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SURDEZ Universidade Federal de Sergipe - UFS Departamento de Medicina / CCBS Profa. Valéria M. P. Barreto Matéria de ensino: Otorrinolaringologia Disciplinas: Otorrinolaringologia e Otorrinolaringologia aplicada à Fonoaudiologia Disacusia (distúrbio da audição) Perda da capacidade auditiva com maior ou menor grau de intensidade, em caráter transitório ou definitivo, estacionário ou progressivo SURDEZ Perda auditiva (decibel - unidade de intensidade sonora) Leve (25-40dB) Moderada (41-55dB) Moderada-severa (56-70dB) Grave (71-90dB) Profunda (acima de 90dB) SURDEZ Surdez Condutiva (orelhas externa e média) SURDEZ Surdez Neurossensorial (cóclea – células ciliadas e de sustentação do órgão sensorial de Corti e transmissão neural ao SNC – neurofibrilas do nervo acústico, núcleos cocleares bulbares, vias cocleares centrais) SURDEZ Surdez Mista (orelhas média e interna) DOENÇAS DO OUVIDO INTERNO Disacusia Período de receptividade auditiva (até 2 anos) RN com perda auditiva – 20x maior que hipotireoidismo e fenilcetonúria “Joint Committee on Infante Hearing” – avaliação objetiva universal em todos RNs (OEA ou BERA) Fatores de riscos: ototóxicos, hipoxia, acidose, hiperbilirrubinemia, prematuros com ventilação mecânica, IOT prolongada SURDEZ Diagnóstico diferencial das diacusias Congênitas Alterações morfológicas e histopatológicas do desenvolvimento embrionário labiríntico Alterações genéticas Adquiridas Pré-natal Perinatal Pós-natal SURDEZ Disacusia congênita por alterações morfológicas e histopatológicas do desenvolvimento embrionário labiríntico Aplasia (ausência de desenvolvimento) Displasia (alteração de desenvolvimento) – 8 a 20% Processo degenerativo (dano após o desenvolvimento) SURDEZ Disacusia congênita por alterações morfológicas e histopatológicas do desenvolvimento embrionário labiríntico Displasia da orelha interna (placódio ótico) + orelhas média e externa (seguimento posterior do 1º e 2º arcos branquiais) – 15 a 20% SURDEZ Disacusia congênitas por alterações genéticas 50% das perdas auditivas neurossensoriais em crianças Clínica ao nascimento ou posteriormente Associações com alterações: SNC, renais, cutâneas, endocrinológicas, malformações ósseas ou aberrações cromossômicas Gene Herdado (autossômico dominante – 12 a 14% ou recessivo – 85%) Mutação cromossômica SURDEZ Classificação das disacusias Disacusias congênitas – aplasias e displasias; trissomias; síndromes; doenças associadas Disacusia do pré-natal e perinatal – rubéola; citomegalovírus e outros; drogas ototóxicas e teratogênicas; alterações do metabolismo e desnutrição; exposição materna à radiação; eritroblastose fetal; hipóxia; prematuridade DOENÇAS DO OUVIDO INTERNO Classificação das disacusias Disacusias hereditárias (congênitas) – surdez familiar; presbiacusia; otosclerose Disacusias adquiridas – labirintites viral e bacteriana; distúrbios vasculares e metabólicos; ototóxicos; traumas sonoros; perda auditiva induzida pelo ruído; surdez súbita; fístula labiríntica; doença de Ménière; schwannoma vestibular e outros tumores; disacusia iatrogênica; radiação; disacusia auto-imune DOENÇAS DO OUVIDO INTERNO Disacusias congênitas Albinismo Autossônico dominante, recessivo ou ligado ao sexo Disacusia bilateral e profunda Displasia de Alexander (1904) Displasia do órgão de Corti e das células ganglionares adjacentes à espira basal da cóclea SURDEZ Disacusias congênitas Displasia de Michel (1863) Aplasia da orelha interna Displasia de Mondini (1791) Displasia de interrupção do crescimento da cóclea Presença apenas da espira basal da cóclea SURDEZ Disacusias congênitas Displasia de Scheibe (1892) Displasia mais comum Presença do labirinto ósseo e ausência do sáculo e ducto coclear Doença de Alström Autossômica recessiva Diabetes melito, retinite pigmentar, obesidade e disacusia progressiva DOENÇAS DO OUVIDO INTERNO Disacusias congênitas Doença de Crouzon Autossômica dominante Disostose craniofacial, exoftalmia, atresia dos condutos auditivos e surdez mista Doença de Fabry Angioqueratoma corporal difuso; disacusia bilateral e lesões cardíacas, renais, oculares e no SNC SURDEZ Disacusias congênitas Doença de Refsum Autossômica recessiva, com retinite pigmentar, polineuropatia e surdez Doença de Von Recklinghausen Hereditária e dominante Neurofibromas em qualquer parte do corpo Neuromas do VIII par uni ou bilaterais Perda auditiva progressiva SURDEZ Disacusias congênitas Hiperpigmentação Anacusia pigmentar Manchas escuras progressivas na pele Disacusia profunda Onicodistrofia Distrofia congênita das unhas dos pés e das mãos Mais comum em homens Disacusia profunda SURDEZ Disacusias congênitas Síndrome de Alport Doença hereditária de transmissão dominante Insuficiência renal crônica Mais comum em homens DNS bilateral progressiva Síndrome de Hunter Mucopolissacaridose com menores lesões Vida mais prolongada SURDEZ Disacusias congênitas Síndrome de Hurler Mucopolissacaridose letal Transmissão recessiva Deformidade óssea, nanismo, retardo mental, cegueira e surdez Síndrome de Jervell Disacusia profunda bilateral Defeito cardíaco com prolongamento das ondas Q-T com ataques do tipo Stokes-Adams SURDEZ Disacusias congênitas Síndrome de Klippel-Feil Doença hereditária autossômica recessiva Defeitos na coluna vertebral, espinha bífida e perda auditiva Síndrome de Pendred Disacusia profunda Bócio da adolescência DOENÇAS DO OUVIDO INTERNO Disacusias congênitas Síndrome de Richards-Rundle Autossômica recessiva Deficiência mitral, hipogonadismo, ataxia Surdez profunda já na infância Síndrome de Usher DNS bilateral e profunda (surdez) Retinite pigmentar progressiva (cegueira) SURDEZ Disacusias congênitas Síndrome de Waardenburg Autossômica dominante Heterocromia das íris, descolamento da comissura medial dos olhos e dos orifícios lacrimais, achatamento da base do nariz, albinismo parcial com faixa branca nos cabelos e disacusia acentuada ou moderada Trissomia 13 Displasia labiríntica, ausência do CAE e da orelha média Microcefalia, lábio leporino, fenda palatina, microftalmia, aplasia do nervo óptico Letal nos primeiros meses SURDEZ Disacusias congênitas Trissomia 18 Displasia labiríntica Micrognatia, dedos flexionados e superpostos, defeitos cardíacos e renais graves Óbito precoce Trissomia 21 (Síndrome de Down) Anomalia cromossômica mais comum 40 a 70% - disacusia (condutiva, neurossensorial ou mista) SURDEZ Disacusias do pré-natal e do perinatal Citomegalovírus Principal causa de virose fetal Disacusia profunda Drogas usadas na gravidez Ototóxicas ou teratogênicas Infecções Toxoplasmose, sífilis, tuberculose, bacterianas SURDEZ Disacusias do pré-natal e do perinatal Rubéola Adquirida nos três primeiros meses de gravidez Vacina na gravidez – risco mínimo de disacusia Alterações metabólicas e desnutriçãomaterna Radiação Primeiro trimestre de gestação Eritroblastose fetal (icterícia, paralisia cerebral e surdez) Hipóxia Prematuridade SURDEZ Disacusias hereditárias Otosclerose / Otospongiose Doença da cápsula ótica labiríntica Autossômica dominante Hipoacusia condutiva Otosclerose coclear Presbiacusia Etiologia imprecisa Disacusias em altas freqüencias SURDEZ Disacusias hereditárias Presbiacusia Classificação Presbiacusia sensorial - Simétrica - Alterações bioquímica, degenerativas e circulatórias - 1/3 – Maiores de 75 anos - Perda de células sensorioneurais mais que de neurônios - Disacusia em freqüências agudas (> 2000 HZ) - Discriminação preservada - Benefícios com aparelhos auditivos SURDEZ Disacusias hereditárias Presbiacusia Classificação Presbiacusia neural - Degeneração dos neurônios cocleares e dos neurônios das vias auditivas centrais - Progressão rápida - Perda na discriminação vocal - Dificuldade de protetização Presbiacusia Sensorioneural - Evolução natural das presbiacusias - Pessoas de idade muito avançada SURDEZ Disacusias hereditárias Surdez neurossensorial familiar progressiva Natureza genética não reconhecida (semelhante a outros tipos de surdez neurossensorial) Diagnóstico – histórico familiar Autossômica dominante Perda auditiva bilateral e simétrica Início na infância ou adulto jovem Histopatológico (Paparella e col-1994) Perda do órgão de Corti (células ganglionares) na espira basal Degeneração irregular das estrias vasculares SURDEZ Disacusias adquiridas Disacusia auto-imune Surdez auto-imune (Mc Cabe - 1979) Idiopática, assimétrica e rapidamente progressiva (dias ou meses) Metade dos pacientes tem sintomas vestibulares análogos ao Ménière Resposta aos corticóides e/ou imunossupressores Afeta mais a discriminação vocal do que o limiar auditivo SURDEZ Disacusias adquiridas Disacusia auto-imune Associação com doenças auto-imune sistêmicas: doença inflamatória intestinal, diabetes, disfunção da tireóide, artrite reumatóide, lúpus, esclerose mútipla, espondilite anquilosante, granulomatose de Wegener, síndrome de Cogan Síndrome de Cogan (ceratite, uveíte, conjuntivite, vertigem, zumbido, perda auditiva, vasculite e alterações histopatológicas no osso temporal) SURDEZ Disacusias adquiridas Disacusia auto-imune Diagnóstico: HMG, VHS, fator reumatóide, fator antinuclear, complemento (C3 e C4), FTA-ABS Tratamento: corticóides (prednisona), drogas imunossupressoras (metrotrexato e ciclofosfamida) SURDEZ Disacusias adquiridas Disacusia por distúrbio vascular Ateriosclerose, trombose, embolia, AVCs Cefaléia, zumbido e vertigem Disacusia por distúrbios metabólicos Comprometimento da microcirculação labiríntica Hipotireoidismo, hipoglicemia, hiperglicemia, hiperinsulinemia, hipoinsulinemia, hiperlipidemia, hiperuricemia, disfunções dos hormônios femininos SUDEZ Disacusias adquiridas Disacusia por radiação Otite média serosa (fase aguda) Perda auditiva neurossensorial progressiva e permanente (fase crônica) Alteração bioquímica primeiro da perilinfa e depois da endolinfa SURDEZ Disacusias adquiridas Doença de Ménière DNS progressiva e irreversível (flutuante), zumbido e vertigem Hidropsia labiríntica 85% unilateral Etiologia incerta (metabólica?) SURDEZ Disacusias adquiridas Fístula perilinfática DNS súbita, flutuante, vertigem e zumbido Fator precipitante (barotrauma, esforço) Diagnóstico: otoscopia pneumática Tratamento: repouso, cabeceira elevada / timpanotomia exploradora SURDEZ Disacusias adquiridas Iatrogênicas Estapedectomias (1 a 10%) Timpanoplastias ou timpanomastoidectomias Exérese de tumores via translabiríntica (7 a 15%) Inoculação de aminoglicosídeos em vertigem incapacitante Labirintite infecciosa Meningite bacteriana, OMA ou crônica, disacusia luética, infecções sistêmicas SURDEZ Disacusias adquiridas Labirintite viral Caxumba, sarampo, gripe, meningite, meningoencefalite, herpes zóster (síndrome de Rumsay-Hunt) Ototóxicos Gentamicina, estreptomicina, tobramicina – mais vestibulotóxicas Amicacina, neomicina – mais cocleotóxicas Diuréticos (ácido etacrínico e furosemida) Teratogênicos (talidomida) Salicilatos Citostáticos (ciclofosfamida, cisplatina, vincristina) SURDEZ Disacusias adquiridas Perda auditiva induzida pelo ruído Exposição prolongada e contínua (85dB/8h) DNS irreversível – lesão das células do órgão de Corti Schwannoma vestibular Neuroma ou neurinoma do acústico Bainha de Schwann (VIII par) DNS unilateral progressiva / zumbido SURDEZ Disacusias adquiridas Surdez súbita DNS abrupta e intensa Urgência otológica Unilateral, permanente ou não (regressão espontânea – 50%) Etiologia Viral (citomegalovírus, rubéola, caxumba, influenza) Vascular (paciente com problemas circulatórios) Vasoespasmo (enxaqueca – Virre e col-1996) Diagnóstico diferencial: doença auto-imunes, da tireóide, lues, fístulas labirínticas, neurinoma do acústico, ototoxicose, trauma, neuropatias, HIV, vírus oportunistas SURDEZ Disacusias adquiridas Trauma sonoro Ruído acidental e instantâneo (> 85dB) Lesão inicial – 4000HZ Altera a circulação da cóclea Dano simultâneo da orelha média (ruptura da membrana timpânica e/ou desarticulação ossicular) SURDEZ “O ouvido do homem é o caminho para aprender.” (Aristóteles)
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