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resumo da primeira aula

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RESUMO AULA DIA 25-02
Apresentação do Plano de Ensino e do conteúdo a ser trabalhado durante o semestre letivo. Conceitos Introdutórios: jurisdição, processo e procedimento. Princípios no Novo CPC relacionados a autocomposição. Conflitos Sociais. Teoria do conflito. Espirais do conflito. Tipos de conflitos. O conflito como algo positivo.
1. CONCEITO DE PROCESSO
O processo pode ser compreendido como método de criação de normas jurídicas, ato jurídico complexo (procedimento) e relação jurídica.
Sob o enfoque da Teoria da Norma jurídica, processo é o método de produção de normas jurídicas.
O poder de criação de normas (poder normativo) somente pode ser exercido processualmente. Assim, fala-se em processo legislativo (produção de normas gerais pelo Poder Legislativo), processo administrativo (produção de normas gerais e individualizadas pela Administração) e processo jurisdicional (produção de normas pela jurisdição).
O processo sob a perspectiva da Teoria do Fato jurídico é uma espécie de ato jurídico. Examina-se o processo a partir do plano da existência dos fatos jurídicos.
Trata-se de um ato jurídico complexo. Processo, neste sentido, é sinônimo de procedimento. O ato jurídico complexo é aquele "cujo suporte fático é complexo e formado por vários atos jurídicos”.
O processo pode ser entendido como instituto complexo, no qual o procedimento é uma de suas vertentes, aliado a relação existente entre seus sujeitos, com o objetivo de obter uma tutela justa. O procedimento seria a sistematização do processo.
O processo diferencia-se do procedimento, mas a ele se inter-relaciona. O termo "processo" serve, então, tanto para designar o ato processo como a relação jurídica que dele emerge. 
O art. 14 do CPC ratifica essa com preensão sobre o processo: “Os atos processuais validamente realizados à luz do sistema processual precedente não serão prejudicados, ou refeitos, pelo só fato de a lei processual sob a qual se consolidaram não mais produzir efeitos”.
O processo deve ser compreendido, estudado e estruturado tendo em vista a situação jurídica material para a qual serve de instrumento de tutela. A essa abordagem metodológica do processo pode dar-se o nome de instrumentalismo, cuja principal virtude é estabelecer a ponte entre o direito processual e o direito material.
1.1 Constituição e processo. O art. 1º do CPC
A constitucionalização do Direito Processual é uma das características do Direito contemporâneo. O fenômeno pode ser visto em duas dimensões.
Primeiramente, há a incorporação aos textos constitucionais de normas processuais, inclusive como direito fundamentais. Os principais exemplos são o direito fundamental ao processo devido e todos os seus corolários (contraditório, juiz natural, proibição de prova ilícita, etc).
De outro lado, a doutrina passa a examinar as normas processuais infraconstitucionais como concretizadoras das disposições constitucionais, valendo-se, para tanto, do repertório teórico desenvolvido pelos constitucionalistas.
Não é, então, por acaso que o art. 1 ° do CPC, com forte caráter simbólico, está assim redigido: "O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código".
Do ponto de vista normativo, o enunciado reproduz uma obviedade: qualquer norma jurídica brasileira somente pode ser construída e interpretada de acordo com a Constituição Federal. A ausência de dispositivo semelhante no CPC não significaria, obviamente, que o CPC pudesse ser interpretado em desconformidade com a Constituição.
2. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
Atualmente, é muito frequente na literatura jurídica e na jurisprudência brasileira a referência aos princípios processuais. Reconhece-se a eficácia normativa direta de princípios processuais, tais como o princípio do devido processo legal e o princípio da duração razoável do processo.
Além disso, há as cláusulas gerais processuais. Cláusula gera l é uma espécie de texto normativo, cujo antecedente (hipótese fática) é composto por termos vagos e o consequente (efeito jurídico) é indeterminado. Há, portanto, uma indeterminação legislativa em ambos os extremos da estrutura lógica normativa. 
A técnica das "cláusulas gerais" contrapõe-se à técnica casuística. Não há sistema jurídico exclusivamente estruturado em cláusulas gerais (que causariam uma sensação perene de insegurança a todos) ou em regras casuísticas (que tornariam o sistema sobre maneira rígido e fechado, nada adequado à complexidade da vida contemporânea).
Uma das principais características dos sistemas jurídicos contemporâneos é exatamente a harmonização de enunciados normativos de ambas as espécies.
O CPC (Lei 13.105/2015) contém alguns exemplos de cláusulas gerais: a) cláusula geral de promoção pelo Estado da autocomposição (art. 3o, § 1 o); b) cláusula geral da boa-fé processual (art. 5°); c) cláusula geral de cooperação (art. 6o); d) cláusula geral de negociação sobre o processo (art . 1 90); e) poder geral de cautela (art. 301); entre outros.
2.1 Normas Fundamentais e os Princípios do Processo Civil
Há um conjunto de normas processuais que formam o que se pode chamar de Direito Processual Fundamental. A norma é fundamental, porque estrutura o modelo do processo civil e serve de norte para a compreensão de todas as demais normas jurídicas processuais civis.
Essas normas processuais ora são princípios (como o devido processo legal) ora são regras (como a proibição do uso de provas ilícitas). 
Conforme Alexy: os princípios (questões fáticas e jurídicas) são mandados de otimização enquanto que as regras (questões jurídicas) tem o caráter de mandados definitivos.
O Direito Processual Fundamental não é composto somente por princípios. Uma parte dessas normas fundamentais decorre diretamente da Constituição Federal é o que se pode chamar de Direito Processual Fundamental Constitucional. 
A outra parte decorre da legislação infraconstitucional, mais especificamente do Código de Processo Civil, (arts. 1º a 12, CPC). 
Contudo, o rol não é exaustivo, pois há outras normas fundamentais do processo civil que não estão consagradas nos doze primeiros artigos.
H á normas fundamentais na Constituição - devido processo legal, juiz natural, proibição de prova ilícita; há normas fundamentais espalhadas no próprio CPC, como o princípio de respeito ao auto regramento da vontade no processo e o dever de observância dos precedentes judiciais (arts. 926 - 927, CPC). 
Há normas fundamentais do processo civil que são, também, direitos fundamentais encontram-se no art. 5º da CF/1988. Há, no entanto, normas fundamentais do processo civil que não possuem o status de norma de direito fundamental, como é o caso das regras decorrentes dos arts. 2° e 12, CPC.
2.2 PRINCÍPIOS
2.2.1 Princípio da dignidade da pessoa humana
O art. 8° do CPC impõe que o órgão julgador, no processo civil brasileiro," resguarde e promova" a dignidade da pessoa humana. O dispositivo é aparentemente desnecessário, pois a dignidade da pessoa humana já é um dos fundamentos da República (art. 1°, III, CF/1988) e nesse sentido , possui a natureza de norma jurídica e é um direito fundamental - nesse sentido, possui a natureza de situação jurídica ativa.
A dignidade da pessoa humana pode ser considerada como sobreprincípio constitucional, do qual todos os princípios e regras relativas aos direitos fundamentais seriam derivação, ainda que com intensidade variável.
A dignidade da pessoa humana pode ser considerada um direito fundamental de conteúdo complexo, formado pelo conjunto de todos os direitos fundamentais, previstos ou não no texto constitucional. 
O órgão julgador representa o Estado e, nessa circunstância, deve " resguardar" a dignidade da pessoa humana; nesse contexto, é, de um lado, aplicar corretamente a norma jurídica" proteção da dignidade da pessoa humana" e, de outro, não violara dignidade (por exemplo,na condução do depoimento da parte) .
O órgão julgador deve promover a dignidade da pessoa humana, isto significa que, em algumas situações o juiz poderá tomar até mesmo de ofício, medidas que visem efetivar a dignidade da pessoa humana. Exemplo: a) prioridade na tramitação processual, em pessoa que seja portadora de doença grave, mas que não está no rol do art. 1.048, inc. I, e visando efetividade a tal princípio, poderá o juiz determinar o processamento prioritário.
Contudo, a aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana no âmbito processual não é de fácil aplicação, pois: 
o âmbito de incidência do princípio da dignidade da pessoa humana é ainda muito impreciso; 
essa promoção judicial da dignidade da pessoa humana" exige fundamentação específica e relevante (art. 489, § 1º, I e 11, CPC), pois há clara interferência do juiz no processo; 
o CPC prestigia a autonomia da vontade das partes (art. 190), assim, essa promoção judicial da dignidade da pessoa humana tem como um dos seus limites a liberdade processual das partes.
Há outra questão, que é a dificuldade de separar o princípio do devido processo legal do princípio da dignidade da pessoa humana no processo civil. 
A argumentação jurídica em torno da dignidade da pessoa humana pode, ajudar na humanização do processo civil, ou seja, na construção de um processo civil atento a problemas reais que afetem a dignidade do indivíduo. A dignidade da pessoa humana, assim, ilumina o devido processo legal. 
Eis alguns exemplos: direito do portador de deficiência auditiva a comunicar-se, em audiências, por meio da Língua Brasileira de Sinais (art. 162, III); consagração da atipicidade da negociação processual (art. 190, CPC); direito das pessoas com deficiência à acessibilidade aos meios eletrônicos de comunicação processual (art. 199, CPC); direito ao silêncio no processo civil (art. 388, CPC); proibição de pergunta vexatória à testemunha (art. 459, §2º); humanização do processo de interdição (arts. 751, § 3º, 755, II ); impenhorabilidade de certos bens (art. 833, CPC): neste rol, a única que não é novidade legislativa; tramitação prioritária de processos de pessoas idosas ou portadoras de doenças graves (art. 1 .048, CPC).
Assim, dignidade da pessoa humana no processo civil é garantir um tratamento digno às partes do processo, ainda que com nível de intensidade diferente.
2.2.2 Princípio da duração razoável do processo
A Convenção America de Direitos Humanos, Pacto de São José da Costa Rica, no art. 8,1 prevê que: "Toda pessoa tem o direito a ser ouvida com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente [...]”.
O Brasil é signatário deste pacto, vindo a internaliza e incorporar no ordenamento jurídico brasileiro, através do Decreto 678 de 1992. 
A EC nº. 45/2004, que reformou constitucionalmente o Poder judiciário, incluiu o inc. LXXVIII no art. 5º da CF/1 988: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação".
O CPC ratificou esse princípio no art. 4º, esclarecendo que ele se aplica inclusive à fase executiva: "As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa". O inciso II do art. 139 reforça o princípio: "Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: [...]: II - velar pela duração razoável do processo".
Exemplo deste princípio é o par. ún. do art. 7º da Lei n. 4.717/1965 (Lei da Ação Popular) que possui regra que serve a esse direito fundamental: "O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção por antiguidade e de tantos dias quantos forem os do retardamento, alvo motivo justo, declinado nos autos e comprovado perante o órgão disciplinar competente".
2.2.3 Princípio da igualdade processual
O art. 5º, caput, da CF/1988, é a fonte normativa do princípio da igualdade processual .
Da primeira parte do art. 7º do CPC decorre, diretamente em um plano infraconstitucional, o princípio da igualdade processual.
A redação é prolixa, mas o propósito simples: as partes devem ser tratadas com igualdade.
A igualdade processual deve observar quatro aspectos:
a) imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes);
b) igualdade no acesso à justiça, sem discriminação (genérico, orientação sexual, raça, nacionalidade, etc);
c) redução das desiguldades que dificultem o acesso à justiça, como a financeira (ex: concessão do benefício da gratuidade da justiça, arts. 98-102, CPC), a geográfica (ex: possibilidade de sustentação oral por videoconfência , art. 937, § 4º do CPC, de comunicação: garantir a comunicação por meio da Língua Brasileira de Sinais, nos casos de partes e testemunhas com deficiência auditiva, art. 162, inc. III, do CPC;
d) igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório.
Mesmo sendo às vezes contraditório, o tratamento distinto é provavelmente a melhor forma de igualar as partes. 
Alguns exemplos: nomeação de curador especial para incapazes processuais (art. 72, CPC); regras especiais de competência territorial para a proteção de vulneráveis (arts. 53, I, II e III, "e", CPC; art. 101, I , do CDC); intimação obrigatória do Ministério Público nos casos que envolvam interesse de incapaz (art. 178, II, CPC); proibição de citação postal de incapaz (art. 247, II, CPC); o dever de o tribunal uniformizar a sua jurisprudência e observá-la é, também, manifestação do princípio da igualdade (art. 926, do CPC), entre outros.
2.2.4 Princípio da eficiência
O processo para ser devido, há de ser eficiente. O princípio da eficiência, aplicado ao processo é um dos corolários da cláusula geral do devido processo legal. Se torna muito difícil conceber como devido um processo ineficiente.
Como norma processual, encontra fundamento no devido processo legal e agora no art. 8º. do CPC.
Não bastasse a fundamentação constitucional, o art. 8º. do CPC também impõe ao órgão jurisdicional a observância do princípio da eficiência. O princípio repercute sobre a atuação do Poder Judiciário em duas dimensões:
a) Administração judiciária: O art. 37 da CF/88 consagra o princípio da eficiência na Administração Pública em geral, inclusive no Poder Judiciário. A criação do Conselho Nacional de Justiça pela EC nº. 45/2004 corrobora essa dimensão do princípio da eficiência administrativa. 
b) A gestão de um determinado processo: O princípio da eficiência, aplicado ao processo jurisdicional, impõe a condução eficiente de um determinado processo pelo órgão jurisdicional. 
O princípio, aqui, dirige-se ao órgão do Poder judiciário, não na condição de ente da administração, mas, sim, na de órgão jurisdicional, responsável pela gestão de um processo (jurisdicional) específico.
Esse princípio se relaciona com algumas premissas:
A gestão do processo - O órgão jurisdicional é, assim, visto como um administrador: administrador de um determinado processo. Para tanto, a lei atribui-lhe poderes de condução (gestão) do processo. Esses poderes deverão ser exercidos de modo a dar o máximo de eficiência ao processo.
O princípio da eficiência do processo possui correlação com o da economia processual, não porque simplesmente aparece desta forma no CPC e CF, mas porque é uma técnica da relação entre este princípio e da aplicação do juiz.
Assim a eficiência é meta a ser alcançado pelo princípio da economia processual.
A eficiência no âmbito processual é a atuação que promove os fins do processo de modo satisfatório em termos quantitativos, qualitativos e probalísticos. 
Vale lembrar também que há diferença entre o processo ser eficiente e ter eficiência.
Efetivo é o processo que realiza o direito afirmado e reconhecido judicialmente. Eficiente é o processo que atingiueste resultado de modo satisfatório nos termos acima mencionado.
Agora podemos observar algumas aplicações práticas do princípio da eficiência no CPC:
I) O dever de eficiência impõe-se na escolha do meio a ser utilizado para a execução da sentença (art. 5 36, § 1 °, CPC). O meio executivo deve promover a execução de modo satisfatório, nos termos mencionados acima.
II) O princípio da eficiência exerce uma função interpretativa. Os enunciados normativos da legislação processual devem ser interpretados de modo a observar a eficiência. Dispositivos relacionados à suspensão do processo, por exemplo, que impõem um limite temporal máximo para a suspensão (art. 313, §4°, CPC), devem ser interpretados com temperamento.
III) Do princípio da eficiência pode-se extrair a permissão de o órgão jurisdicional estabelecer uma espécie de "conexão probatória" entre causas pendentes, de modo a unificar a atividade instrutória, como forma de redução de custos, mesmo que isso não implique a necessidade de julgamento simultâneo de todas elas. (Perícia única assim diminuindo custos – prova emprestada).
IV) O princípio da eficiência é fundamento para que se permita a adoção, pelo órgão jurisdicional, de técnicas de gestão do processo, como o calendário processual (definição de uma agenda de atos processuais, com a prévia intimação de todos os sujeitos processuais de uma só vez; a rt. 191, CPC).
V) O princípio da eficiência é fundamento para que se permita que o órgão jurisdicional organize os autos do processo, dividindo-os, por exemplo, em autos com a prova documental e autos com as postulações e decisões. A depender do volume da documentação, essa providência pode ser imprescindível para a condução eficiente de um processo.
2.2.5 Princípio da boa-fé
Os sujeitos processuais devem comportar-se de acordo com a boa-fé, que, nesse caso, deve ser entendida co mo uma norma de conduta ("boa-fé objetiva"). 
Esse é o princípio da boa-fé processual, que se extrai do art. 5º do CPC: "Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé". 
Não se pode confundir o princípio (norma) da boa-fé com a exigência de boa-fé (elemento subjetivo) para a configuração de alguns atos ilícitos processuais, como o manifesto propósito protelatório, apto a permitir a tutela provisória prevista no inciso I do art. 311 do CPC. 
A boa-fé subjetiva é elemento do suporte fático de alguns fatos jurídicos; é fato, portanto. A boa-fé objetiva é uma norma de conduta: impõe e proíbe condutas, além de criar situações jurídicas ativas e passivas. Não existe princípio da boa-fé subjetiva. 
Há que veja no inciso I do art. 3° da CF/1988 o fundamento constitucional da proteção da boa-fé objetiva: É objetivo da República Federativa Brasileira a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, ou seja um dever de confiança de não agir com deslealdade.
Note que o destinatário da norma é “aquele de que qualquer forma participa do processo” (art. 5º do CPC), o que inclui, obviamente não somente as partes, mas também o órgão jurisdicional (juiz, promotor, servidores). 
É possível identificar algumas aplicações tais como: A negociação processual, seja aquela relativa ao litígio, seja aquela que tem por objeto as normas e situações jurídicas processuais (art. 190 do CPC). 
O princípio da boa-fé ainda exerce uma função hermenêutica: a decisão judicial e as postulações devem ser interpretadas de acordo com este princípio (art 489, § 3º, e art. 322, § 2º, todos do CPC).
2.2.6 Princípio da efetividade
Da cláusula geral do devido processo legal podem ser extraídos todos os princípios que regem o direito processual, conforme visto.
Dela também se extrai o princípio da efetividade: os direitos devem ser, além de reconhecidos, efetivados. Processo devido é processo efetivo . O princípio da efetividade garante o direito fundamental à tutela executiva, que consiste "na exigência de um sistema completo de tutela executiva, no qual existam meios executivos capazes de proporcionar pronta e integral satisfação a qualquer direito merecedor de tutela executiva".
O art. 4° do CPC, embora em nível infraconstitucional, reforça esse princípio como norma fundamental do processo civil brasileiro, ao incluir o direito à atividade satisfativa, que é o direito à execução: "Art . 4° - As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa".
Tal princípio está relacionado com o princípio da inafastabilidade, que conforme lição de Watanabe deve ser entendido não como uma garantia formal, ou seja, não uma garantia de apenas batera porta do Judiciário, mas sim de “garantia à ordem jurídica justa”. 
Se traduz na premissa de que o juiz tem o poder- dever de adotar os meios executivos que se revelem necessários à prestação integral de tutela executiva.
2.2.7 Princípio da adequação
O princípio da adequação decorre do princípio da efetividade, também esse corolário do devido processo legal. É como afirma Marinoni, visualizando a adequação como imposição do direito fundamental à efetividade: "A compreensão desse direito depende da adequação da técnica processual a partir das necessidades do direito material”. 
O processo há de ser adequado aos sujeitos processuais. As regras processuais hão, pois, de serem adequadas àqueles que vão participar do processo. Esta é a adequação subjetiva do processo. Eis algum as regras de adequação subjetiva do processo: a) intervenção obrigatória do Ministério Público nos processos que envolvam interesse de incapaz; b) incapacidade processual para litigar em certos procedimentos (art. 8º, Lei 9.099/95); c) prazos especiais para entes públicos (art. 183, CPC), etc.
A adequação objetiva do processo se faz de acordo com os diversos objetivos a que ele visa, decorre da natureza do litígio, a evidência, ou seja, como se apresenta o direito material e a situação processual de urgência.
Exemplos: o procedimentos especiais do mandado de segurança, as regras da ação monitória (arts. 700 e ss. do CPC), a possibilidade de tutela provisória de evidência (art. 311 do CPC). 
A adequação jurisdicional do processo é o dever do órgão jurisdicional observar para que possa bem tutelar o direito material. São exemplos: a) o inciso VI do art. 139 do CPC expressamente autoriza que o juiz dilate os prazos processuais e altere a ordem de produção de provas, tendo em vistas as peculiaridades do conflito; b) possibilidade de redistribuição do ônus da prova (art. 373, § 1°, CPC); c) o julgamento antecipado do mérito, em que se pode abreviar o rito processual, com a supressão de uma de suas fases (arts. 355-356, CPC), entre outros.
Por fim, a adequação negocial do processo deveria de negócios processuais celebrados pelos sujeitos processuais, ora as partes, ora o órgão jurisdicional.
2.2.8 Princípio da cooperação
Os princípios do devido processo legal, da boa-fé processual e do contraditório, juntos, servem, de base para o surgimento de um outro princípio, o da cooperação. 
O art. 6º do CPC o consagrou expressamente: "Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva".
Esse modelo caracteriza-se pelo redimensionamento do princípio do contraditório, com a inclusão do órgão jurisdicional no rol dos sujeitos do diálogo processual, e não mais como um mero espectador do duelo das partes.
O modelo cooperativo parece ser o mais adequado para a democracia processual. 
Há uma assimetria das partes na condução do processo, mas ainda a função de decisão é exclusiva do juiz.
Vejamos alguns exemplos de manifestação do princípio da cooperação: a) dever de esclarecimento – os demandantes devem redigir sua petição com clareza e coerência, sob pena de inépcia; b) dever de lealdade, as partes não podem litigar de má-fé (arts. 79 a 81 do CPC e com boa-fé processual (art. 5º do CPC); c) dever de proteção – obrigação da parte não causar danos à outra (art. 77,VI do CPC).
A concretização do princípio da cooperação é, no caso, também uma concretização do princípio do contraditório, que assegura aos litigantes o poder de influenciar na solução da controvérsia. Como cabe ao julgador a investigação oficial d e algumas questões (como, p. ex., aquelas previstas § 3º do art. 485 do CPC), o respeito a esse dever revela-se fundamental.
2.2.9 Princípio do respeito ao autorregramento da vontade do processo
O Direito Processual Civil, também é regido pelo princípio da liberdade. Contudo, por envolver o exercício de uma função pública (jurisdição), a negociação processual por exemplo é regulada e seu objeto é mais restrito, não diminuindo no entanto sua importância. 
Defender o autorregramento da vontade no processo não é necessariamente defender um processo estruturado em um modelo adversarial. O respeito à liberdade convive com a atribuição de poderes ao órgão jurisdicional, até mesmo porque o poder de autorregramento da vontade no processo não é ilimitado.
De modo mais simples, esse princípio visa tornar o processo jurisdicional um espaço propício para o exercício da liberdade.
Alguns exemplos: a) O CPC é estruturado de modo a estimular a solução do conflito por autocomposição - dedica um capítulo inteiro para regular a mediação e a conciliação (arts. 165 - 175); b) estrutura o procedimento de modo a pôr a tentativa de autocomposição com o ato anterior ao oferecimento da defesa pelo réu (arts. 334 e 695); c) permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza (art. 515, III; art. 725, VIII). 
A autocomposição é uma das formas de exercício do poder de autorregramento. O prestígio que ela possui no CPC, conforme se vê dos §§ do art. 3o, evidência e concretiza o princípio do respeito ao poder de autorregramento. 
É a vontade da parte que delimita o objeto litigioso do processo (arts. 141 e 490, CPC) e do recurso (arts. 1.002 e 1.013, CPC). Não por outra razão, o §2º do art. 322 do CPC determina que a postulação deva ser interpretada de acordo com a boa-fé, 
O CPC prevê um número bem significativo de negócios processuais típicos, tais como: a eleição negocial do foro ((art. 63); o negócio tácito de que a causa trâmite em juízo relativamente incompetente (art. 6º); escolha consensual de mediador, conciliador ou câmara privada de mediação ou conciliação (art. 168); o calendário processual (art. 191, CPC); a renúncia ao prazo (art. 225); o acordo para a suspensão do processo (art. 313, II); a renúncia tácita à convenção de arbitragem (art. 337, § 6º); o adiamento negociado da audiência (art. 362, I, C PC); o saneamento consensual (art. 357, § 2º); a convenção sobre ônus da prova (art. 373, §§ 3° e 4°); a escolha consensual do perito (art. 471); desistência da execução ou de medida executiva (art. 775); a desistência do recurso (art. 998); a renúncia ao recurso (art. 999); a aceitação da decisão (art. 1.000), etc 
A consagração do princípio da cooperação (art. 6°, CPC) é, também, uma demonstração clara de valorização da vontade no processo.
O processo arbitral é, fundamentalmente, um processo negociado.
2.2.10 Princípio da primazia da decisão de mérito
O CPC consagra o princípio da primazia da decisão de mérito. De acordo com esse princípio, deve o órgão julgador priorizar a decisão de mérito, tê-la como objetivo e fazer o possível para que ocorra. A demanda deve ser julgada - seja ela a demanda principal (veiculada pela petição inicial), seja um recurso, seja uma demanda incidental.
O art. 4°, de modo bem assertivo, garante à parte o direito à solução integral o mérito. Há outros dispositivos do CPC que reforçam e concretizam esse princípio.
a) Art. 6º: todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em prazo razoável, decisão de mérito justa e efetiva;
b) Todas as regras que compõem o sistema da translatio iudicii – preservação dos efeitos da litispendência e das decisões, a despeito da incompetência – reforçam a primazia da decisão de mérito (arts . 64, 240 e 968, §§ 5º e 6º);
c) Art. 76: prevê o dever geral de o juiz determinar a correção da incapacidade processual;
d) Art. 139, IX: o juiz tem o dever de determinar o suprimento dos pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
e) §2º do art. 282: "quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o juiz não pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta”. Regra importantíssima, que expressamente determina que o juiz ignore defeitos processuais, se a decisão de mérito não prejudicar aquele que se beneficiaria com o reconhecimento da nulidade. 
f) Art. 485, § 7º: interposta a apelação contra sentença que extingue o processo sem exame do mérito, poderá o juiz retratar-se, estímulo evidente para que o reexamine sua decisão de não examinar o mérito da causa. 
g) Art. 488 (enunciado semelhante ao §2º do art. 282): sempre que for possível o juiz deve priorizar a resolução do mérito em detrimento da decisão que não examina o mérito.
h) Art. 932, par. único: o relator, antes de considerar inadmissível o recurso, portanto não examinando o mérito, concederá prazo de cinco dias ao recorrente para que seja sanado o defeito.
i) Art. 1.029, §3º: O STF e o STJ poderão desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.
JURISDIÇÃO
A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c), reconhecendo, efetivando e protegendo situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g).
Esse conceito é o que parece estar de acordo com as diversas transformações porque passou o Estado nos últimos tempos. Não é mais possível utilizar a noção de jurisdição criada para um modelo de Estado que não mais existe, notadamente em razão de diversos fatores, tais como: a) redistribuição das funções do Estado, com a criação de agências reguladoras (entes administrativos, com funções executiva, legislativa e judicante) e executivas; b a valorização e o reconhecimento da força normativa da Constituição, principalmente das normas-princípio, que exigem do órgão jurisdicional uma postura mais ativa e criativa para a solução dos problemas.
É preciso, portanto, identificar quais são elementos do conceito de jurisdição, e ainda, identificar quais são os seus atributos exclusivos.
Assim, convém examinar cada um dos elementos que compõem o conceito apresentado:
Decisão por terceiro imparcial (heterocomposição): a jurisdição é técnica de solução de conflitos por heterocomposição: um terceiro substituiu a vontade das partes e determina a solução do problema apresentado. Há, aqui, aquilo que Chiovenda denominou de substitutividade, para ele a característica que distingue a jurisdição das demais funções estatais. "Exercendo a jurisdição, o Estado substitui, com uma atividade sua, as atividades daqueles que estão envolvidos no conflito trazido à apreciação”.
A jurisdição como manifestação do Poder: a imperatividade e a inevitabilidade da jurisdição: a jurisdição é manifestação de um Poder e, portanto, impõe-se imperativa­ mente, reconstruindo e aplicando o Direito a situações concretas que são submeti­ das ao órgão jurisdicional.
A jurisdição como atividade criativa: a jurisdição é função criativa. Essa criatividade é ilimitada. Na verdade, mais se assemelha a uma atividade de reconstrução: recria-se a norma jurídica do caso concreto, bem como se recria, muita vez, a própria regra abstrata que deve regular o caso concreto. promova, pura e simplesmente, a aplicação da norma geral e abstrata ao caso concreto. Atualmente, reconhece-se a necessidade de uma postura mais ativa do juiz, cumprindo-lhe compreender as particularidades do caso concreto e encontrar, na norma geral e abstrata, uma solução que esteja em conformidade com as disposições e normasconstitucionais, mormente com os direitos fundamentais.
Jurisdição como técnica de tutela de direitos mediante um processo: a jurisdição é uma das mais importantes técnicas de tutela de direitos. Todas as situações jurídicas ativas (direitos em sentido amplo) merecem proteção jurisdicional. Marcelo Lima Guerra afirma que a jurisdição civil tem a função específica de proteger direitos subjetivos (art. 5, XXXV, CF/1 988)23.
A jurisdição sempre atua em uma situação jurídica concreta: é preciso perceber que a jurisdição sempre atua sobre uma situação concreta, um determinado problema que é levado à apreciação do órgão jurisdicional. A atuação jurisdicional é sempre tópica. O raciocínio do órgão jurisdicional é sempre problemático: ele é chamado a resolver um problema concreto.
Aptidão para a coisa julgada: a coisa julgada é situação jurídica que diz respeito exclusivamente às decisões jurisdicionais. Somente uma decisão judicial pode tornar-se indiscutível e imutável pela coisa julgada. Isso não quer dizer que só haverá jurisdição se houver coisa julgada. A existência de coisa julgada é uma opção política do Estado; nada impede que o legislador.
O Poder Jurisdicional do Estado e o processo contemporâneo
Falar sobre o Estado e o poder jurisdicional� a qual encontra-se a ele incorporado e analisar o processo contemporâneo como mecanismo de acesso à Justiça, sem contudo refletirmos que não pode este ser considerado como um fim e si mesmo, ou seja, como única forma de ordem jurídica justa é algo muito complexo.
O exercício do poder jurisdicional, enquanto poder delegado é a atividade estatal que realiza o direito positivo através de um terceiro imparcial. 
A função jurisdicional, que se realiza por meio de um processo judicial é de aplicação das normas, em caso de litígios surgidos no seio da sociedade. 
Não se pode falar em processo contemporâneo sem antes falar em Estado Contemporâneo, sendo este último a evolução histórico política do Estado Constitucional (Liberal) para o Estado de Bem Estar Social, onde é possível afirmar que houve o desenvolvimento do projeto liberal transformado em Estado de Bem-Estar Social.
Conforme menciona Pedro Manoel Abreu, “o pressuposto fundamental do Estado Liberal foi propiciar o máximo de bem-estar comum, em todos os campos, com a menor presença possível do Estado”�.
O Estado de Bem-Estar Social, aqui denominado de Estado Contemporâneo, teve sua origem após a Segunda Guerra Mundial. Foi com a Constituição mexicana, de 1917 e a Constituição de Weimar, de 1919, que teve início a construção do modelo constitucional do Welfare State, ou o Estado de Bem-Estar Social�. 
O Welfare State seria o Estado no qual o cidadão, independentemente de sua situação social, tem direito a ser protegido, por intermédio de mecanismos e prestações públicas estatais, emergindo assim a questão da igualdade como o fundamento para a atitude intervencionista do Estado. 
À época do Estado Liberal, o direito de ação era visto de forma restrita, pois servia, apenas como direito de pedir à Jurisdição a realização do direito material inadimplido. 
Durante o Estado liberal, por direito de ação entendia-se apenas o direito formal de propor uma ação. Estaria em juízo apenas quem pudesse suportar os custos de uma demanda, não havendo preocupação estatal com relação às desigualdades econômicas e sociais.
É exatamente neste ambiente de um Estado de Bem-Estar, que se inicia a definição de acesso à justiça como direito fundamental, protegido constitucionalmente.
A crise social e a origem do Conflito
Os conflitos de interesses surgem entre duas ou mais pessoas, com interesse jurídico pelo mesmo bem, objeto ou coisa, que a uma só delas possa satisfazer.
A concepção da palavra conflito tem variado através das épocas. Robbins (2002, p. 45) identificou três maneiras diferentes de considerá-lo: a tradicional, a behaviorista e a moderna. Na concepção tradicional os conflitos são indesejáveis e evitados a todo preço. A behaviorista considera-os inevitáveis, não devendo, porém ser encorajados. Enfim, a concepção moderna preconiza a necessidade do conflito como elemento de qualidade de vida da organização: assim, o conflito não deve ser nem evitado, nem suprimido, mas gerenciado com eficácia.
Formas de conflito
O conflito é um elemento importante. Seja na dinâmica pessoal ou organizacional. O que se torna necessário é conhecer o conflito para estarmos preparados para lidar com eles.
Segundo Ávila (2004, p. 38) existem vários tipos de conflito e a sua identificação pode auxiliar a detectar a estratégia mais adequada para administra-lo:
‘Conflito contingente: O conflito não é ainda reconhecido pelas partes em litígio.
Conflito deslocado: O conflito é desviado para pontos que não são as verdadeiras razões da discórdia.
Conflito manifesto: É o conflito declarado, embora possa existir algum outro escondido.
Conflito latente: O objeto do conflito ainda não foi identificado.
O falso conflito: Nenhuma razão objetiva o justifica; baseia-se em uma informação ou comunicação errônea”.
O conflito como algo positivo
Quando se aborda o conflito, em regra, intuitivamente as pessoas o compreendem como um fenômeno negativo, que proporciona perdas, para uma das partes envolvidas. Contudo, muitos estudiosos têm encarado o conflito como um evento sociológico positivo: é a chamada “moderna teoria do conflito” (AZEVEDO, 2009, p. 29), que nos apresenta o conflito como uma fonte de ideias novas, permitindo a discussão sobre assuntos relevantes, com a exposição de diferentes pontos de vista, interesses e valores, revelando-se, assim, algo positivo, como forma de evolução social, e não necessariamente como um mal a ser curado.
Esta visão positiva do conflito permite às partes envolvidas chegarem a duas conclusões: a) quando se comportam de forma adversarial, normalmente ocorre o que se chama de “consequência destrutiva”, pois cada um tende a frustrar os interesses do outro, resultando na insatisfação de todos os participantes; b) diferentemente, quando utilizam formas consensuais de composição, através do diálogo e da cooperação, sentem que há ganhos para todos os lados, com um resultado mais construtivo e proveitoso. 
Assim, a maneira de lidar com o conflito é que vai determinar os seus resultados, possibilitando-se inclusive que ambos os lados sejam ganhadores. 
Deve ser destacada também a chamada por Cappelleti (1988) de "justiça coexistencial”, por se tratar de uma justiça baseada em formas de conciliação por conta dos próprios envolvidos na controvérsia, voltada principalmente à preservação dos relacionamentos, procurando-se a paz social.
Porém, cumpre sublinhar que o fato do conflito ser importante e salutar para a sociedade não significa que não é necessário tratá-lo, resolvê-lo, solucioná-lo, porque é justamente a solução que faz crescer os relacionamentos. O que se propõe é o abandono das tendências de rivalidade e competição, e não da composição em si.
� Jurisdição (do latim juris, “direito”, e dicere, “dizer”): é o poder que detém o Estado para aplicar o direito ao caso concreto, com o objetivo de solucionar os conflitos de interesses; “é a manifestação do poder estatal, conceituado como capacidade de decidir imperativamente e impor decisões”. (DIDIER JR., 2005, p. 69)
� ABREU, Pedro Manoel. O processo jurisdicional como locus da democracia participativa e da cidadania inclusiva no estado democrático de direito. p. 100.
� Op. cit., p. 114.

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