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APOSTILA - ESTRESSE E PRODUÇÃO ANIMAL

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ESTRESSE 
E 
A 
PRODUÇÃO ANIMAL 
 
 
Jair de Araújo Marques 
Médico Veterinário 
Convênio: IAPAR/EMATER-PR.
 2 
INDICE 
I BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL ................................................................... 03 
1.1 Introdução........................................................................................................... 03 
1.2 Efeito do Clima................................................................................................... 03 
1.1.1 Efeito direto.......................................................................................................... 03 
1.1.2 Efeito indireto....................................................................................................... 03 
1.3 Homeotermia...................................................................................................... 05 
1.3.1 Condução.............................................................................................................. 06 
1.3.2 Radiação............................................................................................................... 07 
1.3.3 Convecção............................................................................................................ 07 
1.3.4 Evaporação........................................................................................................... 07 
1.4 Termoregulação – Limites do frio e do calor................................................... 08 
1.4.1 Frio....................................................................................................................... 08 
1.4.2 Calor..................................................................................................................... 09 
1.4.3 Temperatura Críticas do Ambiente.................................................................. 10 
1.4.4 Estresse pelo Frio................................................................................................. 10 
1.4.5 Estresse pelo Calor............................................................................................... 11 
1.5 Características de adaptabilidade de Bovinos nos Trópicos.......................... 11 
1.5.1 Pele....................................................................................................................... 11 
1.5.1.1 Coloração da pele................................................................................................. 11 
1.5.1.2 Espessura da pele.................................................................................................. 12 
1.5.2 Cobertura Pilosa................................................................................................... 12 
1.5.3 Constituição dos Folículos Pilosos....................................................................... 12 
1.5.4 Medulação dos Pelos............................................................................................ 12 
1.5.5 Coloração dos Pelos............................................................................................. 13 
1.5.6 Tipo de Pelo.......................................................................................................... 13 
1.6 Aparelho Sudoríparo......................................................................................... 14 
1.7 Superfície Externa.............................................................................................. 15 
1.8 Estresse Térmico em Bovinos – Indicativos..................................................... 16 
II O ESTRESSE E A PRODUÇÃO...................................................................... 17 
2.1 Melhoramento Genético..................................................................................... 17 
2.2 Manipulação do Ambiente................................................................................. 18 
2.2.1 Sombra.................................................................................................................. 18 
2.2.2 Nebulização ou asperção...................................................................................... 19 
2.2.3 Outras Técnicas.................................................................................................... 19 
2.3 Efeito do Estresse Calórico sobre o Animal..................................................... 19 
2.4 Temperatura Corporal...................................................................................... 21 
2.5 Taxa Respiratória............................................................................................... 23 
2.6 Consumo de Alimentos...................................................................................... 24 
2.7 Ingestão de Água................................................................................................ 25 
2.8 Reprodução......................................................................................................... 27 
2.8.1 Macho................................................................................................................... 27 
2.8.2 Fêmea................................................................................................................... 28 
2.9 Saúde.................................................................................................................... 28 
2.10 Estresse e o Crescimento.................................................................................... 29 
2.10.1 Crescimento pré-natal........................................................................................... 29 
2.10.2 Crescimento Pós-natal.......................................................................................... 31 
III CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 32 
IV TENDÊNCIAS FUTURAS………………………………………………….... 32 
V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………. 33 
 3 
I - BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL 
 
 
 
 
1.1 - Introdução 
 
A maior evolução na criação de animais ocorreu nas regiões temperadas, ou seja, 
do paralelo 30 acima, tanto latitude norte como sul. Nas regiões tropicais, os animais 
apresentavam menor capacidade produtiva, por isso, procurou-se melhorar os índices 
zootécnicos tropicais com a introdução de raças de clima temperado para serem criadas 
puras ou utilizadas em cruzamentos com os animais nativos. 
Estes animais, por terem sido selecionados e melhorados em regiões temperadas, 
sentiam dificuldade de se aclimatarem nos trópicos; resultando em aumentos temporários 
de produtividade que, em função dos rigores climáticos, modificavam sua capacidade 
produtiva. 
Estas modificações produtivas influenciadas pelo ambiente passaram a serem 
estudadas, por pesquisadores e cientistas, na Bioclimatologia Animal. 
A Bioclimatologia, que é a ciência que estuda a influência do ambiente sobre a 
produção animal, está, cada vez mais, tornando-se importante em função do ambiente 
influir na reprodução, ganho em peso, produção de leite, lã e ovos. Esta influência é mais 
marcante quando a produção animal é feita em pastagens (a campo). 
 
1.2 - Efeitos do Clima 
O clima atua sobre os animais de duas formas: direta e indireta. Isso ocorre devido 
a ação isolada ou interação dos elementos ou variáveis climáticas. 
 
1.2.1 - Efeito Direto: 
Ocorre principalmente pela ação da temperatura do ar, radiação solar e pela 
umidade do ar quando associada a temperatura. Esta ação se relaciona principalmente com 
as funções orgânicas envolvidas na manutenção da temperatura normal do corpo. 
 
1.2.2 - Efeito Indireto: 
Dá-se através do solo e da vegetação. Neste aspecto, o elemento climático mais 
importante é a precipitação, que controla a quantidade e a qualidade dos elementos 
 4 
vegetais indispensáveis à criação animal. Além disso, o clima favorece o aparecimento de 
doenças infecto-contagiosas e parasitárias, que atingemà saúde animal e, 
conseqüentemente, o seu desempenho produtivo. A ilustração de Bonsma, na forma de 
uma “roda de carreta”, explica melhor a influência dos efeitos diretos e indiretos do clima 
sobre os animais (FIGURA 1). 
Na “Roda de Carreta” de Bonsma, o homem funciona como eixo, o animal como 
cubo e o manejo como lubrificante que facilita a rotação do cubo em torno do eixo. O meio 
ambiente é representado pelo aro e, os raios, que ligam o cubo ao aro, correspondem aos 
diversos elementos ou variáveis ambientais. As interações possíveis entre estes elementos 
são representados pelas flechas concêntricas. Nas regiões temperadas as condições 
ambientais são consideradas satisfatórias para o desempenho animal, pois as interações dos 
elementos climáticos propiciam uma situação de conforto, proporcionando um 
funcionamento harmônico da “roda”. 
 
 
 
Nas zonas tropicais, a atuação dos elementos climáticos, de forma mais intensa, 
isolados ou em interação, faz com que a ação do raio sobre o cubo seja tão forte, que este 
se rompe, provocando um desequilíbrio entre o meio ambiente e o animal (FIGURA 2) e, 
como conseqüência, uma redução na produtividade e até mesmo, em casos mais graves, a 
 5 
morte do animal. A ilustração de Bonsma mostra, de forma bastante clara, a necessidade de 
se conhecer os efeitos diretos e indiretos do clima sobre o animal, para que se possa 
interferir no meio com o objetivo de melhorar a performance produtiva do animal. 
 
 
 
FIGURA 2. Representação esquemática da resposta animal a um potencial 
estressorambiental, que pode influenciar na performance, saúde e bem-
estar. (adaptado deHahn, 1999). 
 
 
1.3 – Homeotermia 
 Os ruminantes são animais homeotérmicos, ou seja, tem capacidade de controlar, dentro 
de certos limites, a temperatura corporal. Estes animais pertencem ao grupo dos animais de 
sangue quente, os quais apresentam temperaturas entre 35 e 41ºC. A temperatura de um 
bovino de até um ano varia de 38,5 a 40,0ºC, ficando a média em 39,0ºC, enquanto que, 
em animais com idade superior a um ano a variação é de 37,5 a 39,5ºC, sendo a 
temperatura média de 38,5ºC, segundo Kolb (1984). Para manter a estabilidade térmica, 
uma vez que o corpo produz calor continuamente, o animal deve perder calor. Como o 
calor flui das camadas mais quentes para as mais frias, o animal tem que estar mais quente 
que o ambiente onde ele está. A homeotermia é fundamental para o perfeito funcionamento 
do organismo animal, que é bastante complexo, envolvendo uma série de processos 
fisiológicos em condições ambientes diversas. O controle da temperatura fisiológica de 
 6 
animais homeotérmicos é feito pelo centro termorregulador situado no hipotálamo que ao 
receber sensações de frio ou calor, através do Sistema Nervoso Central que, por sua vez, as 
recebe das células periféricas especializadas. Este controle ocorre, tanto para a produção de 
calor em ambiente frio, quanto para perda de calor em ambientes quentes, ou seja, o 
hipotálamo anterior é responsável pelos ambientes quentes e o hipotálamo posterior 
protege dos ambientes frios (Figura 3). 
 
 
 
 
 
O controle, pelo Hipotálamo, da produção ou perda de calor é realizado pelos 
mecanismos a seguir: 
a) Vasomotor – Controla o fluxo de sangue nos tecidos; 
b) Pilomotor – Controla a ereção dos pêlos; 
c) Aparelho sudoríparo – Controla a sudoração; 
d) Freqüência respiratória; 
e) Modificação na taxa metabólica. 
Como a preocupação é com o estresse calórico, as atenções voltar-se-ão para as 
formas de perda ou dissipação de calor; e as formas físicas do animal perder ou transferir 
calor para o meio são: 
1.3.1 - Condução: 
Processo que desempenha importante papel na termorregulação do animal, pois é a 
única forma de transferir calor do centro do organismo até a superfície corporal externa, 
 7 
através do contato de partículas dos tecidos. Além disso, a condução também é responsável 
pela passagem do calor da superfície do corpo do animal para o meio. Isso ocorre em 
temperatura de conforto, já em temperaturas elevadas, a velocidade de perda depende do 
gradiente térmico entre a pele e o meio. 
1.3.2 - Radiação: 
A perda de calor por radiação ocorre pela emissão de raios caloríficos através do 
meio sem que este se aqueça. O fluxo de calor não depende da temperatura do ar, mas sim 
da temperatura e da natureza da superfície da pele; ex.: o animal erradia calor até objetos 
mais frios e recebe irradiação de objetos mais quentes. Animais de cor clara refletem mais 
calor que animais de cor escura. 
1.3.3 - Convecção: 
Processa-se pela transferência de energia devido a movimentação do ar cujas 
moléculas vão de corpos mais quentes para os mais frios. Dois fatores interferem na perda 
de calor por convecção: movimentação do ar e extensão da superfície corporal. 
1.3.4 - Evaporação: 
Ocorre pela transferência de energia ocasionada pela transformação da água líquida 
em vapor. 
Dentro da faixa de conforto térmico para os animais, 75% das perdas de calor se 
fazem por Condução, Radiação e Convecção, também chamada de perdas sensíveis de 
calor. Em temperaturas elevadas a perda se faz quase que totalmente por Evaporação. Este 
processo ocorre na pele e nas vias respiratórias nas formas de perspiração sensível e 
perspiração insensível. A primeira é a eliminação visível de água através da pele que 
ocorre antes devido as glândulas sudoríparas. A Segunda é a perda de água através do ar 
expirado. A extensão da respiração sensível e insensível depende da temperatura e da 
umidade do ar, do revestimento cutâneo, da temperatura do corpo, dos movimentos 
respiratórios e da atividade metabólica do animal. 
Além da temperatura, umidade e movimentação do ar, várias características do 
animal influenciam a perda sensível de calor, como: 
Área de superfície corporal; 
Revestimento cutâneo; 
Condutividade térmica dos tecidos; 
Fluxo sangüíneo periférico. 
A perda sensível de calor é controlada pelo organismo através da ação reflexa dos 
mecanismos vasomotores. Estes mecanismos estão na dependência de nervos que 
 8 
funcionam por ação reflexa do calor ou do frio sobre a pele, ou por ação da temperatura do 
sangue diretamente sobre o mecanismo central de termorregulação. 
O calor atuando reflexamente ou por elevação da temperatura do corpo excita o 
mecanismo vasodilatador. A conseqüente vasodilatação periférica provoca maior fluxo de 
sangue na superfície do corpo, resultando em perda de calor quando a temperatura do ar 
está abaixo da temperatura do sangue. Por outro lado, o frio atua excitando o mecanismo 
vasoconstritor que dificulta a perda de calor pela diminuição do fluxo sangüíneo periférico. 
O metabolismo energético aumentado exerce efeito semelhante ao do calor, excitando o 
centro vasodilatador através do sangue aquecido. 
A temperatura do ar, não só é capaz de alterar a distribuição dos fluídos orgânicos 
através dos mecanismos vasomotores, como também a concentração do sangue. Assim, o 
calor produz hemodiluição que favorece a perda de calor e o frio induz hemoconcentração 
que favorece a concentração de calor interno. 
A ereção dos pêlos é controlada pelos nervos e músculos pilomotores. Quando 
esses músculos entram em contração, há ereção dos pêlos, ocorrendo a formação de ar 
úmido, envolvendo intimamente toda a superfície cutânea. Este ar menos sujeito à 
movimentação auxilia a conservação do calor. Quando os pêlos se acham “deitados junto a 
pele”, a perda de calor é facilitada pela ausência da camada isolante de ar. 
A massa corporal influencia a taxa metabólica em conseqüência da produção de 
calor. Como a perda de calor se faz pela superfície corporal, quanto maior a relação da 
superfície versus massa, mais eficiente será a perda de calor. 
A perda insensível de calor respondepor, aproximadamente, 25% do total da 
energia calórica eliminada pelos animais para fins de termorregulação. Esta é observada 
pela evaporação na pele, através da sudorese e pelas vias respiratórias. 
 
1.4 - Termorregulação: Limites do Frio e do Calor 
1.4.1 – Frio: 
Quando a temperatura do meio desce abaixo da temperatura mínima, que é a 
temperatura a partir da qual o animal perde a capacidade de manter a temperatura 
 9 
fisiológica, a produção normal de calor metabólico é insuficiente para a manutenção da 
temperatura corporal; em conseqüência, o organismo aumenta esta produção de calor. Este 
aumento ocorre de forma, aproximadamente, linear com a diminuição da temperatura até 
que alcance um ponto de metabolismo máximo a partir do qual não é possível mais 
nenhuma elevação da produção de calor. 
Outro fator determinante da temperatura crítica mínima é a capacidade de 
isolamento proporcionado pela pelagem e tecidos. Em pequenos mamíferos o metabolismo 
normal máximo é seis vezes maior que o metabolismo basal, o que não ocorre nos grandes 
animais, pois estes não necessitam aumentar tanto sua taxa metabólica devido a sua grande 
capacidade de isolamento. 
1.4.2 – Calor: 
Com o aumento da temperatura há a necessidade de diminuição do ritmo de 
produção de calor, pois os limites da termorregulação, são atingidos mais rapidamente em 
meios quentes (temperatura crítica máxima) que em meios frios. Em curtos períodos os 
grandes animais tem vantagens sobre os pequenos frente ao calor, porque, devido a sua 
capacidade de isolamento, esquentam mais lentamente. Por longos períodos a tolerância ao 
calor, tanto nos pequenos quanto nos grandes animais, depende da capacidade de perda por 
evaporação. Geralmente as espécies que suam toleram mais as altas temperaturas que as 
que usam os movimentos respiratórios para a perda de calor. 
Na maioria das espécies domésticas está comprovado que a temperatura corporal 
começa a subir como resposta à ação da temperatura do meio quando esta sobe de 28 para 
32ºC. esta hipertermia se acentua quando a elevação da temperatura acima deste valor está 
associada a umidade elevada, radiação solar intensa, produção metabólica elevada em nível 
geral e alta produção de leite. À medida que a hipertermia se acentua, a atividade 
respiratória e a sudorese diminuem, o que provoca finalmente um desajuste na 
termorregulação. 
1.4.3 - Temperaturas Críticas do Ambiente 
 Como já se viu anteriormente, quando a temperatura do meio alcança valores 
abaixo da crítica mínima ou acima da crítica máxima, o animal perde a capacidade de 
manter sua temperatura fisiológica. Na Figura 4 pode-se verificar as temperaturas críticas 
do ambiente e as reações do organismo frente ao estresse pelo frio e calor. Dentro da 
 10 
amplitude de variação da temperatura do ambiente existe uma faixa em que a temperatura 
corporal se mantém constante com o mínimo de esforço dos mecanismos 
termoreguladores, onde, para os animais não existe sensação de frio ou de calor, a chamada 
“Zona de Conforto Térmico” (A – A’). Apesar de difícil determinação em animais, pode 
ser obtida de modo aproximado pelas seguintes observações: inexistência de vasodilatação 
ou vasoconstrição, inexistência de piloereção e pela taxa normal de metabolismo. Quando 
a temperatura do meio se afasta dos limites da Zona de Conforto (A – A’), o mecanismo 
termorregulador é acionado seguindo uma seqüência de respostas ao estresse térmico. 
1.4.4 - Estresse pelo Frio 
Inicia-se quando a temperatura do meio cai abaixo do início da Zona de Conforto 
(A), verificando-se uma piloereção e uma vasoconstrição generalizadas que resultam em 
um ligeiro aumento na conservação de calor. Ao continuar decrescendo, a temperatura do 
ambiente atinge a temperatura crítica mínima (B). Para a manutenção da temperatura 
interna o animal lança mão do aumento da produção de calor pelo incremento da taxa 
metabólica que atinge seu máximo quando a temperatura do ambiente atinge valor mais 
baixo (C). A partir daí o animal perde a capacidade de produzir calor como conseqüência, 
a temperatura corporal começa a descer, acelerando, assim, o processo de esfriamento até 
atingir a temperatura letal (D) e o animal morre pelo frio. 
 
 
 
 11 
1.4.5 - Estresse pelo Calor 
Quando a temperatura do meio ambiente sobe acima do limite superior da Zona de 
Conforto (A’) os mecanismos de dissipação, para evitar o super aquecimento, são 
acionados, iniciando com a vasodilatação generalizada, sudorese e aumento do ritmo 
respiratório (taquipnéia). Ao elevar-se a temperatura (B’) há um incremento na sudorese e 
taquipnéia para que haja diminuição compensatória de calor. Entretanto, uma maior 
elevação da temperatura (C’) aumenta ainda mais a sudorese e a taquipnéia, porém estes 
recursos são insuficientes para abaixar a temperatura do corpo, que começa a se elevar. A 
medida que a temperatura do meio se eleva mais, os processos de refrigeração perdem a 
eficácia e o animal morre devido ao calor acumulado. 
Tanto no estresse pelo frio como pelo calor o tempo de exposição àquelas 
condições é de vital importância, pois este é que vai determinar a extensão dos efeitos 
dos elementos do meio sobre os animais. 
 
1.5 - Características de Adaptabilidade de Bovinos nos Trópicos 
 
1.5.1 – Pele: 
A influência da pele na troca de calor do animal com o meio é determinada por 
duas características: extensão da pigmentação e espessura. 
1.5.1.1 - Coloração da Pele (Pigmentação): 
A coloração da pele é controlada geneticamente e resulta da quantidade de 
melanina presente na mesma. O grau de pigmentação está associado com o clima, mais 
especificamente com a radiação solar, especialmente em grandes altitudes. Animais de 
regiões quentes e úmidas apresentam maior pigmentação que aqueles de zonas frias e 
secas. A pigmentação é importante na absorção da radiação ultravioleta, que provoca o 
Eritrema Solar (Queimadura da pele). A pele pigmentada de preta absorve totalmente os 
raios ultravioletas, enquanto que, peles despigmentadas são mais susceptíveis às 
queimaduras e a sofrer danos devido à fotossensibilidade. 
A raça Hereford e a raça Simental, em menor escala, são bons exemplos da 
importância da pigmentação, pois devido a falta desta, animais dessas raças apresentam, 
com freqüência, carcinoma ocular escamoso (HAFEZ, 1973) . 
 12 
 
1.5.1.2 - Espessura da Pele: 
A espessura da pele varia com a região do corpo, também é influenciada pela idade, 
estado nutricional e raça. Animais velhos e mal nutridos tem a pele mais grossa. A raça 
Devon tem uma espessura de pele de 8,15 mm, ao passo que, a pele do Zebu tem uma 
espessura de 5,75 mm (Mc DOWELL, 1974). Nas regiões tropicais, principalmente 
quentes e úmidas, a pele mais recomendada é a preta e fina que reduz os efeitos da 
radiação solar e favorece a perda de calor. 
 
 
1.5.2 - Cobertura Pilosa: 
A cobertura pilosa representa papel preponderante na adaptação dos animais aos 
climas tropicais, principalmente referente à radiação solar, pois, o calor proveniente da 
mesma pode ser três vezes o calor produzido nos processos metabólicos e que pode trazer 
sérios transtornos à fisiologia do animal. 
A eficiência da cobertura, quanto a reflexão dos raios solares, está ligada a sua 
constituição, cor e tipo. 
1.5.3 - Constituição dos Folículos Pilosos: 
Importante na proteção do animal contra a radiação solar e, em conseqüência, evita 
o aparecimento do Eritrema Solar. 
O folículo piloso é constituído de: 
• Cutícula: é a delimitação do pêlo, formada por células escamosas; 
• Córtex: responsável pela cor dos pêlos e é constituída de células 
cornificadas com crescimento semelhante ao da unha; 
• Medula: parte central do pêlo e, sempre que estiver presente, será de 
cor preta; 
• Bulbo: contémos melanócitos de cor branca que, pelo contato com a 
luz e ação da tirosinase, transforma-se em cor preta impedindo 
a passagem dos raios ultravioletas e com isso protege os 
animais do Eritrema Solar. 
1.5.4 - Medulação dos Pêlos: 
É uma característica dos pêlos de raças zebuínas, cujo o pelame de verão é quase 
totalmente medulado. No inverno verifica-se alta percentagem destes pêlos medulados 
 13 
nesses animais. Já em bovinos europeus a percentagem é variável, mas, de modo geral, 
menor que em bovinos zebuínos. 
Animais europeus adaptados aos climas quentes apresentam maior número de pêlos 
medulados. A raça Jersey apresenta um melhor desempenho em zonas tropicais que as 
demais raças de origem européia por possuir uma alta percentagem de pêlos medulados, 
tanto no verão como no inverno. 
Em vista disso, em regiões de clima quente, seco ou úmido, as variações na 
medulação dos pêlos estão associadas à maior tolerância ao calor. 
1.5.5 - Coloração dos Pêlos: 
A quantidade de radiação solar direta ou indireta refletida pelo animal está também 
na dependência da coloração dos pêlos (Tabela 1). 
 
 
Como pode ser observado, na tabela acima, as pelagens claras, como a branca e a 
creme (baia), refletem mais o calor que a vermelha e a preta, respectivamente, 
principalmente as ondas de maior comprimento, trazendo maior conforto térmico para o 
animal. 
A associação de pelagens claras, branca ou creme (baia), com pele de cor preta, é a 
combinação encontrada na maioria dos bovinos de raças tropicais, enquanto bovinos de 
raças de clima frio combinam pele rosada ou pálida com pêlos escuros. 
1.5.6 - Tipo de Pêlo: 
Conforme o comprimento do pêlo e sua suavidade tem-se a pelagem pior ou melhor 
para os trópicos, pois, estas características são muito importantes na adaptação e proteção 
do animal contra o estresse climático. 
Existem três tipos de pêlos: 
a) Comprido e grosso; 
b) Curto, liso e suave; 
 14 
c) Suave e lanudo. 
Em função do tipo apresentado pelo animal, vai-se ter um melhor ou pior 
desempenho frente ao calor. Um pêlo comprido e grosso retém muito ar entre a pele e o 
meio ambiente, formando uma camada isolante e dificultando a perda de calor, além de 
dificultar a reflexão, ao passo que o pêlo curto, liso e suave reflete melhor a radiação solar 
e facilita a perda por convecção desde a superfície da pele. 
Concluindo: a associação da pelagem branca, curta, lisa e suave, pele preta e pêlos 
medulados seria o ideal para os animais nos trópicos, pois a pele preta impede a penetração 
dos raios ultravioletas causadores de eritrema solar, enquanto que os pêlos medulados, 
curtos, lisos e suaves refletem o calor ocasionado pela incidência dos raios infravermelhos, 
criando, assim, condições favoráveis de aclimatação nos trópicos. 
 
1.6 - Aparelho Sudoríparo 
 
Os ruminantes têm uma menor capacidade de suar que os eqüinos, porém os 
bovinos de raças de clima tropicais têm melhor capacidade que os de clima temperado. Isto 
pode ser confirmado pela temperatura retal de animais dos dois grupos submetidos ao 
mesmo nível de alimentação e ganho em peso (Berbigier, 1986). 
Acima de 35ºC os processos de dissipação de calor como a condução, radiação e 
convecção desaparecem, ficando a evaporação com responsável pela totalidade da 
dissipação. As glândulas sudoríparas, juntamente com as vias respiratórias, são 
responsáveis por esse processo. Inicialmente, a evaporação ocorre por um ligeiro aumento 
na perspiração insensível ou evaporação de água através da pele seguida de sudoração. Isso 
é confirmado pelos seguintes aspectos: 
a) Presença de glândulas distribuídas pela superfície da pele; 
b) Ausência de um ciclo de regeneração – degeneração das glândulas; 
c) Redução da evaporação quando o animal é submetido a tratamento que afetam as 
glândulas sudoríparas; 
d) Respostas apresentadas pelas glândulas, quando há aquecimento do hipotálamo ou 
irritação da pele; 
e) Presença de umidade ou gotículas de água sobre a pele. 
 
Existem dois tipos de glândulas sudoríparas, as Écrinas e as Apócrinas, que diferem 
entre si pela localização, tipo de secreção e eliminação do suor. 
 15 
Glândulas sudoríparas do tipo écrina se localizam na camada papilar da pele e são 
compostas por duas partes, uma secretora e a outra excretora. 
A parte secretora é constituída de uma camada basal, outra de células mioepiteliais 
e mais uma de células epiteliais cubóides. O suor é aí produzido e lançado na luz da 
glândula e chega ao exterior por meio do canal excretor. A composição do suor é 99% de 
água e 1% de cloretos de sódio e potássio. O suor ao ser produzido apresenta percentagem 
mais elevada de cloretos, mas, ao passar pelo canal excretor, parte desses sais são 
absorvidos como participantes da defesa do organismo no controle de seu equilíbrio 
metabólico. As glândulas sudoríparas do tipo apócrina diferem do tipo anterior na 
localização, maneira de produzir e na eliminação do suor. Estando localizadas na camada 
reticular da pele, aparecem associadas a folículos pilosos, músculos eretores do pêlo e às 
glândulas sebáceas formando um sistema pilo-sebáceo músculo sudoríparo. A parte 
secretora da glândula é composta de uma camada basal envolvida por células cubiliformes. 
Para que haja secreção de suor, há necessidade que as células secretoras se rompam 
liberando parte do conteúdo citoplasmático, fazendo com que a composição deste tipo de 
suor seja 94,5% de água, 5% de cloretos e 0,5% de albumina. Ocasionando este processo, 
quando utilizado intensivamente, um grande desgaste para o animal, além destas glândulas 
serem menos eficientes que as do tipo écrina. A credita-se que o melhor desempenho dos 
zebuínos em relação aos taurinos esteja ligado ao maior número de glândulas sudoríparas 
que os mesmos dispõem. Apesar de verdadeiro, esta diferença não é significativa. O que, 
naturalmente, dá mais resistência ao zebu é o maior volume das glândulas, cerca de quatro 
vezes maiores, pois quanto maior o volume maior a secreção. Associada ao maior volume, 
o zebu tem outra característica importante que é ter as glândulas mais superficiais, o que 
facilita a secreção e excreção do suor. 
A distribuição de glândulas sudoríparas, pelo corpo, é desuniforme, isso faz com 
que algumas partes do corpo secretem mais suor que outras. 
As regiões de sudorese mais intensa se localizam no peito, braços, axilas, seguida 
das regiões da espátula, cupim e nádegas, depois pescoço, costelas e tórax, seguida pela 
cabeça e, por último, prepúcio. 
 
1.7 - Superfície Externa 
 
O tamanho e a extensão da superfície do corpo expressam uma adaptação especial 
aos fatores do meio. A quantidade de troca de calor entre o animal e o meio ambiente 
 16 
depende da relação entre a superfície corporal e a taxa metabólica. Uma superfície corporal 
extensa apenas proporciona uma maior perda de calor na forma sensível, quando a 
temperatura do meio está abaixo da temperatura do animal. Em temperaturas ambientais 
iguais ou acima da temperatura do corpo do animal esta superfície mais extensa se torna 
desvantajosa. Nesta situação, os animais modificam seu tamanho e forma, o que ocorre em 
bovinos europeus que, introduzidos nos trópicos, ficam mais baixos, mais grossos e curtos, 
e, em conseqüência, aumentam sua capacidade de perder calor. 
Os apêndices, compostos pelas orelhas, barbela (papadas), cupim, umbigo e 
prepúcio, tem importância secundária na capacidade termorreguladora do animal. 
As orelhas apresentam uma alta relação entre superfície e peso, associada a uma 
maior vascularização. No entanto, representam, apenas, 2% da superfície total do corpo, 
representando muito pouco na perda total de calor pelo animal. 
O cupim e papada ou barbela, apesar de apresentarem maior quantidade de 
glândulas sudoríparas, nãosão eficientes devido a baixa irrigação presente nessas áreas. 
O umbigo e o prepúcio tem baixo poder de evaporação devido ao menor número de 
glândulas sudoríparas. Em síntese, os apêndices desempenham alguma função na 
dissipação de calor, apesar de não apresentarem papel chave na adaptação dos animais aos 
climas quentes. 
 
1.8 - Estresse Térmico em Bovinos – Indicativos 
 
Quando os bovinos são expostos ao calor elevado e as formas físicas de perda de 
calor, como condução, radiação, convecção e evaporação, por sudoração, não são 
suficientes, estes apresentam as seguintes reações biológicas: 
a) Elevação da temperatura interna; 
b) Aumento do ritmo respiratório; 
c) Diminuição do consumo de alimento; 
d) Aumento da ingestão de água; 
e) Diminuição da produção de leite; 
f) Alteração da composição do leite; 
g) Diminuição do crescimento corporal; 
h) Alterações dos parâmetros reprodutivos. 
 17 
 
 
II - O ESTRESSE E A PRODUÇÃO 
 
 
Segundo ENCARNAÇÃO (1997), é uma utopia pensar em um ambiente sem 
estressores. Por menor que seja, sempre haverá um agente exógeno influindo sobre o 
organismo, seja ele um fator climático, seja um agente patógeno, ou ainda a fome, a sede, o 
medo provocado por um companheiro de rebanho ou por elemento estranho, mudança do 
manejo, etc. Porém, isso não deve servir como desestímulo, nem como conformismo. Pelo 
contrário, existem práticas de manejo baratas e simples que maximizam consideravelmente 
os lucros do produtor. Somam-se a essas as vacinas, desinfecções de estábulos e demais 
medidas profiláticas, além de boa distribuição de cochos e bebedouros, estábulos 
adequados aos animais, boa divisão de pastagens. Também é importante um bom 
conhecimento zootécnico, um manejo eficaz e observação freqüente do comportamento 
animal. 
Segundo BERBIGIER (1986), a produção nos trópicos é baixa em função de: 
1 – a tolerância ao calor das raças criadas nos trópicos implica em baixa produção; 
2 – o processo de melhoramento genético destas raças começou a pouco tempo. 
Nos trópicos, duas estratégias são possíveis para melhorar os níveis produtivos dos 
animais: 
 
2.1 - Melhoramento Genético: 
 
Melhorar geneticamente as raças locais é a estratégia mais usada, pois as raças 
tropicais são mais hábeis para manter a temperatura retal em ambientes quentes. Este 
melhoramento pode ser obtido pelo cruzamento de raças adaptadas com raças européias 
melhoradas ou por seleção sem introdução de sangue exótico, apesar da primeira opção, 
introdução de raças exóticas, freqüentemente induzir a sensibilidade às doenças tropicais. 
(ex. ecto e endoparasitoses). 
A utilização de cruzamento de animais adaptados com raças exóticas resultam em 
maior ganho em peso dos animais F1 quando comparados com o desempenho de animais 
adaptados ao clima tropical. Isso pode ser comprovado quando se observa os resultados 
obtidos por MARQUES (1999), que trabalhando com novilhas F1 (Nelore x Simental e 
 18 
Nelore x Angus) confinadas, constatou um ganho médio diário de 1,6 kg, enquanto que 
ALCALDE et al. (1999), trabalhando com novilhas Nelore obteve ganho médio diário de 
1,0 kg. 
A seleção para adaptação de bovinos aos trópicos é um processo mais lento que o 
cruzamento, porém seus resultados são mais duradouros. Segundo ENCARNAÇÃO 
(1986), as pesquisas sobre os aspectos genéticos da adaptação tem envolvido 
características tais como taxa de hemoglobina, freqüência respiratória e temperatura retal, 
hoje sabe-se que estas não são características adequadas para serem consideradas num 
programa de seleção, pois são sintomas de ordem geral e, portanto, podem ser 
influenciados por uma série de fatores. 
Entre os fatores que interessam à seleção animal em ambiente tropical, destacam-se 
os relacionados com a proteção contra a radiação solar e a eficiência da termólise. 
Os primeiros envolvem a existência de um pelame que seja altamente reflectante à 
radiação térmica e de ondas curtas, associado a uma epiderme de elevada emissibilidade 
nessas faixas de ondas (altos níveis de atividade melanogênica). 
Já a eficiência da termólise envolve diversas características de pelame (pequena 
espessura da capa, pêlos curtos, densos e bem assentados) e uma elevada capacidade de 
sudação. 
Segundo Arantes Neto (1985), citado por ENCARNAÇÃO (1986), a estação do 
ano influencia a espessura do pelame, inclinação e comprimento do pêlo que apresentam 
valores mais elevados no inverno. Já a pigmentação melanínica, tanto da pele como do 
pelame, foi maior no verão. 
 
2.2 - Manipulação do Ambiente 
 
A redução da taxa de crescimento em ambientes quentes são mais sentidas em 
animais de raças européias, do que em zebuínas, porém existem algumas formas de 
manipulação do ambiente para evitar a redução na taxa de crescimento. 
2.2.1 - Sombra: 
É a forma mais simples e economicamente viável de se fornecer conforto térmico 
para bovinos. Este sombreamento, em criações em pastagens, pode ser natural como a 
formação de pequenos bosques nos piquetes ou próximo à área do bebedouro e saleiro e, 
no caso de animais confinados, pode-se utilizar coberturas artificiais. 
 19 
A importância do sombreamento das pastagens foi demonstrado por LIMA et al. 
(1999) trabalhando com vacas mestiças (Holandesa x Gir) de média produção com acesso 
livre a pastagens, manejadas em pastejo rotacionado, observaram que as mesmas 
pastejavam até às 11:00 horas e a partir das 17:00 horas, ficando à sombra no período das 
11:00 às 17:00 horas. WECHLER et al. (1999) avaliaram, entre outros fatores, a variação 
da temperatura retal de touros da raça Simental, criados no centro oeste, expostos ao sol e à 
sombra nas horas mais quentes do dia, observaram que à sombra na hora mais quente do 
dia evitou que os touros apresentassem hipertermia. 
2.2.2 - Nebulização ou Aspersão: 
É bastante eficiente para suínos e para bovinos em reprodução e produção de leite, 
porém parece não apresentar grandes efeitos sobre o crescimento (BERBIGIER, 1986). 
Confirmando a eficiência da aspersão de água em suínos, CHAVES et al. (1999) 
observaram que a utilização deste método proporcionou uma significativa melhora no 
ganho em peso médio diário e conversão alimentar em animais na fase de crescimento e 
terminação. 
 2.2.3 - Outras técnicas: 
Ventilação artificial Água fria Não apresentam melhoras no crescimento, conforme 
demonstraram BARBOSA et al.(1983) e HAHN (1985). 
 
2.3 - Efeito do estresse calórico sobre o animal. 
 
O calor excessivo, ou qualquer outro agente estressor que afete o comportamento, a 
fisiologia e o sistema imunológico provocam redução no consumo, crescimento, produção 
de leite, reprodução, eficiência ou conversão alimentar, como também a saúde e bem estar. 
Porém, a exposição por pouco tempo pode ter pequeno efeito e a vulnerabilidade ao agente 
estressor está associada a não adaptação do animal. Fatores individuais, idade, nutrição e 
saúde também influenciam o nível de resistência a agressão ambiental (HAHN, 1999). 
 20 
 
 
 
Animais confinados, próximo do ponto de abate, e vacas de alta produção sentem 
mais o efeito do calor excessivo. 
Deve-se ter o conhecimento de como e porque os animais respondem aos desafios 
do ambiente para tomar a decisão estratégica e/ou tática para reduzir as perdas durante o 
calor. 
Estratégica: 
– saber como o animal se comporta no ambiente, como e quais são as perdas a 
longo prazo e usar isso como base para promover as modificação adequadas no ambiente. 
Tática 
– está ligada com o dia-a-dia (ex.: hora de ligar ventiladores, hora de nebulizar...) e 
é influenciada pela dinâmica: “desafio do ambiente x resposta animal”. 
 21 
 
 
2.4 - Temperatura Corporal 
 
A manutenção da temperatura corporal ocorre em duas fases: 
A primeira– naturalmente ocorre variação na temperatura corporal durante o dia, num 
ambiente de termo neutralidade a variação vai de 0,1 a 0,3ºC, sem estar associado com o 
estresse pelo calor. 
A segunda 
– há dois estágios de administração da produção de calor: Um estágio é marcado 
pelo aumento da dissipação de calor, através da perda de calor pela evaporação. O outro 
pela redução do consumo de alimentos para reduzir a produção de calor metabólico. 
Quando o animal é exposto ao calor ele leva de três a quatro dias para sua temperatura 
corporal diminuir e então aumentar o consumo de alimento, porém este aumento no 
consumo pode não necessariamente voltar ao mesmo nível que tinha no ambiente de termo 
neutralidade, este aumento no consumo de alimentos vai até um novo ponto ideal que 
ocorre normalmente de oito a dez dias após o inicio da exposição ao calor. HAHN (1992) 
determinou como sendo a temperatura de 25ºC o limite para expressão do potencial 
produtivo de bovinos europeus machos castrados, a partir da qual os animais reduzem a 
 22 
sua produção. Como já foi visto, o animal produz calor continuamente e deve ceder calor 
para o meio ambiente para manter constante o nível da temperatura corporal, e que há um 
gradiente térmico do interior do animal, local mais quente, à sua superfície, local menos 
quente. Com isso a temperatura corporal varia a medida que se aproxima ou se afasta da 
periferia do corpo animal. Em conseqüência, a temperatura retal pode ser considerada uma 
temperatura local, mas a maioria dos pesquisadores a considera uma boa indicação da 
temperatura interna. A elevação da temperatura retal mostra falta de adaptabilidade do 
animal à manutenção do equilíbrio térmico. A simples elevação da temperatura retal não 
quer dizer que o animal esteja em desequilíbrio térmico, pois existe uma amplitude 
aceitável de variação de temperatura, que é influenciada pelo nível nutricional, atividade 
física, idade, estação do ano. O estresse térmico surge quando a temperatura se desloca 
dessa faixa de amplitude. A temperatura fisiológica de bovinos, nos trópicos, varia de 
38,0ºC a 39,3ºC. O aumento de 1ºC na temperatura retal é suficiente para produzir efeitos 
detectáveis nos vários processos fisiológicos. Os elementos climáticos de maior influência 
sobre a temperatura retal são a temperatura do ar, umidade relativa e radiação solar que, 
em níveis elevados, fazem esta temperatura elevar-se pela dificuldade imposta ao animal 
na manutenção do equilíbrio térmico. Estas influências podem ser verificadas em animais 
de origem européia, quando submetidos a temperatura de 40,5ºC apresentam temperaturas 
retais mais elevadas que animais submetidos a 25,0ºC. Este efeito é mais intenso quando 
associados à umidade do ar acima de 70% e radiação solar intensa (FALCO, 1997). 
MCMANUS et al. (1999) trabalhando com bovinos mestiços (Holandesa x Zebu e 
Holandesa x Simental) e Zebu no cerrado brasileiro, observaram uma maior temperatura 
retal nos animais mestiços quando comparados com os zebuínos. Da mesma forma, 
MAGALHÃES et al. (1998) utilizando bovinos da raça girolanda e bubalinos, em 
condições de trópico úmido de Rondônia, avaliando a temperatura retal pela manhã (8:30 
h) e à tarde (14:30 h) desses animais expostos ao sol, observaram um aumento da 
temperatura retal no período da tarde. Enquanto que, SCHAFHÄUSER Jr. et al. (1998) 
utilizando novilhas de diferentes condições corporais (musculosas e não musculosas), 
observaram que as novilhas musculosas apresentaram temperatura retal mais elevada no 
período quente que no período frio, enquanto que as novilhas não musculosas não 
apresentaram diferença significativa na temperatura retal nos dois períodos. Ao contrário 
do que foi observado por TURCO et al. (1998) que utilizando animais da raça Sindhi, em 
condições de semi-árido brasileiro, não encontraram alteração na temperatura retal desses 
animais quando expostos a esse ambiente no período de novembro de 1997 a fevereiro de 
 23 
1998. Estas informações confirmam que existe diferença na temperatura corporal do 
animal durante o dia e também que animais mais produtivos e não adaptados sofre mais 
quando expostos ao estresse calórico. 
 
2.5 - Taxa Respiratória 
 
A taxa respiratória é um grosseiro indicador de estresse térmico pelo calor, pois a 
mesma aumenta com o aumento da temperatura ambiente para dissipar calor e manter a 
homeotermia. Em câmara climatizada, HAHN (1997) observou em bovinos europeus 
cruzados alimentados “ad libitum”, que a taxa respiratória começa a aumentar a partir de 
21,3ºC, aumentando 4,3 movimentos respiratórios por minuto para cada 1ºC de aumento da 
temperatura. 
A carga térmica excessiva verificada nos trópicos provoca nos bovinos uma 
aceleração do ritmo respiratório que visa a dissipação térmica pelo aquecimento do ar 
inspirado e pela evaporação da água pelas vias respiratórias. A eficiência do primeiro 
sistema depende do volume de ar inspirado, de seu calor específico e da diferença de 
temperatura entre o ar inspirado e expirado. A evaporação depende da umidade relativa e 
do calor latente de evaporação. 
A perda insensível de calor pelas vias respiratórias é uma das principais vias de 
eliminação do excesso térmico por bovinos, pois o processo de sudorese é de menor 
eficiência. 
O número normal de movimentos respiratórios de um bovino é de 23 vezes por 
minuto a 10ºC de temperatura, podendo variar de 15 a 30. Entretanto, o mesmo está 
estreitamente ligado à temperatura, umidade e radiação solar, comportando-se 
diferentemente as várias raças sob seus efeitos. A cada aumento de 10ºC na temperatura do 
ar, o ritmo respiratório dobra, encontrando-se valores acima de 200 movimentos 
respiratórios por minuto, quando a temperatura do ar é maior que a do corpo (FALCO, 
1997). 
MCMANUS et al. (1999) trabalhando com bovinos mestiços (Holandesa x Zebu e 
Holandesa x Simental) e Zebu no cerrado brasileiro, observaram um aumento da 
freqüência respiratória nos animais mestiços quando comparados com os zebuínos. Da 
mesma forma, MAGALHÃES et al. (1998) utilizando bovinos da raça girolanda e 
bubalinos, em condições de trópico úmido de Rondônia, avaliando a freqüência 
respiratória pela manhã (8:30 h) e à tarde (14:30 h) desses animais expostos ao sol, 
 24 
observaram um aumento da mesma no período da tarde para tentar compensar o aumento 
da temperatura corporal. Ao contrário do que foi observado por TURCO et al. (1998) que 
utilizando animais da raça Sindhi, em condições de semi-árido brasileiro, constataram que 
a freqüência respiratória desses animais, quando expostos a esse ambiente no período de 
novembro de 1997 a fevereiro de 1998, permaneceram dentro de limites fisiológicos. 
 
2.6 - Consumo de Alimentos 
 
A produção de calor é menor para gordura, intermediária para carboidratos e maior 
para proteína. Dentro dos carboidratos, a celulose é maior que o amido e açúcares solúveis, 
portanto a digestão de forragens faz com que ocorra um aumento da produção de calor, o 
que ocorre com menor quantidade quando se fornece concentrado. As forragens tropicais 
tem crescimento rápido, porém são normalmente pobres em proteína e energia e ricas em 
fibras, com baixa eficiência para ganho em peso e sua produção de calor é elevada quando 
comparada às forragens de clima temperado. Todavia, o aumento da temperatura produz 
um aumento na digestibilidade e este aumento compensa parcialmente a diminuição do 
valor energético e protéico destas forragens. Dentre as variáveis ambientais, a temperatura 
tem importante efeito. Há evidências que o consumo aumenta quando a temperatura é 
inferior à zona de conforto, enquanto decréscimos no consumo são verificados em 
temperaturas acima da zona de conforto. Temperaturas baixas parecem resultar em maior 
motilidade do trato gastrintestinal com conseqüente aumento na passagemdo alimento 
pelo rúmen e retículo. Temperaturas muito baixas podem reduzir o consumo de matéria 
seca em animais não adaptados, principalmente aqueles mantidos a pasto. Nas condições 
do Brasil, o estresse é fator preocupante, principalmente em situações onde não há 
sombreamento adequado e as temperaturas noturnas são também elevadas, não havendo 
possibilidade para perdas de calor durante à noite. 
Outras variáveis ambientais (radiação solar, umidade relativa do ar, ventos...) 
podem acentuar ou amenizar os efeitos da temperatura. Na realidade, o impacto ambiental 
sobre o consumo de matéria seca é resultado de interações entre variáveis ambientais. 
Porém, este impacto do ambiente sobre o animal dependerá da intensidade e freqüência 
com que o animal é exposto às condições adversas, dificultando, desta forma, sua 
quantificação. Há evidências que o fotoperíodo afeta o consumo de matéria seca. Quanto 
maior o número de horas de brilho de sol maior será o consumo. Baseado em dados 
oriundos do hemisfério norte, o NRC (1996) sugere que o consumo seria 1,5 a 2,0% 
 25 
superior nos meses de dias longos e 1,5 a 2,0% inferior nos dias curtos. Entretanto, esses 
valores não repetir-se-ão no Brasil, pois as variações de insolação são menores que nos 
países da América do Norte. Conrad (1985), citado por BERBIGIER (1986), observou em 
gado leiteiro que com o aumento da temperatura de 20ºC (termo neutralidade) para 32ºC 
ocorreu um aumento da digestibilidade energética de 0,20%/ºC e de 0,96%/ºC no FDA, 
porém este autor observou menores valores de aumento quando avaliou em gado de corte. 
Em condições de termo neutralidade existe um alto grau de associação entre a temperatura 
corporal e o consumo de alimento, aumentando a temperatura corporal após o consumo, 
porém quando a temperatura supera a termo neutralidade o consumo de alimento diminui. 
O animal se utiliza desse artifício também para manter o equilíbrio térmico entre o calor 
produzido e/ou absorvido e o eliminado. O consumo de alimentos é regulado pelo 
hipotálamo que, influenciado pelo calor, reduz o estímulo sobre a medula adrenal que 
deixa de liberar adrenalina, hormônio responsável pela manifestação da fome. Duas áreas 
estão envolvidos na regulação do consumo. A primeira, localizada na região dos núcleos 
ventromedias, é o centro da saciedade e a segunda, no hipotálamo lateral, que é o centro da 
fome. 
Como o consumo de alimento está associado à produção de calor, a manifestação 
do apetite é um mecanismo termorregulador. Vacas zebuínas apresentam redução no 
consumo quando a temperatura do ar atinge valores entre 32 a 35ºC. Em vacas de origem 
européia esta redução no apetite ocorre quando a temperatura supera 25ºC ( FALCO, 
1997). Outra manifestação se observa no hábito de pastejo do gado europeu nos trópicos, 
onde os animais aumentam o pastejo nas horas mais frescas e à noite, o que auxilia o 
mesmo no processo de dissipação de calor. Outros fatores climáticos influem no consumo 
de alimento, como a umidade relativa do ar e a radiação solar, mas sempre associadas a 
altas temperaturas. Em condições de insolação direta, em temperatura de 32,2ºC e umidade 
de 40%, o consumo de alimento baixa cerca de 50% (FALCO, 1997). 
 
2.7 - Ingestão de Água. 
 
A água é consumida pelos bovinos como água livre e aquela presente no alimento. 
A ingestão de água varia com a idade, tamanho, produtividade do animal, o peso vivo, o 
consumo de alimento, o estado fisiológico e a temperatura ambiente, mas de modo geral, 
os ruminantes, em especial os bovinos, requerem acessos livres à água. A necessidade 
 26 
aumenta com o consumo elevado de proteína ou sal e em vacas em lactação. As relações 
entre temperatura ambiente e a exigência de água para bovinos são resumidas na Tabela 2. 
 
 
De um modo geral, com o calor diminui o consumo de alimento e aumenta o 
consumo de água. 
Conrad (1985), citado por BERBIGIER (1986), utilizou bovinos de clima 
temperado e observou uma redução no consumo de matéria seca (MS) de 3 a 10% quando 
a temperatura ambiente subiu de 25 para 35ºC, enquanto que o consumo de água aumentou 
de 4 para 10 l/kg de MS consumida, isto resulta numa menor eficiência alimentar, pois as 
necessidades de mantença permanecem as mesmas. 
O efeito do ambiente sobre a ingestão de água, pelos bovinos, é complexo. A água é 
exigida pelo animal como nutriente essencial, fazendo parte da estrutura do corpo e para 
auxiliar a redução de calor pelo resfriamento por condução e/ou evaporação. 
O controle da ingestão de água é feito pelo centro da sede localizado no 
hipotálamo, através de mecanismos hormonais. 
Em temperaturas elevadas dois fatores principais regem a ingestão de água: a 
severidade do calor e a relação entre a água ingerida e o consumo de alimentos. 
A maioria dos animais aumentam a ingestão a medida que aumenta a temperatura 
do ar, sendo que o maior acréscimo ocorre acima de 26ºC, aumentando, também, a 
freqüência de ingestão de três a quatro vezes. 
Quando ocorre associação de temperatura elevada e umidade elevada, há um 
decréscimo na quantidade ingerida e aumento na freqüência de ingestão, isso reflete a 
diminuição no consumo de alimento e dificuldade de utilização da água para fins de 
resfriamento por evaporação. 
Animais quando submetidos a estresse térmico, quando ingerem maior quantidade 
de água, apresentam: 
 27 
a) Menor temperatura retal; 
b) Maior capacidade de consumo de alimentos; 
c) Menor depressão na produção. 
Assim, há uma necessidade de disponibilidade de água abundante e de fácil acesso 
para os animais em ambientes tropicais. 
 
2.8 - Reprodução 
 
A reprodução é a mais importante das funções dos animais, visto que a produção 
dos mesmos é dependente do bom funcionamento reprodutivo, influenciando indiretamente 
as funções produtivas como produção de leite, carne etc.. 
O calor tropical atua com intensidade diferente nos machos e nas fêmeas. 
 
2.8.1 - Machos: 
O tamanho e o peso dos testículos estão diretamente relacionados com a produção 
espermática, pois 1 g. de tecido testicular normal produz 18 milhões de espermatozóides 
por dia ou 12.500 por minuto. Por isso que existe a preocupação com a circunferência 
escrotal na seleção de reprodutores que devem ter, no mínimo, 30 cm. em touros da raça 
Nelore aos 24 meses. A bolsa ou saco escrotal, onde os testículos ficam, tem como função 
alojá-los, protegê-los e manter a temperatura testicular, cerca de 4
0
C mais baixa que a 
temperatura corporal, isto facilita com que ocorra a espermatogênese. 
O principal efeito nocivo do estresse térmico pelo calor, nos machos, é sobre os 
testículos como será visto a seguir: 
a) Diminuição do peso dos testículos; 
b) Túbulos seminíferos entram em degradação; 
c) Produção de sêmen de qualidade inferior; 
d) Diminuição do volume total de sêmen; 
e) Diminui a concentração; 
f) Aumento das anomalias; 
g) Diminuição da atividade metabólica do sêmen; 
WECHLER et al. (1999) avaliaram a tolerância ao calor de touros da raça Simental 
mantidos à sombra ou sol nas horas mais quentes do dia e correlações entre tolerância ao 
calor, qualidade do sêmen e comprimento dos pêlos dos animais. Observaram que os 
 28 
animais mantidos ao sol apresentaram maior taxa respiratória e temperatura retal, menor 
volume de ejaculado, além de maior quantidade de defeitos maiores e menores, o que 
mostra a influência da temperatura elevada sobre a espermatogênese. Também constataram 
que estas alterações eram mais acentuadas nos animais de pêlo mais comprido, além de ter 
havido diferença significativa entre indivíduo dentro do mesmo tratamento, o que sugere 
uma capacidade individual de adaptação do animal de uma mesma raça a uma condição 
desfavorável. 
2.8.2 - Fêmeas: 
As fêmeas são afetadas com menos intensidadeque os machos, porém apresentam 
modificações no aspecto reprodutivo como: 
a) Retardo na puberdade; 
b) Causa anestro; 
c) Diminui o índice de concepção; 
d) Induz ao aborto; 
e) Aumenta a mortalidade perinatal. 
O óvulo não fecundado e a ovulação são os que mais sofrem com a ação do calor, o 
que pode proporcionar o aparecimento de óvulos anormais, além de aumentar o número de 
ovulações e o aparecimento de cios silenciosos. Neste caso, a utilização da inseminação é 
problemática, pois a determinação do momento de inseminar, devido a inexistência dos 
sintomas característicos do cio, fica dificultada. 
Após a fecundação, a influência do calor somente ocorre até o décimo sexto dia, 
e, dependendo da intensidade, pode provocar a displasia placentária, que acarreta o 
aborto precoce. 
 
2.9 - Saúde 
 
MORROW-TESCH et al. (1996) utilizando animais mestiços europeus, observaram 
uma acentuada diminuição no número de células brancas do sangue, quando expôs estes 
animais durante 28 dias a temperatura termo neutra (10ºC), 21 dias ao estresse térmico 
(32ºC) e retornou a temperatura termo neutra por 14 dias. O número de células brancas 
permaneceu baixa até 12 dias após o retorno a termo neutralidade. 
 29 
O nível de linfócitos T circulante foi alterado pelo calor, isto sugere uma menor 
resistência ao ataque de patógenos em animais submetidos ao estresse calórico. 
 
2.10 - Estresse e o Crescimento 
 
Além do estresse térmico, existe também o estresse social (diferentes idades, 
categorias, dominância). 
Juntamente com o excesso de produção de hormônios da adrenal, em estresse 
prolongado, ocorre uma menor secreção de hormônio do crescimento pela hipófise. 
Situações estressoras, além de reduzir o crescimento ou provocar perda de peso, pode 
diminuir a qualidade da carne e da carcaça (ex.: diminui a gordura intramuscular, maciez e 
cor da carne), segundo Weiniger (1971) citado por ENCARNAÇÃO (1986). O meio influi 
muito no desenvolvimento dos indivíduos, tanto direta como indiretamente, agindo sobre o 
plano nutricional dos animais através das culturas e pastagens. A produção de carne é 
menos afetada que a de leite, porém é afetada devido a regulação voluntária do consumo de 
alimento para diminuir a produção de calor em ambientes quentes. Raças tropicais 
freqüentemente tem menor necessidade de mantença e menor apetite, o que resulta em uma 
menor taxa de conversão alimentar, segundo ROGERSON et al.,1968, porém sua 
capacidade de dissipar calor é freqüentemente alta (respiração e evaporação) por isso 
parece possível aumentar sua produtividade por meio genético sem destruir sua tolerância 
ao calor. O crescimento corporal é controlado genéticamente e pelo meio ambiente, é um 
conjunto de acontecimentos metabólicos, que ocorrem antes e depois do animal nascer. As 
condições climáticas que podem ocasionar estresse térmico são: temperatura, umidade, 
vento e radiação. Estas condições afetam a quantidade de ingestão de água e alimento, bem 
como a quantidade de energia. 
 
2.10.1 - Crescimento pré-natal 
A temperatura do meio é, sem dúvida, o fator climático mais importante que afeta o 
crescimento fetal. Freqüentemente raças européias pouco adaptadas no meio tropical dão 
cria a bezerros miniaturizados, que devido a debilidade com que nascem, na maioria das 
vezes morrem logo após ao nascimento pela falta de habilidade de ficar em pé para mamar. 
Este efeito vai depender da raça e do tempo da exposição da fêmea prenhe à temperatura 
 30 
elevada. Segundo Weniger citado por ENCARNAÇÃO (1986), a temperatura ambiente 
atua não só em animais adultos ou jovens, mas também no desenvolvimento embrionário. 
Durante a gestação, a taxa decrescimento do embrião é reduzida proporcionalmente à 
duração do estresse de calor. A miniaturização é um efeito específico da temperatura e não 
devido a menor ingestão de alimento, visto que o animal nasce com o corpo 
proporcionalizado, condição esta diferente das crias nascidas de fêmeas desnutridas. A 
miniaturização pode estar ligada a defeitos da placenta, diminuição da irrigação sangüínea, 
insuficiência hipofisária, entre outros, situações que ocorre com fêmeas sob estresse 
térmico. O peso ao nascer de bovinos são bem maiores nas zonas temperadas que nas 
tropicais (Tabela - 3) pois os animais oriundos dos trópicos, ao utilizarem-se dos processos 
adaptativos ao longo das gerações, tiveram o peso das suas crias diminuídos. O mesmo 
ocorre com a introdução de animais europeus nos trópicos (Tabela - 4). As condições 
inóspitas das regiões tropicais são tão importantes, que mesmo nesta região, a melhora nas 
condições trazem benefícios aos animais, o que pode ser observado na raça Nelore, que no 
Brasil tem um desempenho melhor que na Índia, seu país de origem. 
 
 
O conhecimento da influência do meio, principalmente da temperatura, sobre o 
peso ao nascer é grande importância, visto que este está altamente correlacionado com o 
ganho em peso à desmama, peso à cobertura, parâmetros zootécnicos importantes na 
seleção animal. 
 31 
2.10.2 - Crescimento pós-natal 
O crescimento de bovinos depende do meio ambiente, e por serem mamíferos, 
também depende das condições climáticas impostas à mãe, pois este vai influenciar na 
quantidade de leite disponível para a cria. A estação em que ocorre o nascimento afeta 
ambos, em função da temperatura e disponibilidade de alimento para a mãe, tanto no pré 
como no pós-parto. Ex.: Partos próximo a primavera resultam em bezerros mais pesados à 
desmama. 
As altas temperaturas do meio podem impedir o crescimento dos animais após a 
desmama, em diferentes graus dependendo da raça, idade, estado nutricional, plano 
nutricional e umidade relativa. 
A temperatura de conforto para as raças européias está na faixa de 0,5 – 16ºC. O 
crescimento destas raças é diminuídos em temperaturas acima de 24ºC. Estes efeitos se 
agravam se a temperatura é elevada de 29 para 32ºC, paralisando praticamente o 
crescimento. Ao chegar a 41ºC, o animal entra prostração e dependendo do tempos de 
exposição o animal morre. 
Em todas as espécies animais o crescimento pára em temperaturas limites, tanto 
baixas como altas, dando-se o crescimento máximo nas zonas de conforto térmico do 
animal. Isto é compreendido pelo melhor crescimento das raças européias em zonas 
temperadas e das zebuínas nas tropicais. 
A temperatura ambiente influencia na nutrição dos animais. A temperatura elevada 
pode provocar uma redução ou cessação do crescimento, devido aparentemente a: 
a) Diminuição da ingestão voluntária do alimento; 
b) Aumento do gasto de energia para a dissipação do calor, 
principalmente pelo aumento do ritmo respiratório; 
c) Diminuição da quantidade de N2 (proteína), gordura e água 
armazenada. 
Em virtude disto o ganho em peso nas zonas tropicais é baixo pois dependem do 
crescimento biológico e este do metabolismo, que não se processa de forma normal, 
tornando a produção de carne menos eficiente. 
O peso ao nascer é a informação mais correta da adaptação do animal ao meio 
ambiente. Isso dá uma informação precoce da perspectiva futura do animal, pois existe 
uma estreita correlação entre peso ao nascer, na desmama e na idade adulta. 
 32 
III - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os bovinos tem habilidades para ativar mecanismos fisiológicos, comportamentais 
e imunológicos para minimizar a agressão de agentes estressores, dentro de certos limites. 
O estresse calórico afeta o comportamento ingestivo e aumenta a taxa respiratória, 
por exemplo. O animal também pode reduzir os efeitos do estresse calórico através da 
compensação noturna, em função do declínio da temperatura ambiente à noite. 
O estresse calórico também pode produzir danos ao sistema imunológico, deixando 
o animal suscetível à doenças. 
A temperatura, quando muitoelevada e persistente, pode levar o animal a morte ou 
provocar reduzida produção permanente, o que leva a perdas econômicas para o produtor. 
 
IV - TENDÊNCIAS FUTURAS 
 
A tendência da produção agropecuária é a polarização entre dois sistemas. O 
primeiro, no qual busca-se a produção máxima e, para isso, utiliza-se os recursos da 
engenharia genética, lançando mão, entre outras tecnologias, dos produtos transgênicos. Os 
quais, segundo especialistas, o conhecimento dos efeitos positivos ou negativos à saúde 
humana só serão conhecidos nos próximos 50 anos. E o segundo sistema é aquele no qual 
procura-se a qualidade de vida, o consumo e utilização de produtos conseguidos de forma 
mais naturais. No caso da carne, procura-se consumir aquela produzida com o menor 
estresse para o animal. Este segundo sistema atenderá as pessoas que se preocupam com a 
qualidade de vida. 
 
 33 
V - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
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