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Farmacologia - O TRATO GASTROINTESTINAL

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LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA SIMPLICIO 
 
RESUMO DE FARMACOLOGIA – CAP.21: O TRATO GASTROINTESTINAL (TGI) 
Inervação e hormônios do TGI 
Os músculos liso, vasos sanguíneos e as glândulas em geral são os elementos que se encontram sobre 
controle neural e hormonal. 
Controle neuronal – o plexo mioentérico e submucoso estão interconectados e ambos recebem fibras 
parassimpática pré-ganglionáres do nervo vago (fibras colinérgicas e excitatórias) e fibras simpáticas (fibras que inibem 
a secreção da acetilcolina). Para exercer suas funções, esses plexos contêm neurônios sensoriais que respondem a 
estímulos mecânicos e químicos. 
Controle hormonal – a secreção endócrina é principalmente de peptídeos, tendo como representante mais 
importante, a gastrina. Já as secreções paracrinas, secretam peptídeos regulatórios, como, por exemplo, a histamina. 
Secreção gástrica 
O estomago secreta cerca de 2,5 L de suco gástrico diariamente, sendo que o pepsinogênio ( secretado pelas células 
principais), acido clorídrico e o fator intrínseco (proveniente das células parietais) são seus constituintes. 
Regulação de ácido pelas células parietais 
A anidrase carbônica quebra o ácido carbônico em íon bicarbonato e íon H+. O primeiro é transportado por um antiporte 
de troca de Cl- por HCO3-. Então, o íon Cl- é transportado ativamente por um transportador simporte para a luz 
estomacal junto com íons K+. Por sua vez, esse íon, é transportado de volta para o citoplasma da célula, enquanto íons 
H+ são transportados para o exterior. 
Gastrina 
A gastrina é um hormônio peptídico que atua na estimulação de ácido pelas células parietais e indiretamente, na 
secreção de pepsionogênio. Ainda, estimula o fluxo sanguíneo e a motilidade gástrica. Esse hormônio é estimulado 
pela distensão estomacal e inibido quando o pH alcança 2,5 ou menos. 
Atividade da acetilcolina, histamina e gastrina 
As células parietais são estimuladas pela histamina que atua em receptores H2, e 
portanto, estimulam a secreção de HCl. O mecanismo de ação se deve a ligação 
da histamina aos seus receptores e com isso o aumento de AMPc. A gastrina por 
outro lado, liga-se a receptores M2, aumenta o cálcio do citosol. A associação 
dos efeitos da histamina e gastrina por sua vez, estimula as células parietais na 
liberação de HCl. 
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DROGAS UTILIZADAS PARA INIBIR OU NEUTRALIZAR A 
SECREÇÃO DE ÁCIDO GASTRICO 
1) Antagonistas dos receptores H2 
 Essa classe representou uma grande conquista no 
tratamento farmacológico da ulcera péptica. 
 Exemplo de fármacos: Cimetidina, famotidina e 
renitidina 
 Mecanismo de ação: são antagonistas da 
histamina, inibindo competitivamente as ações 
desta em seus receptores e consequentemente, a 
secreção de ácido gástrico; 
 Indicações terapêutica: Ulcera péptica, esofagite de 
refluxo e esofagite erosiva; 
 Efeitos adversos: diarreia, tontura, erupções 
cutâneas transitórias, mialgia, artralgia, 
ginecomastia; 
 Contra-indicações: Contra indicado em hipersensibilidade ao fármaco. 
Farmacodinâmica 
 São administrados via oral ou mesmo por via endovenosa e intramuscular 
 Cimetidina inibe o citocromo P450 o que potencializa os fármacos, anticoagulantes orais, fenitoína, 
carbamazepina, nifedipina, teofilina e triciclicos 
 
2) Inibidores da bomba de prótons 
 Exemplo de fármaco: Lansoprazol, omeprazol, pantoprazol. 
 Mecanismo de ação: inibem irreversível da bomba H+/K+ ATPase que constitui a etapa terminal na 
secreção de HCl. 
 Indicação terapêutica: Ulcera péptica resistente a classe acima citada, esofagite de refluxo, terapia de 
H. pylori, síndrome de Zollinger –Elliso 
 Efeitos adversos: cefaleia, diarreia, erupções cutâneas, tumores carcinoides gástricos (uso 
prolongado), mialgia e artralgia. 
 Contra-indicado: Contra indicado em hipersensibilidade ao fármaco. 
Farmacocinética 
É administrado via oral, sendo eliminado rapidamente e completamente como metabolito inativo; 
A administração diária afeta a secreção, em caso de interrupção do tratamento, em 3 dias. 
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3) Antiácidos 
São menos eficientes nas ulceras gástricas; 
Sais de magnésio causam diarreia e de alumínio constipação, portanto, devem ser preferencialmente 
prescritas misturas; 
Mecanismo de ação: atuam ao neutralizar o ácido gástrico; 
Fármacos Indicação terapêutica Efeitos adversos Contra-indicação 
Gel de hidróxido de 
alumínio 
Dispepsia associado a ulcera 
péptica; 
Depleção de fosfato, 
obstipação 
Hipersensibilidade ao fármaco 
Hidroxido de magnésio Dispepsia associado a ulcera 
péptica; Gastrite 
Diarreia, hipermagnesia Hipersensibilidade ao fármaco 
Bicarbonato de sódio Dispepsia e osteoporose Colicas, flatulência, alcalose e 
vômito 
Alcalose respiratória; 
Hipocalcemia e Hipocloremia 
DROGAS QUE PROTEGEM A MUCOSA 
1) Quelato de bismuto 
Exemplo de fármaco: Bismuto coloidal 
Mecanismo de ação: Revestimento da mucosa gástrica como uma camada protetora e terá efeito citotóxico 
sobre H. Pylori. Estimula a secreção de prostaglandinas e solução de bicarbonato 
Indicação terapêutica: Ulceras pépticas e infeções por H. Pylori 
Efeitos adversos: náusea, vômitos, escurecimento da língua e das fezes 
Contra-indicado: alegria a aspirina ou outro salicilatos; 
2) Sucralfato 
Exemplo: sucralfato 
Mecanismo de ação: Revestimento da mucosa gástrica como uma camada protetora, onde degrada a pepsina 
e limita a difusão dos íons hidrogênio; 
Indicação terapêutica: Ulceras pépticas; 
Efeitos adversos:constipa~ção, náuseas, vômitos, cefaleia e erupções cutâneas; 
Conta-indicado: Hipersensibilidade ao fármaco. 
Vômitos 
O ato de vomitar é um processo complexo e exige atividade coordenada dos músculos respiratórios somáticos 
e abdominais em conjunto com a musculatura involuntária do TGI. O mecanismo de reflexo do vomito é ativado pela 
zona de gatilho quimiorreceptora (ZGT), que é uma área neuronal sensível a estimulos químicos locais de drogas e de 
substâncias emetogênicas. 
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 Impulsos provenientes da ZGT passam da área postrema do assoalho do quarto ventrículo e atingem 
áreas do tronco cerebral, mais especificamente, o centro do vomito que controlam a integração entre as funções 
viscerais e somáticas envolvidas no vômito. Uma observação a ser feita é que o vômito pode ser deflagrado por 
estímulos visuais, olfativos, emocionais, dolorosos, entre outros. 
Além disso, é imprescindível recordar que neurotransmissores como acetilcolina, histamina, serotonina e 
dopamina estão envolvidos no centro do vômito. 
 
Agentes antiémeticos 
1) Antagonistas dos receptores H1 
Exemplo de fármacos: ciclizina (cinetose), cinariza (distúrbios vestibulares); 
Mecanismo de ação: Atuam como receptores da histamina no receptor H1; 
Indicação terapêutica: Cinetose, distúrbios vestibulares, náusea na gravidez; 
2) Antagonistas dos receptores muscarinicos 
Exemplo de fármacos: Hioscina; 
Mecanismo de ação: antagonizam a acetilcolina nos receptores muscarinicos; 
Indicação terapêutica: distúrbios vestibulares; 
Efeitos adversos: sonolência e ressecamento da boca; 
3) Antagonistas da 5-HT 
Exemplo: Ondansetron; 
Mecanismo de ação: atua como antagonista da 5-HT( neurotransmissor da êmese) 
Indicação terapêutica: Vômitos causados por uso de antineoplasicos citotóxicos, vômitos pós-operatórios e 
induzidos pela radiação; 
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Efeitos adversos: cefaleia e distúrbios do TGI. 
 
4) Canabinóides 
Exemplo: nabilona; 
Mecanismo de ação: atua na ZGQ e reduz os 
vômitos; 
Indicação terapêutica: Vômitoscausados por uso de antineoplasicos citotóxicos; 
Efeito adverso: sonolência, tonturas e ressecamento da boca . 
Motilidade do TGI 
Purgativos: Aceream a passagem do alimentoatravés do intestino 
1) Laxativos formadores de bolo fecal 
Exemplos: Metilcelulose 
Mecanismo de ação: atuam em virtude da sua 
capacidade em reter água na luz intestinal, promovendo 
o peristaltismo como consequencia 
Não apresentam efeito adversos, porém sua ação é 
LENTA. 
2) Laxativos osmóticos 
Exemplo: lactulose-sulfato ou hidróxido de 
magnésio; 
Mecanismo de ação: Mantém por osmose um volume 
aumentado de líquido na luz intestinal, acelerando a 
transferencia do conteudo intestinal e resultando na 
chegada inusitada de volume no cólon. 
Efeitos adversos: Flatulencias, cólicas, diarréia e distúrbios eletroliticos. 
3) Emolientes fecais 
Exemplo: docusato de sódio 
Mecanismo: atua como um detergente, 
produzindo fezes com consistência mole; 
4) Purgativos estimulantes 
Exemplo: sene, bisacodil 
Mecanismo de ação: aumenta a secreção de 
água e eletrolitos pela mucosa e ao mesmo 
tempo intensifica o peristaltismo 
Efeitos adversos: colicas abdominais 
REFERÊNCIAS: 
RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale farmacologia. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 778 p. 
RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale farmacologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. 703 p. 
GOLAN, David E. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

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