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educar para os direitos humanos

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Se adotarmos a premissa de que valores não são ensinados e nem nascem com as pessoas, compreendemos a necessidade da educação na vida de um individuo, pois é através dela que esses valores são edificados nas experiências vivenciadas perante o mundo. 
A educação é um compromisso com o indivíduo, com o ser humano e ninguém dela foge, seja em casa, na Igreja, na escola: todos nos envolvemos com ela de alguma forma no nosso dia a dia. Segundo Paulo Freire, “é um ato de amor, de transformação”. “Por isso, ela deve desempenhar um papel fundamental na construção e desenvolvimento de uma consciência cidadã, preocupada com a defesa dos Direitos Humanos e com a afirmação da Cidadania” (Baruffi).
A Constituição Federal, em seu Art. 205, diz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A Declaração Universal dos Direitos do Homem em seu Art. XXVI declara: “A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais.” Ou seja, o homem tem o direito de receber uma educação que o prepare para exercer sua cidadania, dentro da ética e da justiça social estabelecida pela Constituição Federal e Declaração dos Direitos Humanos.
Assim, para que esse direito seja respeitado é imprescindível que as escolas apresentem uma educação pautada em procedimentos pedagógicos libertadores, ou seja, uma educação com base nos Direitos Humanos e na Cidadania, com diferentes disciplinas e matérias.
Atualmente as crianças e os adolescentes vão à escola para aprender matérias como ciências, línguas, matemática, história, física, geografia, artes, e apenas isso. Não existe um objetivo de formação ética e moral das futuras gerações, visando ao desenvolvimento de aptidões para lidar com a diversidade e o conflito de ideias, as influências da cultura e os sentimentos e emoções presentes nas relações do individuo consigo mesmo e com o mundo a sua volta. 
Se os atuais propósitos da cidadania têm como base a garantia de uma vida digna e a participação na vida política e pública para todos os seres humanos e não apenas para uma pequena parcela da população, a educação deve ser democrática, inclusiva e de qualidade para todas as crianças e adolescentes. Para isso, deve-se promover, na teoria e na prática, as condições mínimas para que tais objetivos sejam alcançados na sociedade.
A edificação de sociedades e escolas inclusivas, abertas às diferenças e à igualdade de oportunidades para todas as pessoas, deveria ser um objetivo prioritário da educação nos dias atuais. O trabalho com as diversas formas de deficiências e com as exclusões geradas pelas diferenças social, econômica, psíquica, física, cultural, racial, de gênero e ideológica deveriam ser foco de ação das escolas. 
É durante seus anos de formação que as crianças adquirem o entendimento das diferenças, o respeito e o apoio mútuos em ambientes educacionais que promovem e celebram a diversidade humana. É necessário aproveitar-se dessas condições para incutir na mentalidade de nossas crianças que somos responsáveis por proporcionar melhores condições de vida para a população e igualdade de oportunidades para todos os seres humanos na construção de valores éticos socialmente desejáveis pela sociedade, e para enfrentar essas exclusões visando à democracia e à cidadania. 
“Educar em Direitos Humanos é essencialmente a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. Portanto, a formação desta cultura significa criar, influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que decorrem, todos, daqueles valores essenciais citados – os quais devem se transformar em práticas”. (Benevides).
Quando falamos em formação de uma cultura de respeito aos direitos humanos, à dignidade humana, estamos enfatizando uma necessidade radical de mudança, principalmente quando se fala da cultura brasileira. Mudança especialmente importante e necessária para o Brasil, para a destruição de valores e costumes que estão enraizados em nossas mentalidades, preconceitos, discriminação, pela não aceitação dos direitos de todos, pela não aceitação da diferença. Mudança numa cultura consequente de fatores históricos, de fatos vergonhosos que carregamos em nosso passado e que ainda estão enraizados em nossos costumes, como, por exemplo, o período de escravidão; o sistema de ensino autoritário, elitista, sem preocupação com a ética pública; nossa tolerância com a corrupção, dos governantes e das elites; o descaso com a violência, quando ela é exercida exclusivamente contra os pobres e os socialmente discriminados; nossas práticas religiosas essencialmente ligadas ao valor da caridade em detrimento do valor da justiça; nosso sistema familiar patriarcal e machista; nossa sociedade racista e preconceituosa contra todos os considerados diferentes; nosso desinteresse pela participação cidadã e pelo associativismo solidário; nosso individualismo consumista, decorrente de uma falsa ideia de “modernidade”.
Uma educação em direitos humanos só pode ser uma educação para a mudança, e não para a conservação. Significa essencialmente que queremos outra sociedade, que não estamos satisfeitos com os valores que embasam esta sociedade.
As diferenças representam grandes oportunidades de aprendizado. Devemos aproveitar o ambiente escolar, com a inclusão de todos os membros da comunidade, de quaisquer raças, religiões, nacionalidades, classes socioeconômicas, culturas ou capacidades, em ambientes de aprendizagem e comunidade, para facilitar o desenvolvimento do respeito mútuo, do apoio mútuo e do aproveitamento dessas diferenças para melhorar nossa sociedade. 
São três os pontos essenciais para educar-se em Direitos Humanos: 1- uma educação de natureza permanente, continuada e global; 2- uma educação necessariamente voltada para a mudança; 3- uma repetição de valores que atinjam corações. Porém, esta educação deve ser compartilhada por todos os envolvidos no processo educacional – os educadores e os educandos – sejam eles professores ou pais - ou ela não será educação e muito menos educação em direitos humanos. 
Quando falamos em educação em direitos humanos falamos também em educação para a cidadania. 
E a construção da cidadania apoia-se quatro importantes eixos temáticos: a Ética, Convivência Democrática, Direitos Humanos e Inclusão Social. 
A educação baseada na ética e moral fará com que o indivíduo analise criticamente a realidade do seu dia-a-dia e as normas sócio-morais vigentes, contribuindo para uma formação mais justa e adequada de convivência. Além disso, deve basear-se na vida comunitária das pessoas e em seus projetos pessoais para compreenderem que são responsáveis pela realidade social e poderão ajudar na construção de um mundo melhor.
A convivência democrática é a interação nas atividades e convivência da comunidade, possibilitando o exercício da palavra e o compromisso da ação, ou seja, baseando-se no diálogo e na realização de projetos coletivos, que fornecem a matéria-prima para que, de forma democrática, os conflitos cotidianos sejam enfrentados, permitem a construção de valores de ética e de cidadania por parte dos membros da comunidade. 
O comportamento moral e ético consiste em reconhecer o outro como sujeito de direitos iguais e, dessa forma, as obrigações que temos em relação ao outro correspondem a direitos. Todos os seres humanos têm determinados direitos simplesmente enquanto seres humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) promulgou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reconhece três dimensões dos direitos humanos: 1) as liberdades individuais, ou o direito civil; 2) osdireitos sociais; 3) os direitos coletivos da humanidade. Essa declaração é um guia de referência para a análise dos conflitos de valores vivenciados em nosso cotidiano e para a elaboração de programas educacionais que objetivem uma educação em valores. Para promover uma educação ética e voltada a para a cidadania, devemos propiciar condições para que os indivíduos desenvolvam sua capacidade dialógica, tomem consciência de seus próprios sentimentos e emoções, e desenvolvam a autonomia para tomada de decisão em situações conflitantes do ponto de vista ético/moral.
Portanto, a ideia de educação para a cidadania não pode partir de uma visão da sociedade homogênea, mas como uma educação para a formação do cidadão participativo e solidário, consciente de seus deveres e direitos – e, então, associá-la à educação em direitos humanos. Só assim teremos uma base para uma visão mais global do que seja uma educação democrática, que é, afinal, o que desejamos com a educação em direitos humanos, entendendo “democracia” no sentido mais radical, ou seja, como o regime da soberania popular com pleno respeito aos direitos humanos. 
Esse processo educativo deve, ainda, visar à formação do cidadão participante, crítico, responsável e comprometido com a mudança daquelas práticas e condições da sociedade que violam ou negam os direitos humanos. Mais ainda, deve visar à formação de personalidades autônomas, intelectual e afetivamente, sujeitos de deveres e de direitos, capazes de julgar, escolher, tomar decisões, serem responsáveis e prontos para exigir que não apenas seus direitos, mas também os direitos dos outros sejam respeitados e cumpridos.
Podemos educar em direitos humanos na educação formal, no sistema de ensino, desde a escola primária até a universidade. Na educação informal, será feita através dos movimentos sociais e populares, das diversas organizações não-governamentais – ONGs – dos sindicatos, dos partidos, das associações, das igrejas, dos meios artísticos, e, muito especialmente, através dos meios de comunicação de massa, sobretudo a televisão.
Cumpre lembrar que esta educação formal na escola, desde a primária até a universidade e principalmente no sistema público do ensino, resultará mais viável se contar com o apoio dos órgãos oficiais, tanto ligados diretamente à educação como ligados à cultura, à justiça e defesa da cidadania. Na educação formal, constatamos como a escola pública é um locus privilegiado pois, por sua própria natureza, tende a promover um espírito mais igualitário, na medida em que os alunos, normalmente separados por barreiras de origem social, aí convivem. Na escola pública o diferente tende a ser mais visível e a vivência da igualdade, da tolerância e da solidariedade impõe-se com maior vigor. O objetivo maior desta educação na escola é fundamentar o espaço escolar como uma verdadeira esfera pública democrática.
Bibliografia:
http://hottopos.com/convenit6/victoria.htm
Benevides, Maria Victoria. Educação em Direitos Humanos: de que se trata? Professora de Sociologia da Faculdade de Educação da USP e vice-coordenadora da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos.
Baruffi, Helder. DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO: UMA APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA, http://www.dhnet.org.br/educar/textos/baruffi_dh_educ_aproximacao_necessaria.pdf
Ética e Cidadania Construindo Valores na Escola e na Sociedade, http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Etica/liv_etic_cidad.pdf, Ministério da Educação, Brasília-DF, 2007. Pesquisado em 09/11/2015.

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