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Artigo- Nutricão de Neonatos

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14 • CÃES & GATOS • 2009 • Edição 121 Edição 121 • 2009 • CÃES & GATOS • 15
Artigo Pet Food
cadela gestante deve re-
ceber um manejo nutri-
cional adequado para
poder gerar uma ninha-
da saudável. Após os cuidados com a
mãe é hora de pensarmos nos filhotes
que acabam de nascer, que chamamos
de neonatos. O limite do período neo-
natal não é bem definido, pois varia
de acordo com o pesquisador e muitas
vezes não há consenso entre eles. Neste
artigo irei considerar como período
neonatal aquele em que há imaturi-
dade biológica do filhote, em que os
órgãos estão em desenvolvimento e há
dependência da mãe e isso corres-
ponde, em cães, até um mês de idade.
Sendo assim falaremos da alimenta-
ção do filhote de seu nascimento até o
desmame, fase onde a alimentação ba-
seia-se na amamentação, que além de
essencial no contexto alimentar, fun-
ciona como um importante mecanis-
mo de vinculação entre as crias e a pro-
genitora. Os filhotes nascem total-
mente dependentes da mãe, sendo sua
interação social limitada a ela, por-
tanto seu comportamento é direcio-
nado para a alimentação e solicitação
de outros cuidados maternais.
Durante o parto, a cadela geralmen-
te não demonstra interesse em ama-
mentar nenhum de seus filhotes. Ela
lambe e seca cada um à medida que
vão nascendo e os ignora até que a ni-
nhada esteja completa. E quando che-
ga este momento ela apresenta suas
mamas para eles. Depois de tocar o
Por Dra. Fernanda Jalbut*
mamilo o neonato fará várias tentati-
vas de agarrá-lo e de mamar antes de
ser capaz de conseguir uma sucção
apropriada.
Nas primeiras semanas de vida os
cãezinhos são altamente vulneráveis à
infecção, precisando de auxílio para a
sua própria defesa, e é a mãe quem
proporciona essa ajuda temporária, ou
seja, uma assistência imunológica
realizada em forma de anticorpos que
alcançam o feto através da estrutura
últimas semanas de gestação e es-
sencial para a sobrevivência dos fi-
lhotes, pois o recém-nascido necessi-
ta de uma assistência imunológica,
caso contrário poderá ser morto por
organismos que apresentam pouca
ameaça para um adulto.
O colostro apresenta inúmeras pro-
priedades e componentes conhecidos
e desconhecidos, sendo os compo-
nentes conhecidos as concentrações
elevadas de anticorpos, várias células
imunológicas funcionais (células B,
CD, macrófagos e neutrofilos), com-
ponentes imunológicos químicos, vá-
rios elementos nutritivos sob forma
concentrada. É rico em IgG e IgA, tem
um pouco de IgM e de IgE, e a imu-
noglobulina predominante no colostro
da maioria dos animais domésticos
principais é a IgG, conhecido como o
anticorpo primário do colostro, en-
quanto a IgA e as outras imunoglo-
bulinas são geralmente componentes
menores, porém importantes.
As funções das células encontradas no
colostro ainda não são completamente
conhecidas, porém sabe-se que estas
células ampliam os mecanismos de
defesa nos recém nascidos por trans-
ferência de imunidade por mediação
celular, melhoramento de transfe-
rência passiva da imunoglobulina,
ações bactericidas e fagocitas locali-
zadas no trato digestivo e finalmente
aumento da atividade dos linfócitos.
À medida que ocorre a lactação, o
colostro muda para leite. Nesse mo-
mento surgem diferenças entre as es-
pécies, sendo o leite em animais não
ruminantes rico em IgA.
Durante as três primeiras semanas de
vida, a mãe inicia todas as sessões de
amamentação, realizando a aborda-
gem, apresenta a superfície mamária e
estimula os cãezinhos lambendo-os.
Assim, os filhotes são amamentados,
recebendo somente o leite materno e
apresentam 10% de ganho de peso por
dia, sendo o leite materno importan-
te para melhorar a absorção de nu-
trientes, controlar o crescimento e
desenvolvimento neonatal, e auxiliar
na colonização de epitélios com
bactérias benéficas.
Quando os cãezinhos têm aproxi-
madamente quatro semanas de idade,
ocorre uma mudança na relação. O
filhote inicia todas as rodadas de
amamentação, porém a cadela torna-
se capaz de restringir a duração desses
períodos, ausentar-se por mais tempo,
e até exibir agressão com relação aos
cãezinhos se estes tentarem mamar
mais freqüentemente do que ela quiser
que eles o façam, sendo assim a
quantidade de leite consumida pelos
filhotes diminui e segue-se gradu-
almente a introdução de uma dieta
sólida ou semi-sólida.
Deve-se ressaltar que se a amamen-
tação não for adequada, o neonato
apresentará choro constante, preguiça
e perda de ganho de peso e neste e em
outros casos como fêmeas nervosas,
"falha" genética, condições ambientais
desfavoráveis, doença da fêmea ou dos
filhotes, a mãe poderá apresentar
indiferença maternal, ansiedade e até
canibalismo. Sendo assim, poderá ser
necessário separar o filhote da mãe e
a lactação cessará mais cedo, poden-
do ser necessário alimentar os filho-
tes com um substituto de leite, que
pode ser feito em casa ou vendido co-
mercialmente. O leite deve ser aque-
cido a 37,8ºC, e administrado de três
a quatro refeições diárias na mama-
deira, seringa ou tubo alimentar.
 FILHOTES ÓRFÃOS Muitas vezes
podemos nos deparar com filhotes
órfãos. Deve-se entender por órfão um
filhote ou uma ninhada que por algum
motivo não possa contar com a mãe,
ou seja, que não tenha acesso ao leite
e aos cuidados maternos e, sendo
assim, passam a depender das pessoas
para proporcioná-los assistência ma-
terna, nutrição correta e ambiente
adequado. Assim, se tentará substituir,
total ou parcialmente, a mãe e suas
funções na ninhada, sendo o ambiente,
da placenta e do colostro, sendo este
último a fonte da maior parte dela, na
forma de anticorpos e possivelmen-
te de células T, transferidas para os
cãezinhos.
O neonato recebe o colostro nas pri-
meiras 12 horas de vida. Colostro é o
exemplo clássico de imunidade pas-
siva, definido como as primeiras se-
creções da glândula mamária após o
nascimento, secreções acumuladas nas
Fo
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O leite materno é
importante para melhorar
a absorção de nutrientes,
controlar o crescimento
e desenvolvimento
neonatal, e auxiliar na
colonização de epitélios
com bactérias benéficas.
Como anunciamos na edição anterior, vamos continuar a somar junto a classe médica veterinária com o nosso
Ciclo de Atualização, sempre abordando temas relacionados a área pet food, a fim de contribuir com você, profissional pet.
Cães Neonatos
Nutrição adequada até o desmame
16 • CÃES & GATOS • 2009 • Edição 121 Edição 121 • 2009 • CÃES & GATOS • 17
Artigo Pet Food
a alimentação e a educação os três
aspectos fundamentais a serem con-
siderados na hora de intervir no ma-
nejo de um filhote órfão e que permi-
ta um desenvolvimento normal e
saudável dos filhotes.
Até os 30-35 dias, ou até o desma-
me, a alimentação será, sem dúvida, o
tema principal, e a escolha de uma
alimentação adequada é um dos
maiores desafios da criação de filho-
tes órfãos. Como a melhor nutrição
possível é dada pela mãe, a melhor
solução para os recém-nascidos órfãos
é uma mãe adotiva. Porém, nem sem-
pre se tem uma da mesma espécie dis-
ponível e destas nem todas aceitam um
novo integrante na ninhada.
É necessária uma atenção especial ao
recém-nascido que perdeu sua mãe
antes de ter recebido o colostro, pro-
porcionando a manutenção de um
ambiente limpo e à prevenção de
doenças transmissíveis. A melhor
opção é tentar obter o colostro de
outra mãe e a utilização do colos-
tro de outras espécies é bastante
discutível. Em canis comerciais re-
comenda-se o ar-
mazenamento de co-
lostro congelado para ser usado em
órfãos. Porém, quando não houver
estas opções, pode-se administrar soro
de um animal adulto, obtido através
de centrifugação de seu sangue, sen-
do preferível seu uso imediato. Mas,
se necessário o soro pode ser guarda-
do congelado em frações de 5ml. Além
disso, atualmenteestão disponí-
veis comercialmente suplementos
colostrais e produtos contendo an-
ticorpos específicos para adminis-
tração sistemática.
Para substituir o leite materno ao ór-
fão, pode-se utilizar uma dieta caseira,
um produto comercial específico ou
uma dieta comercial adaptada. De
qualquer forma, a melhor alternati-
va é uma nutrição através de um subs-
tituto do leite que tenha uma com-
posição correta, e que poderá nutrir
os filhotes durante as primeiras se-
manas de vida, até que seja possível
introduzir a alimentação sólida. É
importante que a fórmula escolhida
aproxime-se da composição do leite
natural da cadela, pois a alimentação
com um composto cuja composição
não seja similar à do leite natural da
espécie pode provocar diarréia e
transtornos digestivos, podendo, in-
clusive, influir de forma negativa so-
bre o crescimento e o desenvolvimen-
to do animal.
Existem numerosas receitas de die-
tas caseiras, porém uma fórmula do-
méstica só deve ser utilizada se sua
composição em nutrientes for co-
nhecida e tenha sido provada a sua
segurança e eficácia para ser ad-
ministrada a filhotes órfãos. Não existe
nenhum leite que seja por si só um
bom substituto do leite da cadela,
menos ainda o da vaca. Há recomen-
dações para a administração dos
substitutos como conservar na ge-
ladeira no máximo por 12 horas,Fo
to
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18 • CÃES & GATOS • 2009 • Edição 121 Edição 121 • 2009 • CÃES & GATOS • 19
Artigo Pet Food
aquecer somente a quantidade que se-
rá administrada e o leite deve estar a
37-38ºC.
Atualmente, estão disponíveis vários
substitutos comerciais do leite canino,
sendo estes, na maioria dos casos, a
fonte nutricional preferida para os
órfãos, já que estas fórmulas as-
semelham-se bastante ao leite natural
da cadela, e foram testadas exaus-
tivamente com o propósito específico
de serem usadas com sucesso na
criação de cães recém-nascidos. Por-
tanto, e ao contrário dos preparados
domésticos, o conteúdo nutricional
dos preparados comerciais estão ga-
rantidos. E ainda pode haver dietas
comerciais adaptadas, pois alguns
produtos destinados à alimentação
dietética podem ser adaptados como
substitutos do leite.
Existem dois métodos possíveis de
administração de alimentação subs-
titutiva a um animal órfão: por meio
de pequena mamadeira, própria para
animais, ou a introdução direta do ali-
mento no estômago, através de uma
sonda, sonda orogástrica.
Diariamente, o alimento fresco deve
ser preparado e aquecido a 37,8ºC
antes de ser administrado. Durante
as primeiras duas ou três sessões de
alimentação dos órfãos, a quantida-
de de alimento deve ser restringida.
Assim, permitirá uma adaptação
gradual ao substituto do leite por parte
vida será um pouco inferior aos dos
animais alimentados por suas mães,
tratando-se de um fenômeno normal,
e portanto, os órfãos devem ser pe-
sados regularmente.
Durante os primeiros dois ou três dias
pode ser observado uma ligeira perda
do peso corporal porque a quantidade
de preparado alimentar é restringida.
Criados adequadamente os órfãos
terão um desenvolvimento normal e
semelhante ao dos filhotes criados de
maneira natural, no momento em que
comecem a alimentar-se de sólidos.
A quantidade de calorias e de líquidos
que os filhotes devem ingerir tem que
ser ajustada à suas necessidades nu-
tricionais para que o crescimento seja
satisfeito, tomando cuidado para que
não ingiram um volume de líquido
nem exagerado nem escasso.
Para avaliar a quantidade a ser ad-
ministrada deve-se considerar pri-
meiramente que a capacidade média
do estômago de um indivíduo é de 50
ml/kg e que um volume excessivo pode
ocasionar vômito, falsa via e diarréia.
Sendo assim, durante as primeiras
semanas, a ingestão de alimento do
recém-nascido está limitada, prin-
cipalmente pelo volume de seu es-
tômago, sendo que a maioria dos cães
recém-nascidos pode ingerir somen-
te de 10 a 20 mililitros (ml) de leite de
cada vez.
do recém-nascido. Se forem sobre-
alimentados durante os primeiros dias
poderá ocorrer diarréia, com sub-
seqüente desidratação e maior sus-
ceptibilidade a infecções. Após cada
sessão e várias vezes ao dia, deve-se
fazer uma massagem leve, com um
pano úmido, na região anal e genital
dos recém-nascidos, simulando as lam-
bidas da mãe, estimulando assim a
defecação e a micção.
Deve-se entender por
órfão um filhote ou uma
ninhada que por algum
motivo não possa contar
com a mãe, ou seja, que
não tenha acesso ao leite
e aos cuidados maternos
e, sendo assim, passam a
depender das pessoas.
Seja qual for o tipo de nutrição em-
pregada, deve-se conseguir um de-
senvolvimento adequado dos filho-
tes, que é avaliado através da evolu-
ção do peso, que deve ser controlado
diariamente para assegurar que os
órfãos recebem a nutrição suficiente
para manter seu crescimento. A ve-
locidade de crescimento dos cães
alimentados com substituto de leite
durante as primeiras duas semanas de
20 • CÃES & GATOS • 2009 • Edição 121 Edição 121 • 2009 • CÃES & GATOS • 21
Artigo Pet Food
A concentração é extremamente im-
portante. O substituto do leite para os
cães deve ter um valor calórico entre
1000 e 1300 Kcal de energia me-
tabolizável (EM) por litro, uma con-
centração similar à do leite de cadela.
Se a concentração energética for in-
ferior a estes valores, será necessário
que os recém-nascidos ingiram mais
alimento por dia para cobrir as suas
necessidades. Porém, se ocorrer
ingestão de líquidos em excesso afeta-
rá o equilíbrio hídrico, podendo so-
brecarregar os rins, ainda em for-
mação. E ainda: se a densidade ener-
gética do preparado for demasiada-
mente alta, transtornos digestivos e
diarréia podem ocorrer. Contudo,
existem várias estimativas das neces-
sidades calóricas do cão recém-nascido.
Caso a alimentação seja administra-
da para complementar a lactação
natural, deve-se respeitar de 2 a 3
horas desde a ingestão do leite mater-
no antes de dar o alimento substituto
para não causar interferência.
Com 14 dias já é possível oferecer
bebida num recipiente de boca larga e
de pouca altura, lembrando que os
filhotes necessitam de aproximada-
mente 60g/kg de água. Quando o
filhote órfão estiver entre três e quatro
semanas pode-se dar alimentação
sólida, com água sempre à vontade.
De qualquer forma, o manejo nu-
tricional de filhotes deve ser adequado
desde seu nascimento até seu des-
mame, seja esta alimentação dada pela
mãe ou por terceiros. Deve-se fornecer
ao cãozinho uma alimentação ade-
quada para que ele receba proteção
imunológica no momento que está
mais susceptível a doenças e para que
ele tenha, nessa fase, um desenvolvi-
mento normal e adquira, assim, saúde
para crescer saudável.
Receita 1
800 mL de leite integral de vaca
200 mL de creme de leite
1 gema de ovo
2.000 UI de vitamina A
500 UI de vitamina D
1-2 gotas de limão
Aquecido a 38ºC
Fonte: PRATS, 2005
Receita 2
800mL de leite puro
200mL de creme de leite
1 gema de ovo
6 gramas de carbonato de cálcio
4 gramas de acido cítrico
Fonte: SORRIBAS, 2006
Receita 3
600mL de leite puro
10 ovos inteiros
20 gramas de carbonato de cálcio.
Fonte: SORRIBAS, 2006
Receita 4
800 ml de leite em pó integral
2 colheres de sopa de creme de leite
2 colheres de sopa de vitaminas e sais
minerais (formulação comercial)
1 pitada de sal
Fonte: FERREIRA, 2005
Formulações caseiras de
substitutos de leite materno
*Fernanda
Jalbut é
Médica
Veterinária e
Consultora
Técnica
Possíveis protocolos de refeições para filhotes
 PARA MAIORES INFORMAÇÕES sobre o tema, entre em contato com a autora
pelo e-mail: caesegatos@curuca.org

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