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Roteiro de Hermenêutica - Interpretação quanto natureza

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51
•••
i
lJDidiliJ",m Como se aplica o Direito?
OI Métodos de interpretaçãom O argumento gramatical
10 O argumento lógicom O argumento histórico
Im O argumento sistemáticom O argumento tdeológico
Cf! JRl;1::.BtR,\'AIW SlItlW'
Abasteça sua mente
"O homem razolÍ\'elsc adaph7 <10mUlldo. O uêio-róllo,íl'ei illsiste
em le/llar I1Jdplllr o 1111111,/0 a si mesmo. Porl,mlo, lodo prag,resso
,/Cfl!:lldc do homem lIão-rd ze,Í\'d"
Neste c<Hkn~o ~hOHI;l-rClnos as tecllIG1S {lUmétodos de interprc-
,lçãO do Direito. É importante
Iisar que essas cinco "£Crr;.!-
ncntas" constituem os ~,ltl.
lcs instrumentos do intérpre-
te, e S~lO{l ,lliccrce do trabalho
interpretativo. QUillqucr lahor
de intcrprcl,lçào comC~;l pelo
JSO desses ínstnnnentos. Com-
preendê-los hem, entilo, é il1dj.~pel1sdve1.
Realize os exercícios propostos <lO finill, bem como as questlles llo
módulo anterior. Lembre-se da idéia fundament;tl do nosso curso:
quem faz, aprende. Logo, quem IUl0 fnz ...
Ao trahalho, entào.
Você conheccrá, a partir de ago-
ra, as cinco principais "armas"
permitidas nesse combate. São os
chamados métodos de interpreta-
ção, ou argumentos hcnnenêuti-
coso
frisar que a boa argumentação - a
que funciona, c que é a única que
nos interessa - parte semprc de
premissas aceitas pelo "auditório".
A noção de auditório em nossa
matéria tem um significado pró-
prio, a ser visto oportunamente
(módulo 61.
Para convencer, você relaciona a
sua afirmação com afirmações que
sahe serem aceitas pelo auditório.
Por isso insistiremos, adiantc, que
no debate forense devem scr usa-
dos argumentos válidos. O "com_
bate retórico", no Direito, é um
combate regrado. Somente certas
"armas" são "permitidas".
~.1~~jf!;~m*~
~
--=~===~=::~~.it"~7.E'~ir'" ,:,~,O': ']'5:t'i~' ,." ?/'~3Itttltg" i~f~~ú£:""'""rf,h
Problematizaçãom Explique o que são os chamados métodos ou sistemas de
interpretação. Esclareça se exisle lima hierarquia entre eles.
Hem, voltaremos a esse assunto
muitas vezes. Por ora interessa
Abasteça sua mente
"Intupretar uma expressão de Direito não é simplesmente
tornar claro o respectivo dizer, abstratamente (alando; é, sobretu-
do, revelar o sentido apropriado para a vida real,
e conducente a uma decisão reta".
que, fechado no seu gahinete, sozi-
nho, procurando uma solução jurí-
dica para um caso complicado,
você já est;í argumentando: argu-
mentando consigu mesmo, huscan-
do razoes para se auto.convencer
de uma determinada solução;
comparando us ar~mentos apre-
sentados pelas partes ou pelos
autores estudados, eonfrontando-
os, pesando-os, optando por alguns
e refutando mentalmente os de-
mais. Argumentação intima é o
que fazemos.
Quando decidimos - mental-
mente - por uma solução, passa-
mos a procurar argumentos que a
sustentem. E é nessa fase que muí-
tos encontram dificuldade. Onde
estão os argumentosr O que dizer
para convencer () leitor?
115gl~rrWd/lftGf!f(Q!iEãJl(
minado auditório de que a solução
escolhida pelo intérprete-aplicador
é mesmo adequada. A primeira
metade do serviço é feita lendo e
pensando. A segunda é feita escre-
vendo e, algumas poucas vezes,
falando.
Alguns operadores do Dircito
estão dispensados dessa segunda
tarda. Mas os juízes estão consti-
tucionalmente obrigados a funda-
mentar todas as suas decisoes.
Então, argumentar e convencer
são, para o juiz, missão constitu-
cional.
• Como se aplica
o Direito?
. !q!!Ul'liJ£!fíÍ!Jf({~~ííJi$il
Cumo hmciona, na prática, otmbalho do aplicador doDireito? Quais os métodos
de operação que permitem resolver
problemas jurídicos intrincados,
encontrar a solução "correta" e
hmdamentar a decisão tomada?
Esta unidade visa fazcr uma breve
introdução ao método de trabalho
do aplicador do Direito, mostrando
quais são as técnicas usualmente
empregadas.
~~~=~~"")Ií~l\~,iJl<~~CVS£~~
Numa imagem algo tosca po-
demos dizer que o trabalho do
aplicador do Direito - do juiz, es-
pecialmente - pode ser dividido
em duas partes. Metade do traba-
lho é descobrir a solução le?;alade-
quada para o caso. A outra metade
consiste em convencer um deter-
Desafiom Exerci/e sua capacidade de raciocínio resolvendo eSle pro-
blema: Numa corrida, três arlelas disputavam o melhor tempo nos
100 metros rasos. Enquanto um corria, o outro cronometrava. No
final, o cronômetro de Marcelo registrava 10 segUI/dos e 7 déci-
mos, o de Roberto, 10 segundos e 8 décimos e o de Eduardo 10.
segundos e 9 décimos. F.duardo deu os parabéns ao vencedor..
Quem crOlfomelrava quem? Qual a classificação de cada adeta?
(F..xlraídoda revista Superinteressante, da edi/ora Abril)
'1 •• - •• __ •••••• -_ •••••••
.'':
~
.. ,
"...7 'f,
'o:' , •
,'; I. ".' di-
:~;:t~~;f\":~'
m Por que se diz que o método gramatical é o primeiro dentre 'Qf;::êf~;,;:,¥~'
os métodos de imerprctaçào do Direitol " ,'" '0
ProbJematização
m Identifique e el1lll1cieo pressuposto fundamental d?l inter-
pretação gramatical, que ól diferencia dos demais métodos de
ittterpretação,
10 Leia o texto legal e em seguida escolha, sem consulla, so- i,
mente lima das cinco a!lernalÍl'as oferecidas (tempo: quatro mi- :-r
nutos): "Cód~í!,oPenal - Artigo 240, Comeli!r adu!lério. Pena _
detençào, de "5 dias a 6 meses." Na expressão "cometer adulté.
rio" incluem-se quais dólSseguinli!s condU/ds (ser/do um dos pra. ;
fiamtes casado): {I! sexo oral entre pessOólsdo mesmo seXOi fll]
sexo oral tnlre pesso?lS de sexo oposto; {I/I] sexo afiai el7lrepes- .2~
soas de sexo oposto; {IV! sexo anal eHlrepessoas do mesmo sexoi
{V] belio lascil'o entre pessoas do mesmo seXOi{VI] beijo lascivo
entre pes.çoas de sexo OpostoiIVII] apalpação das partes íntimas
el1rrepessoa.s do mesmo seXOi{VlII] apalpação das partes ínli-
mas enlre pessoas de sexo oposto,' IIX} qualquer ato libidinoso
seja ou não com pessoa de sexo apostai IX/ qualquer alo libidino-
so com pe.>soade sexo opostoi IXI! conjunção carnal. Alternatillas
a) Somettte a assertil'a IX está correld
b) Somente a assertiva X está correta
c) Somam a a%ertiva Xl está correIa
d) Somente as assertivas I, 11, III e IVeslão corretas
e) Someflle as assertivas li, 111 e XI estão corretas
;:-:::;1.~ji"';f:,j;:
Abasteça sua mente ;:;;~.i: ,';'31:
"A força do.s números é a delícia dos tímidos. q,-ét:« -:t ,
O valenfe no espírito se ufana de lu/ar sozinho." ;:.J;" ,.' ';
::::.";, ,,-;;;L-
CIlAN[)f :,"'"
RJfólIlf~i!e~qêf,)7&'ê;;J!ar~~J~~~y~~
,,~
ft;-,
U
partir de um punto de vista ou de
um método diferente. Cada argu-
mento d:Í predomínio a um aspec-
to ou valor diferente. E cada argu-
mento é mais útil em algumas
situações, e inócuo em outras.
Dois pontos precis::lmficar bem
estabelecidos desde agora.
O primeiro: não há hierarquia
ou primazia entre as técnicas in-
terpretativas. Não há uma técnica
que preceda as demais - em termos
de autoridade -, ou seja preferida
pela lei, ou seja generic<uncme
mais eficiente. E você não pode,
também, escolher uma das técni-
cas como a sua "predileta", e pre-
tender interpretar a lei somente
através dela.
'º- segundo, ponto decorre desse
primeiro: as técnicas interpretati-
vas se complementam e servem
para serem utilizadas em conjunto,
A melhor interpretação é a que
utiliza todas as cinco técnicas, e
aponta lima solução que possa ser
sustentada a partir de todas elas
jembora isso seja freqüentemente
irrealizável).
Vejamos, então, um por um, os
aQ,'l.Imentosinterpretativos.
o que ,15 cinco técnicas inter.
pretativas (ou argumentos herme-
nêuticas} têm em comum? São
instmmcntos e têm a mesma fun-
ção. Essa função é dúplicc. Consis-
te em til permitir ao intérprete
cneontr:u a solução mais adequada
para aplicação do Direito c IH]for-
necer.lhe aTb'Ul11cntos "válidos"
para sustentar sua decisào. Cumo a
primeira etapa du trabalho du in-
térprete (que cunvenClOnamos
chamar de decisão) tamhém é uma
etapaargumentativa (argumenta.
çào íntima), para nós os métodos
ou técnicas de interpretação são
principalmente ar,gumenlos.
Introdução aos
métodos de interpretação
Ouase sempre a doutrina falacm métodos, processos,elementos ou formas de
interpretação, para referir.:;;c às
ferramentas hermenêuticas que
agora começamos a estudar. Pare-
cc-nos que a expressão "argumento
h.:nncnêutico" esclarece melhor a
função dessas técnicas 110 trabalho
do intérprete.
ª~li.w~~~'t~~~~;;;'~~Jf(iicJFiYii~~He'rtffê,iêi;tj(;á1'.' ~~ ;;~ ""'--"---""'-"---'--",'_._-----_ ..,',---
r
I,
!:q~r.@IiHlº~~
Na interpretação gramatical bUf>-
C<l-seo sentido e () alcance da nor-
11M com hãSC numa operação sim.
pies, que enioea só o texto legal.
Numa soluçiio interpretativa pu.
ramcnte gramatical, parte-se do
pressuposto de que toda ti norma
está no texto. O texto e ,l norma
silO uma coisa só. Leio o texto e ••
compreendo a norma.
Na interpretação gramatical, o
texto é tudo de que o intérprete
precisa. Não é neccf)s,írio recorrer a
nenhum outro elemento externo
ou intrínseco. No exame dos ou-
tros métodos interpretativos, per-
cebe-se claramente que todos eles
têm um ponto em comum: todos
enxergam, além do texto, um pll1S,
um algo mais, um outro dado que
serve para explicar o texto. Nos
outros quatro argumentos her-
menêuticos, busca-se emender o
texto a partir de algo, algo que está
fora do texto_ Conforme a técnica
interpretativa escolhida, esse algo
mais pode ser o bom senso, ;l ra-
ziio, amem legis, amem; legisla to-
ris, a mtio legis, o valor protegido,
0í;~?'
deveria proteger etc. Nessas situa.
ções o intérprete deve se desapegar
da interpretaçào gramatic:.ll e bus-
car subsídios nas dem<lÍs fcrramcn.
tas hermenêuticas. Chama-se in-
terpretação "literal" aquela que se
apega exclusivamcnte ao texto,
ignorando os demais argumentos
hennenêuticos.
Algumas vczes, contudo, a duo
biedade do texto decorre de pro.
blemas na sua construção gramati-
eal(como acontece, freqüentemen-
te, com {)uso da pontuaçào), situa-
ç:.l0 em que somente ;1 ferramenta
gramatical é útil. Em outras situa-
ções emprega-se, no texto, uma
p.ilavra que tem mais de um signi-
fíeado. A interpretaç;'jo gramatical
deve revelar qual das acepç(Jes é a
que quis o legislador empregar,
com basc nas conexões gramaticais
entre esse termo e os demais da
fmse.
"Atomista" é como se chama,
pejorativamente, quem constrói
uma interprctaçjo pinçando o sig-
nificado de lima palavra isolada,
fora do seu contexto.
,.._;'••r='*'-'--'-=~=rm~'t::Yc.l[~~Jº.~,Cmt!~:d9'?;;1-21k'1lJh5!h;;5ETt
A interpretaçlío gramatical não
pode ser interpretação de vocábu-
los isolado"" "soltos". O texto é
um,1 estrutura, cada palavra é um
"tijolo" nessa estrutura, que só f<lz
sentido perfeito quando interpreta-
da em sua inteireza.
"',~ -,. __ d"'''"'''';'''''1:J;i:b?:ar:~~~~ ,?prBõieiro"ae" Her,iieneÍlfJca:It::&~~2i~-*~e'~.2:iH~ ,wt
a finalidade da norma, ;1 harmonia
do sistem:I, mas scmpre será algo
além do texto, .llgo quc não se
percebe apenas com a simples
leitura do texto a interpretar. Mas,
na interpretaçilo gramatical, o in-
térprete e o texto estào sozinhos
no mundo: pam interpretar <lnor-
ma temos apenas o texto, as pala-
vras que o compôcl11 e a lín&Tua.
mãe. A perh'lmta que a interpreta-
ção gmmatieal faz é esta: neste
idioma, nas tradições e regras desta
língua, o que significa esse texto?
r'-"""'''""''._''''~tí'é'"-''''''''';t;ç;,==~14:0.pflthêinL,:tQd9~;mI~~
A interpretaç<io puramcnte
gramatical deveria ser o primeiro e
mais comum dos métodos inter-
pretativos. É aquele que, segundo a
tradição da hermenêutica, se aplica
em primeiro lugar a todo problema
jurídico. Não se admite que al-
guém interprete o que não leu.
Quando leio, já estou interpretan-
do gmmaticalmente o texto lido. A
interpretação gmmatical, usual-
mente, é contemporânea da leitu-
ra. É, contudo, o método que mais
freqüentemente deixa insatisfeito
o intérprcte. Nem sempre a lei é
bem escrita, nem sempre o texto é
claro, ncm sempre o sentido gra-
matical de um fragmento se har-
moniza com os demais. Freqüen-
temente a interpretação gramatical
estrita Icva a soluções antinõmi-
cas, contrárias ao fim da lei, preju-
diciais ao interesse que a norma
J
i:1Rqrair"~}fé'Hw~u~ldiC'm
luta do texto da lei, expressa no
brocardo in c1aris ceBsat imerpre-
talio.
o argumento
gramatical
" 'T""''''""-','~'!1!!!1F_;. ,t.~J,eJ.ºutJJ?"d;:'f'P;4L ,,;-80l!0..jUft&te
A interpretação gramatical toma
como Ixmto de partida o exame do
significado c alcance de cada pala-
vra do texto legal, o estudo das co-
ncxocs entre us termos, a análise
da cstmtura da frase. Utiliza as
regras da ortografia (pmtc da gra.
mática que ensina a escrever corre-
tamente as palavras), da gramática
(estudo das regras da Iinh'1.lagcm
oral c escrita), da estilística lcstuJo
da cxpressividadc da lingual, da
etimologia {estudo da origem das
palavras), da lexicologia (estudo do
significado das palavras), para des-
cobrir (J significado do texto legal.
É lima interpretação concentrad;l
no texto. Pane-se, nela, do pressu-
posto de que a lei - abstraído seu
significado político, sociológico,
social, e ãté jurídico - é, <lutes de
qualquer cois<l, um pedaço de pa-
pei com palavras sobre ele: um
texto, um fmgmemo de linguagem,
.1 ser interpretado com as regms de
interpretação da linguagem.
[~)fiêferiditªº~a61li~:tl"~~
É u mais ãntigo dos métodos de
interpretação, c já foi o único ad.
mitido. A esco[;l dogmática tem
como postulado a soberania ,Ibso-
I
F
I
Q~~;~~~~R'~ttlrp:'d,~;H~7,u~1iêltticãG,,~
Mãos à obra ~m "O funcionário que exercer alil'idadcs léwico-âenlí(icas, de.
magistério ou pesquisiI, satisfeitas as exigências regulamentares, "
poderá or'ar pelo regime de tempo inlcf,ftlf" (art. 49 da revogada
Lei 3.780/60). Com base 110 (ex10, responda: (ul1ciortário que
exúccr atividade têm/co-científica que nào (or de magistério e
nem de pesquisa, satisfeitas as exigências repdtHtUlllarcs, poderá
oplar pelo regime de lempo inlcgralf
no razoável. Tenta-se encontrar,
para o texto, um sentido que faça
sentido. Ou seja, dentre as possí-
veis inteligências ou acepções, que
a leitura do texto permite, escolhe-
SI.": a quc parece mais lógica, ou
seja, mais cunforme à razào, ao
senso comum. QuanJo a interpre-
tação gramatical leva a duas possí-
veis inteligências, e uma dclas é
inaplicável na prática, por absurda
c afrontosa à lógica, a outra acep-
Ç<IO, quc é conforme a lógica, é a
correta.
Duas das regras consagradas da
Hermenêutica (que serão estuda-
das adianteI ensinam que [il na
interpretilçào deve-se sempre pre-
ferir a inteligência que faz sentido
£i que não faz e [iil deve ser afastada
a exegese que conduz ao vago, ao
inexplic.--ível,:lO contraditório e ao
absurdo. Est.iloaí os fundamentos
da interpretação lógica. A pergunta
que fazemos, ao interpretar logica-
mente, é: qual interpretaçãu desta
norma satisfaz a lógica do razoá-
vcH
.tn"ica1müêIttãtr~TjÕ1if5rilãrwl
':%0lli'-;~tti~';R,4ü~*~~lS~j0.tlLti;, 9.ttt:mw;mr:;:"!lf'ffi10ttt '""~ E&li<J%"it%'B,
Voltaremos ao assunto "lógica"
várias vezes, Por ora interessa sali-
entar que essa expressão -lógica _
~'=~~.~~;Plfe!t:O:i(j:fa~i!(i~
o procedimento lógico de inter-
pretação perquire () sentido das
diversas locuções e oraçôes do
texto legal, e busca um significado
analisando a conexão entre os
mesmos. No Digesto se disse: co-
nhecer as leis não é compreender
suas p:davras, mas o seu alcance e
sua força. A premissa do argumen.
to lógico é a seguinte: o Direito é
obra da T<lzilOe deve ser razoável;
qualquer interpretação que contm.
fie a faz.1.0é equivocada.
Na interpretação lógica parte-se
de um pressuposto: a intt:rpretação
gmmatical não foi suficiente para
d.tr o entendimento do st:ntido nu
alcance da norma, (JU levou a uma
conclusão que ojurist:l reputa ir-
razo.ável,contraditória, equivocada
ou inaplicável: ilógica, em suma..
Feita essa constatação, com a in-
tcrprctaçiio lógica busca-se recons-
tmir pelo caminho da lógica o
raciocínio do legislador, para en-
tender qual, dentre duas acepções
possíveis, foi a que ele quis empre-
gar.
o argumento
lógico
,.... - ill '""""--,..••'C'"i!l$l:-ct'-~-~~~Wl~fS.5ii!IT~'"?fl.i)fçíl!jrâ(!_:Hçt!ltçIJetltltq?J~ng~Ju'ii~ ê*k;t"h4io/~~p
i;1J~tI~~4S~~~~
A interpretação lógica usa ope-
rações mentais apoia.das na raziio,
~I,I
i:.;
s,-,:
o;. ,::7ProbJematizaçãom Explique suciHlamenle o que é e como procede o métodológicode interprettlçiio,
m Numa interpretação lógica, o que utiliza o intérprete, além
do texto literal da norma interpretada, para chegar a um resulta-
do{
mNaquele dia lima das Câmaras Cí"eis do Tribul1ólf de Jus-
riça ia reunir-se para julgar 11m re(Urso num caso de grande fi>
percussão lia imprensa. Vários repórteres acorreram I~Olocal da
Sessão e pediram autorização para faur ti caber/ura jomafística.
O pessotll da Rede X tle Te/el'isão (oi admitido ria silla, e autori-
zado a {azer algumas tomat!?!s. Usavam todos terno e gral'ata. O
PresidelHe da sessão mandou retirar da sda o pessoal da Rede Y,
alegando t/ue não estaltam devidamenle trajados. Na I'erdade
Imlat't{-se de um ânegrafista, um repórter e um ajudante, todos
usando Ctllças;eall.' e Ctlmisetas de mangas curtas. Agiu correta-
mente o Presidente daquela sessão? Diz o art. 66 do Regimento
Interno do Tribunal de Justiça do l'ara/lá: "'/las sessões, se hoUl'c
soliátação, o PresidCflte concederá aos profissio/lais da Imprenstl,
desde que de"idameltte tmjados, elltre a aprovtlção da ata e
o início do primeiro ;ulgtlmCflto, ° tempo necessário para as (oto-
grafias e tomadas de televisão"'.
~1'
,I!'l
l'lIr,
mos saber a todos os nossos súdi-
tos, que a Assemhléia Geral decre-
tou, e nós queremos, a Lei seguin-
te". Parece evidente que uma lei
assinad1 em 1850 não pode ser
interpretada exat:lmente pelo
mesmo modo que uma lei editada
ontem.
Essa é a razão, e a utilidade, do
método histórico de interpretação,
que consiste em recorrer à História
como auxiliar para compreender o
texto le~al. O método histórico é a
técnica interpretativa que indaga
das condições dc meio c momento
dil elaboração da norma legal, c das
causas pretéritas da solução dada
pelo legislador. Parte da premissa
de que, cstud1ndo o pl1ssado, se
compreende o presente.
l':"7J • Quase todas as institui-
~ ções jurí dicas modernas
têm raí zes no passado .
Compreender a história de
uma instituição jurí dica aju-
da a entender a lei atual
que a disciplina.
t.'trõlmn't1Iir-õS;tã~~,,~' ," ••_,\li!~"II1~'"'_".~
O método histórico desdobra-sc,
na verdadc, em duas modalidades
diferentes, com objetivos diferen-
tcs: a busca li] da origo legis e [iiJ da
occasio legis.
A primeira tra ta da origem re-
mota, e a última, da origem pró-
xima do texto.
,tSi<t~x~Sêiiiê~;[
u •• p ••.••••
Assim, quando intcrpretamos
um fragmento da lei de hojc, te-
mos de compreendê-lo não só
como um ramo numa grande árvo-
re que é o Direito positivo vigentc:
temos que compreender esse frl1g-
menta como um fmto de uma
árvore cujas raízes estão fincadas
no passado.
Além disso, cada lei carrq;a con-
sigo uma imagem do tempo em
quc foi escrita: as preocupações, o
pensamento dominante, os cuncei-
tos e preconceitos daquele tempo,
o contexto social que a motivou e
inspirou. O Código Comercial em
vigor começa com este preâmbulo:
"Dom Pedro Segundo, por graça de
Deus c unânime ac1amaçúu dos
povos, Imperador Constitucional e
defcnsor perpétuo do Rrasil: Faze-
RQf;(f;õ&~J:!r:Tllii:Jjç!7t!f~ra=~"~_111!i.• !{mriül~l
lhorada, ora piorada, de um siste-
ma preexistente, e que vem evolu-
indo ao longo dos séculos. O Direi-
to contcmporâneo tem raiz no
Direito do Império, que tem raiz
no Direito português, que tem raiz
no Direito comum medieval, que
tem raiz no Direito romano. Na
Babilônia de 3 mil anos atrás o
contrato de compra e venda entre
pais e filhos já era passível de anu-
lação. Quando falamos em fiança,
arras, arrendamento filral, estamos
falando de mais de 25 séculos de
históri<l, de institutos iurídicos que
remontam à Grécia de 600 anos
antes de Cristo.
,",
,
b",~
",",;',
!.;!t.~
,1
(-"
,t:,':,,:C ..
~,'"
'<;V". ?~.c", •
dita na possibilidade de se fazerem
leis inteiramente novas. O Direito
presente é uma reprodução, ora
integral, ora modificada, ora me-
çôes - nem a mesma "lógica", Na
"lógica" da matemática só existem
o certo c o errado. Na "lógica" do
Direito é duvidoso que exista o
certo c o errado, c, se existirem, há
entre eles uma longa escala de
matizes. Assim, quando se propõe
uma ferramenta lógica {Um auxiliar
na interpretação da lei, é necessá-
rio pensar nuilla/llógica" adequada
ao Direito. Uma lógica do razoá-
vel.
o argumento
histórico
Problematização
Im /'or que o elemenlo histórico é IÍtil no trabalho de interpretar
o Direito?m Como procede o inlérprete ao aplicar o método IJiSlóricode :1'
imerpretação?
Mãos à obra
lEI ()querelado alega 1'1(10 na qlleixa-mme, por desalendi-
meHlO<lO ar!. 44 do Código de Processo Penal. Mostra que "a
procuração que acompanha a inicial não consta a qualificação do
querelado, só a do querelame. Qual a solução hermenêutim
adequada?
f~'1,r-d'--'~~i!tt'lla: a;se_,Cna~j11fWi~~Ji]:Jl
Na frase de MAxiMILIANO, só
quem não conhece o Direito :lcre-
tem mais de um sentido e é fre-
qüentemente mal entendida. A
interpretação lógica, já advertia
l'v1AXIMILIANO,foi fonte de grandes
ahusos. A lógica se subJi vide em
ramos, cada qual enfocando um
grupo particular de problemas. A
IÓh'ica que soluciona problemas
matemáticos não é a mesma que
soluciona problemas jurídicos. O
problema jurídico é essencialmen-
te diferente do problema matemá-
tico, e não aceita as mesmas solu-
~,jlJf!L~~=B~tjf{pZqç~ll~~!''iif~
-
I
I.
I
IluII
I
~,~~~~~~Qi~;ê9J4;l!~twril~atlªk
exame, qual a melhor interpreta.
çiio para a norma? [ii] consideradas
as condições vigentes ao tcmpo da
confecção da norma, quaIS seus
possíveis objetivos r
'iI~ll.um.:~
Arespeito da
interpretação
sistemática
pode-se fazcr
uma fácil ana.
lo~a. Vejaa fi-
~ra que apa.
rece ao lado. Diga do que se trata.
É difícil, não? Agora veja a figura
que aparece na página seguinte.
momento atual e às exigências da
sociedade atual.
As pcq;untas, portanto, que se
fazem, na interpretação histórica,
são duas: ti] de acordo com a tradi-
ção do Direito e do instituto em
• O argumento
sistemático
Problematização
!liComo {tmciona o método sistemático de interpretação? De
que recursos He vale o iNtérprete quando o utiliza?
!liCOntO se resolvem a.>antinomias ellcolTlradas entre normas
contemporaneamente l'i8enfes, como os dispositivos de lima mes-
ma lei(
•'ti:'~-T.q"""_."'.M,,,,,.;r:1:Y0\UMrt!!li"a~~fi~.iôtl:wreJ~q:((e:J-Jjt'!~f!tl.~1!tl,c,qffi¥;:;::~~ct;~0tbi~"1~"". . -
Mãos à obra ;.L-~' ,."."''7::,.
W,;
10O documen/o onde o casal celebra um paao de convivência ;i,{i;:", .. ',<,_
(união es/ável) ex(~e escritura pública 011pode ser lavrado em :1/}:;:-:;._ ,;;,:, ,iH
., 'd L . 6 "'''lá,:,,-';,tt. '~":con/rato part/Clllar (1'1 e fi 9.278/9 )? i?:'Í;::;ó0iíí>:"iW,:'
c;::::>',:q}" di,
r.:.J:-":'''1l'_;._r;hWW::%t~tll!;;oÁr:elt«,~'$Jll'~em~
Já foi dito linhas atrás: todo
fragmento de lei é parte de um
sistema complexo c vasto, o orde-
namento jurídico. Por princípio,
CSse ordenamento deve ser har-
mônico e não deve conter antino-
mias: as normas não se devem
Contradizer umas às outras, e, sal-
vo os casos de revogação, dcvcnl
fazer sentido juntas.
economia, a política e outras ciên-
cias afins para entender o momen-
to em que a lei foi feita, e por que
ela foi feita. Recorre aos debates
le~slativos, à História,à memória
do momento político, econômico,
sociológico em que a norma foi
concehida. Visa-se, assim, compre-
ender as razões que inspiraram o
legislador àquela solução legislati-
va.
Nesse aspecto, o da investigação
da occasio legis, colhem-se subSÍ-
dios para a interpretação teleológi-
ca: a vcrifieação do meio c do mo-
mento da criação da lei podem
revelar o fim a que a lei se destina.
["'7f. Saber quais eram os
~ problemas que afligiam o
legislador quando elaborou
a lei ajuda a entender para
que a lei foi feita: a sua
finalidade.
....'*=.~!:~;Y!.~
É preciso frisar, contudo, que a
lei não representa a vontade do
legislador, um "testamento" dc
uma geração para outra. Uma vez
promulgada, a lei torna-sc inde-
pendente de seus autores. A von-
tade da lei desprende-se da vontade
do legislador, e esta última deixa
de importar. A lei passa a valer
pelo seu conteúdo, não é "um pen-
samento morto" lMAxIMILIANOJ.
Por isso, a interpretação histórica é
principalmente uma interpretação
histórico-evolutiva, que busc... adap-
tar os conceitos da lei antiga ao
:'::::;~A'~"'+f?'fi"tf5ê5*.J!!#\4ill:t:lilf.'!ll,~M!JS1.o'lefPSi.;'''11r;r'£:é'i;im=$bit
A scgunda investigação é da ori-
gem próxima: busca a occasio legis
(literalmente, ocasião da lei, eon.
textualmente, momcnto de daho.
raçào da lei), usando a sociologia, a
.~bNFJ~ll'''B!1!lllI!"'"". . . ", . lPiltt#t~
o primeiro nível de investigação
é uma investigação remota, que
busca a origo legis, que numa tra-
dução literal si~ificc1fia "origem
da lei", mas que significa, real-
mente, mais quc isso. A origo legis
que se investi~a é à origem ou raiz
remota do instituto de que trata a
lei a ser interpretada. BUSC;lrn-seas
raízes que se estcndem às manifes-
taçõcs primeiras da instituiçáo.
Busca-se ver como cra o instituto
na sua origem, qual foi sua evolu-
çáo histólica, como evoluiu nas
legislações que serviram dc modc"
lo à lei nacional, e como evoluiu
dcsde o seu aparecimento no sis-
tema jurídieo pátrio. BUSCHe en-
tender o significado da norma, que
rcgula o tema hojc, estudando sua
evolução na história do Direito.
Uma das regras doutrinais consa-
gradas da Hermenêutica diz que na
interpretação "deve-sc preferir a
inteligência que melhor atenda à
tradição do Direito".
Quando se investiga a ongem
rcmota trabalha-sc, freqüentemen-
tc, com o Dircito compamdo: seu
estudo é útil quando o instituto, na
lci nacional, foi inspirado na expe-
riência cstrangeira.
IJ
cem incompatíveis, li aparente
antinomia se resolve, principal-
mente, pela detecção da regra geral
e da exceção.
C7f • A revogação por incom-
~ patibHidade (revogação táci-
ta) pressupõe a absoluta
impossibilidade de compa-
tibilizar, na interpretação,
as normas não.contempo.
rãneas.
• Entre normas contempo-
râneas não pode haver
antinomia: a aparente con-
tradição entre elas deve ser
resolvida por mecanismos
hermenêuticos. Geralmen.
te, pela identificação da
regra geral e da exceção.
~..~"'-l~'-'~:,~~WP~fJtpt~ÜLc~m~t~~ggUJtf;j$4ttf'
Nesse aspecto, o da identifica-
ção c superação de antinomias, a
Constituição tem especial relevo.
Nilo é adequada a interpretação
que dá 11norma um sentido in-
compatível com os mandamentos
constitucionais.
O método sistemático opera em
vários níveis: busca sucessivamen-
te as respostas (a) nas eonexôes que
estão na própria lei onde está o
fragmento estudado, (h) nas leis
que traçam os lineamentos do
ralllo do Direito a que fie refere o
fragmento, leJ naquele sistema
como um todo, (d) no sistema do
Direito positivo em geral. Uma
operação que parte do próximo
para o remoto, da parte para o todo.
gR(fíl;f£rde<llJfmeIiJ,"iC:a~~S~E~,Jí5t, ,~ ',,' , .. ,' " ~~F~'b'1lí?~;~~m:.Jf-;.; ¥
.~;ç'''j~'----lIl!!!\S3;. " J!J no@l~lJ!f!B;"*Jis04y;;;;;t,J.[b;~
Há, contudo, uma se~nda fun-
~o na interprctaçào sistemática. É
a da superação de antinomias.
Dentre os muitos sentidos que o
fragmento, o artigo em exame, apa-
renta possuir, o mais correto deve
ser o que preserva a harmonia do
conjunto, do ordenamento enquan-
to sistema, o que combina com o
restante da lei anue o artigo se
situa, ou com os princípios do
setor do ordenamento jurídico on-
ue ele sc enquadra.
Assim, a interpretação devc,
prioritariamente, identificar e apa-
ziguar as antínomias aparentes
entre os dispositivos legais. A re-
vogação por incompatibilidade
pressupõe que as normas sejam de
datas diferentes (a mais nova revo-
ga a mais antiga) e também que foi
realizado todo esforço hermenêuti-
co para compatibilizá-las. E as
normas contemporâneas não se
revogam por incompatibilidade:
dois preceitos da mesma lei não se
revogam se parecem incompatí-
veis. A antinomia deve ser supera-
da na interpretação, buscando-se
lima solução que harmonize os
dispositivos e faça-os concomitan-
temente aplicáveis. Quando duas
normas do mesmo diploma pare-
outros cânones do sistema. Isso é o
que fazemos, constanteIllcnte, senl
perceber: compreender uma norma
pelas suas eonexôes com as de-
maIS.
~,~_~,mmillt~J!liCmnp~$pSª!tt@!~1 t~
Assim, a primeira utilidade do
método sistemático é a de esclare-
cer o sentido dos fragmentos legis-
lativos, que são explicados por
-==.=.=.=.::.r:':'
Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, que visa à proteção integral
do adolescente e da criança, deve
ter um sentiuo tendente a proteger
tais pesso<l.s,e não a prejudicá-Ias.
Outro exemplo: o art. ,~H2 do
Código Penal define como crime a
conduta do funcionário público
que se apropria de dinheiro de que
tem posse em razão do cargo.
Como sei se um escrivão de Vara
Cível se enquadra no conceito de
funcionário público desse artigo? O
fragmento não diz. Preciso ler o
art. 327 para saber o que significa
funcionário público. Lendo só o
fragmento (art. 312l não o compre-
endo. Recorrendo a outra p<l.rtedo
sistema, chego à compreensão do
seu sentido.
Agora você pode
dizer do que se trata
na imagem ao lado.
É que a compreen-
são do todo ajuda na
compreensão da par-
te, e a compreensão
da parte é freqüen-
temente impossível,
nU equivOC:ldu, sem
o conhecimento do
todo. Por isso o mé-
todo sistemático é
essencial na inter-
pretação do Direito.
~~lfQ1iif!P~~Í!s:pftTiti'
Para esse sistema interpretativo
a descoberta do sentido da norma
se busca na conexão do fragmento
sob estudo (a) com os demais do
estatuto onde se encontra, Ibl com
as outras re,t7as do sistema a que
pertence, e/ou leI com n restante
do ordenamento jurídico.
A interpretação sistemática par-
te de uma premissa fundamental: o
siste-ma jurídico é concebido para
ser um todo harmônico. A com-
preensão da parte é facilitada pela
compreensão do rodo. Se o frag-
mento é parte do todo, do sistema,
deve se harmonizar com ele. Se
não compreendo o significado du
fragmento, analisando u todo de
que ele é parte posso entendê-lo
melhor. Um artigo que está no
capítulo dos crime8 contra li honra
deve-se referir a crimes contra a
honra. Uma norma que está no
'"_x_~ ..~._.~_~,'.5"ól~~l~óté.~rº,g,~~8çt1J1:e",çJ'PF41~
2~jr~~g~~~Rgtf'rM~:ril£Piii,£ªê'l#Ç~1
Mãos à obram INterpretando sistemalicAmenle as normas do CPC e da Lei
9.099/95, dip,a se o Condon,{nio pode ajuizar, no juizado Espe-
cial, cobrança de encargos condominiais devidos por condômino,
;~~V:rl)wrftiS'leg;s~
Vnu segunda corrente afirma
quc o elemento tcleológico é não a
vontade do legislador, mas sim, :l
vontade da lei, a valuntas legis,
que alguns chamam de ratia legis.
Enxerga-se, aí, uma vontade da lei
independente da vontade de seu
criador. A lei, uma vez promulga-
da, projetil vida autônoma, Iiberta-
se do seu criador, e passa a valer
por si só. A lei é uma "coisa viva",
que pode, assim, evolver, para
atenuer, no futuro, a finalidades
nilo imaginadas no tempo da sua
feitura. A vontadc da lei é identifi-
cada de acordo com o texto, com o
sistema de queo texto faz parte,
com a idéia que transparece do
conjunto, do microssistema em
que o fragmento está inserido. Mas
é uma "vontade atualiziÍvel", para
que a lei não fique ancorada em
seu tempo. Assim, a lei antiga
pode solucionar problemas inima-
gináveis no tempo do seu advento,
porque sua ratio pode ser pesqui-
sada à luz do contexto atual.
Preferimos esse segundo enten-
dimento, que, aliás, é amplamente
dominante faz mais de século. A
nAo ser por ele, estaríamos presos
aos conceitos de "mulher honesta"
e "ato ohseeno" do legislador de
1940 para ínterpret,lr os arts. 215 c
nante, ficariam as gerações hnuras
presas a soluções que eram ade-
quadas no passado, mas rest:lIilIll
supcrildas nos dias de hojc.
ullla meta, um valor que a norma
qucr tutelar. Esgota.se aí o consen-
so. Há controvérsia sobre o que
exatamente venl a ser esse algo
mais, e, princip:Jlmente, sobre eomo
identificá-lo nos casos concretos.
'-''''--'¥-1'~~7~iII iv,t.UlIIltas:Jcg S1ãtor~~~r!D
Esse algo mais que a interpreta_
ção tcJeológica quer identificar é,
para uns, a mens legislatoris: a
vontade do legislador. Para essa
corrente, a norma é a expressão da
vontade do legislador, e quando se
a interpreta está se buscando iden-
tificar que vontade era aquela. Esse
é um modo de pensar muito ade-
quado ao "segundo momento" da
evolução do pensamento jurídico,
quc succdeu a Revolução Francesa,
c que representou uma resposta à
idéia do poder Jivino do sobcrano.
No núcleo dessa tese está .1 idéia
de que somente o Legislativo pode
expressar a vontade do povo, e que
qualquer vontade que não se;;l a do
legislador não é a do povo. Huscar,
na lei, uma outra vontade, que não
seja essa, é usurpar o poder emana-
do do povo.
Esse modo de pensar é muito
eriticado. Contra ele pode-se dizer
que a vontade do legislador é un1<l
abstração, porque centenas votam
Uma lei, e cada um deles pode que-
rer aprová-la visando a um resulta-
do diferente, a proteção de um
interesse diferente. Pode-se tam-
bém objetar que, se a vontade do
legislador fosse o fator prcdomi-
fRotti~tT#é{l17ê"2ª1Cii"~~_~
1,
~
i~-V"
proteger um interessc, um valor.
Se identifico qual o valor que a
norma visa proteger, qual o inte-
resse que ela quis fazer valer, posso
compreender melhor o comando
contido na norma.
Quanto a isso não há controvér-
sia: toda a doutrina admite que
existe, por trás do texto legal, um
algo mai8: uma intençáo, um fim,
desta em estudo?
[ií] qual a interpretação que
mantém esta norma em harmonia
com ()sistem:1jurídico?
o argumento
teleológico
Problematização
m No que consiste o mbodo [cteológico de i':1terpretaçãodo
Direito? Em que regra do Direito posilil'o cfe se susten/a?m Na apreciaçJo do elemenlO Icleológico da normal busCtl-se
descobrir a I'ontade da lei ou a I'ontade do lep,isfador?
Rcsumidamcntc, as pcQ,'Untas
que se f,lzem, na interpretação
sistemática, são:
li] há, no ordenamento, outra
nurma que esclareça o significado
'~t!I'~rWê"~C~~'~"'_ - h~_tºL,~~~nUJ!1{!!mrq;;;1!pfiLm
A expressão teleologia refere-se
ao estudo dos fins, dos objetivos,
das metas. Diz-se que a interpreta-
ção é teleológica quando ela busca
o sentido de uma expressão jurídi-
ca analisando quais os objetivos, os
fins, a que se destina a referida
cxprcssáo.
A interpretação tcleológica parte
de uma premissa: toda norma visa
I
'.....
:.i~~'"
'.:';"
';.,: .. oi
Qual o interesse a que a norma visa
proteger, ou qual o fim a que se
destina?
li) de acordo com a tradição do
Direito e do instituto em exame,
qual a melhor interpretação para a
norma?---
lii] consideradas as condições vi-
gentes ao tempo da confecção da
norma, quais seus possíveis objeti-
vos?
Só é correta a interpre-
taç.lo que proteja o
valor que a norma visa
proteger
A compreensão da
históri3 de um institu-
to e do momento da
criação da norma aju-
dam a entendê-la
Histórico
Tclcolúgico
Abasteça sua mente
"A jurisprudência é um perpéruo comentário,
que se afasta dos texlos ainda maiS,
porque é, irresistivelmenle, atraída pela vida."
JEAN CRUfT
Mãos à obra .~- -:'~~::.b
!liDiz o arr. .~odo coe que toda informação ou publicidade Jii -....:, :,iir:
suficiel1/emwte precisa, l'ei(lllada por qualquer (arma ou meio de ,;.:. . _'. :%;:
comunicação, com relação a prodU/os e serviços oferecidos ou :E:;kS-;"gvTI:zgJ
apresentados, obriga o (ornecedor que a fizer vei(lllar ou dela se ~;i12:'-'-{fl0;;-S:fl;T:;n:
utilizar, intefl,ftl.o contraiO que vier a ser celebrado. Oar!. 35da !~;r,ii~h;:m;t~i
L , ."",h"" ...".:,,~ .•
mesma lei dá ao con.çumidor o direilo de exigir o cumprimento t;1t:~mbtFs2"":ª
forçado do contrato, nos lermos da publicidade ou oferta. C tem:;ili'-.Z;\::';.~;~"';';:::~
uma pequena única loja de móveis e elelrodomé.>lico.>.Mandou;
imprimir panflelos anll/niando a.>oferta.>da semana. Uma das
oferta.>era um TV colorido Panasolfic, 29", com controle rem%,
que seria vendido por R$ 826,00 (a oferta era limilada ,I 20
Unidades do produ 10). A wá(ica que imprimiu os panfletos come-
teu um erro, e imprimiu a oferla anunciando o Ie/evi.çorpor R$
8,26. Como os panflelos (icaram promos "enl cima da hora", C
mandou distribuí-los sem perceber o erro. Apareceram no dia
se8uinte a(fl,lIns consumidores interessados no TV de 8 reais. C
explicou que se /ralara de um engano, e eles se deram por satis-
njjoteif64WeiHer;fl'lZii1ifflll~4..~~.J,!1ti~fÚ2f15i>'i~4Bf1i1~~,;I", ... '0_' .... _" ... , ... ,~:::;:;P;w.rn:t4_1t _ i1lIWS:~.m.';$!;l~
"
1:'
'H
«
~i'
Qual a intl.:rpretação desta norma
que satisfaz a lógica do razoávd!
lil há, no ordenamento, outra nor.
ma que esclareça o significado
desta em estwio!
liij qual ,I interpretação desta nor-
ma que mantém-na em harmonia
com o sistema juridico!
Na tradição e regras da filologia, o
que significa este texto?
lccer o objetivo que a norma tem,
ínsito em seu texto.
!!1~djgil\M~
Identificar o valor que a norma
quer proteger, e qual {) seu objeti-
vo, não é tarefa simples, c contém,
quase sempre, um componente
ideológico. É justamente a esse
respeito - a identificação do valor
protegido, do fim da norma, da
mens - que se controvcrte com
mais freqüência. É que por ser um
elemento fluido, subjetivo, a tal
mens serve de ponto de partida
para as interpretações mais dispa-
res. Funciona Cllmo um "espelho
mágico" onde cada um enxerga
exatamente o que quer enxeI~ar. É
justamente aí que mais os para-
digmas pessoais interferem. O
"liberal" enxerga no "espírito" da
norma um conteúdo "liberal",
enquanto o "conservador" enxerga
ali uma mensagem "conse!Vadora".
A norma é um frag-
mento de linguagl.:m:
um texto
Direito é ohra da raziio,
e suas regras devem
estar conforml.:s à razão
o Direito é um sistema
harmônico e não deve
conter antinomias
-cOJJ;p~raça~"';~'-;;;'ét(j(i~~"(~;gUl;;;~-t~~)JJe;;~ellê~i~~~-"--I
Lúgico
Sistemático
Gramatical
2-.13 do Código Penal, p. ex. No
ent.lllto, é certo que o conceito de
"honestidade" e "obscenidade" dos
dias atuais é outro. A mens Jegi.\,
portanto, é outra.
-iilJ°mJ°O~O'.• : .... â'OO' .'L _ C1 1, 1"" ..'Y' JA '~"F,AJR*I~Fh::;0Jiif~;W;l:"!"
Pelo argumento teleológico bus-
co entender o significado da norma
identificando qual o valor que ela
quer proteger, ou ° resultado que
quer produzir. O sentido, o signifi-
cado, que encontro na norma, tem
que estar dc aconlo com a raz.'i{) de
ser dessa norma. Se a leitura do
texto leva a uma intcrpretaçào que
aniquila, ou prejudica, o interesse
ou valor a que a norma visa prote-
ger, então essa leitura é incorreta.
Para a interpretação telculógica só
é admissível o sentido que proteja
o interesse a que a norma visa
proteger, que resguarde () valor que
ela deve resguardar, que faça preva-
6~~~~?~"F::'l';:;itt~'''"",!'00!~i3Y;V:''''''''.='''4''~~~'''M~'u~..• """"~,~aE1%~~~~1;~~}:f«~.,,º~çlr9;i .....~:..,~lJJJÇ1t~U;t'1ÇflgII
1I
~~' . ".',
,dr:
~, -
A arte imita a vida
O (ilme Justiça Vermelha (EUA, 1999, dir.."lo" Avnet) mostra
a "relatividade" do /)ireíto: rudo o que você sabe sobre o Dírúto
deixa de (azer sentido alguns graus de /o"gitude adiante. No
mesmo swtido O Expresso da Meia-Noite (EUA, 1978, dir.:
A/an Parker).
o Direito está no jornal
Doce com licor leva à prisão na Arábia
São Paulo - A Anislia Internacional del/unciou omem que um
(ilipino (oi condenado a receber 72 chicotadas e passar quatro
meses preso por enlrar na Arábia Saudila com dois chôcolales
com licor. Fauslino Saltnar disse que não sabia que os doces
continham álcool- substância proibida pelo regime islâmico sau-
dita - mas mesmo assim {oi condenado. (Agestado, 22.12.1999)
leia mais a respeito ~:.~ "
Um bom resumo sobre os milOdos de inlerprelaçào pode ser lido" -~.,
na Enci~lopédia Sara_ivado Direito, verbete Hermenêutica, ..",_,:",,:;;.;
de autona de L/MONU FRAl\'ÇA.Com mats aprofundamento, a o';
mesma apresentação aparece na Hermenêutica do mesmo alltor '","
(cf bibliografia). Na obra de jl;lAXTMll.lANO o tema também é
longamente explicado.
--";; . N''áf,.'
Abasteça sua mente ':,,::;; --- j;l
"Uma grande parte das pessoas acredi/tl que está penwmdo, ~,lf',g\~:.':;:
quando está simplesmente reorfjmizando seus preconceitos." .},.:' .IiI!}./ .<
WIl.LlM-I}MIES ~:i;:<~,-"':':2 'y
{á/o. Mas N não se contentou. Aiuizou ação no juizado Especial, .:..3;~'''''''' .. "
exigindo o (orneân::I1,lo de 20 televisores daqll~'~ .marca e. mode- '\'J-;;.-. >.;~
lo, peto preço IIm/arlO de R$ 8,26. Com a Ittwa! consrgnou o ... .' -JiJ;;
valor total em dinhúro, R$ 165,20. Invocou o arlifl,o tlnleS citado. .:.:~
C se defende, alega que foi só um engano, e evidenle. Diz que
/Im prejuízo de mais de 16 mil reais levará sua loja à falência.
Como você decidiria ti questão?
'ri,,,,_~_'E2tl25"'L-J>'~';:;)7dJB~.'~"-~~'~!:-WC,~{~~,:,::,,.fr!!lft'~tlnc:aJi
M
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