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Apostila LFG Direito Processual Civil

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Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 1 
 
Prof.: Fredie Didier Jr. 
(www.frediedidier.com.br) 
 
 
 Indicação Bibliográfica: 
- Curso de Processo Civil, Luis Guilherme Marinoni, RT (☺vol. II – o vol. I é indicado somente para os 
concursos de Juiz Federal e MPF). 
- Curso Sistematizado de Processo Civil, Cássio Scarpinella, Saraiva (bom para iniciantes). 
- Lições de Direito Processual Civil, Alexandre Câmara, Lúmen Júris (é básico). 
- Curso de Direito Processual Civil, Fredie Didier Jr., Juspodivm, 4 volumes – atualização on line pelo 
e-mail (cadastro no site do professor). 
- Leituras Complementares de Processo Civil, Juspodivm (é muito importante a leitura – são temais mais 
incomuns, que não são encontrados nos outros livros). 
- Eupídio Donizetti (é livro de resumo). 
- Código de Processo Civil Comentado, Nelson Nery, RT. 
 
 Dica para concurso: para pesquisar os trabalhos dos professores que compõem as bancas: site 
www.cnpq.com.br, link: plataforma lattes. 
 
 
 
ÍNDICE 
 
 PPRRIINNCCÍÍPPIIOOSS DDOO PPRROOCCEESSSSOO:: .......................................................................................................... 6 
 Processo e Direitos Fundamentais: .................................................................................................. 6 
 Direitos Fundamentais Processuais – Princípios Processuais em espécie: ...................................... 7 
1. Princípio do Devido Processo Legal: ...................................................................................... 7 
2. Princípio da Efetividade; Princípio da Adequação; Princípio da Duração Razoável do 
Processo e Princípio da Lealdade: ..................................................................................................... 9 
3. Princípio do Contraditório:.................................................................................................... 11 
4. Princípio da Cooperação: ...................................................................................................... 12 
5. Princípio da Instrumentalidade: ............................................................................................ 12 
6. Princípio da Preclusão:.......................................................................................................... 12 
 JJUURRIISSDDIIÇÇÃÃOO:: .................................................................................................................................. 15 
 Conceito e Características da Jurisdição: ....................................................................................... 15 
 Equivalentes Jurisdicionais: ........................................................................................................... 17 
 Arbitragem: .................................................................................................................................... 18 
 Princípios da Jurisdição: ................................................................................................................ 20 
 Jurisdição Voluntária: .................................................................................................................... 22 
 CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIAA:: ............................................................................................................................. 25 
 Conceito: ........................................................................................................................................ 25 
 Princípios que regem a Competência:............................................................................................ 25 
 Distribuição da Competência: ........................................................................................................ 25 
 Fixação ou Determinação da Competência: .................................................................................. 26 
 Classificação da Competência: ...................................................................................................... 27 
1) Competência absoluta e relativa: ................................................................................................. 27 
2) Competência originária e derivada: ............................................................................................ 28 
 Critérios de Determinação da Competência: ................................................................................. 28 
1) Critério Objetivo: ......................................................................................................................... 28 
2) Critério Funcional:....................................................................................................................... 29 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 2 
3) Critério Territorial: ...................................................................................................................... 29 
 Conflito de Competência: .............................................................................................................. 30 
 Litispendência, Conexão e Continência: ........................................................................................ 32 
 Competência da Justiça Federal: .................................................................................................... 38 
→ Competência dos Juízes Federais (Incisos do art. 109, CPC:) ................................................... 40 
1) Competência em razão da pessoa: ......................................................................................... 40 
2) Competência em razão da matéria: ........................................................................................ 42 
3) Competência funcional: .......................................................................................................... 43 
→ Competência dos Tribunais Federais (Incisos do art. 108, CR:) ................................................ 43 
1) Competência Originária: ....................................................................................................... 43 
2) Competência Derivada: .......................................................................................................... 44 
 TTEEOORRIIAA DDAA AAÇÇÃÃOO:: ........................................................................................................................ 45 
 Acepções da palavra “Ação”: ........................................................................................................ 45 
 Elementos da Ação: ....................................................................................................................... 45 
1) Parte: ............................................................................................................................................ 46 
2) Pedido:.......................................................................................................................................... 46 
3) Causa de Pedir: ............................................................................................................................ 47 
 Condições da Ação: ....................................................................................................................... 49 
1) Legitimidade ad causam:.............................................................................................................. 52 
2) Interesse de Agir:.......................................................................................................................... 53 
3) Possibilidade jurídica do pedido:................................................................................................. 54 
 Classificação das Ações: ................................................................................................................54 
 PPRREESSSSUUPPOOSSTTOOSS PPRROOCCEESSSSUUAAIISS:: ................................................................................................ 63 
 Pressupostos de Existência: ........................................................................................................... 63 
 Pressupostos de Validade:.............................................................................................................. 64 
→ Pressupostos objetivos: ................................................................................................................ 64 
→ Pressupostos Subjetivos: .............................................................................................................. 66 
 LLIITTIISSCCOONNSSÓÓRRCCIIOO::......................................................................................................................... 70 
 Conceito e Classificações: ............................................................................................................. 70 
 Intervenção Iussus Iudicis: ............................................................................................................. 75 
 Intervenção Litisconsorcial Voluntária: ......................................................................................... 76 
 IINNTTEERRVVEENNÇÇÃÃOO DDEE TTEERRCCEEIIRROO:: .................................................................................................. 77 
 Conceitos Fundamentais: ............................................................................................................... 77 
 Fundamentos da Intervenção de Terceiro: ..................................................................................... 77 
 Classificação das Intervenções de Terceiro: .................................................................................. 77 
 Efeitos da Intervenção de Terceiro no processo: ........................................................................... 78 
 Controle da Intervenção pelo Magistrado: ..................................................................................... 78 
 Cabimento das Intervenções de Terceiro: ...................................................................................... 78 
 Modalidades de Intervenção de Terceiro: ...................................................................................... 81 
- Assistência: ..................................................................................................................................... 81 
- Alienação da coisa ou do direito litigioso: .................................................................................... 86 
- Intervenções Especiais dos Entes Públicos: ................................................................................... 87 
- Oposição:........................................................................................................................................ 87 
- Chamamento ao Processo: ............................................................................................................. 89 
- Nomeação à autoria: ...................................................................................................................... 90 
- Denunciação da Lide: .................................................................................................................... 91 
 PPEETTIIÇÇÃÃOO IINNIICCIIAALL:: ......................................................................................................................... 98 
 Conceito: ........................................................................................................................................ 98 
 Requisitos:...................................................................................................................................... 98 
 “Ocorrências” importantes em relação à Petição Inicial: .............................................................. 99 
 Pedido: ......................................................................................................................................... 103 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 3 
→ Conceito e classificação: ........................................................................................................... 103 
→ Requisitos do pedido: ................................................................................................................. 103 
→ Cumulação de pedidos:.............................................................................................................. 104 
→ Cumulação de pedidos e Litisconsórcio: ................................................................................... 105 
→ Requisitos para a Cumulação de pedidos: ................................................................................ 106 
 RREESSPPOOSSTTAA DDOO RRÉÉUU:: .................................................................................................................... 107 
 Teoria da Exceção: ....................................................................................................................... 107 
 Classificação das Defesas: ........................................................................................................... 108 
 Contestação: ................................................................................................................................. 109 
→ Conceito: .................................................................................................................................... 109 
→ Regras Básicas da Contestação: ............................................................................................... 109 
→ Revelia: ...................................................................................................................................... 110 
 Exceções Instrumentais:............................................................................................................... 112 
a) Exceção de Incompetência Relativa: .......................................................................................... 112 
b) Exceção de Impedimento ou de Suspeição: ................................................................................ 113 
 Reconvenção: ............................................................................................................................... 114 
 PPRROOVVIIDDÊÊNNCCIIAASS PPRREELLIIMMIINNAARREESS:: ............................................................................................ 117 
 Ação declaratória incidental: ....................................................................................................... 117 
 JJUULLGGAAMMEENNTTOO CCOONNFFOORRMMEE OO EESSTTAADDOO DDOO PPRROOCCEESSSSOO:: ..................................................... 120 
1) Extinção do processo sem resolução do mérito: ........................................................................ 120 
2) Extinção do processo pela prescrição ou decadência: .............................................................. 122 
3) Extinção do processo por auto-composição: ............................................................................. 122 
4) Extinção do processo pelo julgamento antecipado da lide: ....................................................... 122 
5) Audiência preliminar:................................................................................................................. 123 
6) Despacho saneador: ................................................................................................................... 123 
7) Decisões parciais: ...................................................................................................................... 123 
 TTEEOORRIIAA DDAA PPRROOVVAA:: ...................................................................................................................125 
 Acepções da palavra “Prova”: ..................................................................................................... 125 
 Prova e Contraditório: .................................................................................................................. 125 
 Poder instrutório do juiz: ............................................................................................................. 126 
 Verdade e Processo: ..................................................................................................................... 126 
 Sistemas de valoração da prova: .................................................................................................. 127 
 Objeto da prova: ........................................................................................................................... 129 
 Ônus da prova: ............................................................................................................................. 130 
 TTEEOORRIIAA DDAA DDEECCIISSÃÃOO:: ................................................................................................................ 133 
 Conceito de sentença: .................................................................................................................. 133 
 Decisão Terminativa e Decisão Definitiva: ................................................................................. 134 
 Decisão Determinativa: ................................................................................................................ 134 
 Elementos da decisão judicial: ..................................................................................................... 134 
- Relatório: ...................................................................................................................................... 134 
- Fundamentação: ............................................................................................................................ 134 
Ratio decidendi: .............................................................................................................................. 135 
Distinguishing: ................................................................................................................................ 136 
Obter dictum: .................................................................................................................................. 136 
Overruling: ..................................................................................................................................... 137 
- Dispositivo: ................................................................................................................................... 139 
 Requisitos da Sentença: ............................................................................................................... 140 
 Decisão x Fato superveniente: ..................................................................................................... 141 
 Efeitos da sentença:...................................................................................................................... 142 
 Publicação e retratação da sentença: ............................................................................................ 142 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 4 
 TTUUTTEELLAA JJUURRIISSDDIICCIIOONNAALL EESSPPEECCÍÍFFIICCAA DDAASS OOBBRRIIGGAAÇÇÕÕEESS DDEE FFAAZZEERR,, DDEE NNÃÃOO FFAAZZEERR EE 
DDEE DDAARR CCOOIISSAA DDIISSTTIINNTTAA DDEE DDIINNHHEEIIRROO::...................................................................................... 143 
 Tutela jurisdicional: ..................................................................................................................... 143 
 Classificação da tutela jurisdicional: ........................................................................................... 143 
 Demais Características do art. 461: ............................................................................................. 146 
 CCOOIISSAA JJUULLGGAADDAA:: ........................................................................................................................ 149 
 Conceito: ...................................................................................................................................... 149 
 Pressupostos da coisa julgada: ..................................................................................................... 149 
 Efeitos da coisa julgada: .............................................................................................................. 150 
 Coisa julgada e relações jurídicas continuativas:......................................................................... 150 
 Limite objetivo da coisa julgada: ................................................................................................. 151 
 Limites subjetivos da coisa julgada: ............................................................................................ 151 
 Regime jurídico da formação da coisa julgada: ........................................................................... 151 
 Instrumentos de revisão da coisa julgada: ................................................................................... 152 
 Relativização da coisa julgada: .................................................................................................... 153 
 AANNTTEECCIIPPAAÇÇÃÃOO DDOOSS EEFFEEIITTOOSS DDAA TTUUTTEELLAA:: .......................................................................... 154 
 Introdução: ................................................................................................................................... 154 
 Conceito: ...................................................................................................................................... 154 
 Histórico:...................................................................................................................................... 155 
 Distinções:.................................................................................................................................... 156 
 Análise do art. 273, CPC – tutela antecipada genérica: ............................................................... 157 
- Efeitos antecipáveis: ..................................................................................................................... 157 
- Legitimidade para pedir a tutela antecipada: ................................................................................ 157 
- Momento:...................................................................................................................................... 158 
- Pressupostos da tutela antecipada genérica: ................................................................................. 158 
- Efetivação da tutela antecipada: ................................................................................................... 159 
- Recursos: ...................................................................................................................................... 160 
 Antecipação da Tutela contra o Poder Público: ........................................................................... 160 
 §6º, do art. 273, CPC: .................................................................................................................. 162 
 TTEEOORRIIAA GGEERRAALL DDOOSS RREECCUURRSSOOSS:: ............................................................................................ 163 
 Conceito de Recurso: ................................................................................................................... 163 
 O recurso no panorama dos meios de impugnação da decisão judicial:...................................... 164 
 Atos sujeitos a recurso: ................................................................................................................ 165 
 Decisões proferidas por juiz singular:.......................................................................................... 165 
 Recursos nos Juizados Especiais: ................................................................................................ 166 
 Recursos cabíveis contra decisões em Tribunal: ......................................................................... 166 
 Classificação dos recursos: .......................................................................................................... 167 
 Juízo de admissibilidade dos recursos: ........................................................................................ 168 
- Competência para fazer o juízo de admissibilidade: ................................................................... 168 
- Natureza jurídica do juízo de admissibilidade: ............................................................................ 169 
- Objeto do juízo de admissibilidade: ............................................................................................. 170 
1) Cabimento: ................................................................................................................................. 170 
2) Legitimidade: .............................................................................................................................. 171 
3) Interesse recursal: ...................................................................................................................... 171 
4) Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer: ..................................... 172 
5) Preparo:...................................................................................................................................... 172 
6) Tempestividade: .......................................................................................................................... 173 
7) Regularidade formal: ................................................................................................................. 174 
 Efeitos dos recursos: .................................................................................................................... 174 
 RREECCUURRSSOOSS EEMM EESSPPÉÉCCIIEE:: ........................................................................................................... 177 
 APELAÇÃO: ................................................................................................................................... 177 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 5 
- Generalidades: .............................................................................................................................. 177 
- Efeito suspensivo da apelação: ..................................................................................................... 177 
- Efeito desobistrutivo da apelação: ................................................................................................ 178 
- Alegação de fatos novos na apelação: .......................................................................................... 179 
- Juízo de Admissibilidade: ............................................................................................................. 179 
- Súmula impeditiva do recurso: ..................................................................................................... 179 
- Correção de defeitos na apelação: ................................................................................................ 180 
 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: ...................................................................................................... 180 
- Conceito e hipóteses de cabimento: .............................................................................................. 180 
- Natureza jurídica da decisão que julga os embargos de declaração: ............................................ 181 
- Efeitos dos embargos de declaração: ............................................................................................ 181 
- Embargos de declaração protelatórios: ......................................................................................... 181 
 EMBARGOS INFRINGENTES:........................................................................................................... 182 
 AGRAVOS: .................................................................................................................................... 184 
- Agravos contra decisões interlocutórias de 1ª instância: Retido e de Instrumento ...................... 184 
→ Peculiaridades do Agravo Retido: ............................................................................................. 185 
→ Considerações sobre o Agravo de Instrumento: ........................................................................ 185 
 RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO: ..................................................................... 187 
- Características comuns a ambos: .................................................................................................. 187 
- Prequestionamento: ...................................................................................................................... 188 
- Recursos extraordinários retidos: ................................................................................................. 189 
 RECURSO ESPECIAL: ..................................................................................................................... 190 
 RECURSO EXTRAORDINÁRIO: ........................................................................................................ 192 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 6 
(26/01/09) 
 
 PPRRIINNCCÍÍPPIIOOSS DDOO PPRROOCCEESSSSOO:: 
 
 
 Processo e Direitos Fundamentais: 
 
Após a 2ª guerra, desenvolveu-se o novo papel do direito constitucional: teoria do 
neoconstitucionalismo. Essa teoria tem basicamente 3 características: 
1) a consolidação da Teoria dos Direitos Fundamentais, um verdadeiro pilar do Direito 
Constitucional contemporâneo; 
2) a força normativa da Constituição, ou seja, a Constituição é uma norma que pode ser 
realizada concretamente e imediatamente, independentemente da vontade do legislador; é uma norma 
com força e eficácia normativa. O Estado que vigorava era o Estado da lei. O Estado tem que ser um 
estado constitucional. 
3) a expansão da jurisdição constitucional, já que hoje temos um controle de 
constitucionalidade consagrado que pode ser aplicado por qualquer juiz. 
Hoje os princípios são normas. Antes, decidir com base nos princípios era a última alternativa. 
Art. 126, CPC: Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou 
obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, 
recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. 
Esse movimento do Neoconstitucionalismo repercutiu em diversos ramos do Direito, inclusive 
no Processo. Hoje o estudo do Processo tem de ser feito a partir dessas novas premissas metodológicas; 
é preciso pensar o Processo a partir desse novo paradigma. Foi inevitável, portanto, que se passasse a 
denominar este nosso novo período histórico pelo qual passou o Direito Processual, de 
“Neoprocessualismo”, que é exatamente o estudo, a compreensão do Processo a partir dessa nova 
metodologia, das novas premissas do Neoconstitucionalismo. E é este o momento atual do Direito 
Processual. 
OBS.: no RS, mais precisamente na UFRS, os processualistas também pensam desta forma, 
seguindo esta metodologia, masdão a esta nova fase um outro nome, eles dão a esta fase o nome de 
“Fase do Formalismo-Valorativo” (atenção: só o nome é que é diferente, toda a metodologia é a 
mesma), e dão este nome porque pensam que a forma do novo Direito Processual é aquela obtida a partir 
dos valores estabelecidos pela Constituição. Mas segundo o prof., o melhor nome ainda seria 
Neoprocessualismo. Mas atenção, porque a nomenclatura do RS está ganhando novos adeptos e pode ser 
perguntada em concursos. O seu criador foi Carlos Alberto Alvaro de Oliveira (atenção: Alvaro é sem 
acento). ☺ Textos sobre o assunto: Eduardo Cambi (Neoprocessualismo) e Carlos Alberto Alvaro de 
Oliveira (Formalismo-Valorativo), que estão no livro “Leituras Complementares de Processo Civil”. 
 
Relação entre o Processo e os Direitos Fundamentais: 
1ª) No rol dos direitos fundamentais há diversos direitos de conteúdo processual (direitos 
fundamentais processuais – ex.: contraditório, ampla defesa, proibição de prova ilícita, etc.); 
2ª) Os direitos fundamentais têm dupla dimensão: 
1. Dimensão subjetiva dos direitos fundamentais: os direitos fundamentais são direitos. Cada um 
de nós é titular dos direitos fundamentais; 
Relação: É preciso que o processo seja adequado à tutela dos direitos fundamentais. Ex. é preciso 
que haja mecanismos processuais para tutelar a liberdade, como o hábeas corpus. O MS também nasceu 
dessa forma. 
2. Dimensão objetiva: os direitos fundamentais são normas que geram direitos, impõem a sua 
observância. É preciso que as leis estejam em conformidade com as normas de direitos 
fundamentais. 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 7 
Relação: As normas de direito processual têm que estar de acordo com as normas de direitos 
fundamentais. Ex. se houver uma regra processual que não prevê o contraditório, essa norma é 
inconstitucional. 
 
Assim, para responder esta questão deve-se dizer qual a relação entre processo e cada uma das 
dimensões dos Direitos Fundamentais, a subjetiva e a objetiva, ou seja, respectivamente: o processo tem 
de ser adequado à tutela, à proteção dos direitos fundamentais (ex.: o HC é um instrumento processual 
para a tutela do direito à liberdade); ademais, o processo tem de ser estruturado de acordo, em 
conformidade com as normas que prevêem direitos fundamentais. 
 
 Direitos Fundamentais Processuais – Princípios Processuais em espécie: 
 
1. Princípio do Devido Processo Legal: 
 
É a tradução brasileira de uma expressão inglesa “Due Process of Law”. É uma tradução 
equivocada porque sendo “law” Direito, o devido processo não é aquele em conformidade com a lei, 
mas com o Direito como um todo, ou seja, a palavra “lei” ai está no sentido amplo. É, pois, sinônimo de 
Devido Processo Constitucional (neste caso se dá maior ênfase ao fato de que o processo deve estar em 
conformidade com a Constituição, e não só com a lei). 
Essa expressão surgiu há 800 anos e até hoje está entre nós. Surgiu na Inglaterra, mas foi 
amplamente aceita nos EUA e posteriormente difundida pelo mundo. É uma expressão muito genérica, o 
que dificulta um pouco a compreensão de seu real significado. O texto inglês que deu origem à 
expressão é um texto genérico de propósito, ao invés de dizer o que é ou não devido (justo, correto, 
adequado), os ingleses optaram por deixar que a jurisprudência dos Tribunais estabelecesse o que era um 
processo devido para eles, e foi a partir daí que surgiram todas as garantias que atualmente 
conhecemos (contraditório, ampla defesa, juiz natural, etc.) e que ainda podem vir, de acordo com as 
necessidades que forem surgindo. 
Há a previsão na CR: art. 5, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal; 
Essa definição é indeterminada, aberta, por isso perdura há muitos séculos, isso porque o que era 
devido há 800 anos, não é o que é devido hoje. 
Norma é diferente de texto. O texto do devido processo legal é o mesmo há 800 anos, mas a 
norma é outra. Ex. placa na praia do RJ na década de 1940: Proibida a utilização de biquíni. Na época, 
a interpretação é que tinha que usar maiô. Hoje, a interpretação é que é praia de nudismo. 
 
→ O Devido Processo Legal é uma cláusula geral, um enunciado normativo aberto 
cujo conteúdo é definido pelo juiz de acordo com as circunstâncias histórico-culturais do momento da 
decisão (aquilo que naquele momento histórico se entende devido). Assim, o texto permanece o mesmo, 
o que evolui é a compreensão, a interpretação do texto, de acordo com as novas necessidades. Desta 
forma, nunca se poderá esgotar o conteúdo do Devido Processo Legal, se pode no máximo listar as 
garantias que estão num determinado momento consolidadas como partes do Devido Processo 
Legal, mas nunca se poderá saber quais garantias ainda poderão surgir (ex.: a garantia do juiz natural é 
do séc. XVII, ou seja, surgiu 400 anos depois do surgimento do “Due Process of Law”). Todos os 
princípios processuais foram extraídos do devido processo legal. Sempre que houver a necessidade 
histórica de proteção aos direitos das pessoas, recorre-se ao devido processo legal. Dele é possível 
extrair outras garantias. Muitos princípios já estão expressos, outros ainda implícitos. 
Ex.: hoje em dia estamos vivendo a era do processo eletrônico, e estamos ainda construindo as 
peculiaridades deste tipo de processo para que se possa criar um modelo do devido processo eletrônico, 
coisa que em 1815 não poderia ser sequer imaginado. 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 8 
A palavra “Processo”, na expressão Devido Processo legal, significa método ou meio de criação 
de normas jurídicas. 
Todas as normas jurídicas, sem exceção, se produzem após o processo, elas são produto de um 
processo; assim, o direito se cria processualmente, as normas jurídicas são criadas processualmente (as 
leis são fruto de um processo legislativo, as normas administrativas são fruto de um processo 
administrativo, as sentenças são fruto de um processo jurisdicional, e todos esses processos devem ser 
devidos, justos – a expressão engloba todos os tipos de processo). 
Nesta matéria estudaremos o Devido Processo Legal Jurisdicional (não o legislativo ou 
administrativo). 
Devido processo legal privado ou negocial – os direitos fundamentais regulam as relações 
entre Estado e cidadão e entre cidadãos. Os neoconstitucionalistas dizem que os direitos fundamentais 
têm uma eficácia vertical e horizontal. A eficácia horizontal se verifica na relação privada. No âmbito 
privado há aplicação do devido processo legal. Ex. se um condômino é multado, ele tem direito de se 
defender. 
☺Art. 57, Código Civil: a exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim 
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no 
estatuto – este é um exemplo claro de manifestação do devido processo legal no âmbito privado. Esta 
norma foi ratificada (consagrada como admissível) pelo STF no RE 201.819, em 2005 – este é um dos 
julgamentos mais significativos do STF no âmbito do processo civil; devemos dar atenção, pois, para 
este tema dos Direitos Fundamentais no âmbito privado! 
 
→ Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais (é a aplicação dos DF entre indivíduos; se 
contrapõe à Eficácia Vertical dos Direitos Fundamentais, que é a eficácia dos DF nas relações entre o 
Estado e o cidadão). 
 
→ O Devido Processo Legal tem 2 dimensões: 
 
I) Dimensão formal ou processual do Devido Processo Legal (Devido Processo Legal 
Processual): é o conjunto de garantias processuais por todos conhecidas (é o que nós achamos que é o 
Devido Processo Legal). Ex. contraditório, juiz natural, duração razoável, motivação das decisões, 
etc.; 
 
II) Dimensão material,substancial ou substantiva do Devido Processo Legal (Substantive Due 
Process of Law): o Devido Processo Legal é um texto do qual se extraiu muitas coisas (inclusive, para 
os americanos, tudo é DPL, eles buscam no DPL o fundamento para tudo). Contudo, para que uma 
decisão, um ato seja devido não basta que ele preencha os requisitos formais do DPL, para isso é preciso 
que ela, a decisão, em si mesma seja devida, e uma decisão devida é uma decisão razoável, 
equilibrada. Ou seja, é preciso que a decisão seja substancialmente devida, para que se possa 
controlar o abuso do poder (o poder exercido de forma correta não é suficiente, é preciso que ele seja 
substancialmente devido, correto, razoável). Assim, o DPL garante também que as decisões devam ser 
razoáveis, ponderadas e não despropositadas. É um instrumento para controlar o abuso do poder. O 
legislador não pode tudo; o que pode, pode dentro do razoável. 
 
OBS.: DPL Substancial x Princípio da Proporcionalidade: o Princípio da 
Proporcionalidade tem origem germânica; o DPL Substancial tem origem na common law 
(americana/inglesa), mas ambos são construções da jurisprudência para reprimir o abuso do 
poder. Foi a resposta que esses diferentes povos deram para combater o abuso de poder. No Brasil, 
temos um direito constitucional de influência dos EUA e um direito legal de influência européia. Nos 
EUA, utiliza-se o termo devido processo legal substancial e na Europa, utiliza-se o termo 
proporcionalidade. No Brasil, utiliza-se ambos os termos. Na opinião do prof., são a mesma coisa, têm 
o mesmo objetivo, mas com origens diferentes (é “o mesmo vinho, de garrafas diferentes”). O STF, 
quando aplica o Princípio da Proporcionalidade, diz que este Princípio decorre da dimensão 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 9 
substantiva do DPL, há inúmeras decisões nesse sentido (o STF julgou diversas ADIs afirmando que 
a lei feriu o DPL substancial, ou seja, é uma lei irrazoável, desproporcional). 
Há quem afirme, inclusive, que a proporcionalidade decorre do Estado Democrático de Direito; 
isto também é correto. Mas, segundo o prof., é ainda mais fácil associar o Princípio da 
Proporcionalidade ao DPL Substancial. 
Para que um processo seja devido, ele tem que ser efetivo, tempestivo, adequado e leal. Cada um 
desses adjetivos corresponde a um princípio. 
 
2. Princípio da Efetividade; Princípio da Adequação; Princípio da Duração Razoável do Processo e 
Princípio da Lealdade: 
 
→ “Processo devido é processo efetivo, adequado, tempestivo e leal”. 
 
a) Princípio da Efetividade: este princípio não está consagrado em texto expresso; ele é um 
corolário do Devido Processo Legal (é extraído do DPL). O princípio existe, só não está expresso em 
um texto. É o direito de efetivar os seus direitos. É o direito que todos têm de verem seus direitos 
efetivados. Não basta que eu tenha o direito, é preciso que esse direito seja concretizado, realizado. É, 
para muitos (ex.: Marinoni), o mais importante direito fundamental que existe, porque ele garante todos 
os demais. Importância de se reconhecer este direito: no desenvolver do Direito, sempre muito se falava 
dos direitos do réu, dos direitos do devedor (não se falava muito dos direitos do credor, porque o 
devedor é que era o desamparado, o desprotegido – é uma questão cultural, que provém da influência 
religiosa, das religiões cristãs) – ex.: a impenhorabilidade do bem de família é para proteger a dignidade 
do devedor, e isso mitiga o direito de cobrar do credor, que passa a ter um patrimônio inferior para 
buscar a execução. Hoje, porém, a situação é diversa justamente em razão do Princípio da Efetividade: a 
efetividade é também um direito fundamental e, portanto está em pé de igualdade com os demais 
direitos (como o direito à dignidade do executado), portanto, se requer uma ponderação entre eles; não 
se defende mais o devedor em detrimento do credor, ambos são sujeitos com direitos fundamentais; 
deve-se dar ao caso uma solução ponderada de acordo com o caso concreto (por ex.: no caso de só 
existir o bem de família e este ser de alto valor, o juiz pode determinar a penhora do bem, sua 
venda, o pagamento do credor e a restituição do valor ao devedor para que compre outro imóvel – 
coisa que não era aceitável há 10 anos atrás). Essa alteração da sistemática se deu pela aceitação do 
Princípio da Efetividade, que visa a busca pela solução mais ponderável. 
 
b) Princípio da Adequação: este princípio dita que as regras processuais devem ser 
adequadas. Mas, o que é uma regra adequada? Para responder a isso, a doutrina apresenta 3 critérios: 
1) critério objetivo de adequação: o processo tem que estar adequado ao direito que por ele será 
tutelado; 2) critério subjetivo de adequação: o processo tem que ser adequado aos sujeitos que 
deles se valerão, aos sujeitos do processo, não se pode dar o mesmo tratamento processual, por ex., a 
um incapaz e a um capaz (ex.: estabelecimento de prazos diferenciados de acordo com a peculiaridade 
dos sujeitos envolvidos, como por ex. aos idosos); 3) critério teleológico de adequação: o processo 
tem que ser adequado em relação aos seus fins (por ex., o processo de execução tem características 
voltadas para este propósito, o processo dos Jesp´s tem características próprias adequadas aos seus 
propósitos, como a celeridade). OBS.: o critério subjetivo nada mais é do que uma exigência do 
Princípio da Igualdade, é a manifestação do Princípio da Igualdade no processo. Atenção: este 
Princípio não tem redação expressa, ele também é um corolário do DPL. A visão tradicional do 
Princípio da Adequação diz que ele é dirigido ao legislador, ou seja, cabe ao legislador criar regras 
processuais adequadas (que observem os critérios de adequação) abstratamente, para a generalidade 
dos casos. Esta visão não está errada, é correta, mas é a visão tradicional. Ex.: se o autor junta um 
documento, o réu terá 15 dias para se defender, mas e se o autor junta 15.000 documentos? A lei diz que 
o réu terá 15 dias para se defender, mas este prazo não é adequado nesta situação. Assim, pode o juiz, 
diante do caso concreto, adequar a regra para adequar o processo àquele caso concreto, coisa que 
o legislador não poderia fazer. Desta forma, hoje se fala também em uma adequação jurisdicional (não 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 10 
só legislativa) do processo. Cabe ao juiz, de ofício, no caso concreto, se se deparar com uma regra 
inadequada (ainda que abstratamente considerada como adequada, prevista pelo legislador) para aquele 
caso concreto, afastá-la e criar uma regra adequada. Segundo Marinoni, é direito fundamental do 
indivíduo a adequação jurisdicional do processo. Essa adequação jurisdicional do processo é chamada 
por alguns autores de Princípio da Flexibilidade, Elasticidade ou Adaptabilidade do Processo, ou seja, o 
processo tem que ser adaptável às peculiaridades do caso concreto. 
 
c) Princípio da Duração Razoável do Processo: processo de duração razoável é diferente de 
um processo rápido, até porque processo rápido é processo tirano, processo autoritário (certamente 
seria um processo que violaria o contraditório, porque a produção de provas, os recursos, etc., por 
lógica causam uma certa demora no processo, e esta demora é que garante que a decisão seja a mais 
correta possível, em conformidade com o próprio sistema por nós adotado; mas esta demora deve ser 
razoável). Este princípio quer dizer que o processo tem que demorar apenas o tempo necessário para que 
haja a decisão justa, e não mais do que isso. Existem 4 critérios para se aferir a duração razoável do 
processo: 1) a complexidade da causa; 2) a estrutura do órgão jurisdicional (é preciso avaliar se o 
órgão tem estruturapara dar vazão aos processos); 3) o comportamento do juiz (avaliação do papel do 
juiz na demora do processo); 4) o comportamento das partes. Examinados todos os critérios, 
percebendo-se que a duração é realmente razoável, quais são os instrumentos postos ao cidadão para 
fazer valer este direito ao processo razoável? O primeiro instrumento é um instrumento de natureza 
administrativa, a representação administrativa contra o juiz por excesso de prazo (☺art. 198, 
CPC). Se o Tribunal não conceder, pode-se ir ao CNJ. Há ainda os instrumentos jurisdicionais, 
dentre os quais o mais famoso, no âmbito do processo penal, é o HC e, no âmbito processual civil, o 
MS contra a omissão do juiz. 
 
d) Princípio da Lealdade ou Princípio da Boa-fé Objetiva Processual: (☺ texto 
no site do prof.) A boa-fé aparece como: 
 
- Fato – o legislador exige que a parte esteja de boa-fé. A boa-fé enquanto fato é a boa-fé 
subjetiva. Relaciona-se ao conhecimento da parte; 
- Princípio (norma) - O princípio da boa-fé é a boa-fé objetiva. No processo estuda-se o princípio 
da boa-fé. Boa-fé objetiva é uma expressão criada pela doutrina para tratar a boa-fé como norma de 
conduta, como cláusula geral, como princípio. “Todos têm que se comportar de acordo com a boa-fé”, 
quer dizer, com a boa-fé objetiva (que é diferente da boa-fé subjetiva, que se contrapõe à má-fé, ou 
seja, é um elemento puramente psicológico e não uma norma, quer dizer boa ou má intenção). A 
boa fé objetiva impõe a todos os sujeitos das relações jurídicas o dever de respeitar o outro, agindo com 
lealdade e ética, de modo a proteger a confiança que o outro tem em seus comportamentos e atitudes. 
Mas como se falar em lealdade e ética no caso de se envolver pessoas “inimigas”, de interesses 
contrapostos? Basta lembrarmos da guerra, da ética da guerra, onde não se pode comportar-se de forma 
desleal, sob pena de cometimento de crime de guerra (ex.: atacar alguém que se rendeu). Em qualquer 
relação jurídica o comportamento leal e ético se impõe e essa proteção se estende também ao 
processo. Esse pensamento sobre boa-fé objetiva surgiu no Direito Civil: “os contratantes devem 
respeitar a boa-fé” (art. 242, CC Alemão) – com base nessa norma foi que as jurisprudências 
construíram a idéia de que este é um dever que se impõe a qualquer relação jurídica, mesmo as de 
direito público, inclusive o processo. Consolidou-se, pois, a expansão da boa-fé objetiva, que saiu do 
direito civil contratual, para todas as relações jurídicas, inclusive as de direito público. Mas ainda há 
muitas doutrinas que tratam da boa-fé somente no seu aspecto subjetivo, porque no Brasil a expressão 
boa-fé objetiva processual é nova. Mas hoje é indispensável falar-se dela como conteúdo do devido 
processo legal. De onde se extrai este princípio? Segundo o prof., esse dever é extraído da cláusula 
geral do devido processo legal. Outros autores fundamentam-se em outros princípios da Constituição 
(ex.: Menezes Cordeiro entende que este dever decorre do Princípio da Igualdade; já para os civilistas 
brasileiros, em regra, o fundamento constitucional do Princípio da Boa-fé Objetiva é a dignidade da 
pessoa humana). Há um julgado do STF segundo o qual a boa-fé objetiva é uma conseqüência, um 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 11 
elemento do devido processo legal; “fair trial” quer dizer julgamento ou processo leal, justo – 
participação equânime, justa, leal, sempre imbuída pela boa-fé e pela ética dos sujeitos processuais; 
âmbito de proteção alargado do princípio – o dever de boa-fé objetiva não é só do autor e do réu, este 
comportamento se exige de todos os sujeitos do processo (☺RE 464.962/60). Existe regra expressa no 
CPC? ☺art. 14, CPC: “são deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam 
do processo: II) proceder com lealdade e boa-fé”. A redação do caput deste art. é de 2001 (foi alterado 
para incluir todos os sujeitos, porque antes valia só para as partes). Antigamente, lia-se o inciso II como 
uma exigência de boa-fé subjetiva, mas atualmente a leitura que se faz (do mesmo texto) é diversa, 
extrai-se do texto a consagração do dever de atuar de acordo com a boa-fé objetiva. Mais ainda que 
não houvesse esse texto expresso, o princípio já existiria como decorrência do dever constitucional do 
devido processo legal. 
 
Conseqüências da aplicação do princípio da boa-fé: 
1. Veda-se o abuso do direito; 
2. Veda venire contra factum proprium – comporta-se contra as próprias atitudes. 
Comportamento contraditório. 
3. Veda comportamentos de má-fé. O agir doloso é ilícito. Ex. o exeqüente sabe onde o executado 
mora, mas não revela essa informação para que o executado seja citado por edital. 
 
 
(02/02/09) 
 
3. Princípio do Contraditório: 
 
Este princípio tem uma dupla dimensão: 
 
- Dimensão Formal: é a que garante às partes o direito de participar do processo; é o direito 
de ser ouvido; é só o direito de participar, e, participando, já estará garantida a dimensão formal do 
contraditório, sem que haja direito de influenciar a decisão; 
 
- Dimensão Substancial: é por conta dela que se garante às partes aquilo que se chama de 
“poder de influência” das partes no processo – a parte tem o direito de poder interferir no conteúdo da 
decisão, ou seja, não basta ter o direito a participar, é preciso que esta participação permita uma 
influência no conteúdo da decisão (permita que a parte possa convencer o juiz das suas razões, 
inclusive produzindo provas). Dessa dimensão surge o direito à produção de prova. O princípio da 
ampla defesa é a dimensão substancial do contraditório. 
 
Contraditório = participação + poder de influência. 
 
É sabido que algumas questões no processo são questões que o juiz pode conhecer “ex officio”, 
ou seja, sem que tenha sido provocado a respeito (ex.: decadência, inconstitucionalidade da lei, etc.). 
Mas, pode o juiz decidir com base em questão conhecida “ex officio” sem tê-la submetido antes à 
manifestação das partes? Se puder fazer isso, uma das partes vai ser pega de surpresa, pois a sentença se 
sustentará num ponto que não foi submetido ao contraditório, não podendo esta parte influenciar a 
decisão. E o contraditório é uma garantia de não surpresa (um aviso de que a parte pode perder, para 
que ela se defenda). Assim, o juiz não pode manifestar-se em questão que conheça de ofício sem 
que se dê às partes o contraditório (ex.: ele intima as partes a se manifestar sobre a 
inconstitucionalidade da lei), ou seja, ele pode manifestar-se de ofício sobre a questão não suscitada 
por ninguém, mas deve levar a questão ao contraditório das partes. 
 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 12 
Como compatibilizar as decisões liminares (sem ouvir o réu) com o princípio do 
contraditório? 
 
- As decisões liminares são provisórias, precárias, podem ser revistas posteriormente. 
- É um contraditório jogado para depois. 
- As liminares se justificam pelo perigo de que o tempo cause lesão. 
- Ponderação entre o direito à efetividade e o contraditório. 
- O perigo e a provisoriedade tornam as liminares constitucionais. 
 
4. Princípio da Cooperação: 
 
É um produto da junção da Boa-fé com o Contraditório. Segundo este princípio, todos têm 
que cooperar, agir em cooperação, para a melhor solução do conflito. O fato das partes serem inimigas 
não quer dizer que elas não devam cooperar com o processo, justamente o contrário, elas não podem 
embaraçar o processo, não podem agir com deslealdade, etc. Este princípio tem grande importância 
quanto ao seu impacto no juiz: este princípio gera para o magistrado 3 deveres: 
 
I) dever de consulta: dever de consultar as partes sobre ponto relevante a respeito do 
qual nãohouve contraditório; 
II) dever de esclarecimento: o juiz tem o dever de esclarecer os pontos obscuros de 
suas manifestações e, além disso, o juiz tem o dever de pedir esclarecimento às partes, ou 
seja, se o juiz não entende uma manifestação da parte, ele não pode indeferir tal pedido porque 
não o entendeu, deve antes pedir esclarecimento; 
III) dever de proteção ou de prevenção: se o juiz se depara com uma falha no 
processo, ele tem o dever de apontar essa falha e dizer como ela deve ser corrigida. O STJ já 
disse que o juiz não pode indeferir a Petição Inicial sem antes determinar a sua correção. 
 
5. Princípio da Instrumentalidade: 
 
Significa que o processo deve ser um instrumento de realização do direito material; é um 
instrumento à disposição do direito material. Não há entre processo e direito material uma relação de 
subordinação, o processo não é subordinado, subalterno ao direito material, a relação que se estabelece 
entre ambos é uma relação complementar, de complementaridade, que se estabelece da seguinte 
maneira: um serve ao outro – o processo serve ao direito material (como instrumento – o direito 
processual realiza o direito material) e o direito material serve ao processo (dando sentido ao processo), 
numa relação de mutualismo, de simbiose, já que um precisa e se vale do outro. O direito material é uma 
abstração até ser concretizado. 
Questão: explique a Teoria circular dos planos processual e material: esta Teoria quer dizer que 
um plano se vale do outro, numa relação de complementaridade, D.M. 
sem subordinação → “o processo serve ao direito material ao tempo em 
que é servido por ele”. É assim representada graficamente: D.P. 
 
6. Princípio da Preclusão: 
 
Preclusão é perda de um poder jurídico processual. Este é o nome que no Brasil designa este 
fenômeno da perda de um poder jurídico no processo (em outros países tem outros nomes). 
A preclusão atinge as partes e o juiz. A preclusão é indispensável para que o processo ande, 
caminhe pra frente. Não existe processo sem preclusão. O que pode haver é um processo em que a 
preclusão seja relativizada em algum momento e estimulada em outro. 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 13 
Decadência, prescrição, caducidade relacionam-se à perda de um poder. A decadência atinge 
direitos potestativos, materiais. Se estiver no âmbito do processo não se fala em decadência. 
OBS. Se for fazer referência à preclusão para o juiz, não deve se utilizar a expressão preclusão 
pro iudicado. 
A doutrina costuma classificar a preclusão de acordo com os fatos que a geraram: 
 
- Preclusão temporal: é a perda de um poder jurídico processual porque se perdeu um prazo 
no processo; é a mais fácil de se compreender, é a mais simples; 
 
- Preclusão consumativa: tem-se um poder processual que se acaba pelo uso, porque não é 
um poder que se pode utilizar mais de uma vez no processo (ex.: poder de recorrer, que quando 
exercitado se consuma e se extingue; poder de contestar); 
 
- Preclusão lógica: é a mais difícil de se compreender – diz respeito a um comportamento 
contraditório, e comportamento contraditório é ilícito, ou seja, se alguém induz o outro, criando nele 
uma expectativa legítima, não pode agir de modo contrário a essa expectativa, sob pena de se quebrar a 
confiança, a lealdade que há entre essas partes. O nome jurídico que se dá a isso é: proibição do “venire 
contra factum proprium” – proibição de comportar-se contra suas próprias atitudes (se essas 
atitudes geraram em outra pessoa a confiança legítima de que a pessoa se manteria coerente). É uma 
atitude proibida pelo Princípio da boa-fé. Para haver um comportamento contraditório, deve haver um 
comportamento anterior. O primeiro (ato lícito) gera a proibição de praticar outro ato (ato lícito). Os dois 
atos são isoladamente lícitos. O segundo torna-se ilícito a partir do momento em que se relaciona com o 
primeiro. Assim, a preclusão lógica é a perda de um poder processual em razão de um comportamento 
anterior que gerou uma expectativa legítima de que esse poder não seria exercido, ou seja, há um poder 
que é contraditório a uma atitude tomada pela parte no processo anteriormente, e que, portanto, não 
deverá ser exercido (ex.: eu peço ao juiz que homologue minha desistência e depois recorro – 
haveria ai uma contradição entre um comportamento e outro, que geraria uma incompatibilidade 
entre eles). A preclusão lógica é, pois, a aplicação no processo da proibição do “venire contra factum 
proprium” (☺artigo do prof. no seu site e ☺caderno de Direito Civil). 
 
Essas 3 espécies de preclusão são as três espécies clássicas, trazidas por qualquer livro que trate 
do assunto. Mas é possível identificar uma 4ª espécie de preclusão: a Preclusão sanção, que ocorre 
como resultado de um ato ilícito no processo, e assim, aparece como uma sanção à essa prática de 
ato ilícito (as 3 outras são decorrentes de atos lícitos). 
Ex.: o atentado, que é um ilícito processual (como por ex., a destruição do bem penhorado), e 
que, quando praticado pela parte acarreta a perda do direito de falar nos autos enquanto permanecidas as 
conseqüências do atentado (enquanto o atentado continuar a produzir efeitos). Funciona, pois como uma 
sanção. Assim, nem sempre a preclusão é conseqüência de um ato lícito. 
 
→ Preclusão e questões de ordem pública: 
 
I) Há preclusão para o exame das questões de ordem pública? 
Resposta: enquanto o processo estiver pendente, é possível examinar as 
questões de ordem pública a qualquer tempo, não há preclusão para esse exame (na 
pendência do processo, repita-se). Aplica-se o §3º do art. 267, CPC. 
 
II) Há preclusão para o reexame das questões de ordem pública? Há 2 correntes: 
1ª) é francamente majoritária, inclusive na jurisprudência; para esta corrente não há 
preclusão, ou seja, é possível examinar e reexaminar a qualquer tempo, indefinidamente; 
2ª) é a adotada pelo prof.; para esta corrente, uma vez decidida a questão, ocorre a 
preclusão; ou seja, pode-se decidir a qualquer tempo, mas uma vez decidida, não haveria porque 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 14 
não ocorrer a preclusão – fundamenta-se no fato de que não há no Código nenhum dispositivo 
que diga que não haveria preclusão. 
 
A 1ª corrente só é majoritária porque alguém disse isso e o pensamento foi seguido pelos 
demais, sem nenhuma lógica para isso. Na corrente minoritária está também a figura de Barbosa 
Moreira (que é o maior processualista do Brasil). Para esta corrente, acabado o processo seria 
necessário fazer uso da rescisória. 
 
OBS. A questão de ordem pública pode ser alegada inclusive em recurso extraordinário. 
 
(parei aqui) 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 15 
 JJUURRIISSDDIIÇÇÃÃOO:: 
 
 
 Conceito e Características da Jurisdição: 
 
 
→ Características: 
 
a) Jurisdição é um poder, é uma função atribuída a alguém. Destaca-se, portanto, a 
imperatividade que há no exercício da jurisdição, não é um conselho, mas um poder com função 
imperial. A função de julgar é uma função inerente ao poder. A jurisdição é, pois, um poder, um ato de 
império. 
 
b) Jurisdição é uma função atribuída a terceiro* imparcial*. O juiz é, pois, um terceiro, é 
um estranho ao problema que será resolvido. Mas não basta que ele seja um terceiro (aspecto 
objetivo), é preciso que seja um terceiro imparcial, sem interesse na causa (aspecto subjetivo). A 
imparcialidade é uma marca da atividade jurisdicional, assim como a “terceiridade” (“terziatà” 
expressão em italiano, que significa a condição de terceiro). Mas são coisas distintas. Porisso se diz que 
a jurisdição é a solução do problema por heterocomposição: quem compõe, soluciona o problema pelas 
partes é um outro (o juiz). Essa característica de um terceiro resolver o problema recebeu o nome de 
“substitutividade” – a jurisdição é uma atuação substitutiva – o juiz, terceiro, substitui as partes e 
decide por elas (substitui a vontade das partes pela vontade dele). Atenção: não confundir 
imparcialidade com neutralidade! A neutralidade não existe, ninguém é neutro diante de outrem, 
despido de experiências, de gostos, valores, preferências, opções; a neutralidade é incompatível 
com o ser humano – o juiz não é neutro, é imparcial, ou seja, coloca-se de maneira eqüidistante 
das partes (conduz o processo de maneira imparcial). Há quem afirme que esse terceiro, órgão julgador, 
é sempre o Estado, mas isso está errado! A jurisdição é monopólio do Estado, mas isso não quer dizer 
que o Estado exerça a jurisdição sempre pelos seus agentes, ele pode autorizar que outras pessoas 
exerçam a jurisdição, pode autorizar que outras pessoas exerçam o poder jurisdicional – ex.: 
arbitragem (que é uma jurisdição privada, exercitada por agentes privados – prática adotada no 
Brasil); Tribunal de águas (composto por pessoas do povo, para julgamento de causas relacionadas com 
as águas – é uma prática adotada na Espanha). Assim, embora a regra seja a de que é o Estado esse 
terceiro, nem sempre será ele, necessariamente. Ademais, esse atributo da jurisdição não é 
exclusividade dela, ou seja, não basta isso para que exista a jurisdição, não há como se definir jurisdição 
somente a partir disso, até porque existem outros órgãos com tais características e que não possuem 
jurisdição (Ex.: CADE, autarquia federal que decide as questões relacionadas à proteção da 
concorrência, que tem “juízes”, terceiros imparciais, que vão julgar tais questões; mas as suas decisões 
são meramente administrativas). 
 
c) A jurisdição se exerce mediante um processo, se exerce processualmente. Não se pode 
admitir jurisdição instantânea, o processo é um método de controle da jurisdição. 
 
d) A jurisdição serve para reconhecer, efetivar ou proteger situações jurídicas. Tutela-se 
reconhecendo, efetivando ou resguardando - tutela de conhecimento, de execução e tutela cautelar. 
O juiz atua para reconhecer direitos, para efetivar direitos ou para proteger direitos (os direitos que 
foram afirmados em juízos e que foram concretamente deduzidos - ☺letra “e”). Expressão: “Tutela dos 
direitos” – significa proteção dos direitos, proteção jurídica dos direitos. Relação: jurisdição e a 
tutela dos direitos – a jurisdição tutela os direitos mediante um processo, por um terceiro 
imparcial, que vai reconhecer, efetivar ou proteger direitos. É diferente da relação: legislação e 
tutela dos direitos – o legislador não é um terceiro imparcial, não tutela direitos concretamente 
Direito Processual Civil – LFG – Intensivo I 
 
 16 
deduzidos, ele atua abstratamente, criando leis, parâmetros abstratos, para que os direitos sejam 
protegidos. Jurisdição é uma forma de tutela dos direitos. 
 
e) As situações jurídicas pela jurisdição reconhecidas, efetivadas ou protegidas são 
“concretamente” deduzidas. O órgão jurisdicional sempre atua diante de problemas concretamente 
deduzidos; a jurisdição atua “sob encomenda” (deve-se pedir algo, para que o juiz produza uma 
decisão para aquele problema específico). Até mesmo quando o STF julga uma ADIN ele está 
examinando um problema concreto. Embora essa seja a marca da jurisdição, não lhe é exclusiva. O 
administrador também atua sobre situações concretas. Toda jurisdição atua sempre em problemas 
concretamente deduzidos. Esse problema sobre o qual atua a jurisdição normalmente é uma lide – 
conflito entre dois sujeitos (normalmente o judiciário é chamado para resolver uma lide entre dois 
sujeitos). Mas há processos que se instauram para resolver problemas que não são lides, como por 
ex., o processo de mudança de nome. Assim, é possível haver jurisdição sem lide. Não é possível 
que haja jurisdição sem um problema concreto, mas é possível que haja jurisdição sem lide (o 
problema concreto pode não ser uma lide). 
 
f) De modo imperativo e criativo: a jurisdição é ato imperativo, de poder. A jurisdição é 
monopólio do Estado, mas isso não quer dizer que só o Estado a exerce. O Estado pode reconhecer que 
alguns entes privados exerçam a jurisdição (Ex. a arbitragem no Brasil é jurisdição, embora seja uma 
jurisdição não estatal). A jurisdição é, ainda, uma atividade criativa. O juiz, ao decidir, julgar, decide 
inovando no ordenamento; ele cria uma norma jurídica nova, que vai regular aquele problema 
concreto que a ele foi submetido, e essa nova norma é que vai regular esse problema. Não é correto 
dizer que o legislador cria e o juiz apenas aplica o direito. O legislador cria normas gerais, 
abstratamente. O juiz tenta ver em que medida aquela norma geral incide no caso concreto, e 
quando da sua incidência, gera-se uma norma nova, que é diferente da norma geral, pois será 
específica para aquele caso concreto. Em algumas hipóteses o juiz pode até mesmo criar uma nova 
norma específica para um determinado caso concreto, sem que haja previsão normativa expressa 
antecedente. É a atividade criativa da jurisdição, que não pode ser arbitrária, em substituição à atividade 
do legislador, mas sim deverá complementá-la. As decisões do juiz sempre devem pautar-se na 
legislação (em sentido amplo); quando a legislação é muito aberta (ex.: Princípio da boa-fé), ele poderá 
agir mais amplamente. A criatividade judicial é uma constatação clara do Neoprocessualismo (apesar de 
sempre ter existido), pois o Neoprocessualismo não ignora o papel criativo do juiz, que inova diante 
dos casos concretos. A criatividade judicial se revela de duas maneiras: 
 
1ª) O juiz, ao julgar, cria a norma jurídica do caso concreto, que é uma norma 
individualizada (é a norma que regula a situação concreta que foi submetida ao Judiciário); assim, 
ao sentenciar (dizendo que João deve a José) o juiz trará ao ordenamento jurídico uma nova norma 
jurídica individual, que só vale para essa relação específica. Essa não é uma questão polêmica não, é 
uma coisa indiscutível, ao menos essa criatividade o juiz tem indiscutivelmente (de criar a norma 
individualizada); o problema está na segunda manifestação. 
 
2ª) Para o juiz criar a solução do caso concreto (ex.: dizer que João deve a José), ele tem que 
examinar o ordenamento jurídico como um todo para identificar dentro do ordenamento qual é a norma 
jurídica geral que fundamenta a norma individual no caso concreto; toda solução concreta tem que se 
basear numa norma geral, sempre. 
Essa norma geral do caso concreto é criada pelo juiz através da interpretação; a norma geral que 
fundamenta a norma individual é uma norma que o juiz cria a partir da interpretação que ele faz 
do ordenamento. Por isso essa segunda maneira é de mais difícil compreensão, já que podemos pensar 
que quem cria a norma geral é o legislador, ocorre que o legislador não consegue prever todas as 
nuances de cada caso possível de ser criado. 
Assim, é o juiz que deve interpretar o ordenamento para identificar a norma geral que 
fundamentará o caso concreto, e esta nem sempre está expressa no ordenamento, requerendo uma 
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interpretação (ex.: há uma norma no CC que diz que todos os contratantes devem se comportar de 
acordo com a boa-fé – esse é um exemplo de norma extremamente aberta, ampla – é uma norma geral. 
A norma geral do caso concreto se encontra sempre na fundamentação da decisão. Já a 
norma individual do caso concreto se encontra sempre no dispositivo. A legislação é só um ponto de 
partida,um guia para o juiz que criará diversas outras normas, não só declarará o que está na lei. A lei 
não dá a resposta para todos os casos, necessariamente. E a lei não é sempre clara. Por isso o juiz e 
os tribunais criam normas jurídicas. 
Jurisprudência é a aplicação por diversos tribunais de uma mesma norma geral que 
embasará diversas sentenças, e essas sentenças terão, cada qual, normas individuais diversas (ex.: 
a lei de crimes hediondos é inconstitucional – é uma norma geral, uma jurisprudência). Ao decidir, um 
tribunal, ou mesmo um juiz criará um precedente judicial, uma norma geral criada em determinado caso, 
como fundamento de suas decisões. Súmulas são normas gerais de caso concreto que vêm sendo 
aplicadas reiteradamente (não se sumula normas individuais, mas sim as normas gerais que são as 
mesmas para diversos casos concretos). 
Exemplos: 
Ex.1. João pede indenização contra José. O juiz acolhe o pedido. A norma individualizada que 
está na conclusão da decisão: José deve a João. Norma geral do caso concreto. Aquele que dá um murro 
em outra pessoa tem que indenizar. 
Ex.2. Zeca Pagodinho contra Nova Skin. Nova Skin propõe ação de indenização sob a alegação 
de que houve quebra de boa-fé objetiva pós-contratual. Norma individualizada: Zeca deve x a Nova 
Skin. Norma geral: aquele que faz propaganda de cerveja não pode logo em seguida fazer propaganda 
para a concorrente. 
Ex.3. O STF decidiu que o parlamentar não pode trocar de partido durante o mandato, sob pena 
de perdê-lo. Norma individual: senador x perde o mandato para o partido y. Norma geral: senador que 
troca de partido durante o mandato perde o mandato. 
(☺ Aula de novembro sobre Precedente Judicial). 
 
g) Em decisão é insuscetível de controle externo. O poder jurisdicional é o único dos 
poderes que não pode ser controlado por outro. A lei ou um ato administrativo não pode controlar 
a jurisdição. A jurisdição se controla jurisdicionalmente. É por isso que as decisões do CADE não são 
jurisdicionais (porque elas são suscetíveis de controle pelo Judiciário, e se fosse jurisdicional não 
poderia). 
 
h) É apta a tornar-se indiscutível pela coisa julgada material. É o único ato de poder que 
pode tornar-se definitivo, indiscutível, até mesmo para a própria jurisdição. A coisa julgada impede 
que a própria jurisdição decida de novo (porque a jurisdição se controla, controla os próprios atos, existe 
esse controle interno – além de controlar os outros poderes, mas não diante da coisa julgada). Só a 
atividade jurisdicional produz coisa julgada (a “coisa julgada administrativa” nada mais é que uma 
preclusão administrativa). 
 
 
Resumindo: 
 
→ Conceito de Jurisdição: A jurisdição é um poder atribuído a um terceiro imparcial para, 
mediante um processo, tutelar (reconhecendo, efetivando ou resguardando) situações jurídicas 
“concretamente” deduzidas, de modo criativo e imperativo em decisão insuscetível de controle 
externo, e apta a se tornar indiscutível pela coisa julgada material. 
 
(parei aqui.) 
 Equivalentes Jurisdicionais: 
 
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São técnicas de solução de conflito que não são jurisdicionais. Os equivalentes jurisdicionais 
fazem as vezes de jurisdição, mas não são jurisdição. São 4 os equivalentes jurisdicionais: 
 
1) Autotutela: é a solução egoísta do conflito, porque a solução do conflito é imposta por um dos 
conflitantes ao outro. Em princípio, a autotutela é vedada, sendo considerada inclusive atividade 
criminosa (“fazer justiça com as próprias mãos”), mas ainda sobrevive hipóteses excepcionais de 
autotutela permitida, como ocorre com, por ex.: a legítima defesa, a greve, o desforço incontinenti 
(reação do possuidor diante de uma violência à sua posse), a execução de suas próprias decisões pela 
Administração Pública (autoexecutoriedade, que é ex. de autotutela), a guerra. A autotutela, sempre que 
permitida, possibilitará um controle jurisdicional do seu excesso. 
 
2) Autocomposição: é a solução negocial do conflito pelos conflitantes. Ao contrário da autotutela 
ela é incentivada, pois é entendida como a forma mais eficaz de solução de conflitos. O direito brasileiro 
incentiva a autocomposição, por ex., com a solução nos cartórios dos casos de separação e divórcio; nos 
casos de acordo extrajudiciais que poderão ser levados ao juiz para homologação, sendo transformados a 
partir daí em títulos executivos judiciais. Também é chamada de conciliação. 
→ Atenção: guardar bem esta expressão (sigla inglesa) ADR – “alternative disput resolution”, 
ou seja, solução alternativa de conflito (vale para qualquer uma técnica de resolução alternativa de 
conflito, mas a autocomposição é a mais estimulada). 
A autocomposição pode ser feita dentro do processo, ou pode ser extrajudicial. A 
autocomposição extrajudicial sempre pode ser levada para homologação pelo juiz. Art. 475-N, V, CPC: 
São títulos executivos judiciais: V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado 
judicialmente. E se dará por transação (com ambas as partes fazendo concessões recíprocas), ou quando 
uma parte se abdica em nome da outra voluntariamente. Quando quem abdica é o autor, fala-se em 
renúncia; quando quem abdica é o réu, fala-se em reconhecimento da procedência do pedido. 
 
3) Mediação: consiste na intervenção de um terceiro no conflito, terceiro esse que tem a função de 
estimular, incentivar o acordo, encaminhar os conflitantes ao acordo. Na mediação, o terceiro não decide 
nada, não soluciona nada, quem o faz são os litigantes. Em conflitos de família ou nos societários, bem 
como nos conflitos internacionais, é muito comum haver mediação. O mediador não precisa ser um 
advogado, mas deve ser um profissional treinado para isso. Existem técnicas sérias de mediação, 
desenvolvidas especificamente para isso. Ex.: o mediador não deve sugerir a solução, não deve partir 
dele a solução; deve ocorrer em ambientes claros; a mesa deve ser redonda, sem lados, etc. As 
comissões de conciliação prévia na justiça do trabalho são comissões de mediação. 
 
4) Solução de conflitos por tribunais administrativos: atualmente a AP tem vários tribunais, várias 
instâncias que no âmbito administrativo julgam conflitos por heterocomposição (são terceiros que 
julgam conflitos); não se trata de jurisdição porque não tem definitividade e podem ser controladas pelo 
PJ (ex.: tribunal marítimo, decisões do CADE, dos tribunais de contas, tribunal de contribuintes, etc.). 
 
 
(04/02/09) 
 
 Arbitragem: 
 
Na arbitragem, um terceiro, escolhido pelas partes, é chamado para resolver o conflito. Ele não 
só estimula a resolução do conflito (como ocorre na mediação), mas é chamado a resolvê-lo. Por isso é 
uma solução por heterocomposição e não por autocomposição. 
A fonte da arbitragem (de onde ela nasce) é um negócio jurídico que se chama “Convenção de 
Arbitragem”. Assim, a sua fonte é a autonomia privada, porque as pessoas escolhem, optam pela 
arbitragem, fazendo este negócio jurídico; ou seja, ela tem fundo negocial. 
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Só pessoas capazes podem optar pela arbitragem, e elas só podem fazê-lo se o caso envolver 
direitos disponíveis. O árbitro não precisa ser advogado, e pode, inclusive, ser uma junta arbitral (com 
mais de um árbitro). 
Hoje fala-se muito em arbitragem em contratos administrativos de cunho negocial (ex.: nas leis 
que cuidam das concessões, PPPs, etc.), nos litígios trabalhistas (entre sindicatos que decidem escolher 
um árbitro). 
☺ Lei 9.307/96 – Lei que cuida da arbitragem no Brasil. 
Pergunta: o que o juiz estatal pode fazer diante da decisão de um árbitro? 
O Judiciário pode fazer duas coisas: executar a decisão arbitral,

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