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UNIDADE 2
Receita Pública: conceito, fases históricas e classificações. Vedação da Renúncia de Receita e implicações legais. 
Lei de Responsabilidade Fiscal: princípios, implicações e principais aspectos da LC 101/00.
2. RECEITA PÚBLICA: CONCEITO, FASES HISTÓRICAS E CLASSIFICAÇÕES
2.1 CONCEITO
Ricardo Lobo Torres (2001, p. 172) ensina que “Receita é a soma de dinheiro percebida pelo Estado para fazer face à realização dos gastos públicos”.
“Todo e qualquer dinheiro que ingressa para os cofres públicos, seja a que título for, denomina-se entrada.” – Regis Oliveira (2002, p.33)
Há autores que falam de ingresso (engloba a entrada provisória�) distinguindo-o de entrada. A maioria considera-os como sinônimos, mas nunca se deve dizer que Ingresso e Receita sejam sinônimos, muito embora do ponto de vista contábil (contabilidade pública) as duas expressões sejam equivalentes.
Aliomar Baleeiro apud Rosa Jr. (2000, p. 49) conceitua receita pública como sendo “a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”.
Rosa Jr. (2000, p. 49) cita que “Denomina-se qualquer entrada de dinheiro nos cofres públicos de entrada ou ingresso, mas se reserva a denominação de receita pública ao ingresso que se faça de modo permanente no patrimônio estatal e que não esteja sujeito à condição devolutiva ou correspondente baixa patrimonial. Assim, ingresso ou entrada é o gênero do qual a receita pública é a espécie.
Em resumo: receita seria a entrada definitiva de dinheiro e bens nos cofres públicos, tais como: receita de tributos, preços, ...
2.2 FASES HISTÓRICAS
Historicamente, pode-se dizer que o patrimônio público era formado de terras e apenas de seu patrimônio próprio. Com o correr dos tempos, para manter seu aparato e para atendimento das necessidades públicas, passa a ter necessidade de dinheiro. Daí, o Estado tem “duas formas de obter recursos: auferindo lucros, na venda de bens e serviços, ou usando de ser poder, para exigir o concurso compulsório das pessoas sujeitas a seu poder, para as necessidades públicas” (GERALDO ATALIBA, apud, REGIS DE OLIVEIRA).
Com o objetivo de atender às necessidades públicas, o Estado possui meios de financiar suas atividades por intermédio dos ingressos públicos. 
Lembre: São considerados ingressos públicos todas as entradas de bens ou direitos em um certo período de tempo, que o Estado utiliza para financiar seus gastos, podendo ou não se incorporar ao seu patrimônio. 
Podemos destacar três fases.
1 ª Fase
Nesta fase, a maioria das receitas era auferida com o próprio patrimônio estatal, mas também havia receitas provenientes do confisco (confisco é uma forma de aquisição coativa da propriedade de entidades privadas, pelo Estado, sem que haja lugar ao pagamento de qualquer compensação). Os espólios de guerra também eram fontes de recursos financeiros utilizados no custeio das atividades Estatais. O Estado dominante acumulava tesouros de guerra que ficavam disponíveis para o uso.
 
2a Fase
Na segunda fase evolutiva além do Estado dispor de seus bens para auferir despesas e agir em confisco, surgiram os primeiros tributos, tributos estes com características rudimentares, pois eram cobrados aleatoriamente sem nenhum vínculo, os fatos geradores dessas receitas não possuíam uma linearidade. Várias teorias surgiram para justificar esses primeiros tributos.
 
 a)  Teoria da Troca –  o Estado cobra em troca do oferecimento de uma rede de serviços.
 
b)   Teoria da repartição de encargos – as despesas devem ser divididas a todos que vivem no Estado.
 
c)   Teoria da soberania do Estado –  compreende as teorias acima com o aspecto soberano do Estado.
 
3a Fase
 O Estado em todas as fases de evolução de suas receitas não deixa de recolher rendas a partir de seus próprios bens (as chamadas receitas originárias�). Porém, nesta fase, o Estado deixa de lado sua característica de agir em confisco e passa a adotar a cobrança de tributos de forma sistemática, ou seja, realiza operações guiadas por vários requisitos e princípios, formulando assim seu Sistema Tributário. A partir daí pode-se enumerar certas características acerca da atividade finalística de um Sistema Tributário.
 
Fiscalidade:
Esse aspecto se resume somente a arrecadação, o seu objetivo é apenas abastecer os cofres públicos
 
Extrafiscalidade:
Ocorre quando a legislação de um tributo é elaborada com providencias no sentido de prestigiar certas situações, ou desprestigiar algumas, tidas como social política ou economicamente valioso, o tributo é utilizado com fins diversos dos meramente arrecadatórios.
 
Parafiscalidade:
É a mera compensação tributária entre pessoas de direito público ou privado, mediante lei, que passam a dispor do produto arrecadado, passa a consecução dos seus objetivos.
 
	ATIVIDADES FINALÍSTICA DOS SISTEMAS TRIBUTÁRIOS
	 
	Característica
	Finalidade
	Fiscalidade
	Arrecadatório
	Abastecer os cofres públicos
	Extrafiscalidade
	Regulatório
	Regular outras situação que não seja a arrecadação.
	Parafiscalidade
	Compensatório
	Arrecadar para outro ente de direito público ou privado
 
RESUMO:
Segundo a doutrina, em uma de suas classificações, os tributos podem ser:
Fiscais - É a regra, são criados para arrecadar recursos a pessoa jurídica de direito público interno, para que possa cobrir seus gastos. Exemplo: Imposto de Renda.
 
Parafiscais - São as contribuições cobradas por autarquia, órgãos para-estatais, profissionais ou sociais, para custear seu financiamento autônomo. Exemplo: taxa anual do CRC, CREA, etc.
 
Extrafiscais - Quando a intenção da cobrança vai além da simples arrecadação tributária, essa espécie de tributo visa corrigir anomalias existentes no mercado. Exemplo: IPI mais elevado para bebidas alcoólicas e cigarros e mais reduzido para alimentos essenciais como arroz e feijão; Contribuição Social e de intervenção no domínio econômico sobre produtos estrangeiros (art. 149. §2º, I e II):
 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
 § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:
 I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços
 
2.3 CLASSIFICAÇÃO 
Classificação MAIS USADA: originária e derivada
Tem origem na escola alemã, fundamentada em que o Estado também age como particular no desempenho da atividade pertinente à exploração do seu domínio privado.
As receitas públicas são divididas em dois grupos, compreendendo as receitas originárias, ou de economia privada, e as receitas derivadas ou de economia pública.
ORIGINÁRIAS ( Rosa Jr. leciona que “São as auferidas pelo Estado em decorrência da exploração do seu próprio patrimônio, agindo sem exercer o seu poder de soberania, não havendo, pois, obrigatoriedade no seu pagamento pelo particular, sendo, portanto, receitas voluntárias e contratuais de direito privado (receitas patrimoniais).” Exemplo: aluguéis de seus imóveis
Ex: doações, legados, bens vacantes, uso de bens públicos, preço, etc.
Segundo Ricardo Lobo Torres as receitas originárias compreendem: os preços públicos, as compensações financeiras e os ingressos comerciais.
Preço público ou tarifa significam o ingresso não-tributário devido ao Estado Administrativo Intervencionista como contraprestação por benefício recebido. 
O preço público tem caráter vinculado ou contraprestacional, pois visa a remunerar o Estadopela prestação de serviços públicos inessenciais.
Compensação financeira corresponde à participação dos Estados, Distrito Federal, Municípios e órgãos da administração direta no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração (CRFB/88, art. 20, § 1º).
Em resumo: compensação financeira é uma forma de receita pública originária a que a União, os Estados e os Municípios podem receber como indenização pelas perdas advindas da exploração dos recursos naturais situados em seus territórios ou de contraprestação pelas despesas que as empresas exploradoras de recursos naturais causam aos poderes públicos que se vêem na contingência de garantir a infra-estrutura de bens e serviços, bem como a assistência às populações envolvidas em atividades econômicas de grande porte. Vide Lei n. 7.990, de 28/10/1989 – 3% do faturamento.
NOTA: Vide a Constituição do Estado do Pará
Art. 247. O Estado participará do resultado da exploração dos recursos naturais em seu território e respectiva plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, nos termos da lei, e fiscalizará a compensação financeira decorrente dessa exploração, estabelecendo, em lei complementar, normas para a utilização dos recursos assim auferidos, resguardando o princípio da compensação social.
Ingresso comercial
“O Estado Fiscal continuou a praticar certas formas de intervencionismo direto na economia, principalmente em meados do séc. XX. Empresas, fábricas, monopólios e indústrias cresceram sob a proteção estatal, o que constituía um ranço do patrimonialismo em plena economia capitalista. A partir da década de 80 houve um refluxo dessas idéias, aqui e no estrangeiro, iniciando-se uma época de privatizações.” Ricardo Torres
É o proveniente da exploração de monopólios e da manutenção de empresas estatais e também da exploração do negócio de loterias.
“Os correios e telégrafos ainda constituem monopólio do Estado e lhe fornecem ingressos originários, se bem administrados.
Vários serviços industriais e comerciais da Administração Direta, principalmente os ligados aos insumos para a agricultura e aos medicamentos, também podem ser fonte de receita.
Mas o tipo mais importante de intervencionismo econômico se faz através das empresas estatais, que podem ter a forma de empresas públicas ou de sociedades de economia mista, com a participação majoritária do Estado. Essas empresas, quando não deficitárias, contribuem para a receita com os dividendos distribuídos. Gozaram de grande prestígio entre nós nas últimas décadas, mas presentemente passam por integral reformulação, por se terem mostrado ineficientes e deficitárias. A CF regulou-lhes o orçamento (art. 165, § 5º )” – Ricardo Lobo Torres
Loterias – o produto da arrecadação das loterias é partilhado entre entidades assistenciais, previdenciárias e de seguridade (art. 195, III da CRFB), depois de pagas as despesas de administração, os prêmios e os impostos incidentes sobre a atividade.
DERIVADAS  Rosa Jr. leciona que “São as provenientes de bens pertencentes ao patrimônio dos particulares, impostas coercitivamente aos cidadãos, constituindo receitas obrigatórias, de direito público. Tais receitas decorrem de atividades financeiras que o Estado desempenha investido de sua soberania, sendo, portanto, receitas legais. As receitas derivadas compreendem os tributos e as multas, fiscais ou não”.
Em resumo: A receita derivada provém do constrangimento sobre o patrimônio do particular, que pode ser em forma de TRIBUTO ou MULTA. O tributo, que se divide em imposto, taxa e contribuição de melhoria, podendo ainda o Estado cobrar as denominadas contribuições sociais, as de intervenção no domínio econômico e as de interesse das categorias profissionais ou econômicas (ver art. 145 c.c art. 149 da CRFB/88). Ainda, a cobrança das sanções (multas fiscais; administrativas e disciplinares impostas pelo juiz ou autoridade do Poder Executivo; as do Código Penal aplicadas pelo juiz) e também o confisco decorrente de contrabando, apreensão de armas de criminosos etc.
CLASSIFICAÇÃO LEGAL (Lei nº 4.320/64)
A Lei 4320/64, baseando-se em critério eminentemente econômico, resultante da distinção feita, nas transações governamentais, entre operações correntes e operações de capital (art. 11), adotou a seguinte classificação:
Receitas Correntes 
São as receitas tributárias�, de contribuições�, patrimonial�, agropecuária�, industrial�, de serviços� e outras, e ainda as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender a despesas classificáveis em Despesas Correntes (art. 11, § 1º).
Art. 11, § 4º:
Receita Tributária: Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria; 
Receita de Contribuições; 
Receita Patrimonial; 
Receita Agropecuária; 
Receita Industrial; 
Receita de Serviços; 
Transferências Correntes�; 
Receitas diversas.
Receitas de Capital
São as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão em espécie de bens e direitos; dos recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender a despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda o superávit do orçamento corrente (art. 11, § 2º).
Art. 11, § 4º:
Operações de crédito�
Alienação de bens�
Amortização de empréstimos�
Transferências de capital �
Outras Receitas de Capital�
As transações governamentais podem ser correntes e de capital:
Transações correntes – consistem em todas as transações que o governo realiza diretamente ou através de seus órgãos de administração indireta, e cujo esforço não resulta acréscimo no seu patrimônio ou na criação de bens de capital�, consumindo-se no mercado as dotações para operações correntes ao se converterem em moeda. Daí ser o imposto uma receita corrente porque não se origina de qualquer bem de capital, mas da obrigação social dos cidadãos contribuírem para a manutenção da coisa pública. 
Transações de capital - são as que dão em resultado uma movimentação de registro no ativo e no passivo. Daí, ser a aquisição de um bem imóvel operação de capital porque aumenta o “Ativo Imobilizado” e acarreta a saída de dinheiro e/ou aumenta a exigibilidade se o bem foi comprado em parte a prazo. 
- EM RESUMO:
- Receitas correntes: são as destinadas a atender as despesas correntes, tais como, receita tributária; receitas de contribuições; receita patrimonial; receita agropecuária; receita industrial; receita de serviços; transferências correntes; outras receitas correntes.
- Receitas de capital: são as destinadas a atender as despesas de capital, tais como, operações de crédito; alienação de bens; amortização de empréstimos; transferências de capital; outras receitas de capital.
 LEI nº 4.320/64
Título I
Da Lei de Orçamento
Capítulo II
Da Receita
Art. 9º Tributo e a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades (Veto rejeitado no D.O. 03-06-1964)
Art. 10. (Vetado).
Art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital.
§ 1º São Receitas Correntes as receitas tributária, patrimonial, industrial e diversas e, ainda as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.
§ 2º São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversãoem espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.
§ 3º O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstração a que se refere o Anexo n. 1, não constituirá item da receita orçamentária.
§ 4º A classificação da receita por fontes obedecerá ao seguinte esquema:
Receitas Correntes
Receita Tributária: Impostos; Taxas e Contribuições de Melhoria.
Receita Patrimonial: Receitas Imobiliárias; Receitas de Valores Mobiliários; Participações e Dividendos; Outras Receitas Patrimoniais.
Receita Industrial: Receita de Serviços Industriais; Outras Receitas Industriais.
Transferências Correntes
Receitas Diversas: Multas; Cobrança da Divida Ativa; Outras Receitas Diversas.
Receitas de Capital
Operações de Crédito.
Alienação de Bens Móveis e Imóveis.
Amortização de Empréstimos Concedidos.
Transferências de Capital.
Outras Receitas de Capital.
�
2.4. LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal
A Lei de Responsabilidade Fiscal, como ficou conhecida a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio último, teve origem no projeto enviado pelo Governo ao Congresso Nacional para atender, no prazo de 180 dias, o contido na Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, que exigiu lei complementar para dispor sobre algumas matérias.
Foram contempladas na Lei as matérias contidas nos incisos I a IV do artigo 163 da Constituição Federal, que tratam de finanças públicas, dívida pública e mobiliária, concessão de garantias, e a emissão e resgate de títulos da dívida.
2.4.1 Princípios
A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece os seguintes princípios para a Administração Pública brasileira: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
A Lei Complementar nº 101/00 – LRF, ao estabelecer regras de gestão fiscal, assenta-se, ainda, nos seguintes princípios:
Planejamento – instrumento indispensável para racionalizar a ação do Estado, posto que evidencia os meios necessários ao alcance dos objetivos almejados. Está previsto em diversos dispositivos da LRF, como: inovações na lei de diretrizes orçamentárias e leis orçamentárias anuais (arts. 4º e 5º) e programação financeira (art. 8º).
Equilíbrio das contas públicas – são exemplos da aplicação deste princípio: equilíbrio entre receitas e despesas e metas de superávit primário (art. 4º, I, a); regras pertinentes a renúncias de receitas (art. 14, I), a aumento de despesas (arts. 16 e 17) e aos sistemas previdenciários dos entes da Federação (art. 69).
Controle – a Lei estabelece novas atribuições ao Legislativo e, em especial, às Cortes de Contas, como: mecanismo de emissão de alerta, verificação dos limites de gastos com pessoal, atingimento das metas fiscais, limites e condições para realização de operações de crédito (art. 59).
Responsabilidade – submete os atos de gestão e o próprio gestor público a sanções, caso infrinja a LRF (arts. 1º, 15, 16, 17, 21, 34, 35, 37, 39, 40 e 42).
Responsividade – segundo Diogo de Figueiredo Moreira Neto “o princípio da responsividade vem, por isso, complementar o princípio da responsabilidade e ampliar-lhe os efeitos, além da legalidade estrita (...) é princípio instrumental da democracia, uma vez que se destina a salvaguardar a legitimidade, ou seja, a conciliar a expressão da vontade popular, democraticamente recolhida, com a racionalidade pública”.
Transparência – o legislador, por intermédio da LRF, inovou ao estabelecer, além do consagrado princípio da publicidade, o da transparência, ao inserir no Capítulo IX a Seção I, intitulada “Da Transparência da Gestão Fiscal”. Esta distingue-se daquela, por exemplo, por exigir: o incentivo à participação popular e a realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, leis de diretrizes orçamentárias e orçamentos (art. 48); o franqueamento das contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade (art. 49); a ampla divulgação da apreciação das contas públicas (art. 56, § 3º) e a manutenção de sistema de custos, que permita a avaliação e acompanhamento da gestão (art. 50, § 3º).
2.4.2 Vedações e renúncia de receita�
A Constituição da República Federativa do Brasil, no artigo 165, § 6º, estabelece que o “projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia”, expressando a aplicação do princípio da transparência das contas governamentais.
Segundo o art. 14, § 1º da LRF, a renúncia de receita compreende ANISTIA, REMISSÃO, SUBSÍDIO, CRÉDITO PRESUMIDO, CONCESSÃO DE ISENÇÃO EM CARÁTER NÃO GERAL, ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTA OU MODIFICAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO QUE IMPLIQUE REDUÇÃO DISCRIMINADA DE TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
O Tribunal de Contas da União tem a competência para fiscalizar as renúncias de receitas com base no art. 70 da Constituição Federal, disciplinada no art. 1°, § 1°, da Lei 8.443/1992. De acordo com esse dispositivo, o TCU, no julgamento das contas e na fiscalização que lhe compete, decidirá sobre a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorrentes, bem como sobre a aplicação de subvenções e a renúncia de receitas.
Toda lei que cria, prevê ou estabelece benefícios ou incentivos fiscais, notadamente aquelas que permitem o recolhimento de tributos já inscritos em dívida ativa sem o pagamento dos valores correspondentes a juros e multas sobre eles incidentes, devem atender integralmente os requisitos e condições exigidos pelo artigo 14 da LRF, sob pena de caracterização de atos de Improbidade Administrativa, à luz do artigo 10, incisos VII e X, da Lei Federal n. 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa.
�	Segundo Regis Oliveira “Há entradas que ingressam provisoriamente nos cofres públicos, podendo neles permanecer ou não. Destinam-se a ser devolvidas. Daí as entradas provisórias. Por exemplo: em dada licitação, o Estado exige uma caução, como garantia da proposta ou do contrato. A caução ingressa para os cofres públicos, mas, uma vez mantida a proposta ou adimplido o contrato, é ela devolvida ao proponente-adjudicatário.”
� A receita originária decorre da exploração, pelo Estado, de seus próprios bens.
�	 São as provenientes da cobrança de impostos, taxas e contribuições de melhoria.
�	 São as provenientes de contribuições com vinculação específica para custeio do regime previdenciário, plano de saúde dos servidores públicos e cota proveniente de compensações financeiras (Compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência e o FUNPREV com vistas ao ressarcimento de tempos de contribuição prestados a um regime e utilizado para aposentadoria no outro).
�	 É proveniente do resultado financeiro da utilização do patrimônio (bens mobiliários ou imobiliários), como por exemplo: aluguéis, dividendos, receita oriunda de aplicação financeira, etc.
�	 É proveniente da exploração das atividades agropecuárias, como por exemplo: receita da produção vegetal, receita da produção animal e derivados.
�	 É proveniente das atividades ligadas à indústria de transformação, como por exemplo: indústria editorial e gráfica, etc.
�	 São provenientes de atividades caracterizadas pela prestação de serviços por órgãos e entidades do Estado, como por exemplo: serviços comerciais (compra e venda de mercadorias), etc.
�	 São recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público de outras esfera de governo ou de direito privado, destinados ao atendimento de despesas correntes.
�	 Compromisso financeiro assumido em razão demútuo, abertura de crédito, a emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros.
�	 São receitas provenientes da venda de bens móveis e imóveis.
�	 São receitas provenientes de empréstimos efetuados a terceiros (recebimento do valor emprestado mais a correção monetária).
�	 São recursos recebidos de outras pessoas de direito público de outras esferas de governo ou de direito privado, cuja aplicação será para atender as despesas de capital.
�	 Envolvem as receitas de capital não identificáveis nas outras fontes de recursos.
�	 Bens de capital: São bens que servem para a produção de outros bens, como máquinas e equipamentos.
� http://www.alvesandrade.xpg.com.br/Obrasliterarias/Tributario.Renuncia.Receita.pdf

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