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51 ••• i lJDidiliJ",m Como se aplica o Direito? OI Métodos de interpretaçãom O argumento gramatical 10 O argumento lógicom O argumento histórico Im O argumento sistemáticom O argumento tdeológico Cf! JRl;1::.BtR,\'AIW SlItlW' Abasteça sua mente "O homem razolÍ\'elsc adaph7 <10mUlldo. O uêio-róllo,íl'ei illsiste em le/llar I1Jdplllr o 1111111,/0 a si mesmo. Porl,mlo, lodo prag,resso ,/Cfl!:lldc do homem lIão-rd ze,Í\'d" Neste c<Hkn~o ~hOHI;l-rClnos as tecllIG1S {lUmétodos de interprc- ,lçãO do Direito. É importante Iisar que essas cinco "£Crr;.!- ncntas" constituem os ~,ltl. lcs instrumentos do intérpre- te, e S~lO{l ,lliccrce do trabalho interpretativo. QUillqucr lahor de intcrprcl,lçào comC~;l pelo JSO desses ínstnnnentos. Com- preendê-los hem, entilo, é il1dj.~pel1sdve1. Realize os exercícios propostos <lO finill, bem como as questlles llo módulo anterior. Lembre-se da idéia fundament;tl do nosso curso: quem faz, aprende. Logo, quem IUl0 fnz ... Ao trahalho, entào. Você conheccrá, a partir de ago- ra, as cinco principais "armas" permitidas nesse combate. São os chamados métodos de interpreta- ção, ou argumentos hcnnenêuti- coso frisar que a boa argumentação - a que funciona, c que é a única que nos interessa - parte semprc de premissas aceitas pelo "auditório". A noção de auditório em nossa matéria tem um significado pró- prio, a ser visto oportunamente (módulo 61. Para convencer, você relaciona a sua afirmação com afirmações que sahe serem aceitas pelo auditório. Por isso insistiremos, adiantc, que no debate forense devem scr usa- dos argumentos válidos. O "com_ bate retórico", no Direito, é um combate regrado. Somente certas "armas" são "permitidas". ~.1~~jf!;~m*~ ~ --=~===~=::~~.it"~7.E'~ir'" ,:,~,O': ']'5:t'i~' ,." ?/'~3Itttltg" i~f~~ú£:""'""rf,h Problematizaçãom Explique o que são os chamados métodos ou sistemas de interpretação. Esclareça se exisle lima hierarquia entre eles. Hem, voltaremos a esse assunto muitas vezes. Por ora interessa Abasteça sua mente "Intupretar uma expressão de Direito não é simplesmente tornar claro o respectivo dizer, abstratamente (alando; é, sobretu- do, revelar o sentido apropriado para a vida real, e conducente a uma decisão reta". que, fechado no seu gahinete, sozi- nho, procurando uma solução jurí- dica para um caso complicado, você já est;í argumentando: argu- mentando consigu mesmo, huscan- do razoes para se auto.convencer de uma determinada solução; comparando us ar~mentos apre- sentados pelas partes ou pelos autores estudados, eonfrontando- os, pesando-os, optando por alguns e refutando mentalmente os de- mais. Argumentação intima é o que fazemos. Quando decidimos - mental- mente - por uma solução, passa- mos a procurar argumentos que a sustentem. E é nessa fase que muí- tos encontram dificuldade. Onde estão os argumentosr O que dizer para convencer () leitor? 115gl~rrWd/lftGf!f(Q!iEãJl( minado auditório de que a solução escolhida pelo intérprete-aplicador é mesmo adequada. A primeira metade do serviço é feita lendo e pensando. A segunda é feita escre- vendo e, algumas poucas vezes, falando. Alguns operadores do Dircito estão dispensados dessa segunda tarda. Mas os juízes estão consti- tucionalmente obrigados a funda- mentar todas as suas decisoes. Então, argumentar e convencer são, para o juiz, missão constitu- cional. • Como se aplica o Direito? . !q!!Ul'liJ£!fíÍ!Jf({~~ííJi$il Cumo hmciona, na prática, otmbalho do aplicador doDireito? Quais os métodos de operação que permitem resolver problemas jurídicos intrincados, encontrar a solução "correta" e hmdamentar a decisão tomada? Esta unidade visa fazcr uma breve introdução ao método de trabalho do aplicador do Direito, mostrando quais são as técnicas usualmente empregadas. ~~~=~~"")Ií~l\~,iJl<~~CVS£~~ Numa imagem algo tosca po- demos dizer que o trabalho do aplicador do Direito - do juiz, es- pecialmente - pode ser dividido em duas partes. Metade do traba- lho é descobrir a solução le?;alade- quada para o caso. A outra metade consiste em convencer um deter- Desafiom Exerci/e sua capacidade de raciocínio resolvendo eSle pro- blema: Numa corrida, três arlelas disputavam o melhor tempo nos 100 metros rasos. Enquanto um corria, o outro cronometrava. No final, o cronômetro de Marcelo registrava 10 segUI/dos e 7 déci- mos, o de Roberto, 10 segundos e 8 décimos e o de Eduardo 10. segundos e 9 décimos. F.duardo deu os parabéns ao vencedor.. Quem crOlfomelrava quem? Qual a classificação de cada adeta? (F..xlraídoda revista Superinteressante, da edi/ora Abril) '1 •• - •• __ •••••• -_ ••••••• .'': ~ .. , "...7 'f, 'o:' , • ,'; I. ".' di- :~;:t~~;f\":~' m Por que se diz que o método gramatical é o primeiro dentre 'Qf;::êf~;,;:,¥~' os métodos de imerprctaçào do Direitol " ,'" '0 ProbJematização m Identifique e el1lll1cieo pressuposto fundamental d?l inter- pretação gramatical, que ól diferencia dos demais métodos de ittterpretação, 10 Leia o texto legal e em seguida escolha, sem consulla, so- i, mente lima das cinco a!lernalÍl'as oferecidas (tempo: quatro mi- :-r nutos): "Cód~í!,oPenal - Artigo 240, Comeli!r adu!lério. Pena _ detençào, de "5 dias a 6 meses." Na expressão "cometer adulté. rio" incluem-se quais dólSseguinli!s condU/ds (ser/do um dos pra. ; fiamtes casado): {I! sexo oral entre pessOólsdo mesmo seXOi fll] sexo oral tnlre pesso?lS de sexo oposto; {I/I] sexo afiai el7lrepes- .2~ soas de sexo oposto; {IV! sexo anal eHlrepessoas do mesmo sexoi {V] belio lascil'o entre pessoas do mesmo seXOi{VI] beijo lascivo entre pes.çoas de sexo OpostoiIVII] apalpação das partes íntimas el1rrepessoa.s do mesmo seXOi{VlII] apalpação das partes ínli- mas enlre pessoas de sexo oposto,' IIX} qualquer ato libidinoso seja ou não com pessoa de sexo apostai IX/ qualquer alo libidino- so com pe.>soade sexo opostoi IXI! conjunção carnal. Alternatillas a) Somettte a assertil'a IX está correld b) Somente a assertiva X está correta c) Somam a a%ertiva Xl está correIa d) Somente as assertivas I, 11, III e IVeslão corretas e) Someflle as assertivas li, 111 e XI estão corretas ;:-:::;1.~ji"';f:,j;: Abasteça sua mente ;:;;~.i: ,';'31: "A força do.s números é a delícia dos tímidos. q,-ét:« -:t , O valenfe no espírito se ufana de lu/ar sozinho." ;:.J;" ,.' '; ::::.";, ,,-;;;L- CIlAN[)f :,"'" RJfólIlf~i!e~qêf,)7&'ê;;J!ar~~J~~~y~~ ,,~ ft;-, U partir de um punto de vista ou de um método diferente. Cada argu- mento d:Í predomínio a um aspec- to ou valor diferente. E cada argu- mento é mais útil em algumas situações, e inócuo em outras. Dois pontos precis::lmficar bem estabelecidos desde agora. O primeiro: não há hierarquia ou primazia entre as técnicas in- terpretativas. Não há uma técnica que preceda as demais - em termos de autoridade -, ou seja preferida pela lei, ou seja generic<uncme mais eficiente. E você não pode, também, escolher uma das técni- cas como a sua "predileta", e pre- tender interpretar a lei somente através dela. 'º- segundo, ponto decorre desse primeiro: as técnicas interpretati- vas se complementam e servem para serem utilizadas em conjunto, A melhor interpretação é a que utiliza todas as cinco técnicas, e aponta lima solução que possa ser sustentada a partir de todas elas jembora isso seja freqüentemente irrealizável). Vejamos, então, um por um, os aQ,'l.Imentosinterpretativos. o que ,15 cinco técnicas inter. pretativas (ou argumentos herme- nêuticas} têm em comum? São instmmcntos e têm a mesma fun- ção. Essa função é dúplicc. Consis- te em til permitir ao intérprete cneontr:u a solução mais adequada para aplicação do Direito c IH]for- necer.lhe aTb'Ul11cntos "válidos" para sustentar sua decisào. Cumo a primeira etapa du trabalho du in- térprete (que cunvenClOnamos chamar de decisão) tamhém é uma etapaargumentativa (argumenta. çào íntima), para nós os métodos ou técnicas de interpretação são principalmente ar,gumenlos. Introdução aos métodos de interpretação Ouase sempre a doutrina falacm métodos, processos,elementos ou formas de interpretação, para referir.:;;c às ferramentas hermenêuticas que agora começamos a estudar. Pare- cc-nos que a expressão "argumento h.:nncnêutico" esclarece melhor a função dessas técnicas 110 trabalho do intérprete. ª~li.w~~~'t~~~~;;;'~~Jf(iicJFiYii~~He'rtffê,iêi;tj(;á1'.' ~~ ;;~ ""'--"---""'-"---'--",'_._-----_ ..,',--- r I, !:q~r.@IiHlº~~ Na interpretação gramatical bUf>- C<l-seo sentido e () alcance da nor- 11M com hãSC numa operação sim. pies, que enioea só o texto legal. Numa soluçiio interpretativa pu. ramcnte gramatical, parte-se do pressuposto de que toda ti norma está no texto. O texto e ,l norma silO uma coisa só. Leio o texto e •• compreendo a norma. Na interpretação gramatical, o texto é tudo de que o intérprete precisa. Não é neccf)s,írio recorrer a nenhum outro elemento externo ou intrínseco. No exame dos ou- tros métodos interpretativos, per- cebe-se claramente que todos eles têm um ponto em comum: todos enxergam, além do texto, um pll1S, um algo mais, um outro dado que serve para explicar o texto. Nos outros quatro argumentos her- menêuticos, busca-se emender o texto a partir de algo, algo que está fora do texto_ Conforme a técnica interpretativa escolhida, esse algo mais pode ser o bom senso, ;l ra- ziio, amem legis, amem; legisla to- ris, a mtio legis, o valor protegido, 0í;~?' deveria proteger etc. Nessas situa. ções o intérprete deve se desapegar da interpretaçào gramatic:.ll e bus- car subsídios nas dem<lÍs fcrramcn. tas hermenêuticas. Chama-se in- terpretação "literal" aquela que se apega exclusivamcnte ao texto, ignorando os demais argumentos hennenêuticos. Algumas vczes, contudo, a duo biedade do texto decorre de pro. blemas na sua construção gramati- eal(como acontece, freqüentemen- te, com {)uso da pontuaçào), situa- ç:.l0 em que somente ;1 ferramenta gramatical é útil. Em outras situa- ções emprega-se, no texto, uma p.ilavra que tem mais de um signi- fíeado. A interpretaç;'jo gramatical deve revelar qual das acepç(Jes é a que quis o legislador empregar, com basc nas conexões gramaticais entre esse termo e os demais da fmse. "Atomista" é como se chama, pejorativamente, quem constrói uma interprctaçjo pinçando o sig- nificado de lima palavra isolada, fora do seu contexto. ,.._;'••r='*'-'--'-=~=rm~'t::Yc.l[~~Jº.~,Cmt!~:d9'?;;1-21k'1lJh5!h;;5ETt A interpretaçlío gramatical não pode ser interpretação de vocábu- los isolado"" "soltos". O texto é um,1 estrutura, cada palavra é um "tijolo" nessa estrutura, que só f<lz sentido perfeito quando interpreta- da em sua inteireza. "',~ -,. __ d"'''"'''';'''''1:J;i:b?:ar:~~~~ ,?prBõieiro"ae" Her,iieneÍlfJca:It::&~~2i~-*~e'~.2:iH~ ,wt a finalidade da norma, ;1 harmonia do sistem:I, mas scmpre será algo além do texto, .llgo quc não se percebe apenas com a simples leitura do texto a interpretar. Mas, na interpretaçilo gramatical, o in- térprete e o texto estào sozinhos no mundo: pam interpretar <lnor- ma temos apenas o texto, as pala- vras que o compôcl11 e a lín&Tua. mãe. A perh'lmta que a interpreta- ção gmmatieal faz é esta: neste idioma, nas tradições e regras desta língua, o que significa esse texto? r'-"""'''""''._''''~tí'é'"-''''''''';t;ç;,==~14:0.pflthêinL,:tQd9~;mI~~ A interpretaç<io puramcnte gramatical deveria ser o primeiro e mais comum dos métodos inter- pretativos. É aquele que, segundo a tradição da hermenêutica, se aplica em primeiro lugar a todo problema jurídico. Não se admite que al- guém interprete o que não leu. Quando leio, já estou interpretan- do gmmaticalmente o texto lido. A interpretação gmmatical, usual- mente, é contemporânea da leitu- ra. É, contudo, o método que mais freqüentemente deixa insatisfeito o intérprcte. Nem sempre a lei é bem escrita, nem sempre o texto é claro, ncm sempre o sentido gra- matical de um fragmento se har- moniza com os demais. Freqüen- temente a interpretação gramatical estrita Icva a soluções antinõmi- cas, contrárias ao fim da lei, preju- diciais ao interesse que a norma J i:1Rqrair"~}fé'Hw~u~ldiC'm luta do texto da lei, expressa no brocardo in c1aris ceBsat imerpre- talio. o argumento gramatical " 'T""''''""-','~'!1!!!1F_;. ,t.~J,eJ.ºutJJ?"d;:'f'P;4L ,,;-80l!0..jUft&te A interpretação gramatical toma como Ixmto de partida o exame do significado c alcance de cada pala- vra do texto legal, o estudo das co- ncxocs entre us termos, a análise da cstmtura da frase. Utiliza as regras da ortografia (pmtc da gra. mática que ensina a escrever corre- tamente as palavras), da gramática (estudo das regras da Iinh'1.lagcm oral c escrita), da estilística lcstuJo da cxpressividadc da lingual, da etimologia {estudo da origem das palavras), da lexicologia (estudo do significado das palavras), para des- cobrir (J significado do texto legal. É lima interpretação concentrad;l no texto. Pane-se, nela, do pressu- posto de que a lei - abstraído seu significado político, sociológico, social, e ãté jurídico - é, <lutes de qualquer cois<l, um pedaço de pa- pei com palavras sobre ele: um texto, um fmgmemo de linguagem, .1 ser interpretado com as regms de interpretação da linguagem. [~)fiêferiditªº~a61li~:tl"~~ É u mais ãntigo dos métodos de interpretação, c já foi o único ad. mitido. A esco[;l dogmática tem como postulado a soberania ,Ibso- I F I Q~~;~~~~R'~ttlrp:'d,~;H~7,u~1iêltticãG,,~ Mãos à obra ~m "O funcionário que exercer alil'idadcs léwico-âenlí(icas, de. magistério ou pesquisiI, satisfeitas as exigências regulamentares, " poderá or'ar pelo regime de tempo inlcf,ftlf" (art. 49 da revogada Lei 3.780/60). Com base 110 (ex10, responda: (ul1ciortário que exúccr atividade têm/co-científica que nào (or de magistério e nem de pesquisa, satisfeitas as exigências repdtHtUlllarcs, poderá oplar pelo regime de lempo inlcgralf no razoável. Tenta-se encontrar, para o texto, um sentido que faça sentido. Ou seja, dentre as possí- veis inteligências ou acepções, que a leitura do texto permite, escolhe- SI.": a quc parece mais lógica, ou seja, mais cunforme à razào, ao senso comum. QuanJo a interpre- tação gramatical leva a duas possí- veis inteligências, e uma dclas é inaplicável na prática, por absurda c afrontosa à lógica, a outra acep- Ç<IO, quc é conforme a lógica, é a correta. Duas das regras consagradas da Hermenêutica (que serão estuda- das adianteI ensinam que [il na interpretilçào deve-se sempre pre- ferir a inteligência que faz sentido £i que não faz e [iil deve ser afastada a exegese que conduz ao vago, ao inexplic.--ível,:lO contraditório e ao absurdo. Est.iloaí os fundamentos da interpretação lógica. A pergunta que fazemos, ao interpretar logica- mente, é: qual interpretaçãu desta norma satisfaz a lógica do razoá- vcH .tn"ica1müêIttãtr~TjÕ1if5rilãrwl ':%0lli'-;~tti~';R,4ü~*~~lS~j0.tlLti;, 9.ttt:mw;mr:;:"!lf'ffi10ttt '""~ E&li<J%"it%'B, Voltaremos ao assunto "lógica" várias vezes, Por ora interessa sali- entar que essa expressão -lógica _ ~'=~~.~~;Plfe!t:O:i(j:fa~i!(i~ o procedimento lógico de inter- pretação perquire () sentido das diversas locuções e oraçôes do texto legal, e busca um significado analisando a conexão entre os mesmos. No Digesto se disse: co- nhecer as leis não é compreender suas p:davras, mas o seu alcance e sua força. A premissa do argumen. to lógico é a seguinte: o Direito é obra da T<lzilOe deve ser razoável; qualquer interpretação que contm. fie a faz.1.0é equivocada. Na interpretação lógica parte-se de um pressuposto: a intt:rpretação gmmatical não foi suficiente para d.tr o entendimento do st:ntido nu alcance da norma, (JU levou a uma conclusão que ojurist:l reputa ir- razo.ável,contraditória, equivocada ou inaplicável: ilógica, em suma.. Feita essa constatação, com a in- tcrprctaçiio lógica busca-se recons- tmir pelo caminho da lógica o raciocínio do legislador, para en- tender qual, dentre duas acepções possíveis, foi a que ele quis empre- gar. o argumento lógico ,.... - ill '""""--,..••'C'"i!l$l:-ct'-~-~~~Wl~fS.5ii!IT~'"?fl.i)fçíl!jrâ(!_:Hçt!ltçIJetltltq?J~ng~Ju'ii~ ê*k;t"h4io/~~p i;1J~tI~~4S~~~~ A interpretação lógica usa ope- rações mentais apoia.das na raziio, ~I,I i:.; s,-,: o;. ,::7ProbJematizaçãom Explique suciHlamenle o que é e como procede o métodológicode interprettlçiio, m Numa interpretação lógica, o que utiliza o intérprete, além do texto literal da norma interpretada, para chegar a um resulta- do{ mNaquele dia lima das Câmaras Cí"eis do Tribul1ólf de Jus- riça ia reunir-se para julgar 11m re(Urso num caso de grande fi> percussão lia imprensa. Vários repórteres acorreram I~Olocal da Sessão e pediram autorização para faur ti caber/ura jomafística. O pessotll da Rede X tle Te/el'isão (oi admitido ria silla, e autori- zado a {azer algumas tomat!?!s. Usavam todos terno e gral'ata. O PresidelHe da sessão mandou retirar da sda o pessoal da Rede Y, alegando t/ue não estaltam devidamenle trajados. Na I'erdade Imlat't{-se de um ânegrafista, um repórter e um ajudante, todos usando Ctllças;eall.' e Ctlmisetas de mangas curtas. Agiu correta- mente o Presidente daquela sessão? Diz o art. 66 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do l'ara/lá: "'/las sessões, se hoUl'c soliátação, o PresidCflte concederá aos profissio/lais da Imprenstl, desde que de"idameltte tmjados, elltre a aprovtlção da ata e o início do primeiro ;ulgtlmCflto, ° tempo necessário para as (oto- grafias e tomadas de televisão"'. ~1' ,I!'l l'lIr, mos saber a todos os nossos súdi- tos, que a Assemhléia Geral decre- tou, e nós queremos, a Lei seguin- te". Parece evidente que uma lei assinad1 em 1850 não pode ser interpretada exat:lmente pelo mesmo modo que uma lei editada ontem. Essa é a razão, e a utilidade, do método histórico de interpretação, que consiste em recorrer à História como auxiliar para compreender o texto le~al. O método histórico é a técnica interpretativa que indaga das condições dc meio c momento dil elaboração da norma legal, c das causas pretéritas da solução dada pelo legislador. Parte da premissa de que, cstud1ndo o pl1ssado, se compreende o presente. l':"7J • Quase todas as institui- ~ ções jurí dicas modernas têm raí zes no passado . Compreender a história de uma instituição jurí dica aju- da a entender a lei atual que a disciplina. t.'trõlmn't1Iir-õS;tã~~,,~' ," ••_,\li!~"II1~'"'_".~ O método histórico desdobra-sc, na verdadc, em duas modalidades diferentes, com objetivos diferen- tcs: a busca li] da origo legis e [iiJ da occasio legis. A primeira tra ta da origem re- mota, e a última, da origem pró- xima do texto. ,tSi<t~x~Sêiiiê~;[ u •• p ••.•••• Assim, quando intcrpretamos um fragmento da lei de hojc, te- mos de compreendê-lo não só como um ramo numa grande árvo- re que é o Direito positivo vigentc: temos que compreender esse frl1g- menta como um fmto de uma árvore cujas raízes estão fincadas no passado. Além disso, cada lei carrq;a con- sigo uma imagem do tempo em quc foi escrita: as preocupações, o pensamento dominante, os cuncei- tos e preconceitos daquele tempo, o contexto social que a motivou e inspirou. O Código Comercial em vigor começa com este preâmbulo: "Dom Pedro Segundo, por graça de Deus c unânime ac1amaçúu dos povos, Imperador Constitucional e defcnsor perpétuo do Rrasil: Faze- RQf;(f;õ&~J:!r:Tllii:Jjç!7t!f~ra=~"~_111!i.• !{mriül~l lhorada, ora piorada, de um siste- ma preexistente, e que vem evolu- indo ao longo dos séculos. O Direi- to contcmporâneo tem raiz no Direito do Império, que tem raiz no Direito português, que tem raiz no Direito comum medieval, que tem raiz no Direito romano. Na Babilônia de 3 mil anos atrás o contrato de compra e venda entre pais e filhos já era passível de anu- lação. Quando falamos em fiança, arras, arrendamento filral, estamos falando de mais de 25 séculos de históri<l, de institutos iurídicos que remontam à Grécia de 600 anos antes de Cristo. ,", , b",~ ",",;', !.;!t.~ ,1 (-" ,t:,':,,:C .. ~,'" '<;V". ?~.c", • dita na possibilidade de se fazerem leis inteiramente novas. O Direito presente é uma reprodução, ora integral, ora modificada, ora me- çôes - nem a mesma "lógica", Na "lógica" da matemática só existem o certo c o errado. Na "lógica" do Direito é duvidoso que exista o certo c o errado, c, se existirem, há entre eles uma longa escala de matizes. Assim, quando se propõe uma ferramenta lógica {Um auxiliar na interpretação da lei, é necessá- rio pensar nuilla/llógica" adequada ao Direito. Uma lógica do razoá- vel. o argumento histórico Problematização Im /'or que o elemenlo histórico é IÍtil no trabalho de interpretar o Direito?m Como procede o inlérprete ao aplicar o método IJiSlóricode :1' imerpretação? Mãos à obra lEI ()querelado alega 1'1(10 na qlleixa-mme, por desalendi- meHlO<lO ar!. 44 do Código de Processo Penal. Mostra que "a procuração que acompanha a inicial não consta a qualificação do querelado, só a do querelame. Qual a solução hermenêutim adequada? f~'1,r-d'--'~~i!tt'lla: a;se_,Cna~j11fWi~~Ji]:Jl Na frase de MAxiMILIANO, só quem não conhece o Direito :lcre- tem mais de um sentido e é fre- qüentemente mal entendida. A interpretação lógica, já advertia l'v1AXIMILIANO,foi fonte de grandes ahusos. A lógica se subJi vide em ramos, cada qual enfocando um grupo particular de problemas. A IÓh'ica que soluciona problemas matemáticos não é a mesma que soluciona problemas jurídicos. O problema jurídico é essencialmen- te diferente do problema matemá- tico, e não aceita as mesmas solu- ~,jlJf!L~~=B~tjf{pZqç~ll~~!''iif~ - I I. I IluII I ~,~~~~~~Qi~;ê9J4;l!~twril~atlªk exame, qual a melhor interpreta. çiio para a norma? [ii] consideradas as condições vigentes ao tcmpo da confecção da norma, quaIS seus possíveis objetivos r 'iI~ll.um.:~ Arespeito da interpretação sistemática pode-se fazcr uma fácil ana. lo~a. Vejaa fi- ~ra que apa. rece ao lado. Diga do que se trata. É difícil, não? Agora veja a figura que aparece na página seguinte. momento atual e às exigências da sociedade atual. As pcq;untas, portanto, que se fazem, na interpretação histórica, são duas: ti] de acordo com a tradi- ção do Direito e do instituto em • O argumento sistemático Problematização !liComo {tmciona o método sistemático de interpretação? De que recursos He vale o iNtérprete quando o utiliza? !liCOntO se resolvem a.>antinomias ellcolTlradas entre normas contemporaneamente l'i8enfes, como os dispositivos de lima mes- ma lei( •'ti:'~-T.q"""_."'.M,,,,,.;r:1:Y0\UMrt!!li"a~~fi~.iôtl:wreJ~q:((e:J-Jjt'!~f!tl.~1!tl,c,qffi¥;:;::~~ct;~0tbi~"1~"". . - Mãos à obra ;.L-~' ,."."''7::,. W,; 10O documen/o onde o casal celebra um paao de convivência ;i,{i;:", .. ',<,_ (união es/ável) ex(~e escritura pública 011pode ser lavrado em :1/}:;:-:;._ ,;;,:, ,iH ., 'd L . 6 "'''lá,:,,-';,tt. '~":con/rato part/Clllar (1'1 e fi 9.278/9 )? i?:'Í;::;ó0iíí>:"iW,:' c;::::>',:q}" di, r.:.J:-":'''1l'_;._r;hWW::%t~tll!;;oÁr:elt«,~'$Jll'~em~ Já foi dito linhas atrás: todo fragmento de lei é parte de um sistema complexo c vasto, o orde- namento jurídico. Por princípio, CSse ordenamento deve ser har- mônico e não deve conter antino- mias: as normas não se devem Contradizer umas às outras, e, sal- vo os casos de revogação, dcvcnl fazer sentido juntas. economia, a política e outras ciên- cias afins para entender o momen- to em que a lei foi feita, e por que ela foi feita. Recorre aos debates le~slativos, à História,à memória do momento político, econômico, sociológico em que a norma foi concehida. Visa-se, assim, compre- ender as razões que inspiraram o legislador àquela solução legislati- va. Nesse aspecto, o da investigação da occasio legis, colhem-se subSÍ- dios para a interpretação teleológi- ca: a vcrifieação do meio c do mo- mento da criação da lei podem revelar o fim a que a lei se destina. ["'7f. Saber quais eram os ~ problemas que afligiam o legislador quando elaborou a lei ajuda a entender para que a lei foi feita: a sua finalidade. ....'*=.~!:~;Y!.~ É preciso frisar, contudo, que a lei não representa a vontade do legislador, um "testamento" dc uma geração para outra. Uma vez promulgada, a lei torna-sc inde- pendente de seus autores. A von- tade da lei desprende-se da vontade do legislador, e esta última deixa de importar. A lei passa a valer pelo seu conteúdo, não é "um pen- samento morto" lMAxIMILIANOJ. Por isso, a interpretação histórica é principalmente uma interpretação histórico-evolutiva, que busc... adap- tar os conceitos da lei antiga ao :'::::;~A'~"'+f?'fi"tf5ê5*.J!!#\4ill:t:lilf.'!ll,~M!JS1.o'lefPSi.;'''11r;r'£:é'i;im=$bit A scgunda investigação é da ori- gem próxima: busca a occasio legis (literalmente, ocasião da lei, eon. textualmente, momcnto de daho. raçào da lei), usando a sociologia, a .~bNFJ~ll'''B!1!lllI!"'"". . . ", . lPiltt#t~ o primeiro nível de investigação é uma investigação remota, que busca a origo legis, que numa tra- dução literal si~ificc1fia "origem da lei", mas que significa, real- mente, mais quc isso. A origo legis que se investi~a é à origem ou raiz remota do instituto de que trata a lei a ser interpretada. BUSC;lrn-seas raízes que se estcndem às manifes- taçõcs primeiras da instituiçáo. Busca-se ver como cra o instituto na sua origem, qual foi sua evolu- çáo histólica, como evoluiu nas legislações que serviram dc modc" lo à lei nacional, e como evoluiu dcsde o seu aparecimento no sis- tema jurídieo pátrio. BUSCHe en- tender o significado da norma, que rcgula o tema hojc, estudando sua evolução na história do Direito. Uma das regras doutrinais consa- gradas da Hermenêutica diz que na interpretação "deve-sc preferir a inteligência que melhor atenda à tradição do Direito". Quando se investiga a ongem rcmota trabalha-sc, freqüentemen- tc, com o Dircito compamdo: seu estudo é útil quando o instituto, na lci nacional, foi inspirado na expe- riência cstrangeira. IJ cem incompatíveis, li aparente antinomia se resolve, principal- mente, pela detecção da regra geral e da exceção. C7f • A revogação por incom- ~ patibHidade (revogação táci- ta) pressupõe a absoluta impossibilidade de compa- tibilizar, na interpretação, as normas não.contempo. rãneas. • Entre normas contempo- râneas não pode haver antinomia: a aparente con- tradição entre elas deve ser resolvida por mecanismos hermenêuticos. Geralmen. te, pela identificação da regra geral e da exceção. ~..~"'-l~'-'~:,~~WP~fJtpt~ÜLc~m~t~~ggUJtf;j$4ttf' Nesse aspecto, o da identifica- ção c superação de antinomias, a Constituição tem especial relevo. Nilo é adequada a interpretação que dá 11norma um sentido in- compatível com os mandamentos constitucionais. O método sistemático opera em vários níveis: busca sucessivamen- te as respostas (a) nas eonexôes que estão na própria lei onde está o fragmento estudado, (h) nas leis que traçam os lineamentos do ralllo do Direito a que fie refere o fragmento, leJ naquele sistema como um todo, (d) no sistema do Direito positivo em geral. Uma operação que parte do próximo para o remoto, da parte para o todo. gR(fíl;f£rde<llJfmeIiJ,"iC:a~~S~E~,Jí5t, ,~ ',,' , .. ,' " ~~F~'b'1lí?~;~~m:.Jf-;.; ¥ .~;ç'''j~'----lIl!!!\S3;. " J!J no@l~lJ!f!B;"*Jis04y;;;;;t,J.[b;~ Há, contudo, uma se~nda fun- ~o na interprctaçào sistemática. É a da superação de antinomias. Dentre os muitos sentidos que o fragmento, o artigo em exame, apa- renta possuir, o mais correto deve ser o que preserva a harmonia do conjunto, do ordenamento enquan- to sistema, o que combina com o restante da lei anue o artigo se situa, ou com os princípios do setor do ordenamento jurídico on- ue ele sc enquadra. Assim, a interpretação devc, prioritariamente, identificar e apa- ziguar as antínomias aparentes entre os dispositivos legais. A re- vogação por incompatibilidade pressupõe que as normas sejam de datas diferentes (a mais nova revo- ga a mais antiga) e também que foi realizado todo esforço hermenêuti- co para compatibilizá-las. E as normas contemporâneas não se revogam por incompatibilidade: dois preceitos da mesma lei não se revogam se parecem incompatí- veis. A antinomia deve ser supera- da na interpretação, buscando-se lima solução que harmonize os dispositivos e faça-os concomitan- temente aplicáveis. Quando duas normas do mesmo diploma pare- outros cânones do sistema. Isso é o que fazemos, constanteIllcnte, senl perceber: compreender uma norma pelas suas eonexôes com as de- maIS. ~,~_~,mmillt~J!liCmnp~$pSª!tt@!~1 t~ Assim, a primeira utilidade do método sistemático é a de esclare- cer o sentido dos fragmentos legis- lativos, que são explicados por -==.=.=.=.::.r:':' Estatuto da Criança e do Adoles- cente, que visa à proteção integral do adolescente e da criança, deve ter um sentiuo tendente a proteger tais pesso<l.s,e não a prejudicá-Ias. Outro exemplo: o art. ,~H2 do Código Penal define como crime a conduta do funcionário público que se apropria de dinheiro de que tem posse em razão do cargo. Como sei se um escrivão de Vara Cível se enquadra no conceito de funcionário público desse artigo? O fragmento não diz. Preciso ler o art. 327 para saber o que significa funcionário público. Lendo só o fragmento (art. 312l não o compre- endo. Recorrendo a outra p<l.rtedo sistema, chego à compreensão do seu sentido. Agora você pode dizer do que se trata na imagem ao lado. É que a compreen- são do todo ajuda na compreensão da par- te, e a compreensão da parte é freqüen- temente impossível, nU equivOC:ldu, sem o conhecimento do todo. Por isso o mé- todo sistemático é essencial na inter- pretação do Direito. ~~lfQ1iif!P~~Í!s:pftTiti' Para esse sistema interpretativo a descoberta do sentido da norma se busca na conexão do fragmento sob estudo (a) com os demais do estatuto onde se encontra, Ibl com as outras re,t7as do sistema a que pertence, e/ou leI com n restante do ordenamento jurídico. A interpretação sistemática par- te de uma premissa fundamental: o siste-ma jurídico é concebido para ser um todo harmônico. A com- preensão da parte é facilitada pela compreensão do rodo. Se o frag- mento é parte do todo, do sistema, deve se harmonizar com ele. Se não compreendo o significado du fragmento, analisando u todo de que ele é parte posso entendê-lo melhor. Um artigo que está no capítulo dos crime8 contra li honra deve-se referir a crimes contra a honra. Uma norma que está no '"_x_~ ..~._.~_~,'.5"ól~~l~óté.~rº,g,~~8çt1J1:e",çJ'PF41~ 2~jr~~g~~~Rgtf'rM~:ril£Piii,£ªê'l#Ç~1 Mãos à obram INterpretando sistemalicAmenle as normas do CPC e da Lei 9.099/95, dip,a se o Condon,{nio pode ajuizar, no juizado Espe- cial, cobrança de encargos condominiais devidos por condômino, ;~~V:rl)wrftiS'leg;s~ Vnu segunda corrente afirma quc o elemento tcleológico é não a vontade do legislador, mas sim, :l vontade da lei, a valuntas legis, que alguns chamam de ratia legis. Enxerga-se, aí, uma vontade da lei independente da vontade de seu criador. A lei, uma vez promulga- da, projetil vida autônoma, Iiberta- se do seu criador, e passa a valer por si só. A lei é uma "coisa viva", que pode, assim, evolver, para atenuer, no futuro, a finalidades nilo imaginadas no tempo da sua feitura. A vontadc da lei é identifi- cada de acordo com o texto, com o sistema de queo texto faz parte, com a idéia que transparece do conjunto, do microssistema em que o fragmento está inserido. Mas é uma "vontade atualiziÍvel", para que a lei não fique ancorada em seu tempo. Assim, a lei antiga pode solucionar problemas inima- gináveis no tempo do seu advento, porque sua ratio pode ser pesqui- sada à luz do contexto atual. Preferimos esse segundo enten- dimento, que, aliás, é amplamente dominante faz mais de século. A nAo ser por ele, estaríamos presos aos conceitos de "mulher honesta" e "ato ohseeno" do legislador de 1940 para ínterpret,lr os arts. 215 c nante, ficariam as gerações hnuras presas a soluções que eram ade- quadas no passado, mas rest:lIilIll supcrildas nos dias de hojc. ullla meta, um valor que a norma qucr tutelar. Esgota.se aí o consen- so. Há controvérsia sobre o que exatamente venl a ser esse algo mais, e, princip:Jlmente, sobre eomo identificá-lo nos casos concretos. '-''''--'¥-1'~~7~iII iv,t.UlIIltas:Jcg S1ãtor~~~r!D Esse algo mais que a interpreta_ ção tcJeológica quer identificar é, para uns, a mens legislatoris: a vontade do legislador. Para essa corrente, a norma é a expressão da vontade do legislador, e quando se a interpreta está se buscando iden- tificar que vontade era aquela. Esse é um modo de pensar muito ade- quado ao "segundo momento" da evolução do pensamento jurídico, quc succdeu a Revolução Francesa, c que representou uma resposta à idéia do poder Jivino do sobcrano. No núcleo dessa tese está .1 idéia de que somente o Legislativo pode expressar a vontade do povo, e que qualquer vontade que não se;;l a do legislador não é a do povo. Huscar, na lei, uma outra vontade, que não seja essa, é usurpar o poder emana- do do povo. Esse modo de pensar é muito eriticado. Contra ele pode-se dizer que a vontade do legislador é un1<l abstração, porque centenas votam Uma lei, e cada um deles pode que- rer aprová-la visando a um resulta- do diferente, a proteção de um interesse diferente. Pode-se tam- bém objetar que, se a vontade do legislador fosse o fator prcdomi- fRotti~tT#é{l17ê"2ª1Cii"~~_~ 1, ~ i~-V" proteger um interessc, um valor. Se identifico qual o valor que a norma visa proteger, qual o inte- resse que ela quis fazer valer, posso compreender melhor o comando contido na norma. Quanto a isso não há controvér- sia: toda a doutrina admite que existe, por trás do texto legal, um algo mai8: uma intençáo, um fim, desta em estudo? [ií] qual a interpretação que mantém esta norma em harmonia com ()sistem:1jurídico? o argumento teleológico Problematização m No que consiste o mbodo [cteológico de i':1terpretaçãodo Direito? Em que regra do Direito posilil'o cfe se susten/a?m Na apreciaçJo do elemenlO Icleológico da normal busCtl-se descobrir a I'ontade da lei ou a I'ontade do lep,isfador? Rcsumidamcntc, as pcQ,'Untas que se f,lzem, na interpretação sistemática, são: li] há, no ordenamento, outra nurma que esclareça o significado '~t!I'~rWê"~C~~'~"'_ - h~_tºL,~~~nUJ!1{!!mrq;;;1!pfiLm A expressão teleologia refere-se ao estudo dos fins, dos objetivos, das metas. Diz-se que a interpreta- ção é teleológica quando ela busca o sentido de uma expressão jurídi- ca analisando quais os objetivos, os fins, a que se destina a referida cxprcssáo. A interpretação tcleológica parte de uma premissa: toda norma visa I '..... :.i~~'" '.:';" ';.,: .. oi Qual o interesse a que a norma visa proteger, ou qual o fim a que se destina? li) de acordo com a tradição do Direito e do instituto em exame, qual a melhor interpretação para a norma?--- lii] consideradas as condições vi- gentes ao tempo da confecção da norma, quais seus possíveis objeti- vos? Só é correta a interpre- taç.lo que proteja o valor que a norma visa proteger A compreensão da históri3 de um institu- to e do momento da criação da norma aju- dam a entendê-la Histórico Tclcolúgico Abasteça sua mente "A jurisprudência é um perpéruo comentário, que se afasta dos texlos ainda maiS, porque é, irresistivelmenle, atraída pela vida." JEAN CRUfT Mãos à obra .~- -:'~~::.b !liDiz o arr. .~odo coe que toda informação ou publicidade Jii -....:, :,iir: suficiel1/emwte precisa, l'ei(lllada por qualquer (arma ou meio de ,;.:. . _'. :%;: comunicação, com relação a prodU/os e serviços oferecidos ou :E:;kS-;"gvTI:zgJ apresentados, obriga o (ornecedor que a fizer vei(lllar ou dela se ~;i12:'-'-{fl0;;-S:fl;T:;n: utilizar, intefl,ftl.o contraiO que vier a ser celebrado. Oar!. 35da !~;r,ii~h;:m;t~i L , ."",h"" ...".:,,~ .• mesma lei dá ao con.çumidor o direilo de exigir o cumprimento t;1t:~mbtFs2"":ª forçado do contrato, nos lermos da publicidade ou oferta. C tem:;ili'-.Z;\::';.~;~"';';:::~ uma pequena única loja de móveis e elelrodomé.>lico.>.Mandou; imprimir panflelos anll/niando a.>oferta.>da semana. Uma das oferta.>era um TV colorido Panasolfic, 29", com controle rem%, que seria vendido por R$ 826,00 (a oferta era limilada ,I 20 Unidades do produ 10). A wá(ica que imprimiu os panfletos come- teu um erro, e imprimiu a oferla anunciando o Ie/evi.çorpor R$ 8,26. Como os panflelos (icaram promos "enl cima da hora", C mandou distribuí-los sem perceber o erro. Apareceram no dia se8uinte a(fl,lIns consumidores interessados no TV de 8 reais. C explicou que se /ralara de um engano, e eles se deram por satis- njjoteif64WeiHer;fl'lZii1ifflll~4..~~.J,!1ti~fÚ2f15i>'i~4Bf1i1~~,;I", ... '0_' .... _" ... , ... ,~:::;:;P;w.rn:t4_1t _ i1lIWS:~.m.';$!;l~ " 1:' 'H « ~i' Qual a intl.:rpretação desta norma que satisfaz a lógica do razoávd! lil há, no ordenamento, outra nor. ma que esclareça o significado desta em estwio! liij qual ,I interpretação desta nor- ma que mantém-na em harmonia com o sistema juridico! Na tradição e regras da filologia, o que significa este texto? lccer o objetivo que a norma tem, ínsito em seu texto. !!1~djgil\M~ Identificar o valor que a norma quer proteger, e qual {) seu objeti- vo, não é tarefa simples, c contém, quase sempre, um componente ideológico. É justamente a esse respeito - a identificação do valor protegido, do fim da norma, da mens - que se controvcrte com mais freqüência. É que por ser um elemento fluido, subjetivo, a tal mens serve de ponto de partida para as interpretações mais dispa- res. Funciona Cllmo um "espelho mágico" onde cada um enxerga exatamente o que quer enxeI~ar. É justamente aí que mais os para- digmas pessoais interferem. O "liberal" enxerga no "espírito" da norma um conteúdo "liberal", enquanto o "conservador" enxerga ali uma mensagem "conse!Vadora". A norma é um frag- mento de linguagl.:m: um texto Direito é ohra da raziio, e suas regras devem estar conforml.:s à razão o Direito é um sistema harmônico e não deve conter antinomias -cOJJ;p~raça~"';~'-;;;'ét(j(i~~"(~;gUl;;;~-t~~)JJe;;~ellê~i~~~-"--I Lúgico Sistemático Gramatical 2-.13 do Código Penal, p. ex. No ent.lllto, é certo que o conceito de "honestidade" e "obscenidade" dos dias atuais é outro. A mens Jegi.\, portanto, é outra. -iilJ°mJ°O~O'.• : .... â'OO' .'L _ C1 1, 1"" ..'Y' JA '~"F,AJR*I~Fh::;0Jiif~;W;l:"!" Pelo argumento teleológico bus- co entender o significado da norma identificando qual o valor que ela quer proteger, ou ° resultado que quer produzir. O sentido, o signifi- cado, que encontro na norma, tem que estar dc aconlo com a raz.'i{) de ser dessa norma. Se a leitura do texto leva a uma intcrpretaçào que aniquila, ou prejudica, o interesse ou valor a que a norma visa prote- ger, então essa leitura é incorreta. Para a interpretação telculógica só é admissível o sentido que proteja o interesse a que a norma visa proteger, que resguarde () valor que ela deve resguardar, que faça preva- 6~~~~?~"F::'l';:;itt~'''"",!'00!~i3Y;V:''''''''.='''4''~~~'''M~'u~..• """"~,~aE1%~~~~1;~~}:f«~.,,º~çlr9;i .....~:..,~lJJJÇ1t~U;t'1ÇflgII 1I ~~' . ".', ,dr: ~, - A arte imita a vida O (ilme Justiça Vermelha (EUA, 1999, dir.."lo" Avnet) mostra a "relatividade" do /)ireíto: rudo o que você sabe sobre o Dírúto deixa de (azer sentido alguns graus de /o"gitude adiante. No mesmo swtido O Expresso da Meia-Noite (EUA, 1978, dir.: A/an Parker). o Direito está no jornal Doce com licor leva à prisão na Arábia São Paulo - A Anislia Internacional del/unciou omem que um (ilipino (oi condenado a receber 72 chicotadas e passar quatro meses preso por enlrar na Arábia Saudila com dois chôcolales com licor. Fauslino Saltnar disse que não sabia que os doces continham álcool- substância proibida pelo regime islâmico sau- dita - mas mesmo assim {oi condenado. (Agestado, 22.12.1999) leia mais a respeito ~:.~ " Um bom resumo sobre os milOdos de inlerprelaçào pode ser lido" -~., na Enci~lopédia Sara_ivado Direito, verbete Hermenêutica, ..",_,:",,:;;.; de autona de L/MONU FRAl\'ÇA.Com mats aprofundamento, a o'; mesma apresentação aparece na Hermenêutica do mesmo alltor '"," (cf bibliografia). Na obra de jl;lAXTMll.lANO o tema também é longamente explicado. --";; . N''áf,.' Abasteça sua mente ':,,::;; --- j;l "Uma grande parte das pessoas acredi/tl que está penwmdo, ~,lf',g\~:.':;: quando está simplesmente reorfjmizando seus preconceitos." .},.:' .IiI!}./ .< WIl.LlM-I}MIES ~:i;:<~,-"':':2 'y {á/o. Mas N não se contentou. Aiuizou ação no juizado Especial, .:..3;~'''''''' .. " exigindo o (orneân::I1,lo de 20 televisores daqll~'~ .marca e. mode- '\'J-;;.-. >.;~ lo, peto preço IIm/arlO de R$ 8,26. Com a Ittwa! consrgnou o ... .' -JiJ;; valor total em dinhúro, R$ 165,20. Invocou o arlifl,o tlnleS citado. .:.:~ C se defende, alega que foi só um engano, e evidenle. Diz que /Im prejuízo de mais de 16 mil reais levará sua loja à falência. Como você decidiria ti questão? 'ri,,,,_~_'E2tl25"'L-J>'~';:;)7dJB~.'~"-~~'~!:-WC,~{~~,:,::,,.fr!!lft'~tlnc:aJi M 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006 00000007 00000008 00000009 00000010 00000011
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