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Profª. Débora de Gois Santos 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Aula: Administração da Produção e Operações Outras abordagens Disciplina: Administração de Obras– ENCIV0136 Professora: Débora de Gois Santos São Cristóvão (SE) Versão 4a Profª. Débora de Gois Santos 2 Administração da Produção e Operações: Outras abordagens Abordagem neoclássica da administração Esta abordagem se preocupa com o processo administrativo e as funções administrativas (figura 01). Divide os níveis hierárquicos de planejamento em estratégico, tático e operacional. Chiavenato (2000) apresenta ainda os tipos de planos (figura 02), que podem ser elaborados a partir das metas determinadas no planejamento estratégico. Figura 01: As quatro funções da administração. Fonte: CHIAVENATO (2000). Figura 02: Tipos de planos. Fonte: CHIAVENATO (2000). Tipos de Planos Relacionados com Métodos Relacionados com Dinheiro Relacionados com Tempo Relacionados com Comportamentos Procedimentos Orçamentos Programas ou Programações Regras ou Regulamentos Métodos de trabalho ou de execução. Representados por organogramas. Receita / despesa em um dado espaço de tempo. Correlação entre tempo e atividades (agendas). Representados por cronogramas. Como as pessoas devem se comportar em determinadas situações. Planejamento Formular objetivos e os meios para alcançá-los Controle Monitorar as atividades e corrigir os desvios Direção Designar pessoas, dirigir seus esforços, motivá-las, liderá-las e comunicar Organização Modelar o trabalho, alocar recursos e coordenar atividades Recursos • Humanos • Financeiros • Materiais • Tecnológicos • Informação Resultados • Desempenho • Objetivos • Produtos • Serviços • Eficiência • Eficácia Profª. Débora de Gois Santos 3 Abordagem comportamental da administração É um desdobramento da teoria das relações humanas, a partir dos trabalhos de dinâmica de grupo de Kurt Lewin. Também é chamada de behaviorista (em função do behaviorismo na psicologia). Busca novas soluções democráticas, humanas e flexíveis para os problemas organizacionais. Tem evidência no período de 1950, onde o homem é considerado um animal social dotado de necessidades, ou seja, de um sistema psíquico. Ainda, considera- se que o homem tem capacidade de articular linguagem com o raciocínio abstrato, é um animal dotado de aptidão para aprender, é orientado para objetivos e caracteriza-se por um padrão dual de comportamento (capacitação versus esforço comum coletivo). Essa abordagem é caracterizada também pela criação da escala de necessidade de Maslow, ou seja, é uma teoria da motivação, onde as necessidades humanas estão organizadas em uma hierarquia de importância (figura 03). Figura 03: Hierarquia das necessidades segundo Maslow. Fonte: CHIAVENATO (2000). Segundo Chiavenato (2000), somente quando um nível inferior de necessidades é satisfeito, é que o nível mais elevado surge no comportamento da pessoa. Ainda, nem todas as pessoas conseguem chegar ao topo da pirâmide. Além disso, quando as necessidades da base da pirâmide são satisfeitas, as Necessidades Secundárias Necessidades Primárias Necessidades de Auto-realização Estima Sociais Segurança Fisiológicas • Trabalho criativo e desafiante • Diversidade e autonomia • Participação nas decisões • Responsabilidade por resultados • Orgulho e reconhecimento • Promoções • Amizade dos colegas • Interação com clientes • Chefe amigável • Condições seguras de trabalho • Remuneração e benefícios • Estabilidade no emprego • Intervalos de descanso • Conforto físico • Horário de trabalho razoável Profª. Débora de Gois Santos 4 necessidades mais elevadas passam a dominar o comportamento do homem. Outro ponto a ser destacado é que cada pessoa possui mais de uma motivação. Abordagem sistêmica da administração (Tecnologia e Administração) Esta abordagem surgiu por volta de 1950, assim como a anterior. Nela, os sistemas são representados por modelos, uma vez que manipular entidades reais (pessoas e organizações) é socialmente inaceitável. Além disso, a incerteza na administração é grande e, por consequência, os erros. Na figura 04 é mostrado um exemplo de sistema (figura 04). Figura 04: Criando a infra-estrutura da empresa. Fonte: CHIAVENATO (2000). Dentro desse sistema, é necessária a tomada de decisão para a continuidade do trabalho. Essa tomada de decisão envolve técnicas que devem ser aplicadas para que a informação circule entre os níveis hierárquicos e sejam realizadas pelos responsáveis para a solução dos problemas. Para a solução dos problemas, a administração faz uso ainda da Pesquisa Operacional (PO). Esta vem da administração científica. Adota o método científico como estrutura para a solução técnica de problemas, ao aplicar métodos, técnicas e instrumentos científicos em problemas que envolvem operações de um sistema PO se ocupa de um sistema existente, que envolve materiais, pessoas, energias e máquinas. Seu objetivo é resolver problemas e tomar decisões. As principais técnicas são: 1) Teoria dos jogos – é composta por estratégia e análise de conflitos. Entradas: • Dados • Energia • Informação Saídas: • Energia • Informação • Matéria Profª. Débora de Gois Santos 5 2) Teoria das filas de espera Essa teoria é caracterizada pela otimização de arranjos em condições de aglomerações e espera. O Sistema Toyota de Produção, em sua ferramenta Just in Time (JIT), originou desta teoria, com filas eficientes e sem gargalos. No JIT, o instrumento utilizado para sua viabilização foi o kanban (cartão de produção), como método para facilitar o uso e a reposição de inventários, para evitar esperas ou excessos de materiais em estoque ou em processamento. 3) Teoria das decisões 4) Teoria dos grafos São redes e diagramas de flechas. Esta teoria oferece técnicas de planejamento e programação por redes (PERT, CPM, etc.), que tratam do caminho crítico e relacionam fatores de tempo e custo. São utilizadas na construção civil e em montagem industrial. 5) Programação linear A programação linear é a busca da melhor maneira de alocar recursos escassos entre atividades concorrentes, com custo mínimo e rendimento máximo. 6) Probabilidade e estatística matemática A probabilidade e estatística matemática são aplicadas aos problemas de qualidade no decorrer da Segunda Guerra Mundial. A partir de Deming e Juran, o conceito de qualidade foi revolucionado no Japão. Estes implementaram o Controle Estatística da Qualidade. Este controle é uma metodologia estatística na inspeção de qualidade para obter conformidade nas especificações e para proporcionar alto grau de confiabilidade, durabilidade e desempenho nos produtos. Este controle é aplicado em 10% dos produtos fabricados,por amostragem aleatória, método probabilístico, e, no chão de fábrica, nível operacional. Além disso, Juran aplicou a Qualidade Total a toda organização, dos fornecedores ao cliente final (Controle da Qualidade Total). Profª. Débora de Gois Santos 6 Em seguida, surge o movimento de melhoria contínua 5’S (simplificar, endireitar, limpar, estabilizar e padronizar, apoiar e disciplinas). Neste movimento, as vantagens são: redução de desperdício, diminuição dos ciclos de tempo e melhoria de qualidade dos resultados. 7) Programação dinâmica A programação dinâmica é usada em problemas com várias fases inter- relacionadas, com uma decisão apropriada para cada situação, ou seja, decidir entre comprar, construir e manter máquinas e equipamentos. Abordagem contingencial da administração Esta teoria busca a flexibilidade, ou seja, a agilidade do modo de produção. Para isto, verifica-se que o mundo passou por três grandes fases de aplicação de técnicas de produção, conforme apresentado na figura 05. Nesta abordagem, verifica-se ainda o ambiente em que a empresa se insere (figura 06). Figura 05: Tipos de tecnologia da produção. Fonte: CHIAVENATO (2000). • Habilidade manual ou operação de ferramentas. Artesanato. • Pouca padronização e pouca automatização. • Mão-de-obra intensiva e não especializada. • Máquinas agrupadas em baterias do mesmo tipo (seções ou departamentos) • Mão-de-obra intensiva. • Mão-de-obra barata e utilizada com regularidade. • Processamento contínuo por meio de máquinas • Padronização e automação. • Tecnologia intensiva. • Pessoal especializado. • Produção em unidades. • Pouca previsibilidade dos resultados. •Incerteza quanto à sequência das operações. • Produção em lotes e em quantidade regular. Razoável previsibilidade dos resultados. Certeza quanto à sequência das operações. • Produção contínua e em grande quantidade. •Previsibilidade dos resultados. • Certeza absoluta quanto à sequência das operações. Produção Unitária ou Oficina Produção em Massa Produção Contínua Tecnologia Tecnologia Utilizada Resultado da Produção Profª. Débora de Gois Santos 7 Figura 06: Ambiente da empresa e ambiente da tarefa. Fonte: CHIAVENATO (2000). Novas abordagens da Teoria Geral da Administração Ao estudar a evolução da Teoria Geral da Administração (TGA), verifica-se que a mesma sofreu influência de estudiosos, quer seja no campo da tarefa, do homem, do ambiente interno e externo à empresa, quer seja nos métodos de controle estatístico. Isso pode ser observado nas mudanças de paradigmas por que passou (figura 07). Figura 07: Os paradigmas das novas organizações. Fonte: CHIAVENATO (2000). Divisão do trabalho e cadeia escalar de hierarquia Desenvolver a maneira atual de fazer negócios Domésticos ou regionais Custo Ferramenta para desenvolver a mente Cargos funcionais e separados Homogênea e padronizada Autocrática Organização Missão Mercados Vantagem Competitiva Tecnologia Processo de Trabalho Força de Trabalho Liderança Rede de parcerias com valor agregado Criar mudanças com valor agregado Globais Tempo Ferramenta para desenvolver colaboração Equipes interfuncionais de trabalho Heterogênea e diversificada Inspiradora e renovadora Modelo do Século XX Aspectos Protótipo do Século XXI Fornecedores Empresa Clientes Ambiente de Tarefa Concorrentes Entidades Reguladoras Ambiente Geral Condições Tecnológicas Condições Legais Condições Políticas Condições Culturais Condições Ecológicas Condições Econômicas Condições Demográficas Profª. Débora de Gois Santos 8 Sendo assim, no contexto das novas abordagens da TGA destaca-se melhoria contínua, qualidade total, reengenharia, benchmarking, e gestão de projetos. A primeira, também chamada de kaizen, é o aprimoramento contínuo, por meio do comprometimento de todos na organização. Tem como resultados específicos a eliminação da perda, seja este de tempo, material, esforço ou dinheiro; bem como a elevação da qualidade, seja esta dos produtos, serviços, relacionamentos e competências pessoais. Seu grande incentivador é o estudioso Deming. A segunda abordagem é a Qualidade Total, de Juran, com a identificação de benchmarks e os pontos já falados na abordagem anterior. A Reengenharia é a criação de um processo totalmente novo e baseado na tecnologia de informação (TI). Esta engloba pessoas, TI e processos organizacionais. O Benchmarking é exemplificado pela empresa Xérox, em 1979. É um processo contínuo de avaliar produtos, serviços e práticas dos concorrentes mais fortes e daquelas empresas que são reconhecidas como líderes empresariais. Por fim, tem-se a Gestão de projetos, como o trabalho que envolve operações e projetos, onde se consideram operações o trabalho continuado e constante e projetos o trabalho único e temporário. A gestão de projetos é desempenhada por pessoas, é limitada por recursos escassos e restritos e suas atividades são planejadas, executadas e controladas. REFERÊNCIA CHIAVENATO, I. Introdução à teoria da administração. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000, 700p.
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