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3 3. O LIMITE DE UMA FUNÇÃO O conceito de limite de uma função é básico para o estudo do cálculo. O conceito de limite de uma função é primeiramente motivado gradualmente, o que leva a discussão de como calcular o valor de uma função próxima a um número através de um tratamento intuitivo do processo de limite. Consideremos a função f definida pela equação f(x) = , f está definida para todos os valores de x exceto x = 1. Além disso, se x 1, o numerador e o denominador podem ser divididos por x – 1, resultando f(x) = 2x + 3, x 1. Investigaremos os valores da função, f(x), quando x está perto de 1, sendo diferente de 1, através das sucessões de pontos apresentadas nas tabelas: Tabela 3.1 A variável x está se aproximando de x através de valores menores que 1. x 0 0,25 0,5 0,75 0,9 0,99 0,999 0,9999 0,99999 f(x) = 2x+3 (x1) 3 3,5 4 4,5 4,8 4,98 4,998 4,9998 4,99998 A variável x está se aproximando de x através de valores maiores que 1 x 2 1,75 1,5 1,25 1,1 1,01 1,001 1,0001 1,00001 f(x) = 2x+3 (x1) 7 6,5 6 5,5 5,2 5,02 5,002 5,0002 5,00002 Vemos de ambas as tabelas que enquanto x se aproxima cada vez mais de 1, f(x) está cada vez mais próximo de 5; e quanto mais próximo x está de 1 tanto mais próximo f(x) está de 5. Por exemplo, quando x = 0,9, f(x) = 4,8; isto é, quando x é 0,1 menor do que 1, f(x) é 0,2 menor do que 5. Quando x = 0,999, f(x) = 4,998; isto é quando x é 0,001 menor do que 1, f(x) é 0,002 menor do que 5. Da mesma forma, se observarmos pelo outro lado quando x = 1,1, f(x) 5,2, isto é, quando x é 0,1 maior do que 1, f(x) é 0,2 maior do que 5. Quando x = 1,001, f(x) = 5,002; isto é, quando x é 0,001 maior do que1, f(x) é 0,002 maior do que 5. Assim sendo, das duas tabelas, vemos que quando x difere de 1 por 0,001( isto é, x = 0,999 ou x = 1,001), f(x) difere de 5 por 0,002(isto é, f(x) = 4,998 ou f(x) = 5,002). Agora, vendo a situação sob outro ponto de vista, consideramos primeiro os valores de f(x). Vemos, das tabelas, que f(x) - 5 = 0,2 quando x - 1 = 0,1, e que f(x) - 5 < 0,2 quando 0 < x - 1 < 0,1. Note que impomos a condição 0 < x - 1 porque estamos interessados somente nos valores de f(x) para x próximo a 1, mas não para x = 1(aliás, esta função não está definida para x = 1). Ademais, f(x) - 5 = 0,002 quando x - 1 = 0,001, e f(x) - 5 < 0,002 sempre que x - 1 < 0,001 e analogamente, f(x) - 5 = 0,0002 quando x - 1 = 0,0001, e f(x) - 5 < 0,0002 sempre que x - 1 < 0,0001. Poderíamos prosseguir e tornar o valor de f(x) o mais próximo de 5 possível, tomando x tão próximo de 1 quanto necessário, mas não igual a 1. Uma outra maneira de dizer isto é que podemos tornar o valor absoluto da diferença entre f(x) e 5 tão pequeno quanto desejarmos (digamos ), fazendo o valor absoluto da diferença entre x e 1 tão pequeno quanto necessário(digamos ), mas não zero. Isto é, f(x) - 5 pode se tornar tão pequeno quanto desejarmos tornando x - 1 tão pequeno quanto necessário, desde que x - 1 > 0. Estamos, agora, em condições de dar uma definição geral de limite de uma função. Definição 3.1: Seja f(x) definida num intervalo aberto I, contendo a, exceto possivelmente no próprio a. Dizemos que o limite de f(x) quando x aproxima-se de a é L e escrevemos se para todo > 0, existir um > 0, tal que f(x) - L < sempre que 0 < x - a < . Exemplos 3.1: usando a definição 3.1 provar que: i) De acordo com a definição devemos mostrar que, para todo > 0, existe um > 0, tal que 3x – 1 - 2 < sempre que 0 < x - 1 < . Desenvolvendo algebricamente a desigualdade envolvendo encontra-se a ligação com , assim: 3x – 1 - 2 < sempre que 0 < x - 1 < , ou 3x – 3 < sempre que 0 < x - 1 < , ou 3(x – 1) < sempre que 0 < x - 1 < , ou 3x - 1 < sempre que 0 < x - 1 < , ou x - 1 < /3 sempre que 0 < x - 1 < . A última desigualdade nos sugere a escolha de . Fazendo = /3, vem que 3x – 1 - 2 < sempre que 0 < x - 1 < . Portanto, . ii) Solução: Devemos mostrar que para qualquer > 0, existe um > 0, tal que x2 - 4 < sempre que 0 < x - 2 < . Da desigualdade que envolve , fatorando, obtemos x2 - 4 = x - 2 x + 2. Queremos demonstrar que x2 - 4 é pequeno quando x está próximo de 2. Para tanto, primeiro encontramos um limitante superior para o fator x + 2. Se x estiver próximo de 2 saberemos que o fator x - 2 é pequeno e que o fator x + 2 estará próximo de 4. Uma vez que estamos procurando valores de x próximos de 2, podemos nos restringir somente a valores de x para os quais x - 2 < 1; isto é, queremos que o que procuramos seja menor que 1. A desigualdade x - 2 < 1 é equivalente a -1 < x – 2 < 1 que é equivalente a 1 < x < 3 ou 3 < x + 2 < 5. Isto significa que se x - 2 < 1, então 3 < x + 2 < 5, (só vale se os dois extremos são positivos), portanto temos, x2 - 4 = x - 2 x + 2 < x - 25 sempre que x - 2 < 1. Queremos que x - 25 < ou seja, x - 2 < /5. Consequentemente, tomamos como o mínimo entre 1 e /5, o qual nos assegura que sempre que x - 2 < , então x - 2 < /5 e que x + 2 < 5(pois isto é verdadeiro quando x - 2 < 1) e assim x2 - 4 < (/5) 5. Portanto concluímos que x2 - 4 < sempre que 0 < x - 2 < se for mínimo entre os dois números 1 e /5, isto é = min(1; /5). iii) Seja f a função definida pela equação f(x) = 4x – 1, dado que , encontre um para = 0,01 tal que f(x) - 11 < 0,01 sempre que 0 < x - 3 < . Solução: f(x) - 11 = 4x – 1 -11 = 4x - 12 = 4x - 3 < 0,01 ou x - 3 < 0,01/4 = 0,0025. Então f(x) - 11 < 0,0025 sempre que x - 3 < . Se tomarmos = 0,0025, teremos (4x – 1) - 11 < 0,01 sempre que x - 3 < 0,0025. Prova: Seja xo = 3,001 x - 3 = 0,001 < 0,0025. Então, (4(3,001)-1) -11 = 0,004 < 0,01. c.q.d. A solução consiste em encontrar um para qualquer especificado, então teremos estabelecido que o valor do limite é 11. Solução genérica: Devemos mostrar que p/ > 0, > 0 tal que (4x – 1) - 11 < sempre que 0 < x - 3 < . 4x - 3 < s. q. 0 < x - 3 < x - 3 < /4 s. q. 0 < x - 3 < Tomando = /4, a definição está satisfeita e o limite é 11. iv) Mostre que Condição I: = 1 Então, x - 2 < 1, ou -1 < x - 2 < 1, ou -1+7 < x-2+7 < 1+7 ou 6 < x + 5 < 8 ou 6 < x + 5 < 8Solução: Queremos mostrar que p/ qualquer > 0, existe um > 0, tal que x2 + 3x - 10 < sempre que 0 < x - 2 < . Então, x2 + 3x - 10 < sempre que 0 < x - 2 < ou x - 2 x + 5 < sempre que 0 < x - 2 < . x - 2 8 < . Condição II: = /8 Então, basta tomar = min(1, /8) que satisfaz a definição. v) Determine um número para o =0,25, tal que, . Solução: Devemos mostrar que p/ > 0, > 0 tal que < sempre que 0 < x - 5 < . < sempre que 0 < x - 5 < . < sempre que 0 < x - 5 < . < sempre que 0 < x - 5 < . < sempre que 0 < x - 5 < . Desejamos mostrar que é pequeno quando x estiver perto de 5. Para isto, devemos encontrar algum limitante superior para a função . Como x deve estar próximo de 5, estabelecemos como condição para o que ele seja menor ou igual a 1. Assim podemos dizer que sempre que x - 5 < então, certamente, x - 5 < 1. A desigualdade x - 5 < 1 é equivalente a -1 < x - 5 < 1, que é equivalente a -1+3 < x - 5 +3 < 1 + 3, ou 2 < x - 2 < 4. Como os dois extremos da desigualdade são positivos, a expressão é equivalente a 2 < x - 2 < 4. Segue que, sempre que x - 5 < 1, x - 2 > 2 (ou seja 2 é o limitante superior), então < < sempre que 0 < x - 5 < 1. x - 5 < 6 sempre que 0 < x - 5 < 1. Consequentemente, = mín(1, 6). Como foi fixado em 0,25, o valor de será o mínimo entre os dois valores que é o um. Exercícios (Complementares) obrigatórios para os que optarem para peso 2 em atividades p.86-90, Cálculo A. 3.1 PROPRIEDADE DOS LIMITES i. Se m e b são constantes quaisquer, Prova: Devemos mostrar que para qualquer >0, existe um > 0, tal que (mx + b) – (ma + b) < sempre que 0 < x - a < . Da desigualdade que envolve , obtemos (mx + b) – (ma + b) < sempre que 0 < x - a < mx – ma ) < sempre que 0 < x - a < m x - a < sempre que 0 < x - a < x - a < sempre que 0 < x - a < Portanto, basta escolhermos = , temos (mx + b) – (ma + b) = m x - a < m sempre que 0 < x - a < , e portanto, . Exemplo 3.2 calcule = 32 + 5 = 11. ii. iii Se e existem e c é um número real qualquer, então: para qualquer inteiro positivo n; Exemplos 3.3 Calcule: Calcule: . Calcule: , observe aqui que o . Neste caso, procede-se fatorando o numerador, obtendo-se assim, então, = no cálculo do limite estamos considerado valores próximos de 5, porém, diferentes de 5. Sendo assim é possível dividir o numerador e o denominador por x – 5 e temos = = . 4. Dada f(x) = calcule 5. , neste caso usa-se o artifício da racionalização do numerador. Res. = 6. neste caso pode-se fazer uma troca de variáveis para facilitar os cálculos(tirando o m.m.c. entre os índices). Seja x = t6, t 0, quando t6 1 t 1. Portanto, 7. , desenvolve-se o numerador para simplificar. Res. 2x 8. , neste caso usa-se o artifício da racionalização do numerador, da seguinte forma: , de tal forma que , ou, Y===. Assim. = Exercícios(Complementares) obrigatórios para os que optarem para peso 2 em atividades p.102-104, Cálculo A. LIMITES LATERAIS Exemplo 3.4: Seja f definida por Trace um esboço do gráfico de f(x); b) Determine o , se ele existir; c) Determine o , se ele existir. Obs. Usamos o símbolo x 0- para indicar que os valores de x são sempre menores que 0, e usamos o símbolo x 0+ para indicar que os valores de x são sempre maiores que 0. Solução: Teorema 3.1: O se e somente se existirem e ambos forem iguais a L. Exemplo 3.5. Seja g definida por g(x) = a)Trace um esboço do gráfico de g Encontre Exemplo 3.5.1 seja h(x) = Exemplo 3.6: Seja f(x) definida por f(x) = Calcule: Exemplo 3.7 Dada a função f(x) = (1 + ) , Determinar, se possível, e Exercícios: Trace um esboço do gráfico e encontre o limite indicado. , calcule: ; ; f(x) = , calcule: ; ; , calcule: ; ; f(x) = 3 + , calcule: ; ; Exercícios(Complementares) obrigatórios para os que optarem para peso 2 em atividades p.96-98, Cálculo A. LIMITES NO INFINITO Considere a função f definida pela equação f(x) = , faça uma tabela para valores de x e f(x) e represente graficamente x 0 1 2 3 5 10 100 1000 f(x) 0 1 8/5 18/10 50/26 200/101 2000/1001 2000000/1000001 Teorema 3.2. Se r é um inteiro positivo qualquer e C uma constante real maior que 1, então: ou de forma genérica, ou de forma genérica, Exemplos 3.8 Aplicando Teor. 3.2 i.Encontre o Dividindo numerador e denominador por x Encontre o Encontre Encontre Justificativa: , então, = -x, pois x converge a menos infinito. Exercícios: Encontre os limites indicados 1. 2. 3. 4. 5. LIMITES INFINITOS Seja f a função definida por f(x) = , analise o comportamento de f(x) através de uma tabela e gráfico quando x está próximo de 2. x 3 5/2 9/4 21/10 201/100 f(x) 3 12 48 300 30000 Então, Logo, Teorema 3.3 Se a é um número real qualquer, e se e , onde c é uma constante diferente de zero (0), então: Se c > 0 e se f(x) 0, através de valores positivos de f(x), então: Se c > 0 e se f(x) 0, através de valores negativos de f(x), então: Se c < 0 e se f(x) 0, através de valores positivos de f(x), então: Se c < 0 e se f(x) 0, através de valores negativos de f(x), então: Exemplos 3.9. Solução: Seja g(x) = x2 + x + 2 f(x) = x2 – 2x –3 (através de valores negativos de f(x)). então, pelo Teor. 3.3 ii = - Seja, agora, f(x) = x2 – 2x –3 (através de valores positivos de f(x)). então, pelo Teor. 3.3.i. Logo, pelo Teor. 3.1, não existe = , indeterminação. Usando o artifício de colocar x5 em evidência, temos: 4. Determinar, Solução: P/ x > 0, temos = x. Assim P/x < 0, temos que = -x. Assim . Logo, = + Determinar . Solução: qdo Assim, (indeterminado, portanto, por x2, temos (indeterminado), por x3, = - (indeterminado), por x4, = - 2 (indeterminado), por x3, = 0 Exercícios(Complementares) obrigatórios para os que optarem para peso 2 em atividades p.119-121, Cálculo A. LIMITES FUNDAMENTAIS Tratam de casos particulares de indeterminação do tipo 0/0, 1 e 0 Proposição 1. Prova.(será mais facilmente demonstrado usando a regra de L’Hospital o que será visto posteriormente) Exemplos 3.10, Calcular os seguintes limites: Podemos calcular limites do tipo , onde, u é uma função de x. No ex. u = 2x e u 0 quando x 0. Portanto, , use a fórmula: sen2A= 1/2 – (1/2)cos(2A) ou cos(2A) = 1 – 2sen2(A). Portanto, fazendo x = 2u, ou u = x/2, qdo x 0, u 0, então, podemos escrever, Proposição 2. , onde, e é o número irracional neperiano 2,718281... . A prova envolve noções de série e será aqui omitida. Exemplos 3.11 Prove que = e Solução: i) = Fazendo, x = 1/t t + quando x 0+. Logo, ii) = Fazendo, x = 1/t t - quando x 0-. Logo, Logo =e. Determinar Proposição 3. Prova: Fazendo t = ax – 1, temos ax = t + 1. Aplicando ln em ambos os lados ln(ax) = ln(t+1) ou xln(a) = ln(t+1) ou x = . Quando x 0 e x 0, temos que t 0, t 0, então pode-se escrever: = Exerc. 2 acima. Exemplo 3.12 Calcule Exercícios(Complementares) obrigatórios para os que optarem para peso 2 em atividades p.128-129, Cálculo A. ASSÍNTOTAS HORIZONTAIS E VERTICAIS Definição 3.2: Dizemos que a reta x = a é uma assíntota vertical do gráfico de uma função f, se pelo menos uma das afirmações seguintes for verdadeira: a Definição 3.3 Diz-se que a reta y = b é uma assíntota horizontal do gráfico de uma função f, se pelo menos uma das afirmações seguintes for verdadeira: Exemplo 3.13 Encontre as assíntotas horizontais e verticais do gráfico da equação xy2 – 2y2-4x = 0 e trace um esboço do gráfico. Exercícios: Repita os exemplos para as seguintes funções: 1. f(x) = 2. g(x) = 3. h(x) = CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO EM UM NÚMERO Definição 3. 4: Diz-se que a função f é contínua em um número a se e somente se as seguintes condições forem satisfeitas: Existe f(a) Existe = f(a). Se uma ou mais destas três condições não for verificada em a, dizemos que a função f é descontínua em a. Exemplos 3.14: Sejam as funções definidas por: f(x) = verifique se a função é contínua no ponto x =1 g(x) = verifique se a função é contínua no ponto x = 2 h(x) = verifique se h é contínua no ponto x = 1 verifique se f é contínua no ponto x = 3. Exercícios(Complementares) obrigatórios para os que optarem para peso 2 em atividades p.139-141, Cálculo A.
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