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Artigo Redução da Maioridade Penal_revisado

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Redução Maioridade Penal
Hoje no Brasil um assunto recorrente e que gera muita polêmica e a Redução da Maioridade Penal, que atualmente encontra-se em tramitação no Congresso Nacional como proposta de Emenda Constitucional. A PEC - Proposta de Emenda à Constituição nº 171-A, de 1993 de autoria do Deputado Federal Benedito Domingos - PP/DF, que altera a redação do art. 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior de dezesseis anos), a redação tem em sua justificação: “O objetivo desta proposta é atribuir responsabilidade criminal ao jovem maior de dezesseis anos. A conceituação da inimputabilidade penal, no direito brasileiro, tem como fundamento básico a presunção legal de menoridade, e seus efeitos, na fixação da capacidade para entendimento do ato delituoso. Por isso, o critério adotado para essa avaliação atualmente é o biológico. [...] A proposta traça os princípios básico, as linhas mestras do novo sistema que será implementado pela lei ordinária especial, através da qual serão regulamentadas as formas de aplicação de sanção mais branda, para os menores de 18 anos e maiores de 16 anos de idade, diferenciada dos criminosos com maioridade. Exemplificando, teríamos elencadas as atenuantes, a gradação da pena a ser aplicada que poderia ser de um terço às aplicadas aos de maioridade, o estabelecimento penal onde o menor irá cumpri-la, os efeitos e os objetivos da pena, dentro de um programa de reeducação social, intelectual e profissional, etc.[...]”.
Para que esse projeto pudesse ter sustentação, em meu ponto de vista, o Brasil deveria ter prisões especiais para esses menores, com infra-estrutura suficiente para que, durante a detenção estes indivíduos possam trabalhar em um período e estudar em outro, sendo assim reeducados para serem reintegrados a sociedade. Pois de outra forma estes menores sairão do sistema prisional piores do que quando entraram, o que é comum nos demais presídios convencionais.
Sabemos que nosso sistema prisional não tem estrutura para preparar o infrator para ser reinserido na sociedade. Percebemos inclusive que, tratando-se de infratores maiores, apesar de figurar a ressocialização como uma das finalidades da pena no nosso ordenamento jurídico, assistimos, todos os dias, episódios de abuso, crueldade e fortes criticas de relatórios de entidades nacionais e internacionais sobre a falta de condições do nosso sistema prisional. 
A suposta necessidade da redução da maioridade penal não é pautada em dados estatísticos e sim em casos isolados, como destaca a Secretaria Nacional de Segurança Pública, os jovens entre 16 e 18 anos representam menos de 0,9% da criminalidade Brasileira. Se considerarmos ainda os homicídios e as tentativas de homicídio, esse número não ultrapassa 0,5%.
Assim, entendemos que não se deve reduzir a maioridade penal, mas sim investir em educação e em políticas públicas para criar sistemas de proteção aos jovens, com isso diminuindo a vulnerabilidade na prática crime. 
Dados do IBGE apontam que, 486 mil crianças entre cinco e 13 anos eram vítimas do trabalho infantil em todo o Brasil no ano de 2013. Já no quesito educação, o Brasil ainda tem 13 milhões de analfabetos com 15 anos de idade ou mais. Com isso podemos destacar que redução da maioridade penal afetaria direta e preferencialmente, jovens negros, pobres e moradores de áreas periféricas do Brasil, tendo como este o perfil de grande parte da população carcerária brasileira. Estudo da Universidade Federal de São Carlos aponta que 72% da população carcerária brasileira são compostas por negros.
Se formos favoráveis a redução podemos falar que a mudança do artigo 228 da Constituição de 88 não seria inconstitucional, pois o artigo 60 da Constituição, no seu inciso 4º, estabelece que as PECs não podem extinguir direitos e garantias individuais que, em sua maioria estão localizados nos incisos do artigo 5º da Constituição, apesar de já terem sido reconhecidos direitos e garantias fundamentais fora do rol do referido artigo. Defensores da PEC 171 afirmam que ela não acaba com direitos, apenas impõe novas regras.
Nos dias atuais os jovens têm total consciência e convicção de que não podem ser presos e punidos como se adultos fossem, e a impunidade acaba gerando mais violência por isso continuam a cometer crimes. O tráfico poderia aliciar pessoas ainda mais jovens, corrompendo menores que mal entraram na adolescência, como, inclusive vemos no noticiário principalmente das grandes cidades.
Pesquisas públicas revelam que a maioria da população brasileira é a favor da redução da maioridade penal. No ano de 2013, pesquisa realizada pelo instituto CNT/MDA indicou que 92,7% dos brasileiros são a favor. Enquanto pesquisa realizada pelo instituto Datafolha indicou que 93% dos paulistanos são a favor da redução.
Os pontos a favor da redução indicam que a atual legislação é ultrapassada, pois o jovem de 16 anos atualmente tem mais acesso a informação e condições de compreender se o ato praticado é ou não legal. Fortes criticas existem em relação ao período máximo de aplicação da medida socioeducativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de três anos de internação, inclusive para jovens que cometem crimes com requintes de crueldade. A avaliação dos defensores da tese da redução da maioridade é de que o ECA protege em demasia o adolescente e estimula, na mesma medida, a prática de crimes e a impunidade.
Em contra partida os críticos da redução da maioridade fundamentam suas argumentações na inconstitucionalidade dessa medida, por violar cláusula pétrea da Constituição e devido à medida tratar apenas dos efeitos, sem atacar as reais causas da participação do adolescente nos crimes, como a falta de acesso à educação, o desemprego e a desagregação familiar.
Umas das argumentações de grande peso nesta discussão é que essa medida aumentaria substancialmente a crise no sistema penitenciário brasileiro, ao invés de resolvê-lo colocando estes jovens em contato com criminosos mais experientes, o que seria como uma espécie de “estágio” durante a permanência nos presídios.
Algumas pessoas propõem uma “emancipação penal”, onde se abriria a possibilidade de, após o jovem ter cometido crimes hediondos ou homicídios ser avaliado por uma equipe multidisciplinar, onde o juiz poderia emancipá-lo. E caso emancipado, poderia ser condenado a cumprir pena como se adulto fosse. Porém essa mudança valeria para casos de crimes contra a vida ou ainda estupros, lesões corporais e sequestros. 
No direito internacional observamos que os países têm suas leis especificas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a decisão é tomada por cada estado conforme a legislação local, a idade para responsabilização criminal pode ser de seis ou 14 anos. Já em Portugal e na Argentina, a maioridade penal é fixada em 16 anos. Na Alemanha, para infratores entre 18 a 21 anos, a decisão fica a cargo do juiz, que decide se o infrator terá pena do chamado código juvenil, com penas mais amenas, ou do código convencional, aplicado a partir dos 21 anos. No Reino Unido, para infratores entre dez e 21 anos, o juiz pode determinar se a pena será de adulto ou não.
Para Mário Volpi, oficial de comunicação e projetos na área de adolescência e privação de Liberdade do Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência — Unicef, a opinião pública sofre a influência de três mitos quanto analisa o tema da maioridade penal: O primeiro deles é que agravar pena diminui os delitos, o segundo mito o hiperdimensionamento do problema e o terceiro é o mito da periculosidade do adolescente.
A mídia tem grande impacto na sociedade, influenciando diretamente na visão pública sobre a redução da maioridade penal, exemplo disso é quando um adulto comete um crime, vai parar nas páginas policias, quando um adolescente comete um crime, principalmente com morte, isso gera uma manchete de primeira página, pois não é comum um adolescente realizar estas práticas. Evidentemente o tratamento é diferenciado e deixa a criminalidade entre os adolescentesmais visível para a sociedade.
Durante a fase da adolescência, os indivíduos estão em pleno desenvolvimento, sofrendo importantes transformações e necessita de ações educativas e sociais, criando meios de garantir o exercício da vivência de cidadania, para se inserir na sociedade como um cidadão de fato.
O menor começa a construir seu projeto de vida adulta ainda na fase da adolescência, assim, qualquer ato que o influencie direta ou indiretamente neste período pode ter uma ação transformadora futuramente, daí a necessidade de acompanhamento psicológico, educação de qualidade e integração social desse individuo, nesta etapa de sua vida. A redução da maioridade penal deve ser estruturada para que a punição aplicada no jovem seja educativa, lhe proporcionando um tratamento visando uma efetiva reinserção social. Pois reduzir a idade penal simplesmente para punir, irá aumentar as desigualdades sociais e não diminuir a violência.
Não adianta criar mecanismos para tirar a atenção da população para fato de que uma das principais causas da violência é a desigualdade social e as péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão. Culpar e punir não soluciona a violência e nem diminui a criminalidade, mas sim ações preventivas através de acompanhamentos e tratamentos nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não à causa. É encarcerar mais cedo à população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. 
Por maiores avanços que o país tem alcançado no acesso à educação, por mais que a redução da pobreza extrema tenha sido uma conquista, é fato que nada mudou na realidade dos jovens mais pobres. As políticas públicas precisam ser de amplo acesso e de eficácia imediata na vida da sociedade, principalmente na vida dos que mais necessitam. 
A redução da maioridade não é e nem será solução dos problemas da criminalidade no Brasil, a não ser que se criem as condições necessárias para terem resultados efetivos, prisões especiais e exclusivas, bem preparadas, ao contrário daquelas que encontramos hoje, com carcereiros violentos e armados. Prisões para esses jovens devem contar com equipes de psicólogos, professores, e por que não, geridos por empresas parceiras. Com isso os jovens não seriam punidos em vão, cumpririam penas em um formado diferenciado, por mais que fosse um projeto piloto, experimental, mas com acompanhamento psicossocial, períodos de trabalho, de atividades físicas, de estudos e até mesmo religiosos.
Isso seria uma medida que, de fato poderia causar um efeito de correção nos infratores para serem reinseridas na sociedade com novos olhos, novas perspectivas e como verdadeiros cidadãos.
Referências 
Revista Fórum, Razões para não reduzir a maioridade penal. Disponível em:<http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/04/razoes-para-nao-reduzir-a-maioridade-penal/>Acesso em 23/04/2015
Portal EBC, Aumento do número de jovens envolvidos em crimes justifica redução da maioridade penal, defende promotor. Disponível em:<http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-04-22/aumento-do-numero-de-jovens-envolvidos-em-crimes-justifica-reducao-da-maioridade-penal-defende-promot>Acesso em 23/04/2015.
Portal Jusbrasil, Todos os países que reduziram a maioridade penal não diminuíram a violência. Disponível em:<http://nelcisgomes.jusbrasil.com.br/noticias/116624331/todos-os-paises-que-reduziram-a-maioridade-penal-nao-diminuiram-a-violencia> Acesso em 23/04/2015.
Portal Âmbito Jurídico. Disponível em:<http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13332&revista_caderno=12> Acesso em 23/04/2015.
Portal Jusbrasil, O debate sobre a maioridade penal e suas falácias. Disponível em:<http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121931846/o-debate-sobre-a-maioridade-penal-e-suas-falacias> Acesso em 23/04/2015.
Portal Jusbrasil, Inconstitucionalidade na redução da maioridade penal. Disponível em:<http://dyshow.jusbrasil.com.br/artigos/111812596/inconstitucionalidade-na-reducao-da-maioridade-penal> Acesso em 23/04/2015.
Portal Ibope. Disponível em:<http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/paginas/83-da-populacao-e-a-favor-da-reducao-da-maioridade-penal.aspx> Acesso em 23/04/2015.
Site Mapa da Violência. Disponível em:<http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_cor.pdf> Acesso em 23/04/2015
Site Academia, Considerações e Justificativas para a não redução da Maioridade Penal do Brasil. Disponível em:<http://www.academia.edu/4564291/Considera%C3%A7%C3%B5es_e_Justificativas_Para_a_N%C3%A3o_Redu%C3%A7%C3%A3o_da_Maioridade_Penal_no_Brasil> Acesso em 23/04/2015
Portal BBC, Na contramão do Brasil, EUA reduzem punição a jovens infratores. Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/04/150330_eua_maioridade_penal_jf>Acesso em 23/04/2015.
Portal Câmara, Ficha de Tramitação. Disponível em <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=14493>Acesso em 23/04/2015.

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