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2 APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

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APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Profª. Drª. Sônia Letícia de Méllo Cardoso
APLICABILIDADE das normas constitucionais
“Todas as normas constitucionais são adotadas de eficácia. 
Algumas, eficácia jurídica e social; outras, apenas eficácia jurídica”.
“Eficácia social se verifica na hipótese de a norma vigente, isto é, com potencialidade para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a casos concretos. 
APLICABILIDADE das normas constitucionais
Eficácia jurídica, por sua vez, significa que a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações concretas; 
mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua simples edição resulta na revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitam. 
Embora não aplicada a casos concretos, é aplicável juridicamente no sentido negativo antes apontado. 
Isto é: retira a eficácia da normatividade anterior. 
É eficaz juridicamente, embora não tenha sido aplicada concretamente”.
(TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000, p. 23.)
APLICABILIDADE das normas constitucionais
Para José Afonso da Silva a aplicabilidade é “a qualidade daquilo que é aplicável”. Portanto, são aplicáveis todas as normas constitucionais, pois todas são dotadas de eficácia jurídica.
As normas constitucionais, segundo José Afonso da Silva, podem ser classificadas em: eficácia plena, eficácia contida e eficácia limitada.
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NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA
As normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral são aquelas normas da Constituição que, no momento em que esta entra em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional (situação que pode ser observada, no art. 1º, 2º da CF, também, na hipótese de introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese do art. 5º, § 3º). 
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Como regra geral criam órgãos ou atribuem aos entes federativos competências. 
Não tem a necessidade de ser integradas. 
Aproximam-se do que a doutrina clássica norte americana chamou de normas autoaplicáveis.
José Afonso da Silva destaca que as normas constitucionais de eficácia plena “...são as que receberam do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos orgânicos da Constituição. Não necessitam de providência normativa ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, desde logo exigíveis”.
(SILVA, José Afonso. Aplicabilidade das normas constitucionais. 3 ed., São Paulo : Malheiros, 1998, p. 262) 
APLICABILIDADE das normas constitucionais
Exemplos: Art. 2º; 14, § 2º; 17, § 4º; 19; 20; 21; 22; 24; 28, caput; 30; 37, III; 44, parágrafo único; 45, caput; 46, § 1º; 51; 52; 60, § 3º; 69; 70; 76; 145; § 2º; 155; 156; 201, §§ 5º e 6º; 226, § 1º; 230, § 2º (gratuidade de transporte coletivo urbano para os maiores de 65 anos – cf. ADI 3.768, DJ de 26.10.2007), todos da CF/88. 
(LENZA, Pedro. Direito constitucional sistematizado. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 218)
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NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA
“As normas constitucionais de eficácia contida também receberam do constituinte normatividade suficiente para reger os interesses de que cogitam. Mas preveem meios normativos (leis, conceitos genéricos etc) não destinados a desenvolver sua aplicabilidade, mas, ao contrário, permitindo limitações à sua eficácia e aplicabilidade. Situam-se especialmente entre os elementos limitativos da constituição”.
(SILVA, José Afonso. Aplicabilidade das normas constitucionais. 3 ed., São Paulo : Malheiros, 1998, p. 262) 
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Para Michel Temer, “as normas constitucionais de eficácia contida: são aquelas que tem aplicabilidade imediata, integral, plena, mas que podem ter reduzido seu alcance pela atividade do legislador infraconstitucional.
 
Por isso mesmo, aliás, preferimos denominá-las de normas constitucionais de eficácia redutível ou restringível. 
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Desse teor é o preceito do art. 5º, XIII: “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
“O dispositivo é de aplicabilidade plena, mas sua eficácia pode ser reduzida, restringida, nos casos e na forma que a lei estabelecer. Enquanto não sobrevém a legislação restritiva, o princípio do livre exercício profissional é pleno”.
(TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000, p. 24.)
APLICABILIDADE das normas constitucionais
“Desse modo, as normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva tem aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral”.
“Embora tenham condições de, quando da promulgação da Constituição (ou diante da introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese do art. 5º, § 3º), produzir todos os seus efeitos, poderá a norma infraconstitucional reduzir a sua abrangência”.
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“A restrição de referidas normas constitucionais pode-se concretizar não só através de lei infraconstitucional mas, também, em outras situações, pela incidência de normas da própria Constituição, desde que ocorram certos pressupostos de fato, por exemplo, a decretação do estado de defesa ou de sítio, limitando diversos direitos (arts. 136, § 1º, e 139 da CF/88).
Além da restrição da eficácia das referidas normas de eficácia contida tanto por lei COMO POR OUTRAS NORMAS constitucionais, a restrição poderá implementar-se, em outras situações, como por motivo de ordem pública, bons costumes e paz social, conceitos vagos cuja redução se efetiva pela Administração Pública.
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Enquanto não materializado o fator de restrição, a norma tem eficácia plena.
Exemplo: Art. 5º, XIII, da CF/88, que assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Ou seja, garante-se o direito do livre exercício profissional, mas uma lei, como exemplo, o Estatuto da OAB, pode exigir que para nos tornarmos advogados sejamos aprovados em um exame de ordem. Sem essa aprovação, infelizmente, não poderemos exercer a profissão de advogado, sendo apenas bacharéis em direito. O que a lei infraconstitucional fez foi reduzir a amplitude do direito constitucionalmente assegurado.
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A questão foi posta, e o STF entendeu que “o exame de suficiência discutido seria compatível com o juízo de proporcionalidade e não alcançaria o núcleo essencial da liberdade de ofício. 
No concernente à adequação do exame à finalidade prevista na Constituição – assegurar que as atividades de risco sejam desempenhadas por pessoas com conhecimento técnico suficiente, de modo a evitar danos à coletividade – aduziu-se que a aprovação do candidato seria elemento a qualifica-lo para o exercício profissional” (RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 26.10.2011, Plenário, Inf. 646/STF)
Outros exemplos, ainda, art. 5º, incisos VII, VIII, XV, XXIV, XXV, XXVII, XXXIII; art. 15, IV; art. 37, I; art. 170, parágrafo único, etc.
(LENZA, Pedro. Direito constitucional sistematizado. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 218)
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NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA
José Afonso da Silva afirma que “as normas de eficácia limitada, em geral, não receberam do constituinte normatividade suficiente para sua aplicação, o qual deixou ao legislador ordinário a tarefa de completar a regulamentação da matéria nelas traçada em princípio ou esquema. 
As de princípio institutivo encontram-se principalmente na parte orgânica da constituição, enquanto as de princípio programático compõem os
elementos sócio ideológicos que caracterizam as cartas magnas contemporâneas”.
(SILVA, José Afonso. Aplicabilidade das normas constitucionais. 3 ed., São Paulo : Malheiros, 1998, p. 262) 
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Segundo Michel Temer, as “normas constitucionais de eficácia limitada, são aquelas que dependem “da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrando-lhes a eficácia, mediante lei ordinária, lhe dê capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses visados”. 
(TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000, p. 24.)
APLICABILIDADE das normas constitucionais
São divididas, por José Afonso da Silva, em normas de princípio institutivo e normas de princípio programático. Ambas de eficácia limitada. 
As DE PRINCÍPIO INSTITUTIVO são as que dependem de lei para dar corpo a instituições, pessoas, órgãos, previstos na norma constitucional. Desse teor é a prescrição do art. 18, § 3º, da CF. “Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar”.
 (TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000, p. 25.)
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“As normas de eficácia limitada, declaratórias de princípios institutivos ou organizativos (ou orgânicos) contêm esquemas gerais (iniciais) de estruturação de instituições, órgãos ou entidades. 
Como exemplos podemos citar os arts. 18, § 2º; 22, parágrafo único; 25, § 3º; 33; 37, XI; 88; 90, § 2º; 91, § 2º; 102, § 1º; 107, § 1º; 109, VI; 109, § 3º, 113; 121; 125, § 3º; 128, § 5º; 131; 146; 161, I; 224”.
(LENZA, Pedro. Direito constitucional sistematizado. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 221)
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As normas programáticas “são as que estabelecem um programa constitucional a ser desenvolvido mediante legislação integrativa da vontade constituinte. 
Desse teor é a norma do art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
(TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000, p. 25.)
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“São normas dotadas de eficácia jurídica porque têm o efeito de impedir que o legislador comum edite normas em sentido oposto ao direito assegurado pelo constituinte, antes mesmo da possível legislação integrativa que lhes dê plena aplicabilidade”.
(TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000, p. 25.)
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“É interessante notar que as normas constitucionais de eficácia limitada de princípio programático trazem consigo, algumas, a ideia de instituição”.
“Com efeito, não se pode pensar em educação senão mediante a instituição, a organização, a formação de organismos ou órgãos que realizem tais misteres”.
(TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000, p. 25.)
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“As normas de eficácia limitada, declaratórias de princípios programáticos, veiculam programas a serem implementados pelo Estado, visando a realização de fins sociais (arts. 6º - direito à alimentação; 196 – direito à saúde; 205 – direito à educação; 215 – cultura; 218, caput – ciência e tecnologia; 227 – proteção da criança ...)
(LENZA, Pedro. Direito constitucional sistematizado. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 221)
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“Alguns outros exemplos podem ser “colhidos” do vasto estudo desenvolvido por José Afonso da Silva. Vinculadas ao princípio da legalidade, o autor lembra algumas normas programáticas: 
Art. 7º, XI (participação nos lucros, ou resultados desvinculados da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei, lembrando que já existe ato normativo concretizando o direito);
Art. 7º, XX (proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei);
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Art. 7º, XXVII (proteção em face da automação, na forma da lei);
Art. 173, § 4º (a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros);
Art. 216, § 3º;
Art. 218, § 4º, etc.”
 
(LENZA, Pedro. Direito constitucional sistematizado. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 221)
APLICABILIDADE das normas constitucionais
BIBLIOGRAFIA:
LENZA, Pedro. Direito constitucional sistematizado. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
SILVA, José Afonso. Aplicabilidade das normas constitucionais. 3 ed., São Paulo : Malheiros, 1998. 
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16 ed., São Paulo : Malheiros, 2000.

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