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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CAMPUS DE TOLEDO CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA PRÁTICA 09 – VOLUME PARCIAL MOLAR GABRIELA JULIANI MOREIRA LUÍSA ROBERTO MARTINS MARJHORIE THAIS MENEGUZZO DEON ROBERTA GONÇALVES BENETTI TOLEDO– PR, OUTUBRO – 2015. GABRIELA JULIANI MOREIRA LUÍSA ROBERTO MARTINS MARJHORIE THAIS MENEGUZZO DEON ROBERTA GONÇALVES BENETTI PRÁTICA 09 – VOLUME PARCIAL MOLAR Relatório entregue como requisito parcial de avaliação da disciplina de Laboratório de Engenharia Química I do curso de Engenharia Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo. Prof. Thiago Olinek Reinehr. TOLEDO – PR, OUTUBRO – 2015. RESUMO O conhecimento do comportamento de grandezas termodinâmicas de soluções na fase liquida é de grande importância dentro da indústria química devido a frequência com que elas são empregadas nos projetos de processos. A determinação dos volumes parciais molares dos componentes de uma mistura formada por álcool e etanol foi o objetivo desta prática realizada. Para isso, preparou-se onze soluções de diferentes frações molares de água e etanol, transferindo-se as mesmas para onze picnômetros, os quais foram levados para banho termostático. Mediu-se, então, a massa dos picnômetros contendo as misturas, para então determinar o volume molar das misturas por meio da massa molar e da densidade das misturas. A partir dos volumes molares das substâncias puras e da variação de volume de mistura, determinou-se então os volumes molares parciais para cada composição de mistura. 1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Há uma classe de propriedades termodinâmicas conhecidas como propriedades parciais, que trazem uma relação fundamental entre propriedades para soluções homogêneas com composição variável. (SMITH & VAN NESS, 2000). Na termodinâmica, o conceito de propriedade parcial molar é muito importante no estudo de sistemas homogêneos devido a esta propriedade traduzir a variação de uma determinada propriedade com a temperatura, pressão e a composição de outros componentes da mistura constantes. (ATKINS, 1999). A propriedade parcial molar mais fácil de visualizar é o volume parcial molar, definido como a contribuição que um componente de uma mistura faz para o volume total da mistura. Por exemplo, devido às interações moleculares, a medida do volume total resultante da mistura de dois líquidos reais (ex.: etanol e água) desvia-se do volume total calculado a partir dos volumes adicionados de cada espécie. No caso da mistura etanol / água, por exemplo, ocorre uma contração de volume. Para o volume real de uma mistura binária, temos para os volumes parciais molares dos componentes a Equação (01). (01) A prática tem o objetivo de determinar os volumes parciais molares dos componentes de uma mistura binária formados por água e etanol, através do método da picnometria. Inicialmente, pesaram-se os picnômetros secos e vazios e as massas foram anotadas para sua calibração e posteriores cálculos. Em seguida, os mesmos foram preenchidos com água destilada e levados ao banho termostático a uma temperatura de 31°C durante aproximadamente 20 minutos. Após este tempo, removeram-se os picnômetros, selaram-nos com tampa e estes foram secados com papel toalha. Novamente, os picnômetros foram pesados. Este procedimento foi repetido, porém com os picnômetros preenchidos com a mistura. A partir do volume de água e álcool pré-definidos para cada mistura, coletou-se dados de massa de água e álcool das misturas preparadas, os quais estão dispostos na Tabela 1. Tabela 1 – Diferentes misturas de água e etanol Mistura Massa de água (kg.10³) Massa de etanol (kg.10³) Fração mássica de etanol (%) 1 15,00 0,00 0,00 2 13,51 1,53 10,17 3 10,51 4,55 30,21 4 7,50 7,51 50,03 5 4,53 10,51 68,84 6 3,01 11,99 79,93 7 1,50 13,53 90,02 8 0,90 14,17 94,03 9 0,45 14,54 97,00 10 0,16 14,84 98,93 11 0,00 15,00 100,00 Determinou-se a quantidade molar da água e do álcool na mistura seguindo a Equação 02, partindo da massa de ambas as substâncias e das massas molares, que são respectivamente 18,02 kg kgmol-1 e 46,06 kg kgmol-1 (PERRY, 1980). E, por meio da equação (03), determinou-se a fração molar de cada componente na mistura. Os dados obtidos estão expostos na Tabela 2. Tabela 2 –Quantidade molar e fração molar de água e etanol nas misturas Mistura Quantidade molar de água (mol.10³) Quantidade molar de etanol (mol.10³) Fração molar da água Fração molar do etanol 1 0,832 0,000 1,000 0,000 2 0,749 0,033 0,958 0,042 3 0,583 0,099 0,855 0,145 4 0,416 0,163 0,719 0,281 5 0,251 0,217 0,536 0,464 6 0,167 0,260 0,391 0,609 7 0,083 0,294 0,221 0,779 8 0,050 0,308 0,139 0,860 9 0,025 0,316 0,073 0,927 10 0,009 0,322 0,027 0,973 11 0,000 0,326 0,000 1,000 A partir das massas de água pura e da densidade da água a 31ºC (0,995371 g.mL-1), pode-se determinar os volumes dos picnômetros utilizados a partir da equação (04). Também, determinou-se a densidade de cada mistura, utilizando a equação (05). Os dados obtidos estão dispostos na Tabela 3. Tabela 3 – Dados de volume do picnômetro e densidade das misturas. Mistura Massa de água (kg.10³) Massa da mistura (kg.10³) Volume do picnômetro (m³.106) Densidade da mistura (kg.m-3) 1 13,780 13,800 13,844 996,816 2 10,040 9,860 10,087 977,526 3 10,200 9,650 10,247 941,699 4 9,970 8,930 10,016 891,541 5 12,610 10,840 12,669 855,656 6 10,140 8,460 10,187 830,457 7 10,040 8,200 10,087 812,952 8 9,970 8,070 10,016 805,681 9 10,140 8,060 10,187 791,192 10 13,780 10,870 13,844 785,173 11 12,610 9,940 12,669 784,614 Analisando-se os valores obtidos para a densidade da mistura, foi possível observar que o aumento da fração de etanol faz com que haja um decréscimo na densidade. Tal fato pode ser explicado já que a densidade do etanol é menor que a da água. Comparando o valor obtido para a densidade da mistura 1 com o valor da densidade da água na temperatura de 31ºC, obteve-se uma discrepância de 0,15%, o que mostra exatidão no método de determinação da densidade. Amassa molar média da misturafoi determinada pela equação (06). A partir disto, bem como da densidade da mistura, pôde-se calcular o volume molar real de cada uma delas, utilizando a equação (07). Os dados obtidos para massa molar média e volume molar real estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4 – Massa molar média e voluma molar real das misturas. Mistura Densidade da mistura (kg.m-3) MMmix (kg. kgmol-1) Volume molar real (mL mol-1³.kgmol-1.10³) 1 996,816 18,020 18,078 2 977,526 19,230 19,651 3 941,699 22,082 23,449 4 891,541 25,914 29,067 5 855,656 31,024 36,258 6 830,457 35,105 42,272 7 812,952 39,875 49,050 8 805,681 42,152 52,318 9 791,192 44,013 55,629 10 785,173 45,318 57,717 11 784,614 46,070 58,717 Em uma mistura binária ideal, o volume molar médio (Videal) da mistura dos componentes 1 e 2, independe do tamanho do sistema e pode ser determinado se a composição (x1 e x2) e o volume molar dos componentes puros (V1 e V2) são conhecidos (VEIT et al, 2010). Segundo Perry, 1997, o volume molar da água e do etanol é 18,046 e 58,392 mL.gmol-1, respectivamente. Então, partindo desses valores e das frações molares de água e etanol, determinou-se o volume ideal a partir da equação (08). A Tabela 5 apresenta os resultados obtidospara o volume ideal de cada mistura. Tabela 5 – Volume molar ideal determinado para as misturas. Mistura Volume molar ideal (m³.kgmol-1.10³) 1 18,046 2 19,757 3 23,889 4 29,401 5 36,751 6 42,620 7 49,482 8 52,756 9 55,434 10 57,310 11 58,392 A diferença entre os volumes molares real e ideal define a variação média de volume molar da mistura (, que é uma medida intensiva. Essa relação é dada pela Equação 09. (09) A partir desta e dos dados apresentados nas Tabelas 4 e 5, obteve-se os valores para a variação de volume molar das misturas, cujos resultados estão expressos na Tabela 6. Tabela 6 – Variação de volume molar das misturas Mistura (m³.kgmol-1.10³) 1 0,032 2 -0,106 3 -0,439 4 -0,334 5 -0,493 6 -0,348 7 -0,432 8 -0,438 9 0,195 10 0,407 11 0,325 Analisando-se os dados da Tabela 6, percebe-se que a maioria das misturas apresentou negativo, o que já era esperado, uma vez que as forças intermoleculares presentes em uma mistura real são desprezadas na determinação do volume ideal de uma mistura. Tal fato resultará em um volume real menor que o volume ideal. Porém, isso não foi observado nas variações de volume molar das misturas 9 e 10 (maior fração molar de etanol), o que pode ser justificado devido ao etanol utilizado não ser puro, com teor de 99,5%. A variação do volume de mistura em relação afração de etanol na mistura foi determinado por dois métodos: o método de aproximação de diferenças finitas (derivação numérica) e através de um ajuste polinomial. Para o método da aproximação de diferença foi utilizada a equação (10). Os valores resultantes da equação (09) estão dispostos na Tabela 7. Tabela 7 – Variação do volume de mistura em relação à fração molar de etanol pela derivação numérica. Mistura (mL.gmol-1) Fração molar do etanol 1 (7) 0,0316 0,0000 0,0000 2 (9) -0,1059 0,0424 3,2411 3 (6) -0,4395 0,1448 3,2579 4 (5) -0,3340 0,2814 -0,7724 5 (11) -0,4929 0,4636 0,8726 6 (10) -0,3484 0,6091 -0,9934 7 (9) -0,4318 0,7792 0,4903 8 (5) -0,4380 0,8603 0,0756 9 (10) 0,1954 0,9267 -9,5416 10 (7) 0,4069 0,9732 -4,5505 11 (11) 0,3247 1,0000 3,0644 Uma vez que a mistura 1 possui uma fração molar de etanol nula, não é possível o cálculo de sua derivada, pois não há um valor anterior a este. Além disso, determinou-se a variação do volume de mistura em função da fração de etanol por meio de um ajuste polinomial. Figura 1: Variação do volume molar de mistura em função da fração molar do etanol. A fim de melhorar o ajuste polinomial fez-se necessário retirar 3 pontos. O coeficiente de determinação (R²) do mesmo foi de 0,95326, resultando em uma equação cúbica, da forma = 0,0123x3 + 2,5012x2 – 2,1288x + 0,0137. Logo, a equação da derivada do ajuste polinomial será = 0,0369x2 + 5,0024x – 2,1288. A partir desta equação pode-se determinar o valor numérico para a derivada de cada fração molar de etanol. Esses dados estão na tabela 8. Tabela 8 - Variação do volume de mistura em relação à fração molar do etanol a partir do método do ajuste polinomial. Mistura (cm3.mol-1) 1 -2,1288 2 -1,9166 3 -1,4042 4 -0,7187 5 0,2587 6 0,8607 7 1,7920 8 2,2026 9 2,5381 10 2,7740 11 2,9105 Comparando os valores para a variação do volume molar da mistura em função da fração molar do etanol obtidos pelo ajuste polinomial com os obtidos pela aproximação de diferenças finitas, nota-se que o fato da retirada de 3 pontos no ajuste pode ter afetado o valor das derivadas, as quais deveriam der resultados negativos. Portanto, o método pelo ajuste polinomial apresentou melhor confiabilidade, uma vez que este representa o comportamento dos dados, enquanto que o outro é uma aproximação. Partindo da variação do volume da mistura em relação a fração molar de etanol, pode-se determinar o volume parcial molar da água e do etanol a partir das equações (11) e (12). (11) (12) Ondex1 = fração molar da água; x2= fração molar do etanol; V1= volume da água; V2= volume do etanol. ] Tabela 9 - Volume parcial molar dos componentes da mistura pela derivada numérica e pela derivada do ajuste polinomial. Mistura Método numérico Ajuste polinomial (cm3.mol-1) (cm3.mol-1) (cm3.mol-1) (cm3.mol-1) 1 18,0776 58,4236 22,6094 60,5524 2 18,0775 55,1824 21,6236 60,1214 3 18,0779 55,1660 19,5782 59,1535 4 17,4947 58,6132 18,2286 58,5746 5 17,9681 57,4415 17,6200 57,7634 6 17,1065 58,4459 18,4384 57,6950 7 17,9963 57,8520 20,8254 57,5647 8 17,6731 57,9435 22,4594 57,6466 9 9,4001 59,2877 24,6833 58,4011 10 14,0249 58,9214 26,1479 58,7243 11 21,4352 58,7167 26,8417 58,7167 Construíram-se gráficos do vomule parcial do etanol e da água em função da composição de etanol a partir dos valores dos volumes parciais molares obtidos através das derivadas pelo método numérico e pelo ajuste polinomial. Os gráficos estão representados nas figuras 2 e 3. Figura 2: Volume parcial molar da água em função fração molar de etanol. Figura 3: Volume parcial molar do etanol em função fração molar de etanol. Analisando as figuras 2 e 3, observa-se que no caso do etanol o aumento de sua composição resulta no aumento do volume parcial mola. No caso da água percebe-se o contrário, conforme aumenta a composição de etanol, diminui o volume parcial molar. A definição de uma propriedade parcial molar representa a contribuição de um componente específico para a propriedade total da mistura, tal comportamento é observado em ambos os casos. No entanto, alguns pontos se comportaram de maneira contrária a teoria, o que pode ser justificado por erros durante a realização do experimento, tais como a má secagem dos picnômetros, imprecisão nas massas aferidas, além da perda de volume ao selar o picnômetro com a tampa. Além disso, as figuras 2 e 3 reafirmam que o método do ajuste polinomial foi o mais eficaz, apresentando menores desvios. 2. CONCLUSÃO Após a realização dos experimentos bem como dos cálculos pertinentes ao objetivo proposto, pode-se dizer que a prática obteve um resultado satisfatório uma vez que o volume parcial molar de cada substância nas misturas pode ser determinado, encontrando-se perto dos valores esperados pela literatura. Além disso, a determinação da variação do volume molar das misturas mostrou em sua grande maioria resultados negativos, o que seguem de acordo com o esperado, já que as interações entre moléculas iguais são menos atrativas do que as interações de moléculas diferentes. Analisando os diferentes métodos empregados no experimento, a partir dos gráficos construídos, nota-se que o método do ajuste polinomial apresenta menor desvio quando comparado como método das diferenças finitas, sendo, portanto, o mais confiável. Alguns fatores como impurezas nas amostras de etanol utilizadas e a perda de volume ao fechar o picnômetro podem ser citados como razões do desvio dos valores esperados. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PERRY, R. H., CHILTON, C. H., KIRKPATRICK, S. D., Chemical Engineer’s Handkook. 4ª Edição. McGraw-Hill Book Company, 1980. VEIT, M, T.;Apostila dos Roteiros da Disciplina de Laboratório de Engenharia Química I – Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Toledo, 2015. SMITH, J. M. VAN NESS, H. C. Introdução à termodinâmica da engenharia química. 5ª ed., LTC, Rio de Janeiro, 2000.
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