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ELEMENTOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO 2015

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Elementos de Direito
Tributário
Macapá
2015
Sumário
AULA 1 – TRIBUTO 05
1) DEFINIÇÃO DE TRIBUTO 05
a) “Tributo” como quantia em dinheiro 05
b) “Tributo” como norma, fato e relação jurídica 05
2) DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO 05
a) Tributo é toda prestação pecuniária/ Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir 05
b) Prestação compulsória 05
c) Que não constitua sanção de ato ilícito 06
d) Instituída em lei 06
e) E cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada 06
AULA 2 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 06
1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 07
1.1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NO CTN 08
a) Fato Gerador (Hipótese de incidência) 08
b) Base de Cálculo 08
c) Alíquota 08
d) Sujeito Passivo 08
e) Multa 08
f) Sujeito Ativo 08
2) TRIBUTOS E MEDIDA PROVISÓRIA 08
AULA 3 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS (continuação) 09
1) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA 09
2) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E ANTERIORIDADE 10
3) MEDIDAS PROVISÓRIAS E PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 11
AULA 4 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS (continuação) 11
1) PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA 11
2) PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA 12
a) Princípio da Interpretação Objetiva do Fato Gerador 13
b) Princípio da Capacidade Contributiva 13
3) PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO 14
4) PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS 15
5) VEDAÇÕES ESPECÍFICAS DA UNIÃO 15
a) Princípio da Uniformidade Geográfica 16
b) Vedação de Tributação 16
c) Vedação de Instituição de Isenções 16
d) Vedação de Diferenciação Tributária 17
6) PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE E DA SELETIVIDADE 17
AULA 05 – PODER DE TRIBUTAR – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 19
1) MODALIDADES DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 19
a) Competência comum 19
b) Competência privativa 19
c) Competência especial 19
d) Competência residual 19
e) Competência extraordinária 20
2) CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 20
a) Indelegabilidade 20
b) Irrenunciabilidade 20
c) Incaducabilídade 20
AULA 06 – SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL – ESPÉCIES DE TRIBUTO 21
1) CLASSIFICACÃO DOS TRIBUTOS 21
2) ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 21
2.1) IMPOSTO 21
2.2) TAXA 21
a) Taxa de Polícia 22
b) Taxa de Serviço 22
2.2.1) TAXA E IMPOSTOS 23
2.2.2) TAXA E TARIFA (OU PREÇO PÚBLICO) 23
2.3) CONTRIBUIÇÕES 23
2.3.1) CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 24
a) Individual 24
b) Total 25
2.4) CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS 25
2.4.1) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 25
2.4.2) CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE) 27
2.4.3) CONTRIBUIÇÃO COORPORATIVA NO INTERESSE DAS CATEGORIAS ECONÔMICAS E PROFISSIONAIS 27
2.4.4) CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA 27
AULA 07 – IMUNIDADES 29
AULA 08 – FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO 33
1) FONTES MATERIAIS OU REAIS 33
2) FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 33
2.1) FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 33
2.1.1) CONSTITUIÇÃO 33
2.1.2) EMENDAS À CONSTITUIÇÃO 33
2.1.3) LEIS COMPLEMENTARES 34
2.1.4) LEIS ORDINÁRIAS 35
2.1.5) LEIS DELEGADAS 35
2.1.6) MEDIDAS PROVISÓRIAS 35
2.1.7) DECRETOS LEGISLATIVOS 36
2.1.8) RESOLUÇÕES DO SENADO 36
2.1.9) DECRETOS E REGULAMENTOS 36
2.2) FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS ou NORMAS COMPLEMENTARES 37
2.2.1) ATOS NORMATIVOS 37
2.2.2) DECISÕES COM EFEITOS NORMATIVOS 37
2.2.3) COSTUMES 37
2.2.4) CONVÊNIOS 37
AULA 09: APLICAÇÃO – INTERPRETAÇÃO – INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 39
1) APLICAÇÃO 39
2) INTEPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 40
2.1) INTERPRETAÇÃO LITERAL 40
2.2) INTERPRETAÇÃO BENIGNA 41
3) INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 42
3.1) ANALOGIA 42
3.2) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO 42
3.3) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PÚBLICO 42
3.4) EQUIDADE 43 
4) INSTITUTOS DE DIREITO PRIVADO 44
AULA 10 : RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA 45
1) OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 45
a) Principal 45
b) Acessória 45
1.1) ORIGEM DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 46
1.2) SUJEITOS DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA 46
1.2.1) SUJEITO ATIVO 46
a) Parafiscalidade 47
1.2.2) SUJEITO PASSIVO 47
a) Contribuinte 48
b) Responsável 49
2) HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA 49
3) FATO IMPONÍVEL 51
4) BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA 52
4.1) BASE DE CÁLCULO 52
4.2) ALÍQUOTA 53
AULA 11 : ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 57
SÚMULAS VINCULANTES DO STF 57
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 59
REFERÊNCIAS 65
AULA 1 – TRIBUTO
1) DEFINIÇÃO DE TRIBUTO:
O vocábulo “tributo” pode representar significados diferentes, dependendo de onde, quando e quem o utilize.
a) “Tributo” como quantia em dinheiro: refere-se à importância em dinheiro que representa o quantum do crédito tributário devido. Exemplo: eis aí o imposto que vou levar ao banco. Até no Código Tributário Nacional encontramos este significado:
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.
Neste caso tributo é “o objeto daquela prestação que satisfaz aquele dever” (Becker, 1963, p. 237).
Graficamente temos: Sa. $ Sp.
b) “Tributo” como norma, fato e relação jurídica: este é o significado mais amplo e importante para o nosso curso. Segue a linha da teoria tridimensional do direito, de Miguel Reale. Tributo é fato, valor e norma, isto é representa todo o fenômeno da incidência tributária, “desde a norma instituidora, passando pelo evento concreto, nela descrito, até o liame obrigacional que surde à luz com a ocorrência daquele fato” (CARVALHO, 1999, p. 24). É justamente este significado que consta no art. 3o do Código Tributário Nacional, cujo estudo faremos a seguir.
Quem é o sujeito passivo? Quem tem o dever jurídico? Quem tem o direito subjetivo? Quem é o sujeito ativo? O que representa $?
2) DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Para o correto entendimento é necessário verificarmos cada uma das parcelas em que se decompõe esta definição:
a) Tributo é toda prestação pecuniária/ Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: O tributo é um valor monetário. Pecúnia é dinheiro, pode-se também quitar o crédito tributário com bens imóveis, previsto no art. 156, XI do CTN – DAÇÃO EM PAGAMENTO, admite-se ainda com créditos de outras espécies;
b) Prestação compulsória: é o ato de pagar de forma obrigatória decorrente de uma obrigação advinda da lei. Querendo ou não, ao realizar a norma jurídica que cria a obrigação tributária, alguém deverá realizar o comportamento de pagar, ainda que contra o seu interesse (Carvalho, 1999, p. 25). Não há que optar pelo pagamento do tributo, mas a ele se submeter, isto é, não voluntário. Diferença entre obrigação ex lege e obrigação contratual.
c) Que não constitua sanção de ato ilícito: tributo é decorrente de uma hipótese lícita, e a multa de uma hipótese ilícita; A multa é reação do Direito à conduta querida que não tenha sido realizada. É penalidade cobrada pelo descumprimento de uma obrigação tributária, possuindo caráter de sanção. Não confundir a hipótese com a ocorrência do fato gerador, que pode ocorrer com circunstâncias ilícitas. O mensalão é tributável? Ver art. 43 do CTN.
d) Instituída em lei; é o Princípio Constitucional da Legalidade. Os tributos somente podem ser instituídos por Lei, ordinária ou complementar. Também podem por meio de medidas provisórias.
e) E cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: tal atividaderefere-se ao lançamento, cuja definição esta no art. 142 do CTN. É o ato documental que constitui e cobra o crédito tributário. Pode aparecer com vários nomes: Notificação de Débito, Auto de Infração e Imposição de Multa, Auto de Infração, Notificação de Lançamento, entre outros. É ato administrativo vinculado, isto é, possui roteiro definido em lei, obrigatoriamente seguido pela autoridade lançadora.
AULA 2 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
O Direito Tributário compõe o universo do Direito Público. Sua natureza é obrigacional, pois se refere à relação de crédito e débito que surge entre os sujeitos da relação jurídica tributária. Porém, esta relação possui uma nota dissonante da obrigação de direito privado: o dever jurídico não é escolhido pela parte, a prestação que se deve pagar não surge da livre vontade do sujeito passivo, pois já vem definida em lei.
A relação jurídica tributária é polarizada. No pólo ativo (credor) aparecem os entes tributantes: são as pessoas jurídicas de Direito Público Interno (fisco) UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E O DISTRITO FEDERAL; no pólo passivo (devedor), aparece a figura do contribuinte, que pode ser pessoa física ou jurídica. O vínculo que os une é a ocorrência da hipótese de incidência tributária.
Por intermédio das leis o Estado cria os tributos para arrecadar os recursos financeiros suficientes para custear o gasto público. Este é o cenário afeto à natural invasão patrimonial, que caracteriza a relação obrigacional, em que o credor (fisco) avança em direção ao patrimônio do devedor (contribuinte) de maneira compulsória, com objetivo de “retirar” os valores, denominados tributos, dos particulares para os cofres públicos.
Não há como ser furtar desta “invasão” no seu patrimônio, exceto se: a) o tributo for ilegítimo; b) não ocorrer o fato gerador, ou c) o lançamento for feito de forma ilegal.
O contribuinte fica então em posição inferior em relação ao Estado, e é justamente por isto, que a CONSTITUIÇÃO FEDERAL impõe LIMITES AO PODER DE TRIBUTAR. A evolução do Direito Tributário é justamente no sentido de limitar o poder estatal em amealhar recursos da iniciativa privada. Desde a carta imposta pelos barões ingleses ao rei João sem terra, Os súditos, hoje conhecidos como contribuintes, tentam limitar este poder que já foi absoluto.
As principais limitações encontram-se no art. 150, 151 e 152 da CF/88 e também são conhecidas como PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS. Vejamos cada um deles:
1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: art. 150, I, da CF/88.
Somente a LEI, pode criar (instituir / exigir) ou aumentar tributo. É decorrente do direito fundamental inserido no inciso II, art. 5º, CF/88 de que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, sem lei que o estabeleça. Este comando garante a segurança do contribuinte em relação ao Estado:
"Tratando-se de base de cálculo do IPTU (CTN, art. 33), a fixação de valor venal presumido de imóvel deve ser feita mediante lei e não mediante decreto do Poder Executivo, tendo em vista o princípio da legalidade tributária (CF, art. 150, I). À vista desse entendimento, a Turma confirmou acórdão do STJ que entendera ilegal o lançamento tributário do IPTU pelo Município de Porto Alegre feito com base no sistema de ‘plantas genéricas de valores imobiliários’ — que fixava novos valores de metro quadrado para terrenos e construções e excedia a correção monetária relativa ao exercício anterior — baixado mediante decreto. Precedente citado: RE 114.078-AL (DJU de 1º/7/88)”. (AG 181.853, Rel. Min. Moreira Alves, (Informativo 68)).
"Relevância do direito, caracterizada pela circunstância de haver-se definido, por decreto, fato gerador e base de cálculo de tributo; e, ainda, por ter-se pretendido modificar, pela mesma via, a natureza jurídica do fornecimento de água potável, encanada, às populações urbanas, transmudando-a de serviço público essencial em circulação de mercadoria”. (ADI 567-MC, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 04/10/91).
Regra geral o ente tributante utiliza a LEI ORDINÁRIA, porém em 4 casos a CF/88 exige LEI COMPLEMENTAR, são eles:
IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS (art. 153, VII);
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS (art. 148);
IMPOSTOS RESIDUAIS DA UNIÃO (art. 154, I);
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS NOVAS OU RESIDUAIS (art. 195, § 4o).
“O § 4º do art. 195 da Constituição prevê que a lei complementar pode instituir outras fontes de receita para a seguridade social; desta forma, quando a Lei nº 8.870/94 serve-se de outras fontes, criando contribuição nova, além das expressamente previstas, é ela inconstitucional, porque é lei ordinária, insuscetível de veicular tal matéria”. (ADI 1.103, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 25/04/97).
Exceções: há tributos que poderão ter suas alíquotas majoradas por ATO poder executivo: art.
153, § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.:
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO;
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO;
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS;
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS.
Estes impostos possuem característica EXTRAFISCAL, de intervenção no mercado, não possuem a características arrecadatória, portanto, devem ser manejados pelo executivo de forma ágil e eficaz, porém sob limites. A maior parte dos impostos tem função arrecadatória.
A emenda constitucional 33/01 criou mais dois casos de exceção ao princípio da legalidade:
CIDE – COMBUSTÍVEIS, (art. 149, § 2o, II, c/c art. 177, § 4o, I, “b”, início);
ICMS SOBRE COMBUSTÍVEIS, (art. 155, § 4o, IV), por intermédio de convênio dos executivos estaduais.
1.1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NO CTN:
De acordo com o art. 97 do Código Tributário Nacional, a lei que cria (institui) o tributo deverá conter pelo menos:
a) Fato Gerador (Hipótese de incidência): é a descrição hipotética de um fato da vida que, ao ocorrer, gera a obrigação tributária (prestação), é o aspecto material, isto é, a condição de fato ou de direito, que ocorrendo gera a obrigação tributária, também conhecida como fato príncipe, hipótese de incidência, fato signo presuntivo, entre outros;
b) Base de Cálculo: é o montante tributável, é a riqueza do particular que será alcançada pela tributação. Ex.: rendimento tributável, folha de salários, faturamento, lucro líquido;
c) Alíquota: é o percentual a ser retirado da base de cálculo. Ex. IRPF: 15% e 27,5%;
d) Sujeito Passivo: é o aspecto pessoal da relação tributária, define quem será o contribuinte ou responsável;
e) Multa: pelo descumprimento das obrigações, como toda penalidade, deverá vir prevista em lei;
f) Sujeito Ativo: se o ente tributante que cria o tributo definir outra pessoa para exercer a capacidade tributária ativa.
Atenção: prazo para pagamento não entra, pode ser até por portaria ou Instrução Normativa, precedentes do STF.
"As Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributária válida. O fato de a lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de ‘atividade preponderante’ e ‘grau de risco leve, médio e grave’, não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica, CF, art. 5º, II, e da legalidade tributária, CF, art. 150, I". (RE 343.446, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 04/04/03).
“ICMS. Minas Gerais. Decretos nºs 30.087/89 e 32.535/91, que anteciparam o dia de recolhimento do tributo e determinaram a incidência de correção monetária a partir de então. Alegada ofensa aos princípios da legalidade, da anterioridade e da nãocumulatividade. Improcedência da alegação, tendo em vista não se encontrar sob o princípio da legalidade estrita e da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária”. (RE 195.218, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 02/08/02).
2) TRIBUTOS E MEDIDA PROVISÓRIA:
As medidas provisórias – MP’s podem instituir e majorar TRIBUTOS, desde que aCF/88 não exija Lei Complementar para sua criação. Entretanto há três regras que devem ser observadas: 1) para os tributos em geral a validade é desde a edição (publicação) respeitados os princípios da anterioridade anual e nonagesimal; 2) os impostos possuem regra especial, isto é, só valem após a aprovação e não desde a publicação, respeitados os limites da anterioridade, em outras palavras: devem ser convertidas em lei dentro do prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 (art. 62, §7º). Mas só produzem efeitos no exercício financeiro seguinte daquele que foi convertida em lei (art. 62, § 2o); 3) os impostos de Importação, Exportação, Produtos Industrializados, Operações Financeiras e Extraordinário de Guerra, valem desde a edição, sendo que para o IPI deve se observar o art. 150, III, “c”.
Art. 65, § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
AULA 3 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS (continuação)
1) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA (ou eficácia diferida, não surpresa): art. 150, III, “b” e “c”, da CF/88.
Art. 150, III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b. (EC. Nº 42/03).
Esta limitação determina que o sujeito ativo da obrigação tributária não pode cobrar tributos: a) no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei, e b) 90 (noventa) dias depois desta publicação, observada a anterioridade anual do inciso “b”. O objetivo deste princípio é evitar a tributação de surpresa, garantindo ao contribuinte que ele possa prepara-se para o advento de mais um custo tributário.
"O princípio da anterioridade da lei tributária - imune, até mesmo, ao próprio poder de reforma constitucional titularizado pelo Congresso Nacional (RTJ 151/755-756) - representa um dos direitos fundamentais mais relevantes outorgados ao universo dos contribuintes pela Carta da República, além de traduzir, na concreção do seu alcance, uma expressiva limitação ao poder impositivo do Estado. Por tal motivo, não constitui demasia insistir na asserção de que o princípio da anterioridade das leis tributárias – que se aplica, por inteiro, ao IPTU (RT 278/556) - reflete, em seus aspectos essenciais, uma das expressões fundamentais em que se apóiam os direitos básicos proclamados em favor dos contribuintes". (Pet. 1.466, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 02/09/98).
"Na sessão de 29/11/00, o Pleno, apreciando a questão do princípio da anterioridade (CF, art. 150, III, b), deferiu, em parte, a liminar para emprestar interpretação conforme a Constituição e sem redução de texto, no sentido de afastar a eficácia do art. 7º da norma impugnada (‘Esta Lei Complementar entra em vigor no primeiro dia do mês subseqüente ao da sua publicação’), no tocante à inserção do § 5º do art. 20 da LC 87/96, e às inovações introduzidas no art. 33, II, da referida Lei, bem como à inserção do inciso IV, protraindo o início da eficácia desses dispositivos para 1º/1/2001. Entendeu-se que a modificação do sistema de creditamento pela norma em questão, quer consubstancie a redução de um benefício de natureza fiscal, quer configure a majoração de tributo, cria uma carga para o contribuinte e, portanto, sujeita-se ao princípio da anterioridade”. (ADI 2.325, Rel. Min. Marco Aurélio, Informativo 362).
“Substituição legal dos fatores de indexação — alegada ofensa às garantias constitucionais do direito adquirido e da anterioridade tributária — inocorrência — simples atualização monetária que não se confunde com majoração do tributo. (...) A modificação dos fatores de indexação, com base em legislação superveniente, não constitui desrespeito a situações jurídicas consolidadas (CF, art. 5º, XXXVI), nem transgressão ao postulado da não-surpresa, instrumentalmente garantido pela cláusula da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, b)”. (RE 200.844-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 16/08/02).
“Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.” (SÚM. 584). (No mesmo sentido: RE 194.612, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ 08/05/98).
Exceções: Seis tributos federais não são alcançados pelo princípio da anterioridade anual e nem pelo principio da anterioridade mitigada (nonagesimal) e devem ser pagos imediatamente, por força do art. 150, § 1º, final, da CF/88. São eles:
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – II;
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO – IE;
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS – IOF;
IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (Art. 154, II da cf);
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua eminência (art. 148, I da CF).
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação da EC nº 42/03).
Redação Anterior do artigo:
§ 1º - A vedação do inciso III, "b", não se aplica aos impostos previstos nos arts. 153, I, II, IV e V, e 154, II.
Perceba que o Imposto sobre a Renda – IR, é uma exceção ao princípio da anterioridade nonagesimal, obedecendo apenas à anterioridade anual.
Já o Imposto sobre Produtos Industrializados é uma exceção ao princípio da anterioridade anual, porém deve obedecer ao princípio da anterioridade nonagesimal. Os aumentos das bases de cálculo do IPVA (art. 155, III) e do IPTU (art. 156, I) também não precisam esperar a noventena.
Em ouras palavras, se houver aumento do IPI, sua exigência só pode ocorrer 90 dias a partir da Lei ou do Decreto. Se houver majoração do Imposto de Renda, com publicação até 31 de dezembro, aplica-se aos rendimentos recebidos naquele mesmo ano, que serão declarados no Ajuste do ano seguinte. VEJA O EXEMPLO EM SALA DE AULA.
Outra Exceção: A emenda constitucional 33/01 criou mais dois casos de exceção ao princípio da anterioridade anual:
CIDE – COMBUSTÍVEIS, (art. 149, § 2o, II, c/c art. 177, § 4o, I, “b”, FINAL);
ICMS SOBRE COMBUSTÍVEIS, (art. 155, § 4o, IV – “c”), por intermédio de convênio dos executivos estaduais.
2) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E ANTERIORIDADE:
As contribuições de seguridade social, previstas no art. 195 da CF respeitam apenas o princípio da anterioridade mitigada por expressa previsão constitucional – art. 195, § 6o.
3) MEDIDAS PROVISÓRIAS E PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE:
Com as regras da EC nº 32/2001, o que antes era construção da jurisprudência, passou a ser expresso no texto Constitucional. Veja o comentário na aula 02. Porém, a MP que veicula a criação ou majoração de imposto, somente terá eficácia no exercício financeiro seguinte àquele em que for aprovada, art. 62, § 2o. Também terá que obedecer aos 90 dias da letra “c” do inciso III, Art. 150. VEJA O EXEMPLO EM SALA DE AULA.
Nota: As MP’s têm validade de 60 dias, prorrogáveis por igual período. Quando não aprovadas por ambas as casas do Congresso Nacional, caducam, perdem sua validade. Veja o art. 62 da CF/88.
AULA 4 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS (continuação)
1) PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA: art. 150, III, “a”, da CF/88.
Art. 150, III - cobrar tributos:
a) em relação aos fatos geradores ocorridos antes do início da vigênciada lei que os aumentou ou criou.
Esta limitação determina que o sujeito ativo da obrigação tributária só pode cobrar tributos daqueles fatos geradores que aconteceram depois de sua edição. Ela, a lei, não pode retroagir.
Atenção: quando a lei diminuir a multa, ela retroage para beneficiar. A regra geral é a regulação do fato pela lei vigente em sua época (ultratividade da lei tributária), e que a lei nova deve ser prospectiva, isto é, voltar-se para regular os fatos futuros. Art. 106, II, “c” do CTN.
"Ofensa ao princípio da irretroatividade (art. 150, III, a, CF) decorrente da inexigibilidade das contribuições sociais dentro do prazo de noventa dias da publicação da Lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Constituição Federal. A Lei nº 7.856/89, majorando a alíquota da Contribuição Social sobre o lucro das empresas de 8% para 10%, somente entraria em vigor noventa dias depois de sua publicação, sendo inalcançável pelo aumento de alíquota, por conseguinte, o resultado do balanço apurado em 31.12.89, vez que o princípio constitucional da irretroatividade não pode ser elidido por disposições de lei ordinária”. (RE 195.712, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 16/02/96).
"Imposto de importação: alteração das alíquotas, por ato do Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei: CF, art. 153, § 1º. (...) O que a Constituição exige, no art. 150, III, a, é que a lei que institua ou que majore tributos seja anterior ao fato gerador. No caso, o decreto que alterou as alíquotas é anterior ao fato gerador do imposto de importação”.(RE 225.602, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 06/04/01).
“O princípio da irretroatividade da lei tributária deve ser visto e interpretado, desse modo, como garantia constitucional instituída em favor dos sujeitos passivos da atividade estatal no campo da tributação. Trata-se, na realidade, à semelhança dos demais postulados inscritos no art. 150 da Carta Política, de princípio que — por traduzir limitação ao poder de tributar — é tão-somente oponível pelo contribuinte à ação do Estado”. (ADI 712-MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 19/02/93).
E O IMPOSTO DE RENDA? COMO FICA? PARTICIPE DA DISCUSSÃO EM SALA DE AULA SOBRE O ASSUNTO COM FUNDAMENTO NA SÚMULA do STF:
“Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.” (SÚM. 584).
2) PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA: art. 150, II, da CF/88.
Art. 150, II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Este princípio proíbe aos sujeitos ativos estabelecer diferenças ou desigualdades tributárias para aqueles sujeitos passivos que se encontrem na mesma situação ou em situação equivalente. É corolário do princípio da igualdade definido no art. 5o da CF de que todos são iguais perante a lei. A lógica deste comando é TRATAR IGUALMENTE OS IGUAIS E DESIGUALMENTE OS DESIGUAIS.
“Isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores concedida pelo Estado-Membro aos proprietários de veículos destinados à exploração dos serviços de transporte escolar no Estado do Amapá, devidamente regularizados junto à Cooperativa de Transportes Escolares do Município de Macapá – COOTEM. Tratamento desigual entre contribuintes que se encontram em situação equivalente. Violação ao princípio da igualdade e da isonomia tributária. Art. 150, II da Constituição Federal”. (ADI 1.655-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 24/10/97).
“Emenda Constitucional (EC nº 41/2003, art. 4º, parágrafo único, I e II). Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Bases de cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório entre servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade”. (ADI 3.105, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 18/02/05).
"Lei Complementar 87/96. ICMS e sua instituição. Arts. 150, II; 155, § 2º, VII a, e inciso VIII, CF. (...) Operações de tráfego aéreo internacional. Transporte aéreo internacional de cargas. Tributação das empresas nacionais. Quanto às empresas estrangeiras, valem os acordos internacionais. Reciprocidade. Viagens nacional ou internacional. Diferença de tratamento. Ausência de normas de solução de conflitos de competência entre as unidades federadas. Âmbito de aplicação do art. 151, CF é o das relações das entidades federadas entre si. Não tem por objeto a União quando esta se apresenta na ordem externa. Não incidência sobre a prestação de serviços de transporte aéreo, de passageiros intermunicipal, interestadual e internacional. Inconstitucionalidade da exigência do ICMS na prestação de serviços de transporte aéreo internacional de cargas pelas empresas aéreas nacionais, enquanto persistirem os convênios de isenção de empresas estrangeiras". (ADI 1.600, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ 20/06/03).
Portanto a lei pode, e deve, instituir diferenças para sujeitos que se encontrem em situações diferenciadas: veja o caso abaixo.
“Tributário. COFINS. Art. 8º e § 1.º da Lei nº 9.718/98. Alíquota majorada de 2% para 3% compensação de até um terço com a contribuição sobre o lucro líquido – CSLL, quando o contribuinte registrar lucro no exercício. Alegada ofensa ao princípio da isonomia. Por efeito da referida norma, o contribuinte sujeito a ambas as contribuições foi contemplado com uma bonificação representada pelo direito a ver abatido, no pagamento da segunda (COFINS), até um terço do quantum devido, atenuando-se, por esse modo, a carga tributária resultante da dupla tributação. Diversidade entre tal situação e a do contribuinte tributado unicamente pela COFINS, a qual se revela suficiente para justificar o tratamento diferenciado, não havendo que falar, pois, de ofensa ao princípio da isonomia”. (RE 336.134, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 16/05/03).
Deste princípio podemos ainda deduzir dois outros, que parte da doutrina chamam de subprincípios:
a) Princípio da Interpretação Objetiva do Fato Gerador: (princípio do non olet). A interpretação do fato gerador deve ocorrer de forma objetiva. São irrelevantes para identificar o surgimento da obrigação tributária características pessoais do sujeito passivo ou do próprio fato. Não se leva em consideração 1) a nulidade do ato jurídico; 2) a capacidade civil do sujeito passivo; 3) a característica lícita do ato que produz o surgimento da obrigação tributária. O fato signo presuntivo de riqueza, deve ser analisado objetivamente: ex. Auferir renda, não importa se do trabalho, de aluguel de imóvel ou do recebimento de valores pela venda de entorpecentes; ser proprietário ou possuidor de imóvel rural, não importa se por grilagem, posse fraudulenta ou invasão. 
“É legítima a tributação de produtos financeiros resultantes de atividades criminosas, nos termos do art. 118, do CTN”. (HC nº 77.530-RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 25.08.98).
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I. da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II. dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
“Ementa:... São tributáveis, ex vi do art. 118 do Código Tributário Nacional, as operações ou atividades ilícitas ou imorais, posto a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos...” (STJ. REsp 182563/RJ.Rel.: Min. José Arnaldo da Fonseca. 5ª Turma. Decisão: 27/10/98. DJ de 23/11/98, p. 198.).
“Ementa:... III. Para fins da incidência tributária, é irrelevante a capacidade jurídica do ente tributado, basta que seja uma unidade econômica...” (TRF-1ª Região. AC 95.01.35853-4/BA. Rel.: Juíza Vera Carla Cruz (convocada). 4ª Turma. Decisão: 08/10/99. DJ de 17/03/00, p. 173.).
b) Princípio da Capacidade Contributiva: Dispõe o § 1º, do art. 145 da Constituição Federal de 1988 que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Imediatamente, já poderemos extrair um entendimento de que o princípio da capacidade contributiva não se refere a todos os tributos, mas tão somente a imposto. Não haverá a sua aplicação à taxa nem não pouco à contribuição de melhoria.
A outra menção, digna de nota, que se extrai do aludido dispositivo, é o caráter de pessoalidade do princípio, o que se pode compreender como a condição estrita do contribuinte alvo da incidência, ou seja, somente haverá interesse da condição econômica daquele indivíduo e não de um terceiro.
A condição econômica do contribuinte é outro requisito para que se aplique o princípio: quem ganha mais, paga mais, que significa PROGRESSIVIDADE.
Por expressa previsão legal na CF são progressivos:
O IMPOSTO DE RENDA – art. 153, §2o, I da CF/88.
O ITR – art. 153, §4o, I da CF – emenda Constitucional nº 45/03.
Corrente doutrinária entende que o IPVA também deve seguir a progressividade pelo comando inserto no art. 155, §6o, II da CF, ao determinar que as alíquotas sejam diferenciadas em função do tipo e da utilização do veículo.
O ITBI não é progressivo:
“É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis -ITBI com base no valor venal do imóvel”. (SÚM. 656).
“Imposto de transmissão de imóveis, inter vivos – ITBI: alíquotas progressivas: a Constituição Federal não autoriza a progressividade das alíquotas, realizando-se o princípio da capacidade contributiva proporcionalmente ao preço da venda”. (RE 234.105, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 31/03/00).
3) PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO:
A origem etimológica de CONFISCO vem do verbo latim "confiscare”, que é concebido, no ambiente jurídico, como ação de força exercida pelo Estado consistente em transferir para si todos ou parte dos bens de um particular.
Confisco pode também ser definido como apreensão e adjudicação ao fisco de bens do patrimônio de alguém por violação da lei e como pena principal ou acessória. A tributação não pode violar o direito à propriedade, até por não conter, na sua essência, o caráter punitivo (o tributo não constitui sanção por um ato ilícito cometido – art. 3.º do CTN). Caso a intenção do administrador público seja o confisco, deve ele se servir das opções do D. Administrativo e, não, de relações tributárias.
O artigo 150, inciso IV, da CF consagra o Princípio do Não-Confisco. Trata-se de uma inovação no Sistema Tributário Nacional, visto que o constituinte de 1988 preocupou-se em conferir à sociedade um elemento positivo que impossibilitasse o livre alvedrio estatal na instituição de tributos. Ressalte-se que o princípio do não confisco deve ser analisado de acordo com a carga tributária de cada ente tributante e não para cada tributo isoladamente, como deixa claro esta decisão do STF:
"A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de a Corte examinar se determinado tributo ofende, ou não, o princípio constitucional da não-confiscatoriedade, consagrado no art. 150, IV, da Constituição. Precedente: ADI 2.010-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello. A proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) — para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído (a União Federal, no caso), condicionando-se, ainda, a aferição do grau de insuportabilidade econômico-financeira, à observância, pelo legislador, de padrões de razoabilidade destinados a neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente praticados pelo Poder Público. Resulta configurado o caráter confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo — resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal — afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio e/ou os rendimentos do contribuinte. O Poder Público, especialmente em sede de tributação (as contribuições de seguridade social revestem-se de caráter tributário), não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade”. (ADC 8-MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 04/04/03).
"Fixação de valores mínimos para multas pelo não-recolhimento e sonegação de tributos estaduais. Violação ao inciso IV do art. 150 da Carta da República. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional federal." (ADI 551, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 14/02/03).
4) PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS:
Este princípio determina aos entes tributantes que a simples passagem de um município para o outro ou de um Estado para outro NÃO podem constituir-se como hipótese de incidência tributária. Há duas ressalvas: a primeira para a cobrança do ICMS exigido pelos postos fiscais nas fronteiras. Perceba que o ICMS é devido pela CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS e não pelo tráfego entre os Estados e municípios. O segundo para o Pedágio, que possui natureza jurídica de taxa, conforme decisão do STF, e é devido pela utilização das rodovias, serviços e obras de arte. Entretanto, para efeito de concursos, as bancas examinadoras ainda tem considerado o pedágio como uma espécie não tributária (uma tarifa ou preço público).
Art. 150 – é vedado....
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
“Tributário. Pedágio. Lei nº 7.712, de 22/12/88. Pedágio: natureza jurídica: taxa: CF, art. 145, II, art. 150, V. Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei nº 7.712, de 1988”. (RE 181.475, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 25/06/99).
5) VEDAÇÕES ESPECÍFICAS DA UNIÃO:
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
"A Constituição na parte final do art. 151, I, admite a ‘concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do país’. A concessão de isenção é ato discricionário, por meio do qual o Poder Executivo, fundado em juízo de conveniênciae oportunidade, implementa suas políticas fiscais e econômicas e, portanto, a análise de seu mérito escapa ao controle do Poder Judiciário. Precedentes: RE 149.659 e AI 138.344-AgR". (RE 344.331, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 14/03/03).
a) Princípio da Uniformidade Geográfica: Uniformidade Tributária – o tributo da União deve ser uniforme em todo o território nacional, isto é deve ter a mesma alíquota, ressalvando-se a concessão de incentivos fiscais destinada a promover o equilíbrio socioeconômico entre as regiões do país (art. 151, I, CF). É a observância ao federalismo vigente no Brasil, comum em todos os incisos do art. 151, VEJA a previsão do art. 43, da CF/88.
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
Exemplos: ZONA FRANCA DE MANAUS – foi prorrogada por mais 10 anos, vai até 2023 – EC nº 42/2003 – Área de Livre Comércio de Macapá e Santana.
Art. 151.
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
b) Vedação de Tributação: Pela União, da renda das obrigações da dívida pública, dos outros entes públicos, assim como dos respectivos agentes públicos em patamar superior aos fixados para as suas próprias obrigações e para os seus agentes (art. 151, II, CF). Exemplo: Se um contribuinte investir em título da dívida pública de um Estado, os rendimentos só poderão ser tributados pela União (IOF, p. ex.) com uma carga limitada à mesma alíquota incidente sobre os ganhos com os títulos da dívida pública federal. Outro exemplo: remuneração e os proventos dos servidores estaduais e municipais não poderão ser tributados pela União (Imposto de Renda) em níveis superiores aos aplicados aos servidores federais. Trocando em miúdos: A União pode tributar a renda das obrigações da dívida pública e dos proventos dos agentes públicos, porém, não poderá tributá-los em percentuais maiores ao que ela (a União) tributa as situações em que faz parte (servidores federais, títulos da dívida pública federal).
c) Vedação de Instituição de Isenções: Pela União, de tributos da competência dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios (art. 151, III, CF). Proibido, portanto, a instituição das chamadas isenções heterônomas, em que um ente tributante podia estabelecê-las quanto a tributos de competência de outro ente – situação existente no nosso ordenamento jurídico anterior, que previa a possibilidade da União, atendendo o relevante interesse econômico ou social nacional, conceder isenções de impostos estaduais e municipais (art. 19, parágrafo 2º, da CF/1967). No Brasil vigora a regra geral das isenções autonômicas, respeitando a autonomia das unidades federadas.
Devemos observar:
* A vedação se refere à instituição de isenções, reforçada, ainda, pelo art. 150, parágrafo 6.º, da CF.
* O art. 155, parágrafo 2.º, XII, “e”, com o art. 156, parágrafo 3.º, II, refere-se a hipóteses em que lei complementar excluirá certas situações da incidência dos respectivos impostos (ICMS e ISS, respectivamente). Parte da doutrina entende que tal exclusão é hipótese de isenção (art. 175, I e 176, do CTN), e, como lei complementar é de competência da União, teríamos duas hipóteses em que a isenção poderia ser instituída por pessoa jurídica de direito público diversa da competente para instituí-lo. Entendo, entretanto, que aqui não é a União observada como um dos entes, atuando com uma lei federal; é a União representando todos os entes mediante uma lei nacional (a Lei Complementar).
d) Vedação e Diferenciação Tributária: os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios não podem estabelecer diferenciação tributária para bens e serviços em razão de sua procedência ou destino (art. 152, CF). Este princípio é garantidor do federalismo brasileiro. Ex: não pode estabelecer uma alíquota mais ou menos elevada porque o produto tem origem no Rio Grande do Sul.
6) PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE: (art. 153, parágrafo 3º, II, e 155, parágrafo 2.º, I, além dos 154, I e 195, parágrafo 4.º, todos da CF); e DA SELETIVIDADE (art. 153, parágrafo 3.º, I, e, 155, parágrafo 2.º, III, CF) referentes ao ICMS e ao IPI.
O princípio da não cumulatividade refere-se à obrigatoriedade de abater-se, nas diversas operações do processo de produção e comercialização, o imposto pago nas etapas anteriores. Ex: Sociedade Empresária se credita do valor de imposto que pagou na etapa anterior (quando adquiriu a mercadoria ou produto); quando efetivar a saída, mediante a venda; ao apurar o valor devido do imposto, descontará aquele montante do qual se creditou na etapa anterior, de forma que só pagará o tributo sobre aquele valor por ele agregado na sua etapa do processo (no mínimo, o lucro). Aplica-se ao IPI, ao ICMS e a eventuais impostos e contribuições residuais (195, parágrafo 4.º e 154, I).
Vejamos um exemplo fictício com uma alíquota de 10%. Se uma indústria vende um produto por R$ 10.000,00, o valor a ser pago de ICMS seria R$ 1.000,00. O atacadista comprador se credita dos R$ 1.000,00, pagos, que lhe foram repassados (característica dos chamados impostos indiretos), e, ao executar operação que agregue valor à mercadoria, a vende por R$11.000,00, fato que o obrigaria a recolher o imposto de circulação de mercadorias no valor de R$ 1.100,00 (10%). Perceba que ele já possuía um crédito de R$ 1.000,00 na etapa anterior. Agora ele pagará apenas a diferença: R$ 100,00. O procedimento se repete nas várias etapas seguintes envolvendo um comerciante comprador que venda a mesma mercadoria por R$ 15.000,00, Quanto ele pagará de ICMS?
ATENÇÃO:
Alguns autores entendem que este não é um principio. Neste sentido, o govenbro neo-liberal de FHC editou a Lei Complementar nº114, de 16 de dezembro de 2002 e adiada, pela quarta vez consecutiva, a data a partir da qual as empresas poderiam se creditar do ICMS pago na aquisição de bens destinados ao uso e consumo do estabelecimento, bem como daquele recolhido através das contas de energia elétrica e telefone. Não fosse a euforia peculiar à época de final de ano, o assunto teria assumido maior dimensão nos noticiários do país. A ausência de divulgação desse assunto também se deve à previsibilidade do mencionado adiamento, tendo em vista que o aproveitamento de tais créditos fora postergado por três vezes, segundo estava previsto desde a Lei Complementar nº 87/96, a chamada Lei Kandir. Essa Lei, promulgada no governo FHC, disciplinou, por intermédio de Lei Complementar, a cobrança do ICMS, conforme exigia a Constituição de 88, a fim de que fosse minimizada a balbúrdia causada pela pulverização de legislações estaduais acerca do imposto. É essa a problemática que se procura solucionar, inclusive através da nova proposta de reforma tributária do atual governo.
A LC 87/96 assegurou, em seu art. 20, o direito à compensação por parte do contribuinte do ICMS pago em operações anteriores, inclusive o referente aos bens destinados ao uso e consumo da empresa, bem como aqueles adquiridos com o objetivo de integrar seu ativo permanente.
Em seguida, no art. 32, postergou, a partir de 1º de janeiro de 1997 (ou seja, no ano subseqüente à entrada em vigor da chamada Lei Kandir), a utilização de tais créditos, inclusive os decorrentes do uso de energia elétrica e de serviços de comunicação.
Daí em diante o que se viu foi um festival de adiamentos (1998, 2000, 2003 e agora 2007) que culminaram com a mencionada Lei Complementar nº114/2002, que adiou para janeiro de 2007 a fruição dos créditos de ICMS ora comentados.
Em relação aos bens para incorporação ao ativo fixo das empresas, a Lei Complementar nº 102/2000 parcelou em 48 meses a utilizaçãodos créditos advindos do pagamento de ICMS.
A possibilidade de o contribuinte utilizar os créditos de ICMS pago na aquisição de bens destinados ao uso e consumo, bem como aqueles decorrentes do aproveitamento do imposto incidente sobre energia elétrica e serviços de comunicação ainda é muito discutida. A mencionada acumulação de créditos proporciona ao contribuinte (produtor/comerciante) um abatimento substancial na carga tributária final inerente às suas operações, traduzindo-se em perda de receita para os Estados. 
Entretanto, a crise financeira pela qual atravessam os Estados não pode servir de pretexto para afronta à CF/88. O mecanismo de compensação inerente ao ICMS decorre de um princípio previsto no âmbito da Constituição Federal de 1988 (princípio da não-cumulatividade). 
O princípio constitucional da não-cumulatividade confere ao contribuinte a possibilidade de tornar-se credor do ICMS pago em operações anteriores, a fim de abater o valor desses créditos quando da incidência do mesmo imposto em operações posteriores. É o sistema do imposto-contra-imposto, que permite a desoneração da produção, fazendo com que o encargo financeiro oriundo da tributária recaia sobre o consumidor final (fenômeno da repercussão tributária). 
Para boa parte dos estudiosos do Direito Tributário o mecanismo da não-cumulatividade não comporta restrições. Salvo exceções previstas no próprio texto da Constituição Federal, que em relação ao ICMS prevê a vedação da compensação do imposto, quando sobre a entrada ou a saída da mercadoria não incidir o imposto (ou incidir à alíquota zero); ou seja, o produto adquirido ou vendido é isento da tributação. Nos demais casos, toda aquisição geraria, em princípio, direito a crédito.  
Entretanto, Jurisprudência e Doutrina distinguem os créditos de ICMS em duas categorias: créditos físicos e créditos financeiros. Estes últimos seriam provenientes de todo e qualquer pagamento de ICMS relacionado com a atividade econômica da empresa contribuinte, excluindo-se somente despesas pessoais. Nesse caso, toda entrada de mercadoria sobre a qual incidisse o ICMS geraria direito de crédito para o contribuinte. Já o crédito físico seria aquele decorrente do pagamento de ICMS apenas quando da aquisição de insumos, ou seja, de produtos utilizados na fabricação ou circulação do produto comercializado pelo adquirente. Observe-se que o aproveitamento de créditos físicos é bem mais restrito do que o de créditos financeiros. 
As Secretarias de Fazenda somente reconhecem o direito aos créditos de ICMS provenientes da aquisição de insumos, ou seja, de matérias-primas ou produtos em geral que são de alguma forma utilizados no processo produtivo empresa em questão (sistema base contra base, ou sistema físico de mercadoria contra mercadoria) Todavia, tal fato não impede que o contribuinte discuta judicialmente, com base nos argumentos já expostos, a utilização de créditos do imposto pago na aquisição de bens destinados ao uso e consumo, não se submetendo aos prazos da Lei Complementar nº114/2002. Quanto aos créditos do imposto pago na utilização de energia elétrica e de meios de comunicação, bem como o incidente sobre a aquisição de bens destinados ao ativo fixo, maiores razões assistem ao contribuinte, já que tais bens são incorporados ao processo produtivodas empresas. 
O princípio específico da seletividade, por sua vez, obriga o ente público a considerar a essencialidade dos produtos, mercadorias ou serviços, no momento da instituição e determinação do critério quantitativo dos respectivos impostos. Em tese, quanto mais essencial para a sociedade for um produto, menor deve ser a sua carga tributária relativa ao IPI e ao ICMS. Observe-se que os dispositivos constitucionais citados obrigam aos legisladores do IPI e do ICMS quanto ao respeito ao princípio da não cumulatividade. O mesmo não acontece com o da seletividade, pois enquanto a CF determina que o IPI será seletivo, aponta que o ICMS poderá ser seletivo.
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;
"O princípio da não-cumulatividade opera a compensação do tributo pago na entrada da mercadoria com o valor devido por ocasião da saída, evitando-se a sua cumulação. Se uma das operações não é tributada, não há possibilidade de cumulação, inexistindo espaço para compensação". (RE 212.019, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 21/05/99).
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;
AULA 05 – PODER DE TRIBUTAR – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio do FEDERALISMO (art. 60, § 4º, I, CF) como forma de Estado, que na conceituação de Dalmo de Abreu Dallari é uma "aliança ou união de Estados", baseada em uma Constituição e onde "os Estados que ingressam na federação perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, contudo, uma autonomia política limitada". No sentido tributário delimita-se e dividi-se entre os entes políticos – UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS - o poder de tributar, garantindo o equilíbrio entre os sujeitos federados. Cada um possui determinada quantidade de poderes, que executam nos seus limites territoriais, podem ser inclusive de caráter concorrente ou complementar. É no exercício de sua soberania que o Estado exige daqueles que estão em seu território que lhe entregue os recursos para o desenvolvimento de sua atividade financeira. É o Poder de Tributar. Este Poder, delimitado juridicamente pela Carta Constitucional é denominado de competência tributária, definido como a capacidade constitucional de criar tributos, pois a Constituição não os criou e sim distribuiu as competências para criação.
1) MODALIDADES DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA: são cinco.
a) Competência comum: Diz respeito às taxas e contribuições de melhoria, as quais podem ser instituídas tanto pela União quanto pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, dentro dos limites das competências materiais para o exercício do poder de polícia e realização de serviços públicos no caso das taxas, outorgadas pela Constituição para cada ente político, e a realização de obra pública da qual decorra valorização imobiliária.
b) Competência privativa: Refere-se à instituição de impostos e vem relacionada taxativamente na Constituição Federal. Cada ente político possui uma competência privativa sobre determinado conteúdo econômico (propriedade, renda, consumo, patrimônio, etc.) e só ele poderá criar tal tributo.
c) Competência especial: Refere-se à instituição das contribuições especiais e do empréstimo compulsório. Entretanto, modernamente, entendo que estes tributos fazem parte do rol de tributos privativos da União.
d) Competência residual: É exclusiva da União para a instituição de novos impostos (art. 154, I, CF) e novas contribuições sociais (art. 195, § 4°, CF), desde que essa criação atenda às
seguintes condições: instituição por lei complementar; não-cumulatividade; fato gerador e base de cálculo diferentes dos impostos já discriminados na Constituição. Nem sempre estas restrições são atendidas, como é o caso da CPMF. Porém o próprio STF decidiu, a meu ver contra a Constituição, de que as contribuições sociais residuais não precisam respeitar a segunda parte do inciso I do art. 154, em outras palavras, as contribuições sociais residuais, podem ter base de cálculo ou fato gerador próprio de impostos.
e) Competência extraordinária: Na iminência ou no caso de guerra, a União poderá instituir o Imposto Extraordinário de Guerra, sobre conteúdos econômicos compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Veja o quadro abaixo:
	TIPOS
	ESPÉCIES
	UNIÃO
	ESTADOS/DF
	MUNICIPAL/DF
	
PRIVATIVA
	
IMPOSTOS
	II, IE, IR, IPI,
IOF, IGF – Art. 153
	ICMS, IPVA,
ITCMD–
Art. 155
	IPTU, ISSQN,
ITBI –
Art. 156
	
COMUM
	Taxas e Contribuições de
Melhoria – art.
145, incisos II e III
	
Decorrentes de sua atividade
administrativa
	
Decorrentes de sua atividade
administrativa
	
Decorrentes de sua atividade
administrativa
	
EXCLUSIVA
	
Empréstimos
Compulsórios
	
Art. 148
	
NÃO
	Contribuição de
Iluminação
Pública
	
ESPECIAL
	Contribuições
Especiais
	
Art. 149
	
Art. 149, 1º
	
Art. 149, 1º
	
RESIDUAL
	Novos Impostos
	
Art. 154, I
	
NÃO
	
NÃO
	
EXTRAORDINÁRIA
	Impostos
Extraordinários
de Guerra
	
Art. 154, II
	
NÃO
	
NÃO
Fonte: Constituição Federal de 1988.
2) CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:
São características intrínsecas:
a) Indelegabilidade: Não é possível ao ente político que recebeu a competência delegá-la a outro ente ou a outra entidade (art 7° CTN).
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do art. 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.
b) Irrenunciabilidade: Em razão de a competência ser proveniente de uma regra constitucional, mesmo que o ente político não a queira, ou dela não se valha, essa atitude não lhe entrega o direito de renunciar à competência.
c) Incaducabilídade: Essa característica garante ao ente político valer-se desse poder de tributar quando desejar sem que tenha de se preocupar com seu "prazo de validade". O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído (art. 8° CTN).
Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
A capacidade tributária ativa não se confunde com competência, pois a competência vem em decorrência de uma regra constitucional, já a capacidade vem delegada em decorrência de uma lei ordinária. O CTN admite a delegação da atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos. Ressalta-se que a atividade de legislar não pode ser delegada e que não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo de arrecadar tributos (art. 7°, § 3°).
“Ementa: ... II. A capacidade tributária, na parafiscalidade, é delegada nos termos do caput do art. 7º do CTN, importando na transmissão dos poderes para arrecadar, fiscalizar e executar leis, serviços, atos ou decisão em matéria tributária...” (TRF-1ª Região. Ag 1997.01.00.004785-8/DF. Rel.: Juíza Vera Carla Cruz (convocada). 4ª Turma. Decisão: 30/06/00. DJ de 22/09/00, p. 274.
“Ementa: ... Em matéria de competência o não-exercício por seu titular não confere a outra entidade tributante qualidade para utilizá-la (art. 8º do CTN). Ilegítima a cobrança, por Município, de Imposto sobre Telecomunicações, de privativa competência federal...” (TRF-2ª Região. REO 91.02.05382-9/RJ. Rel.: Des. Federal Alberto Nogueira. 2ª Turma. Decisão: 29/09/93. DJ de 19/04/94.).
AULA 06 - SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL – ESPÉCIES DE TRIBUTO
1) CLASSIFICACÃO DOS TRIBUTOS:
Já conhecemos o conceito de tributo e sabemos que ele é encontrado no art. 3o do CTN. A classificação tradicional adotada pelo Código Tributário Nacional utiliza o fato gerador como critério distintivo das espécies tributárias (art. 4°); dessa forma, os tributos são vinculados ou não-vinculados, conforme a hipótese de incidência esteja ligada ou não a uma atuação estatal, sem qualquer vínculo com a destinação do produto da arrecadação. Desta forma teríamos apenas três tributos IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA. Mas dependendo do Autor podemos estabelecer várias diferenciações como demonstra o quadro abaixo:
	Rubens Gomes de Souza
	Impostos, taxas e contribuições como gêneros de tributos.
	Pontes de Miranda
	Impostos e taxas, em função da possibilidade de distinguir as pessoas a quem o tributo aproveita.
	Alfredo Augusto Becker
	Impostos e taxas, distinguindo-se pela base de cálculo.
	Geraldo Ataliba
	Vinculados e não-vinculados.
	Ives Gandra da S. Martins
Celso Ribeiro Bastos
Hugo de Brito Machado
Min. Moreira Alves
	Impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.
	Fabio Fanuchi
	Impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios.
	Paulo de Barros Carvalho
	Imposto, taxa, contribuição de melhoria, sendo que o empréstimo compulsório pode assumir qualquer uma delas e as contribuições ou são impostos ou taxas.
	Roque Carrazza
	Impostos, taxas e a contribuição de melhoria: as outras espécies se enquadram numa dessas três.
	Hamilton Dias de Souza
	Imposto, taxa, contribuições.
	José Afonso da Silva
	Impostos, taxas, contribuições e empréstimo compulsório, que equivale a contrato público.
	Luciano Amaro
	Impostos, taxas (de serviço, de polícia, de utilização de via pública – pedágio, de melhoria), contribuições (sociais, econômicas e corporativas, todas as destinações específicas) e empréstimo compulsório, que não considera como receita.
Entretanto, o STF entendeu ser relevante a destinação legal do produto da arrecadação dos tributos, como característica suficiente para a criação de novas espécies tributárias. Sem nos alongarmos em discussões estéreis adota-se a divisão pentapartida isto é, são 05 os tributos:
IMPOSTOS – TAXAS – CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA – CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS E EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS.
“As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou pelo fato gerador da Respectiva obrigação (CTN, art. 4º) são as seguintes: a) os impostos (CF arts. 145, I, 153, 154, 155 e 156); b) as taxas (CF, art. 145, II); c) as contribuições, que podem ser assim classificadas: c.1. de melhoria (CF, art. 145, III); c.2. parafiscais (CF, art. 149), que são: c.2.1. sociais, c.2.1.1. de seguridade social (CF art. 195, I, II, III), C.2.1.2. outras de seguridade social (CF, art. 195, § 4º), c.2.1.3. sociais gerais (o FGTS, o salário educação, CF, art. 212, § 5º, contribuições para o SESI, SENAI, SENAC, CF art. 240); c.3. especiais; c.3.1. de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2. corporativas (CF, art.149). Constituem, ainda, espécie tributária: d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148)”. (RE 138.284, voto do Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 28/08/92).
Convém notar, portanto, que os impostos são tributos não vinculados a atividade estatal em relação ao contribuinte, e as taxas e as contribuições de melhoria são vinculados a uma Atividade Estatal diretamente relacionada ao contribuinte. Já as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios não se caracterizam somente por seu fato gerador (classificação intrínseca), mas, sobretudo e principalmente, por sua finalidade e a destinação do produto da sua arrecadação, exteriorizada pela atividade estatal desenvolvida e que se conecta, indiretamente, com o sujeito passivo. Nesse caso, seria traço característico das contribuições que o produto de sua arrecadação fosse destinado à atividade estatal, que é seu pressuposto.
2) ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS:
2.1) IMPOSTO:
É o tributo exigível independentemente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte (art. 145, I, CF, e art. 16, CTN) E SUA RECEITA NÃO DEVE TER DESTINAÇÃO ESPECÍFICA (art. 167, IV. CF). É um tributo não vinculado a qualquer atividadedo Estado. A obrigação do pagamento surge pela realização de um ato de configure aquisição de riqueza pelo particular: propriedade de veículo, de terras rurais, aquisição de renda, circulação de mercadorias, prestação de serviços, entre outros. O Imposto tem característica FISCAL, serve para custear as despesas públicas universais e indivisíveis do Estado. Ex. Segurança, Saúde, despesas correntes, vencimentos, propaganda, etc.
2.2) TAXA: É o tributo exigível em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (art. 145, II, CF, e art 77, CTN). É um tributo vinculado a uma atividade estatal específica. A taxa é um tributo de contraprestação: você paga para o Estado agir, fazer algo para você. Há duas espécies de TAXAS: a de POLÍCIA e a de SERVIÇO:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. •
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. (Redação dada pelo Ato Complementar 34, de 30/01/67).
“É constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários instituída pela Lei 7.940/89”.
“O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”.
“É inconstitucional a taxa de urbanização da Lei 2.320, de 20/12/61, instituída pelo Município de Porto Alegre, porque seu fato gerador é o mesmo da transmissão imobiliária”.
“É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do Imposto Territorial Rural”.
a) Taxa de Polícia: é a taxa de fiscalização decorrente do poder de polícia administrativa efetivamente executado. O conceito encontra-se no art. 78 do CTN, transcrito abaixo:
“Considera-se poder de polícia atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. (Redação dada pelo Ato Complementar 31, de 28/12/66).
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.
O objetivo da taxa de polícia é custear os serviços de fiscalização efetuados em relação ao contribuinte. DEVE EXISTIR A EFETIVA AÇÃO DO ESTADO.
b) Taxa de Serviço: é aquele serviço prestado ou posto a disposição do contribuinte em unidades autônomas de utilização, e quantificável de forma individual. O conceito encontra-se no art. 79 do CTN, transcrito abaixo:
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se:
I. utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II. específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidade públicas;
III. divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
Exemplos de Taxas: Taxa de Fiscalização Ambiental, Taxa de Esgoto, Taxa de Fiscalização de Funcionamento, Taxa de Licença de Funcionamento( Alvará de Localização).
2.2.1) TAXA E IMPOSTOS: (art 145, §2O, CF e art. 77 parágrafo único, CTN , ).
A TAXA NÃO PODERÁ TER BASE DE CÁLCULO NEM FATO GERADOR PRÓPRIOS DE IMPOSTOS.
"Instituição de taxa de serviços prestados por órgãos de Segurança Pública. Atividade que somente pode ser sustentada por impostos." (ADI 2.424, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 18/06/04) "É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto territorial rural." (SÚM. 595).
"O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa." (SÚM. 670).
“Sobre o tema da natureza jurídica dessa exação, o Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência no entido de se tratar de tributo da espécie taxa (Representação 1.077). Ela resulta da prestação de serviço público específico e divisível, cuja base de cálculo é o valor da atividade estatal deferida diretamente ao contribuinte. A taxa judiciária deve, pois, ser proporcional ao custo da atividade do Estado a que se vincula. E há de ter um limite, sob pena de inviabilizar, à vista do valor cobrado, o acesso de muitos à Justiça.” (ADI 948, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ 17/03/00).
“Taxa de Conservação e Manutenção das Vias Públicas. Inconstitucionalidade incidental. Acórdão que declarou a inconstitucionalidade de lei que instituiu a cobrança de Taxa de Conservação e Manutenção das Vias Públicas, por afronta ao disposto no art. 145, II, da CF. Entendimento firmado pelo STF no sentido de que a base de cálculo é ‘própria de imposto e não de taxa por serviços específicos e divisíveis postos à disposição do seu contribuinte’ e ‘não tendo o Município — uma vez que, em matéria de impostos, a competência é da União — competência para criar tributos outros que não os que a Constituição lhe atribui, o imposto dissimulado pela taxa é inconstitucional (RE 121.617)’.” (RE 293.536, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 17/05/02).
“Taxas de lixo e sinistro. (…) Taxas legitimamente instituídas como contraprestação a serviços essenciais, específicos e divisíveis, referidos ao contribuinte a quem são prestados ou a cuja disposição são postos, não possuindo base de cálculo própria de imposto.” (RE 233.784, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 12/11/99). No mesmo sentido: RE 206.777, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 30/04/99, AI 431.836-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 01/08/03).
2.2.2) TAXA E TARIFA (OU PREÇO PÚBLICO):
Distinção - A taxa é compulsória (obrigatória), nasce somente por intermédio de Lei (ou Medida Provisória), remunera os serviços públicos fundamentais ou o exercício do poder de polícia, prestados diretamente pelo Estado. Possui caráter de essencialidade.
A tarifa (ou preço público) é facultativa,nasce por meio de um contrato, é voluntário e inessencial, remunera serviços prestados indiretamente pelo Estado. Exemplo: tarifa de água, de ônibus, táxi. Nos dias atuais o que se discute é a natureza do serviço: se for serviço público é taxa. Se for outra atividade do Estado, não essencial pode ser por tarifa. Ex: telefonia, tarifa de limpeza urbana.
“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”. (SÚM. 545).
2.3) CONTRIBUIÇÕES:
Tal classificação parte da premissa de que existem três normas constitucionais que servem, em primeiro lugar, de fundamento para a instituição de contribuições, quais sejam, os arts. 145, III; 149 e 149-A. Além disso, considera os tradicionais fenômenos da fiscalidade, parafiscalidade e extrafiscalidade como critério classificatório.
O art. 145, III, estabelece a competência tributária para a instituição da contribuição de melhoria, que cumpre função fiscal, COM TAMBÉM A contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública prevista no art. 149-A. Neste sentido, ambas as contribuições têm por finalidade o custeiode certas despesas assumidas pelo Estado em benefício do contribuinte, não se fazendo presentes os fenômenos da parafiscalidade e da extrafiscalidade.
Por outro lado o art. 149 traz as matrizes constitucionais das demais contribuições: as contribuições parafiscais (as sociais e as corporativas) e as contribuições extrafiscais (de intervenção no domínio econômico). As outras contribuições parafiscais, as contribuições sociais, têm no art. 149 o seu epicentro. O que as distingue das contribuições corporativas é o fato de a parafiscalidade se referir ao financiamento dos chamados direitos de seguridade social, daí a denominação de contribuições de seguridade social ou simplesmente contribuições sociais. Entretanto, uma subdivisão se impõe, porque o texto constitucional, em matéria tributária, estabeleceu claramente duas espécies de direitos sociais cuja realização é, em parte, custeada por contribuições sociais: aqueles que são próprios da seguridade social (saúde, previdência e assistência social – previstos no art. 194) e outros que contam com previsão de receita tributária para custeá-los e que estão dispersos pela CF/88, que são a educação (art. 212, § 5.º), o FGTS (art. 7.º, III), o lazer e o aperfeiçoamento profissional dos trabalhadores (art. 240). Por isso a subdivisão das contribuições sociais em contribuições sociais de seguridade social (são as contribuições do art. 195, inclusive a contribuição para o PIS/PASEP, e a CPMF) e contribuições sociais gerais (contribuição do salárioeducação, contribuição do FGTS, contribuição dos 5 “S” SESI/SENAI, SESC/SENAC, SEST/SENAT), conforme a arrecadação seja feita para custear, respectivamente, os direitos sociais da seguridade social ou aqueles outros direitos sociais cujo financiamento também é assegurado por receita tributária. VEJAMOS AGORA AS ESPÉCIES DE CONTRIBUIÇÃO:
2.3.1) CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA:
É o tributo exigível em decorrência de obra pública (art.145, III, CF) que implique valorização imobiliária. Destina-se a custear parcialmente a obra realizada (art. 145, III, CF).
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
“Ementa: .... I. A entidade tributante ao exigir o pagamento de contribuição de melhoria tem de demonstrar o amparo das seguintes circunstâncias: a) exigência fiscal decorre de despesas decorrentes de obra pública realizada; b) a obra provocou a valorização do imóvel; c) a base de cálculo é a diferença entre dois momentos: o primeiro, o valor do imóvel antes de a obra ser iniciada; o segundo, o valor do imóvel após a conclusão da obra. II. É da natureza da contribuição de melhoria a valorização imobiliária.... IV. Adoção, também da corrente doutrinária que, no trato da contribuição de melhoria, adota o critério de mais valia para definir o seu fato gerador ou hipótese de incidência...”. (STJ. REsp. 169131/SP. Rel.: Min. José Delgado. 1ª Turma. Decisão: 02/06/98. DJ de 03/08/98, p. 143.).
Observação: Sua cobrança deve observar dois limites:
a) Individual: o valor máximo de contribuição de melhoria exigida de um proprietário não pode ultrapassar o montante da valorização daquele imóvel;
b) Total: somadas todas as contribuições de melhoria arrecadadas, o valor final não deve ultrapassar o custo total da obra.
2.4) CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS:
A União pode delegar a função de arrecadar e fiscalizar o tributo a um terceiro órgão – delegação da capacidade tributária ativa –. Os tributos que podem ser fiscalizados e arrecadados por órgão diferente daquele que o criou são chamados de PARAFISCAIS. “correspodem ao emprego das finanças públicas com objetivo extrafiscais, não visando precipuamente à obtenção de receitas, mas objetivando regular ou modificar a distribuição da riqueza nacional, equilibrar os níveis de preços de utilidades ou de salários, bem como outras finalidades econômicas ou sociais semelhantes”(Rubens Gomes de Souza).Elas estão previstas no art. 149 da CF/88:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
Então, teremos a seguinte divisão:
* CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS:
a) contribuições sociais gerais (art. 149 CF/88), ex. FGTS, salário-educação (art. 212, §5o CF), contribuições para o sistema “S” - SESI, SENAI, SENAC (art. 240 CF;
b) contribuições sociais de seguridade social (art. 195, incisos I a IV, CF/88), ex. COFINS, CSLL PIS, Contribuição Previdenciária;
c) contribuições sociais de seguridade social residuais (art. 195, §4o), ex. CPMF;
* CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE.
* CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS (de interesse das categorias profissionais ou econômicas)
Entretanto, no Brasil hoje, as contribuições especiais não podem ser chamadas todas de parafiscais, pois algumas são arrecadadas e fiscalizadas pelo próprio sujeito político que as criou, ex. COFINS, CSLL, PIS, PASEP. Mesmo que depois sejam repassadas para administração das verbas por outro órgão como é o caso do INSS (autarquia federal). Esta situação ficou ainda mais clara com a criação da Secretaria da Receita Previdenciária e sua evolução para ser incorporada pela Secretaria da Receita Federal, surgindo então a RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Vejamos cada uma destas contribuições.
2.4.1) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DE SEGURIDADE SOCIAL:
Consistem em instrumentos gerais para regularização da ação social da União e para financiar a Seguridade Social que compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (art. 194 CF), sua previsão esta no art. 195 abaixo transcrito.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
"Inconstitucionalidade. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Ofensa a direito adquirido no ato de aposentadoria. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Emenda Constitucional nº 41/2003 (art. 4º, caput). Regra não retroativa. Incidência sobre fatos geradores ocorridos depois do início de sua vigência. Precedentes da Corte. Inteligência dos arts. 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, da CF, e art. 4º, caput, da EC nº 41/2003. No ordenamento jurídico vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à condição jurídico-subjetiva da aposentadoria de servidor público o efeito de lhe gerar direito subjetivo como poder de subtrair ad aeternum a percepção dos respectivos proventos e pensões à incidência

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