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Crimes contra a Pessoa

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CRIMES CONTRA A PESSOA
HOMICÍDIO
 Conceito
	É a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. De acordo com Nélson Hungria, o homicídio é o tipo central de crimes contra a vida e é o ponto culminante na orografia dos crimes. É o crime por excelência.
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
- 121, caput: homicídio doloso simples.
- 121, §1º: homicídio doloso privilegiado.
- 121, §2º: homicídio doloso qualificado.
- 121, §3º homicídio culposo.
- 121, §4º: majorante.
- 121, §5º: perdão judicial.
 Sujeito ativo
	É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa (não exige qualidade especial do agente).
QUESTÃO: É possível homicídio praticado por irmão xifópagos?
R- A primeira coisa que se tem que notar é se é possível a separação cirúrgica desses irmãos. A doutrina tem dois posicionamentos:
1ª corrente: o agente deve ser absolvido. A absolvição se justifica porque, conflitando o interesse do Estado com o da liberdade individual, esta é que tem que prevalecer (Manzini).
2ª corrente: o agente deve ser condenado, porém só cumprirá a pena se a vítima, antes da prescrição, também praticar algum crime sujeito à prisão.
 Sujeito Passivo
	É crime comum, podendo qualquer pessoa ser vítima. É o homem (ser vivo).
OBS.: Para Magalhães Noronha também o Estado figura como vítima do crime de homicídio, pois tem o homem como sua condição de existência.	
 
 Tipo Objetivo
	Significa tirar a vida de alguém.
Delito de execução livre, podendo ser praticado por:
Ação/omissão
Meios diretos/indiretos
Objeto material: vida extrauterina.
	VIDA
	Intrauterina
	Extrauterina
	Aborto
	Homicídio ou infanticídio 
 Tipo Subjetivo
	Dolo direto ou eventual. Não importa a finalidade especial que animou o agente. Essa finalidade especial pode no máximo configurar uma privilegiadora ou qualificadora.
 Consumação do homicídio
	A consumação se dá com a morte da vítima. Esta ocorre, de acordo com a Lei 9.434/97, com a cessação da atividade encefálica.
 Tentativa
Admite tentativa. É um delito plurissubsistente (admite o fracionamento da execução em vários atos).
QUESTÃO: O homicídio simples sofre os consectários de um crime hediondo?
R- Em regra não, salvo se praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Deixa de ser denominado de homicídio simples e passa a ser chamado de homicídio condicionado.
8. Homicídio Privilegiado (121, §1º)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
	É causa de diminuição de pena. Preenchidos os requisitos, é um direito subjetivo do réu (não é faculdade do juiz).
Hipóteses:
 Cometer o crime impelido por motivo de relevante valor social (diz respeito aos interesses de toda uma coletividade). É um motivo altruísta. Ex.: matar o traidor da pátria.
 Cometer o crime impelido por motivo de relevante valor moral (liga-se aos interesses particulares do agente. Ex.: sentimentos de compaixão, misericórdia, piedade). Ex.: Eutanásia.
OBS.: Não se pode confundir eutanásia com ortotanásia. Aquela é a antecipação da morte natural (ex.: pílula da morte). A ortotanásia define a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e percurso da doença.
OBS.: em ambas as hipóteses acima, para configurar o privilégio, o motivo deve RELEVANTE.
 Cometer o crime sob domínio de violenta emoção (homicídio emocional). Requisitos:
c.1) domínio de violenta emoção (não se confunde com mera influência – circunstância atenuante). O domínio é mais absorvente.
c.2) imediatidade da reação (“logo em seguida...”). É o revide imediato, sem intervalo temporal. A reação é imediata enquanto perdurar o domínio da violenta emoção.
c.3) Injusta provocação da vítima (não traduz agressão ou conduta típica). Ex.: adultério; pai que mata estuprador da filha.
 Homicídio Qualificado (121, §2º)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.	
O homicídio qualificado é sempre hediondo, não importando a qualificadora.
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
	Motivo torpe é o motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto. É o chamado homicídio mercenário por mandato remunerado. O legislador faz aqui uma interpretação analógica. O legislador começa com exemplos e encerra de forma genérica, fazendo com que o juiz encontre outros casos que com o exemplo se assemelha. 
	O homicídio mercenário é um exemplo de torpeza. Pune-se o chamado “matador de aluguel” (sicário). Trata-se de um delito plurissubjetivo (de concurso necessário). Exige número plural de agentes. Necessariamente se tem o mandante e ou executor. 
QUESTÃO: A paga ou promessa de recompensa é necessariamente de natureza econômica? 
R- Prevalece que a paga ou recompensa só pode ser de natureza econômica. 
QUESTÃO: O ciúme e a vingança configura torpeza? 
R- Depende do que os motivou. 
II - por motivo fútil;
	É o motivo insignificante, a pequeneza do motivo. Significa a desproporção entre o delito e a sua causa moral. Ex.: briga de trânsito. É uma qualificadora subjetiva.
OBS.: Não se confunde com motivo injusto. Injusto é elemento integrante de todo e qualquer crime.
QUESTÃO: A ausência de motivos se equipara com motivo fútil? 
R- 1ª corrente (prevalece na jurisprudência): a equiparação se impõe, pois seria um contrassenso conceber que o legislador punisse com pena mais grave aquele que mata por futilidade, permitindo que o que age sem qualquer motivo receba sanção mais branda. 
2ª corrente (Cezar R. Bitencourt): a equiparação sem previsão legal configura analogia incriminadora, ofendendo o art. 1º, CP.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
- Exemplos seguidos de encerramento genérico (interpretação analógica).
- emprego de veneno (veneficio)
	É uma qualificadora objetiva.
	Veneno é a substância biológica ou química, animal, mineral ou vegetal, capaz de perturbar ou destruir o organismo humano. Ex.: açúcar para o diabético é veneno.
OBS.: De acordo com a doutrina, é imprescindível que a vítima desconheça estar sendo envenenada.
QUESTÃO: O agente chega ao bar, coloca a arma na cabeça da vítima e manda ela tomar um veneno. O homicídio é simples ou qualificado? 
R- Não há a qualificadora do emprego de veneno, mas incide a que dificultou a defesa da vítima. Logo, continua o homicídio sendo qualificado, mas por outro motivo que não o emprego de veneno.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
É uma qualificadora objetiva. Aqui, o legislador também utilizou da interpretação analógica.
- traição: é o ataque desleal, repentino e inesperado (atirar pelas costas da vítima).
- emboscada: pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa.
- dissimulação: significa fingimento, disfarçando o agente a sua intenção hostil.
QUESTÃO: A premeditação qualifica o homicídio pelo inciso IV?
R- Não necessariamente. A premeditação por si só não qualifica o homicídio.
QUESTÃO: Pessoa que se aproveita da pouca idade da vítima responde pelo inciso IV?
R- A idade da vítima,por si só, não qualifica o homicídio, pois constitui característica da vítima e não recurso procurado pelo agente.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
	Trata-se do homicídio por conexão. Temos duas hipóteses:
 Execução teleológica: o agente mata para assegurar a execução de crime futuro. Ex.: o agente mata o segurança para conseguir estuprar a vítima.
 Conexão conseqüencial: o agente mata para assegurar impunidade, vantagem ou ocultação de crime passado. Ex.: o agente mata uma testemunha do crime que cometeu. 
QUESTÃO: O homicida tem ter sido o autor do crime futuro ou do crime passado? 
R- Não necessariamente. Basta que o agente tenha matado com esta finalidade.
QUESTÃO: Para incidir a conexão teleológica, o crime futuro deve necessariamente ocorrer?
R- O que qualifica o homicídio nesse caso não é a ocorrência do crime futuro, mas a finalidade que levou o agente a matar alguém. Assim, dispensa-se a ocorrência do crime futuro para qualificar o homicídio. Aliás, se ocorrer o crime futuro, haverá concurso material de crimes.
QUESTÃO: É possível homicídio qualificado-privilegiado?
R- Sim.
	Privilégio (§1º)
	Qualificadoras (§2º)
	- motivo valor social
- motivo valor moral
- domínio de violenta emoção
O privilégio é sempre subjetivo. Diz respeito aos motivos.
	- motivo torpe subjetiva 
- motivo fútil
- meio cruel objetiva
- surpresa
- finalidade específica subjetiva
É possível homicídio qualificado-privilegiado, desde que a qualificadora seja objetiva.
 Homicídio Culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
	É uma infração de médio potencial ofensivo. Admite suspensão condicional do processo.
	Ocorre homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente), porém jamais querido ou aceito.
	HOMICÍDIO CULPOSO
	CP	
	CTB
	- fora da direção de veículo automotor
	- na direção de veículo automotor
	- Art. 121, §3º, CP
Pena: 1 a 3 anos.
	- Art. 302, Lei 9503/97
Pena: 2 a 4 anos.
	- Admite suspensão do processo.
	- Não admite suspensão do processo.
	O mesmo desvalor do resultado.
	O desvalor da conduta é diferente.
	O desvalor da conduta é mais perigosa. A negligência no trânsito é mais perigosa, merecendo, portanto, uma pena maior.
Participação em suicídio:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Suicídio é a eliminação voluntária e direta da própria vida. Nelson Hungria dizia que era imprescindível a vontade direta de o agente querer se despedir da vida.
Suicídio não é crime. Logo, a tentativa de suicídio não induz qualquer pena ao agente. Esse dispositivo pune a participação no suicídio mediante induzimento, instigação ou auxílio.
É um crime comum, não se exigindo qualidade especial do agente. 
A induz B a auxiliar C a se suicidar. C efetivamente morre. Qual o crime que foi praticado por A? B, por óbvio, pratica o crime de participação em suicídio. A é participe do crime previsto no art. 122 do CP. 
A conduta de A é acessória e a de B a principal.
O sujeito passivo do crime de participação em suicídio é qualquer pessoa capaz. 
Se a vítima for um incapaz, o crime será o de homicídio e não de participação em suicídio. Isso porque a incapacidade passa a ser tratada como instrumento do crime.
É também imprescindível que a vítima seja determinada. Logo, quando o agente induz o suicídio de pessoas indeterminadas o há crime, pois o fato é atípico.
Ex: banda de rock que faz música induzindo o suicídio. Se um fã que ouve a música e se suicida não há crime, pois o fato é atípico. Isso porque suicídio não é crime, logo não se pode falar em apologia ao crime.
O art. 122 do CP possui três núcleos: induzir, instigar ou auxiliar.
Induzir: o agente faz nascer na vítima a vontade e a ideia mórbida. 
Instigar: o autor reforça a vontade mórbida que já existe.
Auxiliar: prestar assistência material para o cometimento do crime. Ex: emprestar a corda ou dar o veneno.
Nas duas primeiras hipóteses, tem-se o que é chamado pela doutrina de participação moral. Já na terceira há participação material no suicídio de outrem.
Se o agente induz, auxilia e instiga a pessoa a se matar, pratica um só crime, já que se trata de um crime plurinuclear ou de ação múltipla. Assim, se praticado mais de um núcleo dentro de um mesmo contexto fático, o crime continua sendo único. O juiz é quem irá considerar a pluralidade de núcleos na fixação da pena base.
O auxílio é sempre comportamento secundário, acessório, cooperação secundária. Jamais o auxílio pode se misturar com a execução da morte. Se o auxílio passar a ser a própria execução, o crime será de homicídio e não de participação em suicídio.
Se o agente auxilia uma pessoa a se matar e esta, quando da execução do crime, se arrepende e demonstra isso ao agente. Se este não socorrer a vítima, o crime é de homicídio, ficando absorvido o crime de participação em suicídio.
Art. 146, § 3.º, II:
Não se considera constrangimento ilegal a coação para se evitar o cometimento do suicídio.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Consumação do crime de participação em suicídio:
Há três correntes acerca do tema:
	Doutrina clássica (Nelson Hungria)
	Doutrina moderna (Mirabete)
	Cezar Roberto Bittencourt
	O crime se consuma quando o sujeito induz instiga ou auxilia. Mas a punibilidade depende da morte da vítima, onde a pena é de dois a seis anos ou da lesão grave na vítima, onde a pena é de um a três anos. Esses resultados não consumam o crime, apenas condicionam a punibilidade. Há a chamada condição objetiva de punibilidade.
	Quando o agente induz, instiga ou auxilia alguém a se matar, não consuma o crime, apenas o executa. Somente no caso da morte ou lesão grave é que o crime se considera consumado. A consumação depende da morte ou da lesão corporal. É o resultado naturalístico necessário para a consumação.
	Quando o agente induz, instiga ou auxilia alguém a se matar, não consuma o crime, apenas o executa. A consumação depende da morte, cuja pena é de dois a seis anos. Se ocorrer lesão grave, cuja pena é de um a três anos, há tentativa. 
	agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado, com pena de dois a seis anos e punível o crime.
	agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado com pena de dois a seis anos.
	agente induz a vítima a se matar e ela morre: art. 122 consumado, com pena de dois a seis anos e punível o crime.
	agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 consumado, com pena de um a três anos, sendo punível o crime.
	agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 consumado com pena de um a três anos.
	agente induz a vítima a se matar e ela sofre lesão grave: art. 122 tentado, com pena de um a três anos, sendo punível o crime. Diz que é uma tentativa sui generis.
	agente induz a vítima a se matar e ela não morre e não sofre lesão grave: art. 122 consumado, mas não punível.
	agente induz a vítima a se matar e ela não morre e não sofre lesão grave: fato atípico.
	agente induz a vítima a se matar e ela não morre e não sofre lesão grave: fato atípico.
	Para essacorrente, o crime não admite tentativa, sendo esta juridicamente impossível.
	Para essa corrente, o crime não admite tentativa, sendo esta juridicamente impossível. É um crime material plurisubsistente que não admite tentativa.
	Para essa corrente, há a possibilidade de tentativa, desde que haja lesão corporal.
	Essa corrente erra porque chama de condição objetiva de punibilidade dois resultados que fazem parte do dolo do agente.
	
	Essa corrente erra porque diz que o fundamento se encontra no próprio artigo quando fala que da tentativa resulta lesão corporal. Ora, mas o suicídio não é crime, então como cabe tentativa?
Em primeira fase, deve-se adotar a doutrina moderna. Na segunda fase, deve-se elencar as três correntes.
Duelo americano; roleta russa ou ambicídio:
Duelo americano: há duas armas, com apenas uma carregada. Em dado momento, cada um dos agentes pega uma arma e, ao mesmo tempo, atira na própria cabeça. O sobrevivente responde pelo art. 122. Se cada um atirasse na cabeça do outro o crime seria de homicídio.
Roleta russa: há apenas um arma e o tambor possui apenas um projétil. O agente que sobrevive responde pelo art. 122. 
Ambicídio: é o pacto de morte. Um dos agentes inicial o modo de execução (liga a torneira, por exemplo em crime de morte por afogamento). Se o agente que ligou a torneira sobrevive, praticou o art. 121, porque praticou um ato executório.
No mesmo exemplo, quem praticou o ato executório morre e o outro agente sobrevive. Este pratica o crime do art. 122 do CP.
Se ambos os agentes não morrerem, o que praticou atos executórios pratica tentativa de homicídio. O agente que não praticou o ato executório, responde pelo art. 122 se o outro agente sofreu lesão grave. Se não sofreu sequer lesão grave o fato é atípico.
Majorantes: § único do art. 122
I – se o crime é praticado por motivo egoístico;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
INFANTICÍDIO
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
O infanticídio (art. 123) nada mais é do que uma espécie de homicídio (121) com as seguintes peculiaridades:
- Sujeito ativo especial
- Sujeito passivo especial
- Momento próprio 
- Condição provisória especial
1. Sujeito ativo: parturiente, durante ou logo após o parto.
QUESTÃO: Admite concurso de pessoas?
1ª corrente (Nelson Hungria): estado puerperal é elementar personalíssima incomunicável.
2ª corrente (prevalece): o estado puerperal é elementar subjetiva comunicável.
I- Parturiente, auxiliado pelo médico, mata o nascente nascente/neonato.
Parturiente: art. 123.
Médico: art. 123 (partícipe).
II- Parturiente e médico matam o nascente/neonato.
Parturiente: art. 123.
Médico: art. 123 (coautor).
III- Médico, instigado pela parturiente, mata o nascente/neonato.
Médico: art. 121.
Parturiente: art. 121 (partícipe).
Observe que quando a parturiente mata a pena é menor do que quando apenas instiga, gerando uma incongruência. Há discussão sobre essa situação:
1ª corrente (prevalece): para que não haja essa injustiça com a parturiente, ambos responderão por infanticídio.
2ª corrente: a injustiça não é em relação ao médico, portanto, somente a parturiente responderá por infanticídio. Configura uma exceção pluralista à teoria monista.
2. Sujeito Passivo: nascente/neonato, durante ou logo após o parto.
QUESTÃO: A mãe mata outra criança pensando ser o seu filho, responderá por infanticídio?
R- Sim. É infanticídio apesar de não ser o próprio filho, pois aconteceu erro sobre a pessoa. O agente responde considerando-se as condições da vítima virtual.
3. Tipo objetivo
1- Parturiente mata nascente/neonato
- Delito de execução livre (ação ou omissão; meios diretos ou indiretos).
2- Durante ou logo após o parto
- circunstância elementar de tempo.
3- Estado puerperal
- desequilíbrio fisiopsíquico.
OBS.: É preciso que haja uma relação de causa e efeito entre o estado puerperal e o crime, pois nem sempre ele produz perturbações psíquicas na parturiente.
Estado puerperal: é o estado que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno, gerando profundas alterações psíquicas e físicas. 
Puerpério: é o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às condições pré-gravidez.
OBS.: dependendo do grau de desequilíbrio a parturiente pode ser considerada inimputável, sendo absolvida com aplicação de medida de segurança.
- Diferença: art. 123 x 134, §2º 
	Art.123
	Art. 134, §2º 
	Crime doloso contra a vida
	Crime preterdoloso de periclitação da vida e da saúde
	Dolo de dano
	Dolo de perigo
�
ABORTO
1. Nomenclatura e conceito
1ª corrente: aborto = abortamento
2ª corrente: abortamento não se confunde com aborto. Enquanto o abortamento é a ação criminosa, o aborto é o resultado. 
Conceito: é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção.
2. Classificação
2.1. Natural: interrupção espontânea da gravidez. Indiferente penal.
2.2. Acidental: interrupção decorrente de quedas, traumatismos e acidentes em geral. Indiferente penal.
2.3. Criminoso: art. 124 a 126, CP.
2.4. Permitido (legal): art. 128, CP.
2.5. Miserável/econômico-social: praticado por razões de miséria. É crime. 
2.6. Honoris causa: praticado para interromper gravidez adulterina. É crime.
2.7. Eugênico/eugenésico: praticado em face dos comprovados riscos de que o feto nasça com graves anomalias físicas ou psíquicas, isto é, inviabilizando a vida extrauterina. 
3. Tipos Penais
- 124: gestante
- 125: provocador (sem o consentimento)
- 126: provocador (com o consentimento)
3.1. Art. 124, CP
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
É um exemplo de crime doloso contra a vida que admite a suspensão condicional do processo.
A) Sujeito Ativo: Gestante:
- autoaborto
- consentimento criminoso (3º provocador: art. 126): exceção pluralista à teoria monista.
B) Sujeito Passivo: 2 correntes:
1ª corrente: Estado, pois o feto não é titular de direitos penais.
2ª corrente (prevalece): Feto. Cuidado: na gravidez de gêmeos há concurso formal de delitos.
C) Tipo subjetivo: dolo (direto ou eventual). Exemplo de dolo eventual: gestante suicida (Nelson Hungria)
D) Consumação: crime material. Consuma-se com a interrupção da gravidez e consequente morte do feto. Consuma-se com a morte do feto, pouco importando se esta ocorre dentro ou fora do ventre materno, desde que decorrente das manobras abortivas.
Obs.: é crime plurissubsistente (admite tentativa). 
Caso: gestante pratica manobra abortiva e expulsa o feto que, ainda com vida, vem a morrer em virtude das substâncias ou métodos utilizados pela gestante. É crime de aborto.
Cuidado: quando o feto morre fora do ventre, mas não em virtude das práticas abortivas e sim em decorrência da renovação dos atos executórios, o crime é de homicídio. 
3.2. Art. 125, CP
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
	É a única modalidade de aborto inafiançável.
A) Sujeito Ativo: crime comum. 
B) Sujeito Passivo:
1- feto;
2- gestante.
	É um delito de dupla-subjetividade passiva.
C) Tipo Objetivo: provocar aborto sem o consentimento da gestante. É um delito de execução livre.
OBS.: Quem desfere violento pontapé no ventre de mulher sabidamente grávida, pratica o crime de aborto do art. 125 do CP, ainda que a título de dolo eventual.
D) Tipo Subjetivo: o crime é punido a título de dolo (ciente da gravidez e do dissentimento da vítima).
E) Consumação e tentativa: crime material. Admite tentativa.3.3. Art. 126, CP
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
	É admitida a suspensão condicional do processo.
	Art. 125
	Art. 126
	Pena: 3 a 10 anos
	Pena: 1 a 4 anos
	Grande potencial ofensivo.
	Médio potencial ofensivo.
	Sujeito ativo: crime comum.
	Sujeito ativo: crime comum.
	Sujeito passivo: feto e gestante (dupla-subjetividade passiva).
	Sujeito passivo: feto.
	Tipo objetivo: provocar aborto SEM o consentimento da gestante.
	Tipo objetivo: provocar aborto COM o consentimento da gestante.
	Tipo subjetivo: dolo.
	Tipo subjetivo: dolo.
	Consumação: crime material. Admite tentativa.
	Consumação: crime material. Admite tentativa.
	
	Obs.: art. 126, §Ú: dissenso presumido. O terceiro provocador deve ter conhecimento das circunstâncias previstas.
Caso: A gestante consente com o abortamento. Durante os atos executórios a gestante se arrepende. O terceiro prossegue na execução. O terceiro responderá pelo art. 125, CP. A gestante responderá pelo art. 124, mesmo tendo se arrependido, pois o seu arrependimento não foi eficaz, não fazendo jus à aplicação do art. 15, CP.
QUESTÃO: Namorado convence a namorada a interromper a gravidez, contratando terceiro provocador. A interrupção da gravidez ocorre pelo preço de R$ 1000, 00. Quais crimes foram praticados?
R- Namorada: art. 124, CP; Namorado: partícipe do art. 126,CP (jurisprudência); Terceiro provocador: art. 126, CP.
4. Majorantes de pena (art. 127, CP)
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Observações:
1- “as penas cominadas nos dois artigos anteriores...”: significa que esta majorante só se aplica ao terceiro provocador e para os que com ele concorreram. Não se aplica à gestante ( o direito penal não pune a autolesão). 
2- “... se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo...”: significa que não é indispensável que o aborto se consume.
3- “a gestante sofre lesão grave ou morte: a lesão leve fica absorvida. Figura preterdolosa: os resultados lesão grave ou morte são alcançados a título de culpa.
QUESTÃO: - O agente, realizando manobras abortivas, não consegue interromper a gravidez, mas acaba por provocar a morte da gestante? 
1ª corrente (Capez): o agente responde por aborto qualificado consumado. Trata-se de crime preterdoloso, não admitindo tentativa. Empresta o raciocínio da Súmula 610, STF (latrocínio): “há crime de aborto consumado, quando o homicídio se consuma, ainda que não realiza o agente a interrupção da gravidez da vítima”.
2ª corrente (majoritária; Hungria, Pierangeli, LFG): responde por aborto qualificado (majorado) tentado. 
	Crime preterdoloso
	Antecedente
	Conseqüente
	Doloso: aborto
- Admite tentativa.
	Culposo: morte
- Não admite tentativa quanto ao conseqüente.
5. Aborto Legal/permitido (Art. 128, CP)
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
5.1. Natureza jurídica: apesar do 128 falar em “não se pune”, a natureza é de descriminante especial.
5.2. Espécies:
A) Aborto necessário/terapêutico (art. 128, I)
- Requisitos:
1- praticado por médico;
2- risco para a vida da gestante;
3- inevitabilidade do meio abortivo. O aborto não pode ser o meio mais cômodo. Deve ser o meio estritamente 
OBS.: Dispensa consentimento da gestante. Também dispensa autorização judicial.
B) Aborto sentimental/humanitário/ético (art. 128, II)
- Requisitos:
1- Praticado por médico;
2- gravidez resultante de estupro;
3- consentimento da gestante ou representante legal (vítima incapaz).
OBS.: Dispensa autorização judicial. Há, todavia, decisões do STF exigindo o B.O.
QUESTÃO: E se o aborto foi praticado por um enfermeiro?
R- No art. 128, I, existe risco para a vida da gestante (estado de necessidade – art. 24, CP). O enfermeiro, nesse caso, alegará estado de necessidade de terceiro. No art. 128, II, não existe risco para a vida. Não havendo nenhuma descriminante, o enfermeiro pratica crime.
6. Questões polêmicas:
Aborto do feto anencefálico
- Conceito de anencéfalo: embrião, feto ou recém-nascido que, por malformação congênita, não possui uma parte do sistema nervoso central, faltando-lhe os hemisférios cerebrais, tendo uma parcela do tronco encefálico. Essa malformação torna inviável a vida extrauterina.
QUESTÃO: Abortamento de feto anencefálico é crime? 
1ª corrente: é crime. A lei não permite. A exposição de motivos do CP anuncia que é crime. A sua permissão ainda é mero projeto de lei.
2ª corrente: pode configurar hipótese de exclusão da culpabilidade para a gestante (inexigibilidade de conduta diversa). Feto anencefálico não tem vida intrauterina. Logo, não morre juridicamente (atipicidade do comportamento). A questão diz respeito à saúde e direito da mulher gestante e não da coletividade.
3ª corrente (jurisprudência): a permissão depende:
a) anomalia que inviabiliza a vida extrauterina;
b) anomalia atestada em perícia médica;
c) prova do dano psicológico da gestante.
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