Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Centro Universitário Estácio da Bahia caso concreto da aula 5 filosofia jurídica Caso 1 - A justiça e o direito natural O estoicismo grego propôs uma imagem do universo segundo a qual tudo é semelhante a um ser vivo. Assim o universo seria provido de uma alma identificada por Zenão de Cício (334-264 a.C.) à razão. Isto significa dizer que para os estóicos o mundo é inteiramente racional, um Logos (Razão Universal) que atua tanto na natureza quanto na conduta humana, excluindo o acaso ou a desordem. Diante de tais considerações, leia atentamente a citação do filósofo contemporâneo Luc Ferry quando cita o estóico Marco Aurélio e responda as questões que seguem. Para os estoicos, de fato, a estrutura do mundo, ou, se você preferir, a ordem cósmica, não é apenas uma organização magnífica, mas também uma ordem análoga à de um ser vivo. (...) É essa ordem, esse cosmos como tal, essa estrutura ordenada do universo todo que os gregos chamam de "divino" (theion), e não, como para os judeus ou os cristãos, um Ser exterior ao Universo, que existiria antes dele e que o teria criado.(...) Pode-se portanto dizer que a estrutura do universo não é apenas "divina", perfeita, mas também "racional", de acordo com o que os gregos chamam de logos (termo que dará a palavra lógica) e que designa justamente essa ordenação admirável das coisas. Assim, o famoso imperativo segundo o qual é preciso imitá-la em tudo vai poder se aplicar não apenas ao plano estético, da arte, mas também ao da moral e o da política. (...) Marco Aurélio pensa que a natureza, pelo menos em seu funcionamento normal, excetuando-se os acidentes ou catástrofes que às vezes nos submergem, faz justiça a cada um, tendo em vista que ela nos dota, quanto ao essencial, daquilo de que precisamos (...). De modo que, nessa grande partilha cósmica, cada um recebe o que lhe é devido. Essa teoria do justo anuncia uma fórmula que servirá de princípio a todo o direito romano: "dar a cada um o que é seu", colocar cada um no seu lugar( FERRY, Luc. Aprender a viver. Filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, pp.41-42, grifo do autor). 1. Por que os filósofos do estoicismo buscaram fundamento na natureza para ordenar a vida humana? R:Para os estóicos o mundo é inteiramente racional, semelhante a um ser vivo, um Logos, que designa justamente a ordenação admirável das coisas e atua tanto na natureza quanto na conduta humana, excluindo o acaso ou a desordem. 2. No texto acima é possível identificar o sentido dos direitos naturais na sua versão greco-latina? Por quê? R:Sim, no texto acima é possível identificar o sentido dos direitos naturais na sua versão greco-latina, pois os estoicos asseguravam a existência de uma ordem racional e intencional para o universo - um direito divino -, sendo o Direito Natural o meio para o sujeito racional existir em consonância com a virtude, como se percebe na transcrição abaixo: “(...) a natureza, pelo menos em seu funcionamento normal, excetuando-se os acidentes ou catástrofes que às vezes nos submergem, faz justiça a cada um, tendo em vista que ela nos dota, quanto ao essencial, daquilo de que precisamos (...). De modo que, nessa grande partilha cósmica, cada uma recebe o que lhe é devido.” Caso 2 - Republicanismo no estoicismo Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.), senador e figura importante na política romana, desvelou grande valor para a história do pensamento filosófico e jurídico. Embora não tenha apresentado um pensamento original, reuniu diferentes teorias filosóficas gregas e inaugurou o vocabulário filosófico latino. Observe a citação abaixo e responda as questões que seguem. Se Roma existe, é por seus homens e seus hábitos. A brevidade e a verdade desse verso fazem com que seja, para mim, um verdadeiro oráculo. Com efeito: sem nossas instituições antigas, sem nossas tradições venerandas, sem nossos singulares heróis, teria sido impossível aos mais ilustres cidadãos fundar e manter, durante tão longo tempo, o império de nossa República. (...) Em suma, não há felicidade sem uma boa constituição política; não há paz, não há felicidade possível, sem uma sábia e bem organizada República (CÍCERO, M. T. Da República. In: Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1988, p. 175-176.). 1. É possível identificar na fala de Cícero a tese republicana? Justifique sua resposta. R:Sim, é possível identificar na fala de Cícero a tese republicana, pois o texto apresenta uma visão nacionalista, o que corrobora o tema republicano, conforme se verifica com os trechos: “(...) em suma, não há felicidade sem uma boa constituição política: não há paz, não há felicidade possível sem uma sábia e bem organizada república.” “Com efeito: sem nossas instituições antigas, sem nossas tradições venerandas, sem nossos singulares heróis, teria sido impossível aos mais ilustres cidadãos fundar e manter, durante tão longo tempo, o império de nossa República.” 2. Destaque e explique a passagem do texto que exemplifica seus argumentos na questão anterior. R:“Se Roma existe, é por seus homens e seus hábitos”. “Com efeito: sem nossas instituições antigas, sem nossas tradições venerandas, sem nossos singulares heróis, teria sido impossível aos mais ilustres cidadãos fundar e manter, durante tão longo tempo, o império de nossa República.”
Compartilhar