. Os microtúbulos participam do transporte de estruturas dentro da célula como, por exemplo, movimentação dos cromossomas durante a divisão celular. Assista ao vídeo sobre o citoesqueleto no link: http://www.youtube.com/watch?v=5GATtn4edeU&feature=related O CENTROSSOMA O centrossoma está geralmente localizado perto do núcleo e consiste em dois componentes, a área pericentriolar e os centríolos. A área pericentriolar é uma área do citosol composta por densa malha de pequenas fibras protéicas. Dentro da área pericentriolar existe um par de estruturas cilíndricas chamadas centríolos, cada um formado por nove grupos de três microtúbulos, dispostos em padrão circular chamado 9 + 0. O 9 se refere às nove trincas enquanto o 0 se refere à ausência de microtúbulos no centro. O maior eixo de um centríolo fica em ângulo reto com o maior eixo do outro. O centrossomo é o centro organizador do fuso mitótico, desempenhando papel crítico na divisão celular e na formação dos microtúbulos como veremos nos capítulo seguinte. Além disso, têm participação na formação dos cílios e flagelos. As figuras abaixo mostram em (a) um esquema do centrossoma e em (b) a disposição de microtúbulos de um centríolo. RIBOSSOMAS Os ribossomas são locais de síntese protéica. Estas pequenas organelas são associação entre RNA ribossômicos (RNAr) e várias proteínas. Estruturalmente, um ribossoma consiste de duas subunidades, uma com cerca de metade do tamanho da outra. As duas subunidades são formadas independentes no nucléolo, um corpo esférico no interior do núcleo. Uma vez formadas, elas saem do núcleo e se juntam no citosol (observe a figura abaixo). 11 Alguns ribossomas chamados ribossomas livres não se prendem a qualquer estrutura do citoplasma e sintetizam proteínas que serão usadas no interior das células. Outros ribossomas, chamados ribossomas ligados à membrana, prendem-se na membrana nuclear ou na membrana do retículo endoplasmático e sintetizam proteínas da membrana plasmática ou proteínas que serão secretadas pela célula. RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO O retículo endoplasmático (RE) é uma malha de membranas que formam sacos ou túbulos achatados, chamados cisternas. O RE se estende por todo o citoplasma constituindo mais da metade do sistema de membrana interno da célula. As células contêm duas formas distintas de RE que diferem em estrutura e funções, o RE rugoso e o RE liso. A figura abaixo mostra um esquema do RE rugoso e do RE liso. A membrana do RE rugoso é contínua com a membrana nuclear e repleta de ribossomas aderidos. As proteínas sintetizadas por estes ribossomos entram nas cisternas do RE rugoso para serem processadas. No interior do RE rugoso também são sintetizados os fosfolipídios. Diferentemente do RE rugoso, o RE liso não tem ribossomas aderidos nas suas membranas e contém enzimas que o fazem ser funcionalmente mais diversificado que o RE rugoso. Embora não sintetize proteínas, o RE liso sintetiza fosfolipídios (como também faz o RE rugoso), gordura e esteróides como estrógenos e testosterona. Veremos no capítulo referente ao tecido muscular que o RE liso da fibra muscular esquelética é o local de armazenamento de íons cálcio fundamentais para o processo de contração. COMPLEXO DE GOLGI A maior parte das proteínas sintetizadas pelos ribossomos aderidos ao RE rugoso é transportada para uma organela chamada complexo de Golgi. Ela consiste de 3 a 20 sacos membranosos denominados cisternas que são muitas vezes curvados. A face de entrada do complexo de Golgi é formada pela cisterna voltada para o RE rugoso e a face de saída é formada pela cisterna voltada para a membrana plasmática. As cisternas entre as faces de entrada e de saída são chamadas cisternas mediais. A face de entrada, as cisternas mediais e a face de saída possuem enzimas que permitem modificar quimicamente as proteínas enviadas para o complexo de Golgi. A figura a seguir mostra um esquema do complexo de Golgi. 12 As proteínas sintetizadas no RE rugoso são transportadas para a face de entrada do complexo de Golgi por vesículas denominadas vesículas de transporte. Estas proteínas são modificadas quimicamente dentro das cisternas mediais e saem funcionalmente prontas pela face de saída, podendo ter três destinos possíveis: (1) algumas proteínas que foram processadas saem pela face de saída em vesículas secretoras que levam as proteínasaté a membrana plasmática, de onde são liberadas por exocitose no líquido extracelular; (2) outras proteínas processadas saem pela face de saída em vesículas que levam seu conteúdo até a membrana plasmática onde serão incorporadas à membrana plasmática; (3) algumas proteínas processadas saem pela face de saída em vesículas de armazenamento chamadas lisossomas que ficarão dentro da célula (observe a figura abaixo). LISOSSOMAS Os lisossomas são vesículas revestidas por membranas que se formam no complexo de Golgi. No seu interior, existem até 40 tipos de enzimas digestivas (ou hidrolíticas) capazes de degradar ampla variedade de moléculas. As enzimas lisossômicas atuam melhor em pH ácido e por isso, a membrana lisossômica contém bombas de transporte ativo que movem os íons H+ para o interior destas organelas. Assim, o interior dos lisossomas tem pH 5, o que é 100 vezes mais ácido do que o citosol que possui pH 7. Os lisossomas podem se fundir com vesículas englobadas por endocitoses para digerir o material introduzido. As células com funções especificamente fagocíticas, como alguns glóbulos brancos do sangue e macrófagos do tecido conjuntivo, possuem o sistema lisossômico muito desenvolvido. 13 As enzimas lisossômicas também reciclam as próprias estruturas celulares. Um lisossoma pode englobar outra organela, digeri-la e retornar os componentes digeridos ao citosol para que sejam reutilizados. Desta forma, as organelas envelhecidas são continuamente substituídas, processo chamado autofagia. Assista ao vídeo que mostra os dois tipos de atuação dos lisossomos no link: http://www.youtube.com/watch?v=FBNMGWBmvNc&feature=related PEROXISSOMAS O peroxissoma é uma organela semelhante estruturalmente ao lisossoma, porém menor. Os peroxissomas contêm uma ou mais enzimas capazes de oxidar (remover átomos de hidrogênio) de várias substâncias orgânicas. As enzimas dos peroxissomas oxidam substâncias tóxicas como, por exemplo, o álcool ingerido. Um produto adicional das reações de oxidação é o peróxido de hidrogênio (H2O2 ou água oxigenada) composto potencialmente tóxico. Todavia, os peroxissomas também contêm a enzima catalase, que decompõe o H2O2 em H2O e O2. Como a geração e a decomposição da H2O2 ocorrem dentro dos peroxissomas, eles protegem as células contra os efeitos tóxicos do H2O2. MITOCÔNDRIAS Devido à sua função de gerar moléculas de ATP (adenosina trifosfato), as mitocôndrias são chamadas de “usinas” da célula. A molécula de ATP é a molécula de fácil acesso energético das nossas células. As células não conseguem utilizar energia diretamente da molécula de glicose. Por isso, as células precisam realizar a respiração celular aeróbica, que consiste na degradação da molécula de glicose e montagem de moléculas de ATP a partir da energia liberada dessa degradação. Montar uma molécula de ATP significa inserir o último fosfato no ADP (adenosina difosfato). Observe na figura a seguir a fórmula química da molécula de ATP e do ADP. Repare na seta vermelha que indica a ligação que é formada durante a síntese de ATP. Quando as células precisarem de energia elas devem quebrar essa última ligação do fosfato, produzindo ADP e fosfato. Uma célula pode conter desde uma centena até milhares de mitocôndrias. As células fisiologicamente ativas, como as musculares, células do fígado e dos rins têm um grande número de mitocôndrias, porque usam ATP com grande intensidade. Uma mitocôndria é revestida por duas membranas semelhantes à membrana plasmática. A membrana externa da mitocôndria é lisa, mas a membrana interna possui dobras chamadas cristas. A cavidade central, cheia de líquido, no interior da membrana interna é a matriz. Na matriz e nas cristas ocorrem as reações químicas da respiração celular aeróbica. Estas reações produzem a maior parte do ATP usada pela célula. A figura abaixo mostra um esquema de uma mitocôndria. Repare nesta figura que a mitocôndria é uma organela que possui o seu próprio DNA podendo 14 então se duplicar de forma independente dentro da célula e também possui seus próprios ribossomos podendo também sintetizar algumas proteínas específicas que são importantes para a realização da respiração celular aeróbica. Assista ao vídeo sobre a origem das mitocôndrias no link: http://www.youtube.com/watch?v=ReH3ReD0T9M
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