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LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE ARTIGO MÉDICO-HOSPITALAR Simone Batista Neto Arza Enfª Coord. CME ICESP VI Curso Preparatório para a Prova de Título de Especialista - SOBECC CONCEITOS BÁSICOS Microorganismos: são bactérias, fungos, algas, protozoários e vírus. Bactérias: são seres vivos unicelulares microscópicos (seu alimento está contido em sujidade, matéria orgânica, fluidos corpóreos e outros). Carga Microbiana (bioburden): quantidade e tipo de microorganismos presentes no artigo, antes da esterilização. CONCEITOS BÁSICOS Matéria Orgânica: pode apresentar-se na forma de soro, sangue, pus, fezes ou lubrificantes. Sua presença no material pode interferir: • Na ação do desinfetante; • Agir como barreira física, protegendo os microorganismos contra o ataque do agente esterilizante ou desinfetante; • Pode proteger os esporos durante o processo de calor. CONCEITOS BÁSICOS Biofilme: é uma forma de organização bacteriana em que a bactéria adere rapidamente às superfícies úmidas e formam colônias organizadas de células envoltas por uma matriz que facilitam a adesão à superfície. A infecção pode ser difícil de tratar, porque os antibióticos são incapazes de penetrar no biofilme. Informe Técnico nº01/09 ANVISA CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS SEGUNDO O RISCO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO Artigo Crítico Artigos ou produtos utilizados em procedimentos invasivos com penetração de pele e em mucosas adjacentes, tecidos subepiteliais e sistema vascular, incluindo todos os materiais que estejam diretamente conectados com essas regiões. Tecido estéril - esterilização Spaulding, 1968 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS SEGUNDO O RISCO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO Artigo Semi-crítico São os artigos ou produtos que entram em contato com tecidos íntegros colonizados. Tecido colonizado – desinfecção de alto nível São artigos ou produtos destinados ao contato com pele íntegra e mesmo aqueles que nem sequer entram em contato direto com o paciente. Pele íntegra ou contato direto: limpeza e/ou desinfecção de baixo nível Spaulding, 1968 Artigo Não-crítico Definição: Processo que visa à remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas presentes nos produtos para saúde e potencial redução da carga. Deve preceder os processos de desinfecção e/ou esterilização. CP 34 de 03 de Junho de 2009 ANVISA LIMPEZA FINALIDADES DA LIMPEZA Remoção da sujidade; Reduzir o n° de microorganismos presentes e remover substâncias que possibilitarão o seu crescimento; Garantir a eficácia do processo de esterilização e desinfecção. FATORES QUE AFETAM A LIMPEZA Bioburden: n° de microrganismo em um artigo; Tipo de matéria: orgânica (sólidos, depósitos de minerais), inorgânica (proteínas); Diversidade e tipos de materiais: borracha, plástico, alumínio, aço e teflon; Qualidade da água. Configurações dos materiais; Tipos de limpeza MANUAL: Remoção de sujidades por meio de fricção aplicada sobre uma superfície utilizando detergente, escova e água. AUTOMATIZADA: Remoção de sujidades por meio de ação física (jato d’água) e química (detergente). Tipos de limpeza •LAVADORA ULTRA-SÔNICA - ação combinada da energia mecânica (vibração sonora), térmica (temperatura entre 50º e 55ºC) e química (detergentes). •LAVADORA TERMODESINFECTADORA - jatos de água e turbilhonamento, associados a ação de detergentes. A desinfecção se dá por meio de ação térmica ou termoquímica. E.P.I. (NR5, NR6 e NR7) Finalidade: proporcionar segurança aos colaboradores. Touca Óculos Máscara Avental de manga longa Luva de borracha de cano longo Bota Possui concentrações de sais minerais(cloretos, óxidos), ferro, cobre, manganês e silício que podem provocar profundas corrosões e colorações no instrumental: Corrosão depositada o instrumental Ferro, cobre, manganês e silício ÁGUA (ISO 11140) Para evitar manchas nos instrumentais: • Água DDD: Água deionizada – isenta de substâncias iônicas, capazes de conduzir corrente elétrica; Água desmineralizada – isenta de substâncias minerais/salinas; Água destilada – isenta de substâncias iônicas, salinas, minerais. • Osmose reversa: é constituído por membranas semipermeáveis dispostas em forma de espiral ou de rocambole, uma bomba que produz fluxos de água e pressão controlados. A água é pressurizada pela bomba em direção à membrana semipermeável. Parte da água entra na membrana,no momento em que ocorre a remoção de sais inorgânicos, bactérias e endotoxinas. A outra parte continua ao longo da superfície da membrana em direção ao dreno. TRATAMENTO DA ÁGUA Detergentes Enzimáticos – Composição: • Surfactantes: Diminuem a tensão superficial da água e facilitam a suspensão de partículas insolúveis, podem ser iônicas ou neutras. • Solubilizantes: Agentes alcalinos que ajudam a remover gorduras. • Enzimas: moléculas protéicas produzidas por células vivas que catalisam reações químicas: Proteases: degradam as proteínas Lipases: degradam gorduras Amilases: degradam carboidratos Detergentes Enzimáticos – Finalidade: facilitar a remoção de sujidades, desde gorduras até sujeiras que estão impregnadas nos artigos. – Características: não causam danos por corrosão, são atóxicos, baixa produção de espuma, pH neutro,ação instantânea, fácil enxágüe, compatibilidade com artigos, biodegradáveis e de fácil manipulação. – Indicação: Limpeza Manual e Automatizada. Recomendações da AAMI/ANSI ST79: 2006 CUIDADOS •Não dispensa ação mecânica; •Cadastro na ANVISA; •Utilizar na diluição recomendada pelo fabricante; •Utilizar a temperatura adequada para diluição do detergente; •Trocar a solução de acordo com a recomendação do fabricante; •Não tem ação bactericida ou bacteriostática. RISCOS •Tempo acima do recomendado: potencial de replicação bacteriana e formação de biofilme; • Reação adversa por falta de enxague da solução do detergente enzimático. O QUE UTILIZAR PARA LIMPEZA? Limpeza manual Limpeza automatizada Como evitamos falhas no processo de limpeza? Após o processo de Limpeza • Inspeção visual rigorosa do material; • Uso de lupa; • Jato de ar sob pressão contra superfície branca. Monitoramento da eficácia da limpeza DETECÇÃO DE RESÍDUOS: • Sangue • Proteínas • Simuladores de matéria orgânica • ATP Indicadores Químicos para Moniramento de Limpeza TOSI HemocheckSTF Check Soil Test Clean Trace DESINFECÇÃO A desinfecção é posterior à limpeza e visa a destruição ou inativação de todos os microorganismos potencialmente patogênicos, principalmente na forma vegetativa, exceto os esporos bacterianos, existentes nos artigos que serão utilizados em seguida (LACERDA; SILVA, 1992; SILVA; GRAZIANO; LACERDA, 1992; BRASIL, 1999). Fatores que interferem na desinfecção Configuração, pH e dureza da água. Exposição da equipe Utilização imediata Imersão do material PRIONS Creutzefeld Jacob Disease ESPOROS BACTERIANOS Bacillus subtillis Clostridium difficile MYCOBACTERIA Mycobactrium tuberculosis Mycobacterias atípicas VÍRUS NÃO LIPÍDICOS Poliovírus Rinovírus FUNGOS Candida sp Criptococcus sp BACTERIAS VEGETATIVAS Pseudomonas sp Salmonella sp VIRUS LIPÍDICOS HBV / HIV / Herpes vírus ORDEM DECRESCENTE DE RESISTÊNCIA DOS MICROORGANISMOS AOS MÉTODOS E SOLUÇÕES GERMICIDAS Resistência microbiana Nível de desinfecção A L T A B A I X A A L T O B A I X O I N T E R ME D I Á R I O Fonte: Favero, Bond. In: Block, 1991. Classificação da desinfecção Alto nível Nível intermediário Baixo nível Destruição da Mycobacterium tuberculosis e enterovirus e outras bactérias vegetativas, fungos e vírus pouco resistentes. Elimina bactérias vegetativas, micobactérias, a maioria dos vírus, fungos, mas não mata as bactérias esporuladas. Elimina maioria das bactérias, alguns vírus e fungos, mas não inativa microrganismos resistentes. ANVISA RDC nº 184 de 22/10/01. Portaria nº 15, de 23 de Agosto de 1988. •Define, classifica e regulamenta os parâmetros básicos para o registro de saneantes com atividade antimicrobiana; • Declara em ANEXO 1: os princípios ativos reconhecidos e autorizados pelo MS; • A avaliação antimicrobiana dos produtos saneantes deve ser realizada por laboratórios oficiais credenciados especificamente para este fim, seguindo a metodologia estabelecida pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ); •FIOCRUZ: culturas de microrganismos padrão para fins de pesquisa para a garantir a reprodução de resultados seguros. Características ideais de um desinfetante Alta eficácia Atividade rápida Compatibilidade do material Deve ser virucida, bactericida, tuberculicida, fungicida e esporicida; Deve ser capaz de obter desinfecção de alto nível rapidamente; Deve produzir alterações insignificantes na aparência ou função (clareza ótica). Atóxico Inodoro Não causar manchas Não deve apresentar risco à saúde do operador ou paciente, bem como ao meio ambiente; Não deve ter nenhum tipo de odor, agradável ou desagradável; Não deve causar manchas na pele, roupas ou superfícies dos ambientes. Características ideais de um desinfetante Resistente ao material orgânico Capacidade de monitorização Fácil de usar Deve ser capaz de suportar desafios consideráveis de material orgânico sem perder a eficácia; Deve possibilitar a monitorização da concentração mínima eficaz através de um procedimento simples; Deve possibilitar o uso com um treinamento simples. Características ideais de um desinfetante Reutilização prolongada Tempo longo de armazenamento Custo Deve possibilitar o uso repetido por um período de tempo prolongado; Deve possibilitar o armazenamento antes do uso por um período de tempo prolongado, sem perder a atividade; Deve ter custo razoável por ciclo. Características ideais de um desinfetante Métodos de desinfecção Físicos: utiliza-se de sistemas automáticos em lavadoras termodesinfetadoras com programas específicos e de endoscópio. Químicos: exigem que todos os artigos estejam limpos e secos antes de serem imersos em solução de desinfetante. Após a desinfecção, os artigos devem ser enxaguados abundantemente. Precauções na desinfecção química • Impedir contato com os olhos, pele e roupas durante a manipulação; em contato lavar cuidadosamente e abundantemente com água corrente; • Em caso de ingestão acidental, beber água em abundância e não provocar vômito; • Caso necessário, procurar o Centro de Intoxicação ou Serviço de Saúde mais próximo, levando a embalagem ou rótulo do produto; •Não misturar com água na embalagem original; •Não misturar com produtos químicos; •Não reutilizar a embalagem vazia; •Nunca reintroduzir o produto em sua embalagem; •Em caso de derramamento, diluir com água em abundância. Glutaraldeído: uso e descarte RDC ANVISA nº 306/2004 dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. CUIDADOS ESSENCIAIS: • Manusear solução em sala específica com sistema de exaustão com filtro / 7 a 15 trocas por hora) e manter o recipiente fechado; • Enxágüe abundante dos artigos após imersão; • Evitar expor ao glutaraldeído pessoas com dermatoses, doenças respiratórias crônicas ou afecções alérgicas; •Sempre utilizar EPI ao manipular o glutaraldeído; •Casos ocorram reações cutâneas ou oculares, de inalação ou de ingestão alertar imediatamente o médico do trabalho; • Após utilização da solução não desprezar em água corrente; • Não utilizar o glutaraldeído para desinfecção de acessórios de assistência ventilatória; • Exposição cutânea e ocular: lavar a área contaminada com água. Monitorização do processo de desinfecção Química Fita para teste: concentração do produto Térmica Termopares: temperatura na câmara • Indicador químico: 93ºC por 10 minutos Para evitarmos falhas no processo de desinfecção Estabelecer rotinas para cada procedimento Realizar treinamentos contínuos Conscientizar da importância da realização correta dos processos de limpeza e desinfecção Recomendações para o processamento dos equipamentos de cirurgias minimamente invasivas Procedimento Materiais Minimamente invasivos Processo a ser submetido Invasivo • Materiais de video 1. Microcâmera 2. Cabos ópticos 3. Endoscópio (rígido) 4. Morcelador 5. Shaver (peça de mão) 6. Instrumentais vídeo Endoscópios gastrintestinais Colonoscópios Broncoscópio Limpeza manual Limpeza manual + esterilização Limpeza manual + esterilização Limpeza manual + esterilização Limpeza manual + esterilização Limpeza lav. US + esterilização Limpeza + desinfecção de alto nívelNão invasivo REFERÊNCIAS www.anvisa.gov.br • Consulta Pública nº 34, de 3 de junho de 2009. • Portaria nº 15, de 23 de Agosto de 1988. •Práticas Recomendadas SOBECC – 5º edição – 2009 • Limpeza, Desinfecção e Esterilização de Artigos em Serviços de Saúde APECIH – 2010 •Possari JF. Centro de Material e Esterilização. São Paulo: Iátria; 2010. simone.neto@icesp.org.br
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