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Ácidos carboxílicos ( apostila Prof. Valdir)

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CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
220088 
99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss NNoovvoo 
 
ompostos que contêm o grupo carboxila, -COOH, são chamados ácidos carboxílicos. 
Muitos produtos naturais e sintéticos possuem esse grupo funcional. Alimentos com 
gosto azedo devem esse gosto, normalmente, a um ou mais ácidos carboxílicos. Por 
exemplo, vinagre contém ácido acético, limão contém ácido cítrico e o gosto azedo de 
maçãs é causado pelo ácido málico. Entre os incontáveis ácidos carboxílicos sintéticos, 
podemos destacar o ácido acetilsalicílico, comercializado com o nome de Aspirina® e 
sintetizado em 1897 por Felix Hoffmann para a empresa Bayer. A aspirina é um dos 
medicamentos mais consumidos no mundo e é utilizada como antipirético, antiinflamatório e 
analgésico. 
 
CH3 C
O
OH
COOH
O COCH3
ácido acético
ácido acetilsalicílico
 
 
HOOC CH2 C CH2 COOH
CO2H
OH
ácido cítrico
HOOC CH2 C COOH
CO2H
OH
ácido málico
 
 
Assim como aldeídos e cetonas, ácidos carboxílicos e seus derivados contêm o grupo 
carbonila, C=O, mas, nos ácidos, esse grupo está sempre ligado a uma hidroxila e, por isso, 
ácidos carboxílicos têm a fórmula geral RCOOH. O grupo –COOH é chamado carboxila por 
ser uma combinação de carbonila com hidroxila. Da mesma forma que os grupos R-, 
derivados de alcanos R-H, são chamados alquila, os grupos derivados de ácidos 
carboxílicos são chamados grupos acila. 
 
R C OH
O
ácidos carboxílicos R C
O
grupo acila 
 
CC 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
220099 
Outros grupos de compostos obtidos a partir dos ácidos carboxílicos, denominados 
genericamente de derivados de ácidos carboxílicos, são apresentados na tabela abaixo. 
 
Nome do derivado Fórmula geral 
R C
O
X
Haleto de acila 
(X = F, Cl, Br)
R C O R'
O
Éster
R C
O
N
R'
R''
Amida
R C
O
O C
O
R'Anidrido
R C
O
OM
Sal de ácido carboxílico
(M = metal)
R C NNitrila
 
 
Vários derivados de ácidos carboxílicos são também encontrados na natureza. As plantas 
das famílias Compositae e Rutaceae produzem amidas, como a pellitorina e a affina, as 
quais apresentam atividade inseticida. O hormônio juvenil, substância associada ao 
desenvolvimento da pupa de insetos, é um exemplo de éster natural. 
 
pellitorina C
O
NH CH
CH3
CH3C
H
C
H
CC
H
H
CH3CH2CH2CH2CH2
affinaC
O
NH CH
CH3
CH3CC
H
CH2CH2
H
CC
H
CH3CH2CH2
H
O
CH3CH2
CH3
CH2CH2 C C
CH3
H
CH2CH2 C
CH3
C
H
C
O
OCH3
hormônio
 juvenil
 
 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
221100 
11.. NNOOMMEENNCCLLAATTUURRAA 
1.1. ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 
Na nomenclatura substitutiva, os nomes dos ácidos mono- e dicarboxílicos acíclicos simples 
(não substituídos) são obtidos trocando-se o final o do hidrocarboneto parental por óico ou 
dióico, acrescentando-se ainda a palavra ácido. O carbono da carboxila é sempre o 
número 1. 
 
CH3 C C CH CH2 COOH
CH3
ácido 3-metilex-4-inóico
CH3CH2CH2COOH ácido butanóico
HOOC CH2CH2 COOH
ácido butanodióico
 
 
Se uma cadeia não-ramificada estiver ligada diretamente a mais do que dois grupos 
carboxila, estes grupos serão designados pela adição do sufixo “carboxílico” ao 
hidrocarboneto parental. O mesmo sufixo é usado para nomear os ácidos nos quais o grupo 
carboxila está ligado a um anel (aromático ou não). 
 COOH
ácido benzenocarboxílico 
(ácido benzóico)
HOOC CH2CH2 CH CH2CH2 COOH
COOH
(e não ácido 4-carboxieptanodióico)
ácido pentano-1,3,5-tricarboxílico
carboxílico
ácido cicloexano-
COOH
 
 
Quando considerado como substituinte, o grupo carboxílico é designado por carboxi. Isso 
ocorre quando estiver presente outro grupo com maior prioridade na citação como sufixo ou 
quando nem todos os grupos carboxila puderem ser descritos no sufixo. 
 
N
CH3
COOH
+ Cl
-
cloreto de 3-carboxi-1-metilpiridínio 
HOOCCH2CH2CH2CHCH2COOH
CH2COOH
ácido 3-(carboximetil)eptanodióico 
 
 
1.2. SAIS DE ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 
São nomeados pela citação do ânion trocando-se óico ou ico por ato, seguido do nome do 
cátion. O grupo –COO- pode ser chamado de carboxilato. 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
221111 
CH3COONa NaOOC CH2CH2 COOK
acetato de sódio butanodioato de 
potássio e sódio
CO2K
cicoexanocarboxi-
 lato de potássio
 
 
1.3. ÉSTERES 
São nomeados como os sais, substituindo o nome do cátion pelo nome do grupo alquila ou 
arila. 
CH3COOCH3
acetato de metila
CO2CH2CH3
cicloexanocarbo-
 xilato de etila
CH3CH2 C O CH2CH3
O
propanoato de etila
 
 
1.4. HALETOS DE ACILA 
Cita-se o nome do haleto e o nome do grupo acila. Para dar o nome do grupo acila (ácidos 
carboxílicos que perdem –OH), troca-se o sufixo óico ou oila. Por exemplo: 
 
CH3 C
O
CH3 CH2CH2 C
O
C
O
(CH2)3 C
O
etanoil(a) ou acetil(a) butanoil(a) pentanodioil(a) 
 
Alguns exemplos de nomes de haletos de acila são: 
 
brometo de acetila dibrometo de pentanodioíla 
CH3 C Br
O
CBr
O
(CH2)3 C
O
BrCH3CH2CH2 C
O
Cl
cloreto de butanoíla 
 
1.4. ANIDRIDOS DE ÁCIDO 
a) anidridos de ácidos monocarboxílicos iguais e não-substituídos: troca-se a palavra ácido 
por anidrido. 
 
CCH3 O
O
C
O
CH3 anidrido acético (ou etanóico) 
(CH3CH2CH2CH2CO)2O anidrido pentanóico
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
221122 
 
b) anidridos de monoácidos substituídos simetricamente: são nomeados como 
anteriormente, porém com o uso do prefixo bis. 
 
CCH3CH2CHCH2 O
O
C
O
CH2CHCH2CH3
Br Br
anidrido bis(3-bromopentanóico)
CClCH2 O
O
C
O
CH2Cl
anidrido bis(cloroacético) 
 
c) anidridos de ácidos monocarboxílicos diferentes (anidridos mistos): citam-se as partes 
dos ácidos em ordem alfabética após a palavra anidrido. 
 
CH3 C O C CH2CH2CH2CH3
O O
anidrido acético pentanóico
 
 
d) anidridos cíclicos de ácidos dicarboxílicos: recebem o nome do ácido original. 
 
O
O
O
anidrido succínico, deriva-
do do ácido succínico ácido succínico
HOOC CH2CH2 COOH
 
 
1.5. AMIDAS 
Vamos tratar apenas dos derivados monoacilados da amônia: R-CO-NH2 e R-CO-NR’R”: As 
amidas não-substituídas são nomeadas a partir dos ácidos correspondentes com a troca de 
óico ou ico por amida, suprimindo-se a palavra ácido. 
 
CH3 C NH2
O
H2NOC(CH2)3CONH2
pentanodiamida acetamida
(etanamida)
CH3CH2CH2CONH2
butanamida
 
 
Amidas N-substituídas (RCONHR’ e RCONR’R”) são nomeadas citando-se os grupos 
substituintes como prefixos. 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
221133 
CH3 C N
O
H
CH3
N-metilacetamida
CH3 C N
O
CH3
CH3
N,N-dimetilacetamida
C6H5 C N
O CH3
CH2CH3
N-etil-N-metilbenzamida 
 
 
1.6. NITRILAS 
Pela nomenclatura substitutiva, os compostos R-CN recebem os sufixos nitrila ou dinitrila 
após o nome do hidrocarboneto parental. 
 
NC(CH2)3CN
pentanonitrila pentanodinitrila 
CH3 (CH2)3 C N
 
 
As nitrilas podem ser ainda nomeadas de duas formas: citando-se o nome do grupo -R, 
seguido de carbonitrila; e pela nomenclatura radicofuncional, em que a nitrila recebe o 
prefixo cianeto seguido do nome do grupo –R. 
 
CH3(CH2)3CN
 butanocarbonitrila
ou cianeto de butila
CN
 cicloexanocarbonitrila
ou cianeto de cicloexila 
 
 
Nota: o termo “nitrila” indica a ligação tríplice do nitrogênio (N) e não o carbono. Já 
“carbonitrila” designa o grupo CN. 
 
 
22.. PPRROOPPRRIIEEDDAADDEESS FFÍÍSSIICCAASS 
As substâncias carboniladas apresentam os seguintes pontos de ebulição relativos: 
 
amida > ácido carboxílico > nitrila >> éster ~ cloreto de acila ~ aldeído ~ cetona 
 
Os pontos de ebulição de ésteres, cloretos de acila, aldeídos e cetonas são menores que os 
de álcoois de massas molares equivalentes porque são incapazes de formar ligações de 
hidrogênio entre si. Em relação aos éteres, substâncias carboniladas têm maiores pontos de 
ebulição devido à maior polaridade da carbonila em relação à ligação éter. 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
221144 
Os derivados de ácidos carboxílicos são solúveis em solventes orgânicos como éteres, 
alcanos clorados e aromáticos. Da mesma forma que álcoois e éteres, as substâncias 
carboniladas com menos de quatro carbonos são solúveis em água. 
 
Ésteres, nitrilas e amidas N,N-dissubstituídas são bastante usados como solventes, pois são 
polares e não apresentam grupos hidroxila ou amino reativos. Por exemplo, a 
dimetilformamida (DMF) é um solvente polar aprótico muito comum. 
 
2.1. ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 
Quando comparados aos álcoois de cerca de mesma massa molar, os ácidos carboxílicos 
têm os maiores pontos de ebulição. 
 
HCOOH MM = 46 g mol-1 p.e. = 101°C 
CH3CH2-OH MM = 46 g mol
-1 p.e. = 78°C 
 
Isto se deve ao fato de que os ácidos carboxílicos fazem ligações de hidrogênio entre si, 
gerando dímeros. 
 
R C
O
O H
RC
O
OH
 
 
Ácidos carboxílicos são substâncias polares e fazem ligações de hidrogênio com a água. 
Como resultado, os ácidos de até quatro carbonos são miscíveis em água em todas as 
proporções; com o aumento da cadeia, a solubilidade diminui. 
 
Ácidos carboxílicos ionizam-se parcialmente em solução aquosa, sendo, portanto, ácidos 
fracos. A maioria dos ácidos carboxílicos tem Ka de 10-4 a 10-5, sendo mais fortes que 
álcoois e fenóis (quanto maior o Ka, e menor o pKa, mais forte será o ácido). Por isso, os 
ácidos reagem rapidamente com soluções aquosas de NaOH e NaHCO3, formando sais de 
ácidos carboxílicos. 
 
CH3COOH NaOH aq. CH3COONa H2O ++
NaHCO3 aq. CO2 H2O+ ++
COOH COONa
 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
221155 
Um ácido será mais forte quanto mais estável for a base conjugada (carboxilato). A 
estabilidade é aumentada pela presença de grupos retiradores de elétrons (Cl, Br, NO2 etc.) 
adjacentes à carbonila. 
 
 CH3COOH ClCH2COOH Cl3CCOOH 
Ka = 1,8 x 10
-5
 Ka = 1,4 x 10
-3
 Ka = 2,2 x 10
-1
 
 pKa = 4,74 pKa = 2,85 pKa = 0,66 
 
2.2. AMIDAS 
Têm os maiores pontos de ebulição porque apresentam fortes interações dipolo-dipolo uma 
vez que a estrutura de ressonância com cargas separadas contribui de maneira significativa 
para a estrutura total da substância. Além disso, amidas com um ou nenhum substituinte no 
nitrogênio formam ligações H, apresentando, então, altos pontos de ebulição e de fusão. 
 
CH3CH2CONH2 CH3CH2CO2H 
p.e. = 231°C p.e. = 141°C 
 
CN
R
O-
R'
"R
+
C N
R
O-
R'
R"
+
C N
R
-O
H
R"
+
C N
R
O-
R'
R"
+
 interações
dipolo-dipolo
ligação de hidogênio
 intermolecular
 
 
As amidas N,N-dissubstituídas não podem formar ligações H e, portanto, seus pontos de 
ebulição e de fusão são menores que as anteriores. 
 
CH3 C NH2
O
CH3 C N
O
CH2CH3
H
CH3 C N
CH3
CH3
O
p.f. 82°C; p.e. 221°C p.e. 205°C p.f. -20°C; p.e. 166°C
 
 
2.3 NITRILAS 
Pontos de ebulição de nitrilas são semelhantes aos de álcoois porque apresentam fortes 
interações dipolo-dipolo. 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
221166 
 
CH3CH2CH2-OH CH3CH2-CN. 
p.e. = 97,4°C p.e. = 97°C 
 interações
dipolo-dipolo
C NR
CN R
 

 
 
2.4 ÉSTERES 
Esses compostos são polares, mas não podem formar ligações H entre si, por isso têm 
menores pontos de ebulição que álcoois e ácidos carboxílicos de massa molar semelhante. 
 
Substância Função M M / g mol
-1
 p.e. / °C 
CH3CH2CH2CH3 
CH3CH2CH2-OH 
CH3-COOH 
HCOOCH3 
Hidrocarboneto 
Álcool 
Ácido carboxílico 
Éster 
58 
60 
60 
60 
0 
97 
118 
32 
 
Pela sua polaridade, os pontos e ebulição dos ésteres são ligeiramente inferiores aos de 
aldeídos e cetonas correspondentes. 
 
Substância Função M M / g mol
-1
 p.e. / °C 
HCOOCH3 
CH3CH2CHO 
CH3COCH3 
Éster 
Aldeído 
Cetona 
60 
58 
58 
32 
49 
56 
 
Em termos de solubilidade, ésteres podem fazer ligações de hidrogênio com a água e, por 
isso, apresentam solubilidade semelhante à de ácidos carboxílicos de massa molar 
correspondente. 
 
Muitos ésteres simples são líquidos de cheiro agradável, responsáveis pelos odores de 
frutas e flores. O butanoato de metila, por exemplo, ocorre no óleo de abacaxi e o acetato de 
isopentila no óleo de banana. 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
221177 
CH3CH2CH2COCH3
O
butanoato de metila
 (abacaxi)
CH3COCH2CH2CHCH3
O CH3
acetato de isopentila
 (banana)
 
 
2.5 ANIDRIDOS E CLORETOS DE ACILA 
Estes compostos não realizam ligações H, mas são polares e, por isso, possuem pontos de 
ebulição na mesma faixa dos ésteres de massa molar correspondente. 
 
 
33.. SSÍÍNNTTEESSEESS EE RREEAAÇÇÕÕEESS 
São quatro as reações do grupo carbonila: 
1
2
3
4
C C O H
H
O
B Z
B
 
 
1- remoção do próton ácido por bases (reações ácido-base); 
2- grupo carboxila (ou íon carboxilato) reagindo como nucleófilo; 
3- ataque nucleofílico ao carbono acílico (carbonila) – reações do tipo “adição-eliminação 
nucleofílica”; 
4- ataque de base ao hidrogênio . 
 
Reações Adição-Eliminação Nucleofílica no Carbono Acílico 
Essas reações são típicas de ácidos carboxílicos e seus derivados e ocorrem também nos 
organismos vivos, sendo denominadas reações de transferência acílica. É uma reação que 
tem etapa inicial semelhante à adição nucleofílica em aldeídos e cetonas. Os compostos 
acílicos (derivados de ácidos carboxílicos) reagem dessa forma porque possuem bons 
grupos abandonadores (bases fracas). 
 
Mecanismo da reação de adição-eliminação. 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
221188 
C O
R
L
C O
-
R
L
Nu
H
C O
Nu
R
HL+ +C O
-
Nu
R
L
H
+
Nu H
+
eliminaçãoadição nucleofílica
 
 
Sendo: L = grupo abandonador; R = alquil, aril ou hidrogênio. 
 
Como padrão, um derivado de ácido mais reativo é convertido em um menos reativo e 
temos a seguinte ordem de reatividade: 
 
R C Cl
O
R C O C R'
O O
R C O R'
O
R C NH2
O
> > > 
 
Essa ordem é explicada por três fatores: 
 
1- Basicidade de grupos abandonadores: quanto menos básico o grupo abandonador, mais 
reativo é o composto; 
 
2- Efeitos de ressonância: 
R C L
+
O
-
(I) (II)
R C L
O
 
 
Quanto maior a contribuiçãode (II), mais forte será a ligação C-L e, por conseqüência, 
menos reativo é o composto; 
 
3- Efeito indutivo retirador de elétrons: quanto maior esse efeito, menor é a contribuição da 
estrutura (II) – esse efeito explica a maior reatividade dos ésteres em relação às amidas. 
 
Como exemplo específico temos a reação de um cloreto de acila com água: 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
221199 
R C
Cl
O
O H
H
R C O
+
H
O
-
Cl H
Cl
-
+ +R C
O
O H
H
+
R C
O
+
H
H
O
H2O R C OH
O
H3O
+
+ +
 
 
Em geral, os compostos acílicos menos reativos podem ser sintetizados a partir dos mais 
reativos, mas o inverso é normalmente difícil e, quando possível, necessita de reagentes 
especiais. Assim, a melhor rota sintética para um anidrido, éster ou amida envolve a síntese 
inicial de um cloreto de acila. 
 
3.1. SÍNTESE E REAÇÕES DE CLORETOS DE ACILA 
3.1.1. Síntese: já que os cloretos de acila são os mais reativos dos derivados de ácidos, 
devemos usar reagentes especiais para prepará-los como SOCl2, PCl3 e PCl5. 
tricloreto de fósforo
3 R C OH
O
PCl3 3 R C Cl
O
H3PO3+ +
cloreto de tionila
R C OH
O
SOCl2 R C Cl
O
SO2 HCl+ + +
pentacloreto de fósforo
R C OH
O
PCl5 R C Cl
O
POCl3 HCl+ + +
 
 
Todas essas reações envolvem adição-eliminação nucleofílica. Vamos examinar o 
mecanismo da reação com cloreto de tionila. 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
222200 
S
O
Cl Cl
+ R C O
H
S Cl
O
-
Cl
+
R C OH
O
R C Cl
O
H O S Cl
O
SO2 HCl+ +
Cl
-
R C
O
O S Cl
O
H
+
R C O S Cl
O
-
Cl H
O
+
 
 
3.1.2. Reações de cloretos de acila 
3.1.2.1. Hidrólise: todos os derivados de ácidos carboxílicos sofrem hidrólise, em meio 
ácido ou básico, regenerando o ácido. Os cloretos de acila sofrem hidrólise mais 
rapidamente em meio básico. 
R C Cl
O
H2O
H2O / OH
-
R C OH
O
HCl+
R C O
-
O
Cl
-
+
 
 
3.1.2.2. Conversão em derivados de ácido: derivados de ácido podem ser obtidos a partir 
de cloretos de acila segundo as reações a seguir. 
 
R' C O
-
Na
+
O
(- NaCl)
R C O C R'
O O
anidrido 
R' OH, base
(- HCl)
R C OR'
O
éster 
NH3
(- NH4Cl)
R C NH2
O
amida 
R'NH2
(- R'NH3Cl)
R C NHR'
O
 amida 
N-substituída 
R'R''NH
(- R'R''NH2Cl)
R C NR'R''
O
 amida 
N,N-dissubstituída 
R C OH
O
R C Cl
O
Y Clx
Y Clx = SOCl2 ou PCl3 ou PCl5
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
222211 
 
3.1.2.3. Redução por LiAlH4 - conversão de cloretos de acila em álcoois primários: 
essa reação não é muito útil, pois os ácidos carboxílicos, precursores dos cloretos de acila, 
são mais fáceis de obter e também podem ser reduzidos por LiAlH4 a álcoois. 
 
C
O
Cl CH2OH
1. LiAlH4, éter
2. H3O
+
 
 
3.1.2.4. Reação com reagentes de Grignard – obtenção de álcoois terciários: dois 
moles do reagente de Grignard reagem com um mol do cloreto de ácido, dando um álcool 
terciário com dois substituintes iguais. 
 
C
O
Cl
CH3MgBr
éter
1. CH3MgBr / éter
2. H3O
+
C
O
CH3
C
OH
CH3 CH3
cloreto de benzoíla acetofenona
(não isolada)
2-fenilpropan-2-ol
 (92%)
 
O mecanismo dessa reação é semelhante à redução com LiAlH4. A cetona intermediária não 
pode, normalmente, ser isolada porque a adição do segundo mol do reagente de Grignard 
ocorre muito rapidamente. 
 
3.2. SÍNTESE E REAÇÕES DE ANIDRIDOS CARBOXÍLICOS 
3.2.1. Síntese: cloretos de acila reagem com ácidos carboxílicos (na presença de piridina) 
ou com seus sais de sódio para preparar anidridos. 
 
R C OH
O
R' C Cl
O
R C O C R'
O O
R C O
-
Na
+
O
R' C
O
Cl R C O C R'
O O
NaCl
+ +
+ +
N
N
H
Cl
-+
 
 
É possível preparar anidrido cíclico pelo aquecimento de ácido dicarboxílico quando se 
forma anel de cinco ou seis membros. 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
222222 
 
ácido succínico anidrido succínico 
HO C CH2CH2 C OH
O O
H2O+
300°C
O
OO
 
 
3.2.2. Reações de anidridos: a química dos anidridos é semelhante à dos cloretos de 
ácido. Embora os anidridos reajam mais lentamente, as reações dos dois grupos são as 
mesmas. Assim, os anidridos reagem com água para dar ácidos, com álcoois para formar 
ésteres, com aminas para gerar amidas e com LiAlH4 para dar álcoois primários. 
 
3.2.2.1. Síntese de derivados de ácidos: anidridos são menos reativos que cloretos de 
acila, mas são úteis na síntese de ésteres e amidas, como mostra o esquema a seguir. 
 
R C O C R
O O
R' OH
NH3
R' NH2
R'R''NH
R C O R'
O
R C OH
O
R C NH2
O
R C O
-
NH4
+
O
R C NHR'
O
R C O
-
NH3
+
R'
O
R C R'R''
O
R C O
-
NH2
+
R'R''
O
+
+
+
+
éster
amida
amida N-substituída
amida N,N-dissubstituída 
 
 
Mecanismo da conversão de anidrido acético em éster: 
 
CH3 C
O
O C
O
CH3
CH3OH
CH3 C O
-O
OCH3
C CH3
O
- H+
CH3 C O
-O
OCH3
C CH3
O
H
+
CH3 C
O
OCH3
-O C
O
CH3+
 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
222233 
3.2.2.2. Hidrólise: anidridos sofrem hidrólise recuperando os ácidos a partir dos quais foram 
formados. Esta reação é mais lenta que a hidrólise dos cloretos de acila. 
 
R C O C R'
O O
H2O
R C OH
O
R' C OH
O
+
R C O
-
O
R' C O
-
O
+
H2O / 
-
OH
 
 
 
3.3. SÍNTESE E REAÇÕES DE ÉSTERES 
3.3.1. Síntese 
3.3.1.1. Esterificação de Fischer: é o método mais comum para a obtenção de ésteres. No 
entanto, devido à necessidade de se usar excesso do álcool como solvente, esse método é 
limitado às sínteses de ésteres de metila, etila, propila e butila. Esta reação não é adequada 
aos álcoois terciários, os quais sofrem desidratação e outras reações sob as condições 
ácidas reacionais. 
 
CH3 C OH
O
C2H5OH CH3 C
O
O C2H5 H2O+ +
H
+
 
 
Essa reação é catalisada por HCl ou H2SO4; para melhorar o rendimento, como temos 
equilíbrio, pode-se usar excesso de ácido ou álcool (dependerá do preço); o aumento do 
rendimento também é possível pela remoção de água. 
 
Mecanismo: 
 
H
+
+CH3 C
O
OH CH3 C OH
O
H+
CH3 C
OH
O
OH
H
C2H5
+
C2H5 OH
+
H2O+CH3 C
OH
O
H
O
H
C2H5 CH3 C
OH
O C2H5
+
CH3 C
OH
OH2
O C2H5
+
CH3 C O C2H5
O
H3O
+
+ +CH3 C O C2H5
O
H+
H2O
 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
222244 
Nota: o mecanismo anterior é confirmado pelo uso de álcool marcado com 18O. 
 
3.3.1.2 Esterificação por alquilação: esta é uma reação SN2 de ânion carboxilato com 
haleto de alquila primário. O ânion carboxilato é menos básico e menos nucleofílico que íons 
alcóxidos e fenóxidos, mas eles reagem com agentes alquilantes que são especialmente 
reativos em reações SN2 como o iodeto de metila e haletos alílicos ou benzílicos. 
Normalmente, essa esterificação é realizada em solventes polares apróticos, como acetona, 
que aceleram as reações SN2. 
 
CH3CH2CH2 C
O
O- Na+ CH3 I
SN2
+ CH3CH2CH2 C
O
OCH3 + NaI 
 
3.3.1.3. Outros métodos de síntese: ésteres também podem ser preparados a partir deoutros ésteres (transesterificação), de cloretos de acila, de anidridos e de diazo-metano. 
 
a) Transesterificação: 
 
CH3 C O C2H5
O
CH3OH CH3 C OCH3
O
C2H5OH+ +
 ácido
ou base
 
 
b) A partir de cloretos de acila: essa reação dá melhores rendimentos, pois não há equilíbrio. 
 
R C Cl
O
R' OH R C O R'
O
HCl
base
+ + 
 
Essa reação é feita normalmente em piridina (base) que neutraliza o HCl formado. 
 
HCl+N N H Cl
-+
 
 
c) A partir de anidridos: assim como no caso das reações entre cloretos de acila e álcool não 
é necessário ácido como catalisador. 
 
R C O C R
O O
R' OH R C O R'
O
R COOH+ + 
 
d) A partir de diazo-metano: é um ótimo método para preparação de ésteres metílicos. 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
222255 
 
R C O CH3
O
+CH2N2R C OH
O
+ N2 
 
3.3.1.4 Obtenção de lactonas (ésteres cíclicos): ácidos carboxílicos contendo hidroxila 
em carbono  ou  sofrem esterificação intramolecular para dar  ou -lactonas. A reação é 
catalisada por ácido. 
 
H
+
+R CH CH2 CH2 CH2 C OH
O
O
H
  
ácido -hidroxilado



O H
O
H
O
H
R
+
 
 
O
O
R
H3O
+
+O
O
H
O
H
R
H+
+O
O H
R
+
H2O
-lactona
 
 
3.3.2. Reações de ésteres: ésteres têm o mesmo comportamento químico dos outros 
derivados de ácido carboxílico, mas a sua reatividade com nucleófilos é menor que a dos 
cloretos de acila e dos anidridos. 
3.3.2.1. Hidrólise: reação de ésteres com água regenera o ácido e o álcool, podendo se dar 
por catálise ácida ou básica (neste caso temos a saponificação). 
 
a) Hidrólise ácida: 
 
H2O CH3 C OH
O
+ +CH3 C O C2H5
O
18
C2H5 OH
18H
+
 
 
b) Hidrólise básica: conhecida por saponificação (do latim, sapo = sabão). 
 
NaOH CH3CH2 C
O
O
-
Na
+
+ +
H2O
CH3CH2 C O CH2CH3
O
18
H O CH2CH3
18
 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
222266 
Na hidrólise básica não há equilíbrio e a reação é chamada saponificação porque, quando é 
realizada com ésteres de cadeia longa (ésteres de ácido graxo), leva à formação de sabão 
(sais de ácido graxo). Os sabões são obtidos, normalmente a partir de gordura animal 
(sebo) ou óleo de coco, os quais são triacilglicerídeos (ésteres de ácido graxo com glicerol). 
 
triestearina (gordura animal)
glicerol
sabão (estearato de sódio)
CH2 O CO (CH2)16 CH3
CH O CO (CH2)16 CH3
CH2 O CO (CH2)16 CH3
3 CH3 (CH2)16 C ONa
O
+
CH CH2OHHOCH2
OH
NaOH, H2O
 
 
3.3.2.2 Conversão em amidas: ésteres são convertidos em amidas quando tratados com 
amônia ou aminas. 
 
CH3 C O CH3
O
NH3 CH3 C NH2
O
HO CH3+ + 
 
Essa reação é lenta e de rendimento inferior àquela usando haletos de acila, por isso é de 
pouca utilidade sintética. 
 
3.3.2.3. Redução por LiAlH4: os ésteres (cíclicos e acíclicos) são facilmente reduzidos a 
álcoois primários em mecanismo semelhante ao dos cloretos de acila (ver item 3.1.2.3 
acima). 
 
1. LiAlH4, éter
2. H3O
+
CH3CH2CH CHCOCH2CH3
O
CH3CH2CH CHCH2OH + CH3CH2OH
 
 
3.3.2.4. Reação com reagentes de Grignard – obtenção de álcoois terciários: ésteres e 
lactonas reagem com dois moles do reagente de Grignard para formar álcool terciário no 
qual dois substituintes são idênticos e provenientes do Grignard (ver item 3.1.2.4 acima). A 
reação se passa por mecanismo de substituição nucleofílica, gerando uma cetona 
intermediária, a qual reage imediatamente com o segundo mol do reagente de Grignard para 
render um álcool terciário. 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
222277 
1. 2 CH3MgBr
2. H3O
+
C OCH2CH3
O
CH3CH2OH+CH3(CH2)3 C CH3
OH
CH3(CH2)3
CH3 
 
3.4. SÍNTESE E REAÇÕES DE AMIDAS 
3.4.1. Síntese: amidas podem ser preparadas de várias maneiras a partir de cloretos de 
acila, anidridos de ácido, ésteres, ácidos carboxílicos e sais de ácidos carboxílicos. A 
reação, adição-eliminação nucleofílica, se dá com amônia, amina primária ou amina 
secundária. Os cloretos de ácido são os mais reativos e os ânions carboxilatos são os 
menos reativos. 
 
+R C Cl
O
NH3
+
Cl
-C
R N H
O
H
H+
R C NH2
O
NH4
+
Cl
-
+
R C NH3
O
-
Cl
NH3
 
O excesso de amônia (ou amina primária ou secundária) é usado para neutralizar o HCl que 
seria formado. O mecanismo é semelhante para as sínteses a partir de anidridos e ésteres. 
 
É possível obter amidas diretamente de ácidos carboxílicos com a geração de um sal de 
amônio que, sob aquecimento, leva à formação da amida. 
 
R C OH
O
R'R''NH R C
O
N
R'
R"
H2O++ R C O
-
O
sal de amônio
+
NH2R'R''
 
 
3.4.2. Reações de amidas 
3.4.2.1. Hidrólise: amidas são hidrolisadas quando aquecidas na presença de ácido ou 
base aquosos. A hidrólise se dá com todas as amidas, substituídas ou não. 
 
a) Hidrólise ácida: 
R C NH2
O
H3O
+
R C OH
O
+ +
+
NH4
H2O
 
 
Mecanismo: 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
222288 
 CCH3
O
NH2
+ H+
CCH3
+OH
NH2
H2O
C
OH
CH3 NH2
+OH2
intermediário
 tetraédrico I
 
 C
OH
CH3 NH2
+OH2
- H+
C
OH
CH3 NH2
OH
+ H+
C
OH
CH3 NH3
OH
+
intermediário
 tetraédrico II
 
 
C
OH
CH3 NH3
OH
+
CCH3
+OH
OH + NH3
- H+
CCH3
O
OH
H+
NH4
+
 
 
b) Hidrólise básica: 
 
R C NH2
O
Na
+
OH
-
R C ONa
O
NH3+ +
H2O
 
 
Mecanismo: o íon hidróxido age como nucleófilo e como base. 
 
R C
O
NR'2
-
OH+ R C O H
O
-
NR'2
-
OH
R C O
-
O
-
NR'2
H2O+
R C O
-
O
NHR'2
-
OH+ +R C O
-
O
-
NR'2
H OH+
 
 
3.4.2.2. Redução a aminas com LiAlH4: amidas, como os demais derivados de ácidos 
carboxílicos, são reduzidas por LiAlH4, no entanto, o produto é uma amina e não um álcool. 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
222299 
CH3 C
O
N
CH3
H
N
CH3
H
CH3CH2
1. LiAlH4, éter
2. H2O
 
 
3.4.2.3. Redução a aminas pela degradação de Hofmann: apenas para amidas primárias; 
ocorre entre amidas e hipo-halogenetos gerados in situ a partir de halogênio e base. 
 
CH3CH2 C
O
NH2 CH3CH2 NH2 2 NaBr NaHCO3 H2O+ + +
H2O
Br2 3 NaOH+ + 
 
Nota: a amina formada tem um carbono a menos que a amida, por isso a reação é uma 
degradação. 
 
3.4.2.4. Conversão de amidas a nitrilas: reação se dá com SOCl2, P2O5 ou POCl3: 
 
CH3CH2CH2 C
O
NH2
CH3CH2CH2 C N SO2 2 HCl+ +
SOCl2
benzeno, 80°C
 
 
3.5. SÍNTESE E REAÇÕES DE NITRILAS 
3.5.1. Síntese: nitrilas são obtidas, normalmente, a partir de amidas em reações com SOCl2, 
P2O5 ou POCl3. 
R C NH2
O
R C N H3PO4
P2O5
+ 
 
O método mais simples de preparação de nitrilas é a reação SN2 do íon cianeto com 
halogenetos de alquila primários. Devido às limitações espaciais das reações SN2, esse 
método é efetivo apenas na síntese de nitrilas não-substituídas na posição α, ou seja, 
R-CH2-CN. 
 
R CH2 Br Na
+
CN
-
R CH2 CN NaBr+ +
SN2
 
 
3.5.2. Reações: o comportamento químico das nitrilas é semelhante ao dos compostos 
carbonilados. Assim como a carbonila, o grupo nitrila é fortemente polarizado, o que torna o 
átomo de carbono eletrofílico. Dessa forma, nitrilas reagem com nucleófilos para dar íons 
imina, com hibridação sp2, uma reação análoga àformação do íon alcóxido na adição à 
carbonila. 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
223300 
 
composto carbonilado C
O
RR 

C
O
-
Nu
R
R
produtos 
Nu
-
 
 
R C N
Nu
-
nitrila
C
N
-
NuR
produtos 
 
 
3.5.2.1. Hidrólise: seja ácida ou básica, a hidrólise se passa sempre pela formação inicial 
de amida. 
a) Hidrólise ácida: 
 
RCOOHR C N 2 H2O NH3+ +
H
+
 
 
Mecanismo: 
 
R C N R C NH
+
H2O R C NH
+OH2
H OH2
+
+
 
 
R C
OHH
+
H2O
R C NH
OH
NH H OH2
+
+
+
R C NH2
OH
 
 
+
R C NH2
OH
(várias etapas semelhantes
 à hidrólise de amidas)
H2O
R C
O
OH NH4+
+
 
 
b) Hidrólise básica: 
 
H2O NH3++R C N 2 H2O+
NaOH
RCOO
-
Na
+
 
 
3.5.2.2. Redução a aminas: essa reação pode ser feita catalítica ou quimicamente. 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
223311 
a) Redução catalítica com níquel de Raney e amônia: 
 
CH3CH2 C N 2 H2 CH3CH2CH2 NH2+
EtOH, NH3
Ni
 
 
b) Redução química com LiAlH4 ou sódio-metálico e álcool: 
 
C6H5 CH2 CN C6H5 CH2CH2 NH2
H2OLiAlH4
Et2O 
 
3.5.2.3. Conversão a cetonas: nitrilas reagem com reagentes de Grignard, formando o íon 
imina, o qual, por hidrólise, gera cetonas em altos rendimentos. 
 
propiofenona (89% - rendimento)ânion imina
+
C
N
-
 MgBr
CH2CH3
H3O
+C N
NH3+
C
O
CH2CH3
CH3CH2MgBr
éter
 
 
3.6. SÍNTESE E REAÇÕES DE ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 
3.6.1. Síntese: uma maneira comum de preparação de ácidos carboxílicos é a hidrólise de 
seus derivados, mas esse não é um método prático, já que os derivados é que são obtidos a 
partir dos ácidos. A forma mais prática de obter ácidos é por meio de reações de oxidação 
de álcoois e aldeídos. 
 
R CH2 OH
R C H
O R C OH
O
KMnO4
 ou
H2Cr2O7 
 
Aromáticos alquilados podem ser oxidados por KMnO4. 
 
CH3 COOH
KMnO4
 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
223322 
3.6.2. Reações: entre as principais reações de ácidos carboxílicos estão a preparação de 
haletos de acila e de ésteres, a redução a álcoois primários, reações ácido-base e 
substituição no carbono . 
 
3.6.2.1. Conversão em haletos de acila: ácidos carboxílicos são convertidos em haletos de 
acila pela reação com SOCl2, PCl3 ou PCl5. 
 
R C OH 
O
 SOCl2+ R C Cl
O
SO2 HCl+ + 
 
3.6.2.2. Conversão em ésteres: talvez a reação mais útil dos ácidos carboxílicos seja a sua 
conversão em ésteres. Existem muitos métodos para se realizar essa transformação, 
incluindo a esterificação de Fischer e a reação SN2 do ânion carboxilato com haleto de 
alquila primário (esterificação por alquilação). 
 
Esterificação de Fischer: foi discutido no item 3.3.1.1 (Síntese de ésteres) que este é o 
método mais comum para a obtenção de ésteres, sendo uma reação de substituição 
nucleofílica de acila de um ácido carboxílico com um álcool. Devido à necessidade de se 
usar excesso do álcool como solvente, esse método é limitado às sínteses de ésteres de 
metila, etila, propila e butila. Esta reação não é adequada aos álcoois terciários, os quais 
sofrem desidratação e outras reações sob as condições ácidas reacionais. 
 
CH3 C OH
O
C2H5OH CH3 C
O
O C2H5 H2O+ +
H
+
 
 
Esterificação por alquilação: como já foi discutido no item 3.3.1.2 (Síntese de éster), esta é 
uma reação SN2 de ânion carboxilato com haleto de alquila primário. O ânion carboxilato é 
menos básico e menos nucleofílico que íons alcóxidos e fenóxidos, mas eles reagem com 
agentes alquilantes que são especialmente reativos em reações SN2 como o iodeto de 
metila e haletos alílicos ou benzílicos. Normalmente, essa esterificação é realizada em 
solventes polares apróticos, como acetona, que aceleram as reações SN2. 
 
CH3CH2CH2 C
O
O- Na+ CH3 I
SN2
+ CH3CH2CH2 C
O
OCH3 + NaI 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
223333 
3.6.2.3. Conversão em amidas: é possível transformar ácidos carboxílicos em amidas pela 
reação com amônia e amina primária e secundária. Esta é uma reação ácido-base que gera 
um sal de amônio, o qual, sob aquecimento, leva à formação da amida. 
 
R C OH
O
R'R''NH R C
O
N
R'
R"
H2O++ R C O
-
O
sal de amônio
+
NH2R'R''
 
 
 
3.6.2.4. Redução: ácidos carboxílicos são reduzidos por LiAlH4, mas não por NaBH4, para 
dar álcoois primários. Essa reação é difícil e requer aquecimento em THF. Uma alternativa 
preferida é a reação com BH3 (borano) em THF, a qual é rápida à temperatura ambiente, 
segura e específica. 
 
O2N CH2COOH O2N CH2CH2OH
1. BH3, THF
2. H3O
+
 
 
Nota: se a reação anterior fosse feita com LiAlH4, além da carbonila seria também reduzido 
o grupo nitro. 
 
 
44.. EEXXEERRCCÍÍCCIIOOSS 
1- Dê os nomes segundo a IUPAC para os seguintes compostos (BETTELHEIM & MARCH, 
cap. 14, pg. 438): 
 
a) CH3CH2CH2CH2 COOH b) CH3 CH
CH3
CH CH2
CH3
CH
Br
COOH
d) Br CH2 CH
Cl
CH CH
Br Cl
CH COOH
CH3
c) CH3 CH CH COOH
 
 
2- Desenhe fórmulas estruturais para os compostos a seguir (BETTELHEIM & MARCH, cap. 
14, pg. 438): 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
223344 
a) ácido 2-hidroxipentanóico c) ácido 5-cicloexilexanóico 
b) ácido 3-bromo-2-metilbutanóico d) ácido 3-metilepti-3-enóico 
 
3- O ácido propanóico tem ponto de ebulição de 141°C, consideravelmente mais alto do que 
o do butan-1-ol (117°C), no entanto ambos possuem a mesma massa molar. Explique 
(BETTELHEIM & MARCH, cap. 14, pg. 438). 
 
4- Ordene os seguintes compostos em ordem decrescente de solubilidade em água 
(BETTELHEIM & MARCH, cap. 14, pg. 438): 
 
c) CH3COOHb) CH3CH2Bra) CH3CH2CH2CH2CH2CH2COOH 
 
5- Desenhe fórmulas estruturais para (BETTELHEIM & MARCH, cap. 14, pg. 440): 
 
a) formiato de metila d) succinato de dietila 
b) butanoato de etila e) acetato de benzila 
c) propanoato de propila f) 2-metileptanoato de fenila 
 
6- Você poderia predizer se o CH3CH2CH2COOH é mais solúvel em água que o 
CH3CH2COOCH3, se é menos solúvel, ou se eles têm aproximadamente a mesma 
solubilidade? Explique (BETTELHEIM & MARCH, cap. 14, pg. 440). 
 
7- Coloque em ordem decrescente de pontos de ebulição (BETTELHEIM & MARCH, cap. 
14, pg. 440): 
 
a) CH3CH2COOH b) CH3CH2CH2CH2CH3 c) CH3CH2COO
-
 Na
+
d) CH3CH2COOCH3 e) CH3CH2CH2CH2OH 
 
8- Para cada reação, dê a fórmula estrutural do éster obtido (BETTELHEIM & MARCH, cap. 
14, pg. 440): 
 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
223355 
b) + CH3OH 
d) + 
COOH
COOH
CH3
CH2OH
c) HOCH2CH2CH3 + CH3 CH CH2COOH
CH3
HOOC(CH2)3COOH + CH3CH2OH (exc.)e)
f) Br CH2CH2COOH + OH
a) CH3COOH + CH3CH2OH 
 
 
9- Escreva a fórmula estrutural do produto principal (BETTELHEIM & MARCH, cap. 14, pg. 
470): 
 
b) + CH3NH2C Cl
O
c) CH3 C O
O
C CH3 + CH3CH2
O
NH CH2CH3
a) CH3CH2 C OH + NH3
O
 
 
10- Complete as seguintes equações (BETTELHEIM & MARCH, cap. 14, pg. 441): 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
223366 
a) + CH3CH2OH
b) CH3(CH2)6 C Cl + CH3OH
O
COOH
H
+
c) CH3 C O
O
C CH3 + CH3
O
CH CH3OH
 
e) CH3COOH + CH3CH2OH
não catalítica
d) 
Br
OH
C Cl
O
+
f) 2 CH3 C O
O
C
O
CH3 CH2CH2CH2 OHHO+
 
 
11- Escreva os reagentes e as equações para converter o ácido benzóico a (ALLINGER, 
cap 19, pg. 499): 
 
a) cloreto de acila d) éster metílico 
b) anidrido benzóico e) nitrila 
c) amida 
 
12- Como você faria as seguintes transformações (ALLINGER, cap. 19, pg. 500)? 
 
 R COOH
R COCl R CON(CH3)2
R C N
R COCl
R COOCH3
R CONH2
R CONH2
a)
b)
c)
d)
 
 
13- Um líquido ácido reage com cloreto de tionila para formar um novo líquido que contém 
cloro e tem odor penetrante. Quando o novo líquido é aquecido com o sal seco da 
substância original, obtém-se um terceiro líquido, livre de cloro. Este reage com etanol para 
formar um quarto líquido de cheiro adocicado. O tratamento desta última substância com 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
223377 
hidreto de alumínio e lítio produz apenas etanol. Escreva estruturas apropriadas para cada 
uma das substâncias acima (ALLINGER, cap. 19, pg. 502). 
 
14- Indique os produtos e apresente um mecanismo razoável para cada reação (ALLINGER, 
cap. 19, pg. 499). 
 
a) CH3 C OCH3
O
+ CH3CH2OH
H
+
b) CH3CH C
CH3
O
Cl + CH3CH2OH
c) + CH2N2COOH
d) CH3 C
CH3
CH3
COOH
1. NH3
2. calor
 
 
15- Esquematize a síntese da seguinte cetona, partindo de benzeno ou tolueno e quaisquer 
outros compostos que tenham quatro carbonos ou menos (ALLINGER, cap. 19, pg. 502). 
 
C
O
CH2CH2CH3
 
 
16- Forneça equações para mostrar como o ácido propanóico pode ser convertido em cada 
um dos seguintes compostos (BARBOSA, cap. 13, pg. 306): 
 
a) propanoato de metila c) anidrido propanóico 
b) propanamida d) N-metilpropanamida 
 
17- Represente as equações das reações químicas envolvidas no preparo do butanoato de 
butila a partir do butanol (BARBOSA, cap. 13, pg. 307). 
 
18- Partindo de um ácido carboxílico, e passando por um cloreto de acila, mostre as etapas 
necessárias para a síntese do etanoato de isopropila (Provas Valdir Mano). 
 
CCaappííttuulloo 99 ÁÁcciiddooss ccaarrbbooxxíílliiccooss ee ddeerriivvaaddooss 
223388 
19- Para a reação abaixo, dê os produtos e proponha um mecanismo plausível (Provas 
Valdir Mano). 
CH3 C
O
OCH3 CH3CH2OH
H
+
+ A + B 
 
20- Complete as etapas da síntese abaixo (Provas Valdir Mano). 
 
A + SOCl2 B + SO2 + HCl
B + NH3 C + HCl
C + SOCl2 D + SO2 + HCl
KMnO4
CH3CH2CH2OH A
D + H2O E + NH3
H
+
 
 
LISTA DE EXERCÍCIOS COMPLEMENTAR 
BRUICE, vol. 2, cap. 17 
 
21 = 14, pg. 100 22 = 21, pg. 107 23 = 27, pg. 113 
24 = 34, pg. 120 25 = 40, pg. 134 
 
21- Proponha um mecanismo para a reação do anidrido acético com água. Em que esse 
mecanismo difere daquele para a reação do anidrido acético com etanol? 
 
22- Escreva o mecanismo para a reação de transesterificação do acetato de metila com 
etanol em reação catalisada por ácido. 
 
23- Mostre dois caminhos para a preparação de cada éster apresentado a seguir, usando 
álcool no primeiro método e haleto de alquila no segundo: 
 
a) butirato de metila (odor de maçã) 
b) acetato de propila (odor de pêra) 
c) butirato de etila (odor de abacaxi) 
 
24- Quais haletos de alquila formam os seguintes ácidos carboxílicos em reação com 
VVaallddiirr MMaannoo NNoottaass eemm QQuuíímmiiccaa OOrrggâânniiccaa 
223399 
cianeto de sódio seguida de hidrólise à quente em solução aquosa ácida? 
 
a) ácido butanóico 
b) ácido 3-metilbutanóico 
c) ácido cicloexanocarboxílico 
 
25- Quais produtos são formados da reação entre cloreto de benzoíla e os seguintes 
reagentes? 
 
a) acetato de sódio f) cicloexanol 
b) água g) benzilamina 
c) dimetilamina h) 4-clorofenol 
d) HCl aquoso i) isopropanol 
e) NaOH aquoso j) anilina

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