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Cultura do milho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE PLANTAS DE LAVOURA
Manejo da cultura do milho para
altos rendimentos de grãos
Dr. Claudio M. Mundstock
Prof. Paulo Regis F. da Silva
Porto Alegre-RS - 2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE PLANTAS DE LAVOURA
Manejo da cultura do milho para
altos rendimentos de grãos
Dr. Claudio M. Mundstock
Colaborador Convidado, atuando junto ao
Departamento de Plantas de Lavoura da Faculdade de
Agronomia da UFRGS. Bolsista do CNPq.
Prof. Paulo Regis F. da Silva
Professor Adjunto do Departamento de Plantas de
Lavoura da Faculdade de Agronomia da UFRGS.
 Bolsista do CNPq.
4
CATALOGAÇÃO INTERNACIONAL NA PUBLICAÇÃO
M965m Mundstock, Claudio Mário
Manejo da cultura do milho para altos rendimentos
de grãos / Claudio Mário Mundstock; Paulo Regis F. da
Silva — Porto Alegre : Departamento de Plantas de
Lavoura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
: Evangraf, 2005.
 51 p.
1. Milho : Grão : Prática cultural : Rendimento. I.
Silva, Paulo Regis F. da. II. Título.
CDD: 633.15
CDU: 633.15
Catalogação na publicação:
Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS
5
SUMÁRIO
Apresentação ................................................6
O que são lavouras de altos rendimentos
de grãos? .....................................................8
Evolução dos altos rendimentos de grãos ..............9
Qual o potencial para altos rendimentos de
grãos no Rio Grande do Sul? ............................ 11
Principais mudanças nos sistemas de cultivo ........ 17
Principais mudanças na genética da cultura ......... 21
Principais mudanças na nutrição da planta .......... 27
Principais mudanças na época de semeadura ....... 32
Principais mudanças no arranjo de plantas .......... 35
Principais mudanças na mecanização da lavoura ... 40
Principais mudanças nos tratamentos
fitossanitários ............................................. 41
Por que da necessidade de obtenção de
altos rendimentos? ........................................ 46
6
APRESENTAÇÃO
Esta publicação apresenta informações sobre a evo-
lução dos rendimentos de grãos de milho no estado do
Rio Grande do Sul, discute o cenário atual da produção
deste cereal e fornece subsídios para tomada de decisão
pelos participantes da cadeia de produção, em especial
os produtores rurais.
O milho é uma cultura tradicional no Sul do Brasil,
sendo essencial para as populações indígenas que aqui
habitavam e para os colonos que posteriormente chega-
ram, especialmente a partir do século XIX. O grão é
utilizado diretamente na alimentação humana através
da farinha, amido, milho verde, milho pipoca, óleo e
outras formas de menor importância. A maior demanda
de grãos é para elaboração de rações para animais, com
predominância para aves, suínos e gado leiteiro e, se-
cundariamente, para outras espécies. Além disso, a planta
é utilizada como forragem diretamente com a colheita
das partes verdes, seja na forma de silagem de planta
inteira ou de silagem de grão úmido.
O milho foi inicialmente cultivado extensamente em
pequenas propriedades, com utilização “in situ” dos grãos
para alimentação animal. Com a criação intensiva de
aves e suínos em grandes lotes, fora das propriedades
agrícolas que produzem milho, a expansão da cultura
ocorreu em propriedades de porte médio que se dedica-
vam ao cultivo do cereal para comércio de grãos. Nes-
tas, além da importância como fonte de renda, a cultu-
ra do milho foi essencial para viabilização do sistema
plantio direto, devido à sua elevada produção de palha.
A opção pelo cultivo do milho nas propriedades agrí-
colas passa pela preocupação sobre a sua rentabilidade.
7
O retorno econômico aumentou quando os rendimentos
de grãos foram incrementados após a adoção de infor-
mações técnicas mais apropriadas, o uso intensivo de
insumos (adubos e defensivos), o avanço da genética,
que colocou no mercado cultivares híbridas e, ainda, pelo
aperfeiçoamento verificado na eficiência do maquinário
agrícola. Este conjunto de ações criou níveis diferencia-
dos de manejo e, conseqüentemente, diferentes expec-
tativas de rendimentos de grãos, pela adoção parcial ou
total dos avanços colocados à disposição do produtor. A
decisão de utilizar as técnicas disponíveis depende da
expectativa de rendimento possível de ser alcançado em
cada região, da capacidade de investimento de cada pro-
dutor e do possível retorno econômico do capital investi-
do.
As informações aqui contidas colocam à disposição
dos diferentes segmentos envolvidos na cadeia produtiva
do milho, os resultados dos principais avanços tecnológicos
disponíveis para facilitar a tomada de decisão ao se pla-
nejar a lavoura visando altos rendimentos e maior ren-
tabilidade econômica.
8
O QUE SÃO LAVOURAS DE ALTOS
RENDIMENTOS DE GRÃOS?
O rendimento de grãos de uma lavoura de milho é
considerado “alto” quando, na condição do local de cul-
tivo, ele sobressai ao do das demais lavouras de produ-
ção. Nas principais regiões de cultivo de milho do Sul do
Brasil, os mais altos rendimentos de lavouras variam de
12 a 13 t.ha-1. Em regiões com alguma restrição de fa-
tores meteorológicos (radiação solar, precipitação pluvi-
al e/ou temperatura) ou de solo, os “altos rendimentos”
são menores. Nestas regiões, muitas vezes, os produto-
res não adotam toda a tecnologia utilizada em outras
regiões, em razão de maiores riscos edafoclimáticos para
a cultura. As estratégias de manejo para estes locais
devem ser diferenciadas para que a cultura se viabilize
economicamente.
Os altos rendimentos alcançados em lavouras são,
em geral, menores do que aqueles obtidos em condições
experimentais, por sofrerem uma série de percalços tí-
picos do local de cultivo como desuniformidade da área
(fertilidade e condições físicas do solo, compactação,
em especial), desuniformidade na semeadura e na apli-
cação de tratos culturais (herbicidas e inseticidas), ação
do vento (acamamento) ou umidade irregular do solo
(zonas altas e baixas da lavoura).
É importante ressaltar a alta dependência das la-
vouras de milho das condições meteorológicas, em es-
pecial dos fatores radiação solar, temperatura do ar e
precipitação pluvial. As variações de rendimento de grãos
entre épocas de semeadura e entre anos estão alta-
mente relacionadas a diferenças observadas nestes fa-
tores.
9
Assim, o conceito de alto rendimento de grãos é
variável conforme o local e o ano em que se considera o
cultivo. Para um mesmo local (propriedade agrícola), a
meta de se obter continuamente altos rendimentos de-
pende da estratégia de manejo que o produtor vai ado-
tar na condução da lavoura.
* * *
EVOLUÇÃO DOS ALTOS
RENDIMENTOS DE GRÃOS
Os rendimentos médios de grãos no Brasil nos últi-
mos 20 anos (Figura 1) e no Estado do Rio Grande do Sul
nos últimos dez anos (Figura 2) cresceram graças à ado-
ção de tecnologias mais avançadas, geradas principal-
mente pela pesquisa agrícola. Some-se a isso, o incre-
mento no uso de insumos e o aperfeiçoamento de má-
quinas agrícolas. Embora os valores médios do País e do
Estado sejam baixos, o avanço da produtividade indica
que muitas lavouras já atingem patamares próximos a
10 t.ha-1.
No estado do Rio Grande do Sul, os rendimentos
de grãos de milho evoluíram continuamente, especial-
mente desde a metade do século passado. Os princi-
pais fatores para elevação da produtividade foram:
adoção de cultivares com maior potencial de rendi-
mento, maior uso de fertilizantes e defensivos, má-
quinas agrícolas mais eficientes e adoção do sistema
de plantio direto na palha, com rotação de culturas.
O uso destas ferramentas só foi possível através da
geração de informações técnicas graças ao eficiente
10
Figura 1. Área,produção e produtividade do milho
no Brasil nos últimos 20 anos
Fonte: Glat, D. Pioneer Sementes (2004).
Figura 2. Área, produção e produtividade de milho
no Estado do Rio Grande do Sul nos últimos 10 anos.
Fonte: Dóro, C. - EMATER (RS). 2004.
11
sistema de pesquisa realizada por diversas instituições
públicas e privadas.
No início da colonização, os rendimentos de grãos
raramente ultrapassavam 1.500 kg.ha-1 e só nas primei-
ras décadas do século passado observou-se aumento da
produtividade, devido à introdução de cultivares mais
produtivas.
A adoção conjunta de cultivares melhoradas e de
insumos e técnicas de cultivo adequadas fez com que os
rendimentos das lavouras passassem a ser progressiva-
mente mais elevados, década após década. A evolução
das técnicas de manejo da lavoura e do uso de cultiva-
res adequadas é sintetizada na Tabela 1, com a produ-
tividade média obtida nas melhores lavouras em cada
década.
* * *
QUAL O POTENCIAL PARA ALTOS
RENDIMENTOS DE GRÃOS NO
RIO GRANDE DO SUL?
Altos rendimentos de grãos de milho resultam do su-
cesso em se utilizar os fatores do meio com máxima
eficiência, minimizando as causas adversas ao cresci-
mento e desenvolvimento da cultura. Esta complexa equa-
ção é dependente, principalmente, de três fatores
meteorológicos (radiação solar, temperatura do ar e dis-
ponibilidade hídrica). O entendimento da obtenção de
alto rendimento de grãos passa pela análise de cada um
destes fatores, que interagem entre si.
12
13
Radiação solar: na estação de crescimento do milho,
o estado do Rio Grande do Sul apresenta alta radiação
solar, considerando a sua latitude. As médias mensais para
os municípios de Passo Fundo (Planalto Médio) e Eldorado
do Sul (Depressão Central) são apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2. Radiação solar global média mensal (cal.cm2
dia-1) em dois locais do Estado do Rio Grande do Sul.
1 Período agosto a maio de 1957 a maio de 1984. Fonte: Instituto de Pesqui-
sas Agronômicas, 1989.
2 Período agosto a maio de 1969 a maio de 1988. Fonte: Bergamaschi et al.,
2003. Clima da Estação Experimental da UFRGS.
O aproveitamento ideal da radiação solar se dá quando
coincide o pré-florescimento e o enchimento de grãos da
cultura com o período de mais alta radiação, que ocorre
de meados de novembro a meados de fevereiro. Isso é
possível quando se cultiva milho sob irrigação suplemen-
tar ou em regiões com adequadas disponibilidade e dis-
tribuição hídrica na estação de crescimento.
14
Disponibilidade hídrica: a média mensal da pre-
cipitação pluvial no Rio Grande do Sul é de 100 a
120mm. No entanto, é freqüente a ocorrência de
períodos de 10 a 20 dias sem precipitação e, quando
eles ocorrem, reduzem os rendimentos, especialmen-
te se coincidirem com o período crítico de sensibili-
dade da cultura à deficiência hídrica (pré-
florescimento ao enchimento de grãos) nos meses de
dezembro e janeiro.
A Tabela 3 mostra duas situações em que o milho
foi afetado por falta de água. Na primeira (1998/99)
ocorreu uma estiagem, mas uma precipitação de
46,8mm de chuva no período crítico garantiu rendi-
mento de 8,52 t.ha-1, no tratamento sem irrigação.
Em 2002/03, também houve estiagem, mas durante
o período crítico não houve precipitação, o que redu-
ziu o rendimento para 1,35 t.ha-1 no mesmo trata-
mento.
Tabela 3. Rendimento de grãos de milho irrigado e
não irrigado. EEA/UFRGS, Eldorado do Sul-RS.
Fonte: Bergamaschi et al. Pesq. Agropec. Bras., v.39, n.9, p.831-839, 2004.
15
O aproveitamento ideal da precipitação pluvial ocor-
re adequando-se a época de semeadura para fazer coin-
cidir a maior radiação solar com a menor probabilidade
de falta de umidade nos períodos críticos da cultura.
Temperatura do ar: de uma forma geral, o milho
responde muito bem a altas temperaturas, desde que
haja suficiente umidade de solo. Na grande região pro-
dutora de milho do Rio Grande do Sul (metade norte), as
temperaturas médias do ar são mais elevadas do que nas
regiões de menor altitude. Assim, no município de Vaca-
ria (região de Campos de Cima da Serra) as temperatu-
ras do ar são mais baixas do que em São Borja (região
das Missões).. O conceito de que regiões de maior alti-
tude são mais favoráveis ao cultivo do milho por ter
menores temperaturas noturnas (menor respiração no-
turna) é válido para genótipos com esse tipo de respos-
ta. Atualmente, este conceito já não se aplica de forma
generalizada, pois a mudança na base genética adaptou
cultivares a situações de ambientes mais quentes (tem-
peraturas diurnas e noturnas). Com efeito, o recorde de
produtividade de milho (17,2 t.ha-1) obtido em condi-
ções experimentais por Silva et al. (XXV Congr. Nac. Mi-
lho, Cuiabá-MS, 2004 CD-Rom) foi registrado no municí-
pio de Eldorado do Sul, numa região com altas tempera-
turas noturnas (Depressão Central).
A interação adequada entre os três fatores
meteorológicos analisados determina os mais altos ren-
dimentos de grãos para cada região. O fator água é
menos limitante nas regiões do Planalto Médio e Campos
de Cima da Serra, que obtém os mais altos rendimentos
por combinarem adequada disponibilidade deste fator
com época ideal de semeadura e com bom aproveita-
mento da radiação solar. A adoção de irrigação suple-
16
mentar, em anos de baixa precipitação pluvial, associa-
do ao uso de maior adubação, faz com que as demais
regiões do Estado também tenham potencial similar para
produzir altos rendimentos, pois nelas a radiação solar e
a temperatura do ar não são limitantes à obtenção de
altos rendimento de grãos.
A potencialização do uso dos recursos do ambiente
só pode ser expressa em cultivares adequadas. As pri-
meiras populações crioulas do RS não apresentavam
bom potencial de rendimento, uma vez que eram
selecionadas em função de sua adequação aos siste-
mas de consórcios e à tolerância a fatores adversos.
Com o processo de melhoramento genético, inicial-
mente com o desenvolvimento de cultivares sintéticas
e, depois, dos híbridos, surgiram cultivares capazes
de utilizar eficientemente os fatores do meio e de
tolerar densidades de plantas mais elevadas. As dife-
renças de potencial de rendimento de grãos entre as
cultivares de população aberta melhoradas, sintéticas,
os híbridos duplos e os híbridos simples, quando culti-
vadas em condições de alto nível de manejo, evidenci-
am a evolução da genética utilizada nos programas
de melhoramento de milho.
O Departamento de Plantas de Lavoura, através dos
professores Claudio Mario Mundstock e Paulo Regis
Ferreira da Silva, realiza há mais de quatro décadas
estudos sobre rendimento potencial num mesmo ambi-
ente, na Estação Experimental Agronômica da UFRGS,
no município de Eldorado do Sul, região ecoclimática da
Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul. Es-
tes estudos mostram que, já na década de 1970, havia
híbridos com alto potencial de rendimento. A partir daí
houve uma estagnação no potencial de rendimento,
como é visto na Tabela 4. Os híbridos de maior produti-
17
Tabela 4. Rendimentos máximos de grãos de milho
obtidos no período de 1968/69 a 2003/04 em
experimentos conduzidos sob condições de alto nível
de manejo (época de semeadura ideal, irrigação
suplementar, elevadas adubação e densidade de
plantas) na EEA/UFRGS, Eldorado do Sul-RS.
1/ Estação de crescimento em que não foi realizada irrigação suplementar.
18
vidade só começaram a surgir no mercado na década
de 1990, frente a demanda dos produtores devido à
melhoria das condições de solo (aumento da fertilida-
de), ao uso de sistemas de rotação e sucessão de cultu-
ras em plantio direto e de densidades mais altas e da
redução do espaçamento entrelinhas.
* * *
PRINCIPAIS MUDANÇAS NOS SISTEMAS
DE CULTIVO
O sistema de cultivo compreende o complexo de
técnicas adotadas para manejo de cada cultura nas
suasinterações com outras culturas (rotação e su-
cessão cultural), com os resíduos culturais e com o
preparo de solo. Ele é o componente mais complexo
na determinação do rendimento de grãos, sendo seus
efeitos visíveis somente algum tempo após a adoção
do sistema escolhido. O sistema de cultivo é o princi-
pal determinante para obtenção de altos rendimen-
tos de grãos e não deve ser alterado de ano para
ano, pois tem efeito cumulativo nos benefícios às
culturas.
O sistema inicialmente adotado no Rio Grande do Sul
foi aquele em que o milho era cultivado em consórcio
com outras culturas (mandioca, soja e feijão, principal-
mente), com preparo de solo à tração animal e com
época de semeadura diferenciada para cada cultura. Os
mais altos rendimentos não ultrapassavam 3.000 kg.ha-1
de grãos.
19
Com a introdução da mecanização na agricultura, os
sistemas consorciados, especialmente utilizados em pe-
quenas áreas de cultivo, deixaram de ser usados, mas o
preparo do solo continuou sendo do tipo convencional
(aração mais gradagens), com enterrio de resíduos e
controle mecanizado de plantas daninhas. As lavouras
produziam, no máximo, até 6.000 kg.ha-1, devido à fal-
ta de rotação e sucessão de culturas e de cuidados com o
solo. Estes rendimentos eram conseguidos com maior
uso de adubos químicos e de cultivares mais produtivas.
O sistema propiciava bom controle de fungos
necrotróficos, mas a limitação dos fatores edáficos tor-
nava inefetiva a adoção de outras técnicas, como o uso
de alta densidade de plantas, pela baixa capacidade de
resposta do sistema.
O atual sistema de cultivo, iniciado ao final da déca-
da de 70 mas plenamente adotado no início da década
de 90, está baseado no plantio direto na palha, sem
revolvimento do solo e na adoção de sistemas de rotação
e sucessão cultural adequados. Houve redução drástica
da erosão e progressiva melhoria das condições físicas e
químicas do solo. Com isto, foi possível adotar de forma
mais efetiva outras técnicas de cultivo que resultaram
em aumento do rendimento de grãos, como, por exem-
plo, o uso de cultivares com maior potencial de rendi-
mento, de densidade de plantas mais elevada e
espaçamento entrelinhas reduzido.
A sucessão e a rotação cultural são os pontos funda-
mentais no sistema de produção com plantio direto na
palha. A adoção deste sistema propiciou a elevação dos
rendimentos de grãos que, pela primeira vez, ultrapas-
saram 10 t.ha-1, em grande número de lavouras.
Os efeitos de uma cultura sobre a outra não eram
visualizados de forma clara quando havia o revolvimento
20
do solo. Já no sistema de plantio direto, há forte reflexo
de uma cultura sobre a outra. Isto pode ser visualizado
na Tabela 5, que mostra os efeitos de diferentes espéci-
es de inverno, seja em cultivos solteiros ou consorcia-
dos, sobre o milho cultivado em sucessão.
Tabela 5 – Rendimento de grãos de milho (t.ha-1) cul-
tivado em sucessão a três espécies de cobertura de
solo no inverno, em cultivos solteiros e consorciados,
sob dois níveis de aplicação de nitrogênio. Eldorado
do Sul-RS, 2001/2002.
Fonte: Suhre et al. XXV Congr. Nac. Milho, Cuiabá-MT, 2004. CD-Rom.
21
Os efeitos decorrentes dos sistemas de rotação e
sucessão de culturas são devidos à contribuição das cul-
turas anteriores na estruturação e na fertilidade do solo,
na ciclagem de nutrientes da resteva, na rapidez com
que ela se degrada e nos seus efeitos sobre o desenvolvi-
mento do milho cultivado em sucessão, de forma ainda
não bem esclarecida.
A produção de grãos no atual sistema de cultivo é
muito dinâmica e intensiva, pois exige o cultivo de duas
espécies por ano (inverno e verão). A adequação do
ciclo das culturas é fundamental para atender à sua
melhor época de semeadura. O uso de sistemas de ro-
tação e sucessão de culturas, além da proteção do solo
com palhada para controle da erosão, é importante para
manter relativo controle da população de
microorganismos, especialmente os necrotróficos, que
também podem atacar o milho e outras espécies usa-
das no sistema.
* * *
PRINCIPAIS MUDANÇAS NA GENÉTICA
DA CULTURA
O potencial genético de uma dada cultivar de milho
é fundamental para obtenção de altos rendimentos de
grãos, que são alcançados junto com a melhoria do
ambiente e das condições de manejo da cultura. Os
recursos genéticos do milho à disposição do agricultor
variaram muito ao longo das últimas décadas. As prin-
cipais marcas dessa mudança foram: a) substituição de
22
populações crioulas por populações melhoradas (déca-
das de 1930 a 1950); b) adoção de híbridos duplos nas
décadas de 1950 e 1960 e c) adoção de híbridos simples
e triplos, de alta produtividade, a partir da década de
1990.
A seguir serão discutidos algumas características de
planta que determinaram o aumento do rendimento de
grãos em cada uma destas três etapas:
1º) Introdução de populações abertas melhoradas
O início do século XX foi marcado pelo forte inter-
câmbio de material genético com pesquisadores de ou-
tras regiões do País, especialmente do Estado de São
Paulo. Na época, o Brasil também introduziu cultivares
de outros países, especialmente dos Estados Unidos, que
formaram a base de desenvolvimento de populações mais
produtivas que as antigas populações crioulas. São, des-
ta época, o desenvolvimento das cultivares Asteca, Caiano
e outras.
Este intercâmbio genético resultou em incremento
do rendimento de grãos devido à melhoria das caracte-
rísticas morfo-fisiológicas da planta. A principal delas foi
a maior uniformidade entre plantas, especialmente em
estatura, altura de inserção da espiga e tamanho de
espiga. Estas populações toleravam densidades um pou-
co mais altas que as anteriores, o que elevou os rendi-
mentos de grãos.
2º) Adoção de híbridos duplos
A década de 1950 assistiu a uma das maiores revolu-
ções no melhoramento genético pela introdução comer-
23
cial de híbridos duplos de milho. O Rio Grande do Sul foi
um dos estados pioneiros e contava, na época, com dois
programas de melhoramento. Um deles foi o da Secre-
taria de Agricultura do RS, na Estação Experimental de
Veranópolis, liderado pelo Dr. José Veríssimo de Oliveira.
Ali foram selecionados os híbridos SAVE, de larga reper-
cussão no Estado até as décadas de 1970 e 1980. Outro
programa importante foi o da empresa AGROCERES, no
município de Não Me Toque, sob a liderança do melhorista
Dr. José Mattos.Os híbridos AG foram e são ainda exten-
samente cultivados nas principais regiões produtoras de
milho no Estado.
As principais características daqueles híbridos du-
plos, que determinavam altos rendimentos, foram to-
lerância a maior densidade de plantas e maior unifor-
midade entre plantas no tamanho de espiga, estatura
de planta e altura de inserção de espiga. Os aumentos
no número de grãos por espiga (espigas maiores) e na
densidade de plantas foram os principais fatores res-
ponsáveis pelo incremento do potencial de rendimento
de grãos verificado com a introdução de híbridos du-
plos.
Os híbridos duplos foram também comercializados
por outras empresas privadas que se instalaram no RS ao
final da década de 1970 e na década de 1980. Muitos
híbridos duplos ainda estão sendo comercializados e seu
uso pode se constituir em boa opção para obtenção de
rendimentos e retorno econômico elevados em casos es-
pecíficos de manejo de lavouras.
3º) Adoção de híbridos simples
A desativação do programa de produção de milho
híbrido da Secretaria de Agricultura do RS e o ingres-
24
so de empresas privadas no mercado de sementes de
milho caracterizaram as décadas de 1980 e 1990. A
década de 1980 e a primeira metade da década de
1990 não trouxeram grandes avanços no potencial
produtivo dos híbridos, se comparado com o potenci-
al obtido com os materiais já disponíveis na década
de 1970. A falta de introdução de híbridos mais pro-
dutivosnas condições do RS inibiu a expansão de la-
vouras de altos rendimentos. A situação somente foi
revertida na segunda metade da década de 1990, com
a introdução de híbridos simples e triplos de alto po-
tencial de rendimento. Os primeiros híbridos simples,
introduzidos no final da década de 1980, não apre-
sentavam maiores vantagens sobre os bons híbridos
duplos então disponíveis. A mudança na visão estra-
tégica das empresas ao introduzirem híbridos simples
adaptados às condições de ambiente do RS, especial-
mente aos tipos de solo, aos estresses de água e de
temperatura, responsivos à adubação química e a al-
tas densidades de plantas, possibilitou a obtenção de
rendi-mentos de grãos acima de 10 t.ha-1, a nível de
lavoura.
A evolução da melhoria genética é mostrada na
Figura 3, que compara os rendimentos de grãos obti-
dos por uma variedade sintética melhorada, um hí-
brido duplo e um híbrido simples sob quatro níveis de
manejo. Potencialmente, houve ganho genético com
o passar do tempo e esse ganho é expresso mesmo
em condições de baixo nível de manejo, contrarian-
do um conceito generalizado de que sob condições de
estresse, as populações abertas seriam melhores que
os híbridos.
25
Figura 3 . Rendimento de grãos de milho de uma vari-
edade sintética melhorada (VS), um híbrido duplo (HD)
e um híbrido simples (HS), em quatro níveis de mane-
jo, na média de quatro ambientes (dois anos em
Eldorado do Sul-RS e dois anos em Lages-SC.
* Os níveis de manejo diferiram quanto à adubação,
suplementação hídrica, densidade de plantas e
espaçamento entre linhas utilizados. Os níveis baixo e
médio não receberam suplementação hídrica, enquanto
os níveis alto e potencial receberam. A adubação e a
densidade de plantas aumentaram à medida que aumen-
tou o nível de manejo. O espaçamento entre linhas foi
de 0,4 m somente no nível potencial, nos demais foi de
0,8 m.
Fonte: Silva et al. e Horn et al. XXV Congr. Nac. Milho, Cuiabá - MT, 2004.
CD-Rom
*
26
O novo conceito de “alto rendimento” passa neces-
sariamente pela adoção de híbridos de “alto potencial”,
seja qual o rendimento final obtido. Esta mudança na
conceituação se deve fundamentalmente à incorporação
aos híbridos de características de maior eficiência na
utilização dos fatores do meio, na conversão de sua massa
seca em grãos e maior tolerância a estresses ambientais.
Os fatores básicos de produtividade são a utilização
máxima da radiação solar, combinada com temperatura
do ar e disponibilidade hídrica adequadas. Para isso, é
necessária a adoção de altas densidades de plantas para
obter área foliar adequada para captar rapidamente a
radiação incidente e mantê-la por longo período após o
espigamento. A radiação é fator fundamental para fixa-
ção de CO
2
 no processo de fotossíntese e para produção
de massa seca que, de forma eficiente, é convertida em
grãos. Alta densidade de plantas só é suportada se o
híbrido tolera alta competição entre plantas, conseguin-
do emitir espiga e produzir grãos. Estes aspectos morfo-
fisiológicos da planta foram as características que mais
se modificaram na última geração de híbridos. De uma
maneira geral, estas características já vinham sendo al-
teradas ao longo do tempo, o que permitiu o aumento
na densidade de plantas. No entanto, além da maior
tolerância à competição entre plantas, observou-se que
houve também a incorporação de maior capacidade pro-
dutiva em situações em que a lavoura é submetida a
outros tipos de estresses, como os de água ou nutrien-
tes. Isto pode ser constatado na Figura 3, quando se
comparam cultivares de diferentes épocas, sob níveis de
manejo tecnológicos distintos.
Cabe analisar o conceito, em voga, de utilizar culti-
vares de populações abertas ou híbridos de baixo poten-
cial em lavouras de média ou baixa produtividade de
27
grãos com justificativa de que se trata de materiais
“rústicos”, com alta tolerância a estresses ambientais.
O uso de híbridos simples modernos, de alto potencial,
nestas situações mostra que eles também são mais adap-
tados e mais tolerantes a estes estresses que as antigas
populações. O maior custo de semente destes híbridos
pode, na maioria das situações, ser compensado pelo
aumento obtido na produtividade de grãos.
* * *
PRINCIPAIS MUDANÇAS NA NUTRIÇÃO
DA PLANTA
Altos rendimentos de grãos só são atingidos quando
o solo for capaz de: a) armazenar suficiente água para
que pequenos períodos sem precipitação pluvial não se-
jam prejudiciais à planta, e b) suprir adequadamente as
necessidades nutricionais das plantas. A alta exigência
por nutrientes pode ser observada na Tabela 6, que
mostra a quantidade de nutrientes absorvidos por uma
lavoura que produz 10 t.ha-1 de grãos.
A maioria dos nutrientes é absorvida entre a emer-
gência e o espigamento do milho, a sua liberação pelo
solo deve ser rápida e em quantidade suficiente. Estas
quantidades raramente são supridas pela fertilidade na-
tural dos solos do Rio Grande do Sul, sem a realização da
adubação, seja química ou orgânica. Os solos das princi-
pais áreas produtoras de milho são, em geral, deficien-
tes em fósforo, e a matéria orgânica não é suficiente
para suprir a necessidade de nitrogênio desta cultura.
28
Tabela 6. Quantidade de macronutrientes extraída por
uma lavoura de milho com rendimento de 10 t.ha-1
de grãos.
Fonte: Hiroce et al., 1989.
As recomendações de dose de adubação tem aumen-
tado nos últimos anos em razão do incremento da pro-
dutividade de grãos. Para atingir altos rendimentos são
necessários que os nutrientes sejam colocados à disposi-
ção da planta já a partir da semeadura. O sistema de
plantio direto na palha modificou a recomendação de
adubação pois considera não só os rendimentos espera-
dos, como também a contribuição da cultura anterior,
especialmente na adubação nitrogenada.
A grande modificação na adubação está na interação
entre as doses de nutrientes recomendadas e a espécie
de cultura que antecede o milho. Esta interação é essen-
cial para promover altos rendimentos. Isto pode ser vis-
to na Tabela 5, quando a cultura antecessora é uma
gramínea, uma leguminosa ou uma crucífera. A
potencialização do rendimento só é conseguida quando
29
se cultiva o milho em sucessão a uma espécie que não
seja gramínea. Este efeito interativo não é bem conhe-
cido e não pode ser explicado apenas pelo aporte de
nutrientes que a espécie antecessora fornece.
O milho quando cultivado em sucessão a gramíneas
(aveia preta, aveia branca, trigo, cevada), recebe menos
nitrogênio pois há um processo de imobilização de N devi-
do à alta relação C/N dos resíduos. A estratégia para
minimizar os efeitos da imobilização são o aumento da
dose de N aplicada na semeadura e o atraso na época de
semeadura do milho após a dessecação destas espécies de
cobertura no inverno, como pode ser visto na Tabela 7.
Tabela 7. Rendimento de grãos de milho (t.ha-1) em
função de dose de aplicação de nitrogênio e atraso na
época de semeadura do milho após a dessecação como
estratégias para reduzir os efeitos prejudiciais da aveia
preta, em dois locais do Estado do Rio Grande do Sul,
1999/2000.
Fonte: Argenta et al. Ciência Rural, v.29, n.4, p.587-593, 1999.
30
A adubação nitrogenada é especialmente importante
na cultura do milho. Para cada tonelada de grãos produzi-
da a planta necessita extrair 27,7 kg de N do solo (Tabela
6). A maioria dos solos do RS não consegue suprir as plan-
tas com quantidades superiores a 80 kg.ha-1 de N, que é
obtida da mineralização da matéria orgânica durante a
estação de crescimento. Por esta razão, os estudos de
suplementação nitrogenada mostram grande efeito do N
sobre o rendimento, desde que o híbrido seja responsivo,
o solo disponha de outros nutrientes minerais em quanti-
dades satisfatórias e que a disponibilidade hídrica seja
adequada durante a estaçãode crescimento da cultura.
O aumento da eficiência de uso do N passa pelo supri-
mento adequado nos períodos de maior demanda da plan-
ta e redução das perdas por lixiviação de nitrato, devido a
excessos de precipitação pluvial ou por volatilização, prin-
cipalmente com a aplicação de uréia como fonte de N. Na
tomada de decisão quanto à época de aplicação de N
devem ser considerados vários fatores, destacando-se:
textura e teor de matéria orgânica do solo, dose de N a
ser aplicada, regime hídrico vigente durante a estação de
crescimento e espécie e quantidade de massa seca da
parte aérea da cobertura de solo no inverno.
Para obtenção de altos rendimentos de grãos reco-
menda-se maior parcelamento da aplicação de N em co-
bertura em solos arenosos, com baixo teor de matéria
orgânica, e/ou em situações com elevada precipitação
pluvial ou em lavouras com irrigação suplementar. Tam-
bém é recomendado em lavouras de milho em sucessão
a gramíneas, a aplicação da primeira época de N mais
cedo (estádio de quatro a cinco folhas expandidas) do
que quando em sucessão a leguminosas (ervilhaca co-
mum), conforme pode ser visto nas Tabelas 8 e 9, res-
pectivamente.
31
TABELA 8. Rendimento de grãos de milho em suces-
são à aveia preta em função de dose e época de apli-
cação de N. Eldorado do Sul-RS.
Fonte: Silva et al. XXV Congr. Bras. Milho. Cuiabá-MT, 2004. CD-Rom.
TABELA 9. Rendimento de grãos de milho em suces-
são à ervilhaca comum em função de dose e época de
aplicação de N. Eldorado do Sul-RS.
Fonte: Silva et al. XXV Congr. Bras. Milho. Cuiabá-MT, 2004. CD-Rom.
32
PRINCIPAIS MUDANÇAS NA ÉPOCA DE
SEMEADURA
O Rio Grande do Sul tem condições adequadas de
clima e solo que permitem o cultivo de milho em todas
as regiões ecoclimáticas. Em cada uma delas, os produ-
tores escolhem as épocas de semeadura baseados em:
a) riscos de deficiência hídrica nos períodos críticos; b)
riscos de temperaturas baixas e de geada no início ou
no fim da estação de crescimento e c) no sistema de
rotação e sucessão de culturas adotado. Com isso, ob-
servam-se, nas regiões mais quentes, semeaduras du-
rante até sete meses no ano, desde julho até janeiro;
em regiões mais frias, de outubro a início de dezem-
bro.
A ampla faixa de semeadura é geralmente adotada
quando os rendimentos de grãos não são elevados. À
medida que se deseja melhorar a produtividade de grãos,
deve-se considerar com maior prioridade os fatores tem-
peratura do ar e radiação solar, que devem ser altos
durante o pré-florescimento e o enchimento de grãos.
Com isso, a melhor época de semeadura de milho para o
Rio Grande do Sul é a do mês de outubro, de forma que
o florescimento ocorra em dezembro e o enchimento de
grãos em janeiro e fevereiro. Esta recomendação deve
ser adotada em regiões com baixo risco de deficiência
hídrica em dezembro, janeiro e fevereiro, ou sob condi-
ções de irrigação suplementar. Isto é mostrado na Figura
4, em que o milho foi semeado em três épocas, sob
cinco níveis de manejo, durante dois anos (2001/02 e
2002/03).
33
Figura 4. Rendimento de grãos de milho em cinco
níveis de manejo-1, em três épocas de semeadura, na
média de dois anos, Eldorado do Sul-RS.
-1 As diferenças entre níveis de manejo são as mesmas
descritas na Figura 3.
Fonte: Forsthofer, E.L. Dissertação de Mestrado do PPGFitotecnia, UFRGS,
2004.
O produtor decide semear milho no início da estação
de crescimento ou no seu final (safrinha) quando o risco
de falta de água no verão é alto ou a seqüência de
cultivos o obriga a esta decisão. Em um caso ou outro,
em ambas as épocas, a lavoura não se beneficia de toda
a radiação solar e, potencialmente, os rendimentos são
mais baixos. A Figura 5 mostra para o milho implantado
em duas épocas de semeadura, as disponibilidades de
radiação solar e de temperatura do ar ao longo da esta-
ção de crescimento do milho, na média do período de
1968 a 1977.
34
Figura 5. Temperatura média e radiação solar média
dos anos 1968/77. Eldorado do Sul.
SE- Semeadura EM- Emergência DP- Dif. Pendão
EP- Espigamento MF- Mat. Fisiológica
Fonte: Noldin, J.A. Dissertação de Mestrado do PPGFitotecnia, UFRGS, 1985.
Os períodos de deficiência hídrica no Rio Grande do Sul
são ocasionais e não bem definidos na época do ano em
que acontecem. Quando há falta de água, os efeitos são
muito drásticos na lavoura de milho, resultando em sérias
restrições ao rendimento de grãos. Isto complica sobrema-
neira a tomada de decisão de escolher a época de semea-
dura. Para cada região, observa-se que há concentração
de semeadura em época bem definida. Esta decisão é ge-
ralmente tomada em razão dos riscos de deficiência hídrica
35
durante o ciclo da cultura. As semeaduras do início da esta-
ção (em geral, em agosto) são menos sujeitas à falta de
água. O prejuízo decorrente das menores radiação e tem-
peratura do ar disponíveis às plantas no início do ciclo é
parcialmente compensado pela alta insolação verificada em
dezembro/janeiro no final do ciclo, que beneficia o enchi-
mento de grãos. Rendimentos de grãos acima de 10 t.ha-1
já são atualmente atingidos em semeaduras de agosto e
setembro. Isto demonstra que o potencial dos híbridos po-
derá ser ainda melhor expresso se a semeadura for realiza-
da no mês de outubro, onde não haja risco de falta de
água. As semeaduras na safrinha (dezembro/janeiro) apre-
sentam menor potencial, pois o florescimento vai ocorrer
no início de março, quando a radiação solar e a temperatu-
ra do ar são baixas, prejudicando o enchimento de grãos
em março e abril. Além disto, as plantas estão mais sujei-
tas ao ataque de moléstias de colmo e ao acamamento de
plantas nesta época tardia.
* * *
PRINCIPAIS MUDANÇAS NO ARRANJO
DE PLANTAS
Altos rendimentos de grãos de milho só podem ser ob-
tidos com o perfeito ajuste do número de plantas por uni-
dade de área. O número ideal de plantas por área é deter-
minado de acordo com a cultivar utilizada, a forma de uso
do milho, o nível de fertilidade do solo e de adubação pre-
vista e com o risco de falta de água durante o ciclo.
Nas melhores condições de ambiente, os atuais hí-
bridos são recomendados para densidades de até 70.000
a 75.000 plantas.ha-1 para obtenção de rendimentos de
lavoura entre 12 a 13 t.ha-1. A recomendação de densi-
36
dade deve ser menor em ambientes menos favoráveis,
como sob baixa fertilidade do solo ou deficiência hídrica.
A densidade de plantas foi aumentando lentamente nos
últimos 50 anos, mas de forma mais efetiva nos últimos 10
anos, graças à entrada no mercado de híbridos tolerantes
ao estresse imposto pela maior competição entre plantas.
A planta de milho apresenta uma característica pecu-
liar na reação ao aumento da densidade de plantas. As
capacidades de emitir espiga (alongamento dos entrenós
basais - pedúnculo) e de liberação dos estigmas depen-
dem, em alto grau, da tolerância que cada cultivar tem a
esse estresse. As antigas populações crioulas e os primei-
ros híbridos lançados no mercado eram desprovidos des-
tas características e as densidades máximas recomenda-
das raramente ultrapassavam 50.000 plantas.ha-1. Uma
exceção foi o híbrido SAVE 135 (Secretaria da Agricultura
do RS) cultivado por muitos anos no Estado, que apresen-
tava tolerância à densidade de plantas de até 70.000 a
80.000 plantas.ha-1. A descontinuidade no enfoque na busca
de materiais com estas características só foi rompida em
meados da década de 1990, quando surgiram alguns hí-
bridos simples tolerantes a altas densidades de plantas.
A resposta do milho a altas densidades varia, além
do híbrido e das condições hídricas e nutricionais do solo,
com o espaçamento entrelinhas utilizado, conforme pode
ser visto na Figura 6.
O espaçamento entrelinhas foi diminuindo ao longo do
tempo, passando de 1,0m para 0,5 m nos dias atuais. Os
espaçamentosmaiores, que eram utilizados para facilitar o
sistema de consórcio e o controle de plantas daninhas à
tração animal, foram mantidos no início do período de
mecanização para realizar a capina mecanizada. A adoção
do sistema de plantio direto na palha eliminou a capina
mecanizada, substituída pelo uso de herbicidas seletivos e,
com isso, a distância entrelinhas pode ser diminuída.
37
Figura 6 . Rendimento de grãos de dois híbridos de
milho em função de densidade de plantas, sob quatro
espaçamentos entrelinhas. Eldorado do Sul-RS.
Fonte: Argenta et al. XXIV Congr. Nac. Milho, Florianópolis-SC 2002. CD-
Rom.
38
O menor espaçamento entre linhas permite o arranjo
de plantas de forma mais eqüidistante. Uma das suas
vantagens é a rápida cobertura de solo, com melhor apro-
veitamento da radiação solar e menor perda de água. Ela
só é obtida em situações de lavouras com alto rendimento
de grãos, em que a radiação solar é o principal fator
limitante ao rendimento. Outro benefício advindo do uso
de espaçamento entrelinhas mais reduzido é o controle
mais eficiente de plantas daninhas, devido ao
sombreamento mais rápido do solo. Geralmente, quando
as lavouras tem restrições mais graves, que resultam em
menores rendimentos de grãos, não há benefícios do uso
de menor espaçamento entrelinhas. Isto pode ser visto na
Tabela 10, em que o milho foi cultivado sob três níveis de
manejo. Geralmente, os benefícios advindos do uso de
espaçamento entrelinhas reduzido sobre o rendimento de
grãos é pequeno, variando de zero a 10%.
39
Tabela 10. Rendimento de grãos de milho (kg.ha-1)
em dois espaçamentos entrelinhas, em três níveis de
manejo, na média de dois híbridos e de duas densida-
des de plantas. EEA/UFRGS, Eldorado do Sul-RS.
Fonte: Strieder et al. XXV Congr. Bras. Milho, Cuiabá-MS, 2004. CD-Rom.
1/ Os níveis de manejo variaram quanto à irrigação su-
plementar, adubação e densidade de plantas. A aduba-
ção e a densidade aumentaram à medida que se
incrementou o nível de manejo de médio para potencial.
O nível de manejo médio não recebeu irrigação suple-
mentar, enquanto o alto e potencial receberam.
* Médias seguidas apela mesma letra na linha não
diferem significativamente pelo teste de Duncan, a 5%
de probabilidade.
40
PRINCIPAIS MUDANÇAS NA MECANIZAÇÃO
DA LAVOURA
A obtenção de altos rendimentos de grãos de milho
passa necessariamente pela precisão na aplicação dos
tratos culturais e nas operações de semeadura e colhei-
ta.
As principais práticas de manejo compreendem
duas ou mais aplicações de defensivos (inseticidas e
herbicidas, principalmente). A aplicação destes produ-
tos com equipamento de baixa precisão, quanto à dose
e à uniformidade da área atingida, é inadmissível quan-
do se planeja a lavoura para atingir altos rendimen-
tos. Isto é devido ao fato de que o manejo integrado
de pragas e plantas daninhas tem conceituação basea-
da no nível de dano econômico. A presença destes agen-
tes bióticos é tolerada até certo grau de ataque/
infestação, acima do qual é necessária a aplicação de
defensivos. Caso estes sejam aplicados de maneira in-
correta, há redução no rendimento de grãos, pois
freqüentemente eles limitam a produtividade. A efici-
ência da aplicação terrestre de defensivos evoluiu so-
bremaneira, seja através de pulverizadores tracionados
por trator ou de auto-propelidos com controle de va-
zão, adequando-se com isso às condições variáveis de
vento e umidade do ar.
As máquinas de semeadura também evoluíram muito
quando se passou do sistema de preparo convencional
para o de plantio direto na palha. A adoção do novo
sistema exigiu o desenvolvimento de discos apropriados
para corte da palhada, com mínimo revolvimento do
solo.
41
A colocação das sementes em profundidade unifor-
me e em distância regular uma da outra é, também, um
dos requisitos básicos para altas produtividades. Os atu-
ais híbridos, com boa uniformidade entre plantas, exi-
gem semeaduras precisas para explorar esta vantagem.
Nos últimos 20 anos observou-se substancial melhoria na
precisão das semeadoras na distribuição de sementes
nas lavouras de milho.
As máquinas de colheita, do mesmo modo que as se-
meadoras, tiveram que ser adaptadas ao novo sistema de
cultivo de plantio direto na palha. As colhedoras tradicio-
nais de milho semeado com maiores distâncias entreli-
nhas (0,9 a 1,0 m)não se adaptaram para colheita de
lavouras com espaçamentos menores (0,5 m). As plata-
formas das novas máquinas permitem colher milho sob
diversos espaçamentos entrelinhas, com alto rendimento
de colheita e substancial redução nas perdas de grãos.
* * *
PRINCIPAIS MUDANÇAS NOS TRATAMENTOS
FITOSSANITÁRIOS
O milho, nas últimas décadas, apresentava poucos
problemas com ataques de pragas e moléstias. Os preju-
ízos no rendimento de grãos pela ação de pragas, eram
sentidos somente em situações não muito comuns de
alta infestação. O mesmo acontecia com relação a mo-
léstias, embora muitas ocorressem em milho, mas o con-
trole era feito apenas em ocasiões especiais.
42
A tolerância das principais cultivares a pragas e mo-
léstias fez com que estes fatores não estivessem por mui-
to tempo entre os principais limitadores do rendimento
de grãos, desde que a semeadura fosse realizada na épo-
ca recomendada. As principais limitações para obtenção
de altos rendimento de grãos decorriam da falta de água,
baixa fertilidade do solo e do controle inadequado de plan-
tas invasoras. Com o avanço de técnicas de cultivo e o uso
de insumos mais eficientes para superar as maiores limi-
tações, pragas e moléstias passaram a ter maior relevân-
cia em lavouras de alto rendimento.
As pragas estão presentes em todos os estádios de
desenvolvimento da cultura do milho. Na semeadura,
corós e lagartas são importantes pois causam redução
do número de plantas por área. O controle com inseti-
cidas específicos permite o estabelecimento de lavou-
ras com densidades de plantas apropriadas. A lagarta
do cartucho vem tendo uma forte presença em alguns
anos, especialmente em lavouras semeadas em épocas
mais tardias, com baixa disponibilidade hídrica e eleva-
da temperatura do ar. Nestas situações, tem sido ne-
cessário o controle através de inseticidas que atinjam o
inseto no interior do “cartucho” das folhas em que es-
tão se desenvolvendo. Muitas vezes, o controle químico
deixa a desejar, devido à dificuldade de contato do
inseticida com a lagarta. A expectativa de utilização de
híbridos com o gene Bt poderá eliminar o uso de inseti-
cidas para este fim. O gene Bt é extraído de uma bac-
téria existente no solo e transferido ao milho, induzin-
do na planta a formação de uma toxina à lagarta. Este
gene é amplamente utilizado na Argentina e nos Esta-
dos Unidos, principalmente, e tem se mostrado muito
efetivo no seu controle.
43
Desde o início, os programas de melhoramento de
milho enfatizaram o desenvolvimento de cultivares pou-
co sensíveis a patógenos de forma que não compro-
metessem a produtividade. Embora presentes na mai-
oria das cultivares, a ferrugem, a helmintosporiose e
outras moléstias não eram passíveis de controle quí-
mico pois não causavam reduções de rendimento que
justificassem o seu uso. O sistema de plantio direto
na palha modificou o grau de incidência de moléstias
em milho. A sobrevivência de esporos era dificultada
no sistema de preparo do solo convencional, mas no
sistema de plantio direto os patógenos necrotróficos
(que sobrevivem nos restos culturais da palhada) au-
mentaram a sobrevivência, especialmente com o uso
freqüente de gramíneas em sistemas de sucessão e
rotação de culturas. Fungos dos gêneros Phaeosphaeria
e Helminthosporium estão presentes com maior fre-
qüência nas lavouras atuais, embora os esforços das
empresas de melhoramento de milho em colocar no
mercado híbridos com boa tolerância a estas molésti-
as. Alguns híbridoscom sensibilidade a Phaeosphaeria
são recomendados para serem utilizados em épocas
de semeadura que propiciam menor incidência duran-
te o ciclo.
Um dos maiores desafios dos programas de melhora-
mento é compatibilizar características morfo-fisiológi-
cas associadas a altas densidades com sanidade de plan-
tas. A utilização de práticas de manejo que previnam a
incidência de moléstias, tais como rotação e sucessão de
culturas, adaptação do genótipo à região de cultivo e
tratamento de sementes, é fundamental para que se
possam utilizar altas densidades como uma estratégia de
manejo no arranjo de plantas para obtenção de rendi-
44
mentos de grãos elevados. É importante ressaltar que o
incremento na densidade de plantas na lavoura para ob-
tenção de altos rendimentos de milho pode aumentar a
incidência de moléstias.
As plantas daninhas em lavouras de milho represen-
tam um dos fatores de maior restrição à obtenção de
altos rendimentos de grãos. A planta de milho é muito
suscetível à competição inicial quando ocorrer rápido es-
tabelecimento de plantas concorrentes. Em lavouras de
elevados rendimentos de grãos, o controle mecanizado
foi substituído pelo controle químico de plantas dani-
nhas, estando disponíveis no mercado herbicidas seleti-
vos eficientes para as principais espécies daninhas inci-
dentes na cultura.
Com a expectativa de serem obtidos altos rendimen-
tos de grãos, deve ser reduzido o limite de tolerância à
presença de plantas daninhas. Em geral, um pequeno
número de plantas, especialmente das espécies mais
agressivas, já reduz significativamente o rendimento de
grãos. A redução do espaçamento entrelinhas para 0,4
ou 0,5m exerce melhor controle cultural das plantas da-
ninhas, por propiciar sombreamento mais rápido do solo,
conforme pode ser verificado na Figura 7.
45
Figura 7. Efeito do espaçamento entrelinhas reduzi-
do e do controle químico, complementando a ação
dos herbicidas, especialmente dos pré-emergentes,
na incidência de plantas daninhas na cultura do mi-
lho, no estádio do espigamento. EEA/UFRGS, Eldorado
do Sul-RS.
Fonte: Argenta et al. XLV Reunião Técnica Anual do Milho, Pelotas-RS.
Anais. p.702-710.
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POR QUE DA NECESSIDADE DE OBTENÇÃO
DE ALTOS RENDIMENTOS?
A maior economicidade da lavoura de milho geral-
mente é conseguida com manejo que resulta em altos
rendimentos de grãos. A adoção deste conceito tem pau-
tado a discussão sobre a real necessidade de se atingir
altas produtividades para maior retorno por hectare de
lavoura. Os dois pontos essenciais neste debate são: pro-
babilidade de ocorrência de riscos climáticos e capacida-
de de investimento do produtor.
Os riscos climáticos referem-se, principalmente, aos
freqüentes períodos de seca que assolam o Estado do
Rio Grande do Sul em momentos não predizíveis. Neste
sentido, uma linha de pensamento propõe que, em re-
giões mais suscetíveis aos riscos, as lavouras devem ter
menor investimento em insumos e usar híbridos de
menor potencial de rendimento. Neste caso, havendo
deficiência hídrica, os prejuízos econômicos seriam
menores. No entanto, com essa estratégia, os rendi-
mentos esperados não serão altos se as condições cli-
máticas forem favoráveis durante a estação de cresci-
mento. A longo prazo, na média, a lucratividade será
pequena pois, embora os prejuízos nos anos secos se-
jam menores, os ganhos nos anos favoráveis não serão
grandes.
Outra linha de pensamento é adotada quando o pro-
dutor tem capacidade de investir em insumos, e pro-
põe investimentos visando altos rendimentos de grãos,
mesmo enfrentando riscos de uma eventual falta de
água, mas apostando em ganhos maiores e
47
compensadores em anos favoráveis. A pesquisa tem
demonstrado que, cultivares que recebem manejo para
potencializar o rendimento de grãos, são mais toleran-
tes ao estresse hídrico do que quando as cultivadas com
menores investimentos. As plantas tem maior cresci-
mento, que permite tolerar períodos de estresse com
mais sucesso.
Os produtores das regiões do Planalto Médio e dos
Campos de Cima da Serra, região com menor probabili-
dade de ocorrência de estresse hídrico, já adotam essa
estratégia e tem as lavouras direcionadas para altos
rendimentos. O sucesso destes produtores decorre da
constatação de que há rentabilidade do milho quando a
produtividade é alta, pois as margens de lucro só se
viabilizam nesta situação.
Os custos diferenciais entre uma lavoura de média
e alta produtividade estão na aquisição de sementes e
de outros principais insumos, como fertilizantes e pro-
dutos químicos. Os incrementos no rendimento de grãos
cobrem o aumento de custos e viabilizam a lavoura.
Isto é exemplificado quando se calcula a economicidade
de lavouras de milho em função do nível de manejo,
com diferentes tipos de cultivares e épocas de semea-
dura, conforme se observa, respectivamente, nas Fi-
guras 8 e 9. Nestas situações, obteve-se maior mar-
gem bruta com os maiores investimentos realizados com
o uso de cultivares com maior potencial produtivo, cul-
tivadas sob alto nível de manejo, e na época de semea-
dura de outubro, a qual potencializa o uso da radiação
solar.
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Figura 8. Margem bruta obtida por três tipos de culti-
vares de milho, em quatro níveis de manejo, na mé-
dia de quatro ambientes.
1/ As diferenças entre os níveis de manejo são os mes-
mos já descritos na Figura 3.
Fonte: Silva et al. e Horn et al. XXV Congr. Bras. Milho, Cuiabá-MT, 2004.
CD-Rom.
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Figura 9. Margem bruta obtida com a cultura do milho
cultivado sob cinco níveis de manejo, em três épocas de
semeadura, na média de dois anos, Eldorado do Sul-RS
1/ As diferenças entre os níveis de manejo são os mes-
mos já descritos na Figura 4.
Fonte: Forsthofer, E.L. Dissertação de Mestrado do PPGFitotecnia, UFRGS,
2004.
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AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à APASSUL (Associação dos Pro-
dutores e Comerciantes de Sementes e Mudas do RS) e à
Fundação Pró-Sementes de Apoio à Pesquisa, pelo apoio
financeiro para a edição do livro e ao Prof. Marcelo
Teixeira Pacheco pelo auxílio prestado na formatação do
texto.

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