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Profa. Débora de Gois Santos 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Aula: Teoria Clássica Disciplina: Administração de Obras– ENCIV0136 Professora: Débora de Gois Santos São Cristóvão, Sergipe Versão 4a Profa. Débora de Gois Santos 2 Teoria Clássica Esta teoria tem ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Seu criador é Henri Fayol (1845-1925), cidadão francês, formado em engenharia de minas. Assim como Taylor, ele empregou previsão científica e métodos adequados para as organizações. Foi o primeiro a pensar em gestão e a qualificar os gestores. Suas realizações foram: - Introduzir a gestão científica – supervisores. - Analisar como a empresa poderia organizar-se, de modo mais eficaz. - Organizar as empresas por funções. Este é um modelo que ainda prevalece hoje, cujas funções principais são (Figura 01): - Produção – produção de bens e serviços. - Comercial – compra, venda e permutação. - Financeira – gerência de capitais. - Contabilidade – inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. - Gestão e administração – integra as outras funções, pois tem o encargo de formular o programa de ações geral da empresa, de construir o seu corpo social, de coordenar esforços e de harmonizar os atos. - Segurança – proteção e preservação dos bens das pessoas. Figura 01: As seis funções básicas, segundo Fayol. Fonte: CHIAVENATO (2000). Funções Técnicas Funções Comerciais Funções Financeiras Funções de Segurança Funções Contábeis Funções Administrativas Prever Organizar Comandar Coordenar Controlar Profa. Débora de Gois Santos 3 Ainda, para Fayol administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar (Figura 01). Assim, as funções do administrador ou elementos administrativos são: - Planejar – visualizar o futuro e traçar o programa de ação. - Organizar – constituir o duplo organismo material e social da empresa. - Comandar – dirigir e orientar o pessoal. - Coordenar – ligar, unir, harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos. - Controlar – verificar se tudo ocorre de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Estas funções são localizadas em qualquer nível hierárquico. Porém, hoje a função segurança emprega seus esforços no nível hierárquico mais baixo, para evitar acidentes de trabalho. A função comercial engloba vendas e marketing, a administrativa a administração em geral, a de produção chama-se técnica e engloba produção, manufatura ou operações. Surgiu ainda a função de recursos humanos, gestão de pessoas ou gestão de gente. Além disso, Fayol divide a organização nas funções administrativas e não administrativas, a medida que se afastam dos níveis hierárquicos mais altos (Figura 02). Figura 02: Proporcionalidade da função administrativa. Fonte: CHIAVENATO (2000). Mais elevados Funções Administrativas: • Prever • Organizar • Comandar • Coordenar • Controlar Outras Funções Não Administrativas Níveis Hierárquicos Mais baixos Profa. Débora de Gois Santos 4 Ademais, Fayol vê a organização sob dois aspectos: - Como uma entidade social – onde as pessoas interagem entre si para alcançar objetivos específicos. - Como função administrativa – para organizar, estruturar e alocar os recursos e os órgãos incumbidos de sua administração e para estabelecer as atribuições de cada um deles e as relações entre eles. Os princípios gerais da administração são: divisão do trabalho; autoridade e responsabilidade (ordem e obediência); disciplina; unidade de comando (autoridade única); unidade de direção; subordinação dos interesses individuais aos gerais da empresa; remuneração do pessoal (satisfação dos operários e retribuição para a organização); centralização (concentração de autoridade no topo da hierarquia da organização); cadeia escalar (escalão mais alto ao mais baixo); ordem; equidade (amabilidade e justiça); estabilidade do pessoal (rotatividade, iniciativa); e espírito de equipe. A Teoria Clássica, assim como a Administração Científica, tem enfoque prescritivo e normativo. Esta é baseada na divisão do trabalho, especialização, coordenação e atividades de linha e de assessoria. Fayol apresenta como fundamentos: 1. Administração como ciência, em substituição ao empirismo e à imprecisão. Seu objetivo é formar administradores. 2. Teoria da organização, como se fosse uma estrutura influenciada pela organização militar e eclesiástica, que são tradicionais, rígidas e hierarquizadas. Para Fayol, a estrutura é estática e limitada. Nesta teoria, a cadeia de comando é baseada no princípio de unidade de comando, ou seja, cada empregado se reporta a um só superior (Figura 03). Profa. Débora de Gois Santos 5 Figura 03: Cadeia de comando na Teoria Clássica. PRESIDENTE DIRETOR GERENTE CHEFE SUPERVISOR Se nti do da an áli se Fonte: CHIAVENATO (2000). 3. Divisão do trabalho e especialização - A Teoria Clássica, assim como a Administração Científica, propõe a divisão do trabalho, o que conduz à especialização da mão de obra e a diferenciação das tarefas. Esta divisão, neste caso, ocorre no nível dos órgãos que compõem a organização (departamentos). Ocorre ainda em termos verticais, com os níveis de autoridade e responsabilidade. Como também, em termos horizontais, com a especialização, onde cada departamento ou seção passa a ser responsável por uma atividade específica. 4. Coordenação - Para Fayol, a coordenação é um elemento da administração e é a reunião, a unificação, a harmonização de toda atividade e esforço. É baseada na comunhão de interesses e busca assegurar a eficiência da organização. 5. Conceito de linha e de staff (assessoria) - Esses conceitos são introduzidos através dos princípios de unidade de comando, de unidade de direção, centralização de autoridade, e cadeia escalar (escalões hierárquicos). 6. Organização linear - tem estrutura organizacional (figura 03) com forma piramidal, onde a unidade de comando é o oposto da supervisão funcional. Assim, para que tudo funcione, a organização linear precisa de órgãos prestadores de serviços chamados de staff (figura 04). O staff é uma assessoria oferecida aos órgãos de linha. É uma autoridade especializada e não uma atividade de comando. A assessoria é direta, para aconselhar, recomendar e orientar. Profa. Débora de Gois Santos 6 Figura 04: Organização linear e staff. Staff Fonte: Elaborado pela autora. Em termos dos elementos administrativos para a teoria criada por Fayol, tem- se: previsão, organização, comando, coordenação e controle, como funções do administrador. Porém, os seguidores de Fayol, como Urwick e Gulick, não aceitaram esses elementos e criaram outros. As críticas à Teoria Clássica são: 1. Abordagem simplificada da organização formal, uma vez que não é considerado o conteúdo psicológico e social. A preocupação com a regra do jogo é fundamental. Os autores clássicos imaginam que somente adotando os princípios gerais da administração seria possível tornar a organização formalmais eficiente. 2. Ausência de trabalhos experimentais - A Teoria Clássica pretende elaborar uma ciência da administração, mas seus conceitos são baseados em observações e no senso comum, ou seja, não confronta a teoria com provas. Este é o motivo pelo qual seus princípios são criticados, e justamente para poderem ser chamados assim deveriam ter situações que se repetem com regularidade e consistência. 3. O extremo racionalismo na concepção da administração - Os autores se preocupam com a parte racional e lógica de suas proposições, o que compromete a clareza de suas idéias. O racionalismo visa a eficiência técnica e a economia. 4. Teoria da máquina - Esta denominação é caracterizada pela abordagem mecânica, lógica e determinística da organização. 5. Abordagem incompleta da organização - Isto acontece porque os estudos preocupam-se apenas com a organização formal, não tratam de aspectos ligados diretamente a pessoas, como interação entre pessoas e grupos. A teoria foi Profa. Débora de Gois Santos 7 extremamente criticada por não considerar o fator humano como um de seus elementos fundamentais. 6. Abordagem de sistema fechado - Esta crítica se faz presente quando se analisa a teoria e se verifica que esta é composta de poucas variáveis conhecidas e previsíveis. REFERÊNCIA CHIAVENATO, I. Introdução à teoria da administração. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000, 700p.
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